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TESES

Acervo de teses francesas sobre a América Latina

Entre 1980 e 1992 centenas de teses sobre a América Latina foram defendidas na França no campo das ciências humanas e sociais. A grande maioria dos trabalhos ainda não foi publicada. Para divulgar esta produção acadêmica e outros documentos considerados relevantes, o Instituto de Altos Estudos da América Latina e o GDR 26 América Latina do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) — rede que reagrupa centros de pesquisa franceses que desenvolvem trabalhos em ciências sociais — montaram um acervo documental disponível sob a forma de microfichas. Este acervo reúne teses de história, economia, geografia, antropologia, ciências políticas, sociologia, literatura, entre outras disciplinas, que compõem os grupos de "thèse de3e cycle", "thèse d'État", " thèse de doctorat". As microfichas são remetidas até o acervo de três centros de reprodução: o Cedocal da Universidade de Toulouse-Le Mirail (a partir de 1979), o Ateliê Nacional de Reprodução das Teses de Lille e o Ateliê Nacional de Reprodução das Teses de Grenoble (ambos a partir de 1988).

A cada ano, as teses defendidas que obtiverem menção "bem" ou "publique-se" serão acrescentadas a este acervo, em um ritmo de setenta por ano. A expectativa é que até o ano 2000 aproximadamente mil teses estarão disponíveis aos leitores franceses e do exterior. O acervo foi criado durante solenidades organizadas pela França em comemoração ao V Centenário do Encontro dos Dois Mundos, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores. A operação que permitiu a constituição do acervo foi intitulada '500 teses para o V centenário'.

O acervo das teses francesas sobre a América Latina em microfichas é acompanhado de um banco de dados informatizado TALM com o programa CDS-ISIS (em disquetes), e de um catálogo impresso (atualizado periodicamente), editado a partir do banco de dados. Com várias formas de acesso, é possível localizar obras pelos autores, palavras-chave, país etc.

No Rio de Janeiro, a Biblioteca da Maison de France dispõe do catálogo e das teses, que podem ser consultadas em leitor de microfichas e, eventualmente, fotocopiadas, de segunda a sexta-feira, entre 10h30 e 19h, no seguinte endereço: av. Presidente Antônio Carlos, 58/ 11º andar, tel.: (021) 220-4129.

Contribuição à compreensão crítica da epidemiologia social

Djalma Agripino de Melo Filho

Dissertação de mestrado, 1994 — Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva — CPqAM — Departamento de Medicina Preventiva — Universidade Federal da Bahia — Rua dos Coelhos, 450/1º andar — Recife — PE CEP 50070-550

Visou-se, com a execução desse processo de trabalho, contribuir para a compreensão e crítica da epidemiologia social, entendida aqui como sendo o movimento, contraposto principalmente à vertente positivista da referida ciência, que surgiu em meados da década de 1970, na América Latina, fazendo uma recepção filosófica completa da obra de Marx, ou seja, utilizando-se dela como guia para pensar, viver e agir. Do referido objeto de trabalho, foram selecionados quatro aspectos essenciais, nos quais se fundamenta o discurso epidemiológico-social, para que fossem analisados e criticados à luz das teorias hellerianas da história e do valor verdadeiro. O alvo das críticas, todavia, se restringiu aos textos de Breilh, Laurell e Tambellini.

Inicialmente, dialogou-se com Almeida-Filho, confrontando suas idéias com as de Kuhn e Foucault, sobre a possibilidade de construção de um paradigma em epidemiologia. Posteriormente, procedeu-se à análise dos referidos aspectos. Em relação ao primeiro deles, constatou-se que um dos pressupostos da epidemiologia social encontra-se alicerçado na crença da existência de "leis históricas", com o mesmo status daquelas características das ciências naturais, que determinariam, no plano mais genérico, o processo saúde-doença. Ratificou-se a historicidade do processo, embora se recusassem os princípios da filosofia marxista da história, que admitem haver uma teleologia, uma "lógica interna" na própria história que permite deduzir um fim (o futuro) que se encontra implícito em suas premissas.

O segundo deles questionou a perspectiva do proletariado como garantia da validade do saber epidemiológico. Não havendo razões filosóficas ou empíricas, pois os interesses dessa classe permaneceram, ao longo da história, de certa forma, restritos ao âmbito da particularidade, sugeriu-se abandonar o referido ponto de apoio como guia para se alcançar o conhecimento verdadeiro.

O terceiro aspecto remeteu às antinomias "biológico versus social" e "individual versus coletivo", cuja correção teórica foi analisada tomando-se como ponto de partida as tradicionais categorias filosóficas: singular, particular e universal. Considerando-a mais adequada, propôs-se uma nova formulação que engloba e ratifica ambas as antinomias referidas. Recusando-se a identificação do homem-particular com o indivíduo, concordou-se com a conclusão da reflexão marxista-helleriana, que afirma ser este um ser que "transfixa" o singular, o particular e o universal, enquanto aquele outro encontra-se restrito ao âmbito da particularidade (vida cotidiana).

O quarto e último aspecto visou ao sistema de causalidade proposto por Breilh e Tambellini. Por um lado, criticou-se a proposta breilhiana por inserir a causa finalis na história e, por outro, rejeitou-se também a concepção de "causalidade estrutural" de Tambellini, pois, apesar de apresentar um invólucro althusseriano, é semelhante à milliana.

Finalmente, refletindo sobre a norma do valor verdadeiro que, embora não seja a única, trata-se, com certeza, da mais elevada do conhecimento verdadeiro, admitiu-se, sob determinadas condições, a possibilidade de construção de um paradigma em epidemiologia.

À mesa como convém: a arte de comer e o resgate da mentalidade medieval em Portugal

Gisela Ortigão de Carvalho

Dissertação de mestrado, 1994 — Centro de Filosofia e Ciências Humanas — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Prudente de Moraes, 1022/02 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22420-040

A arte de comer no Portugal da Idade Média, expressão que traduz o universo culinário, as práticas sociais e culturais que rodeavam a mesa e a relação dos indivíduos com o espaço cozinha são o tema central dessa dissertação.

O legado literário dos poetas e prosadores portugueses do medievo viabiliza a reconstituição do cenário da comensalidade e o resgate do comportamento social deste período.

As influências do corpus hippocraticum na hisoriografia de Tucídides

Helena Miranda Mollo

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Filosofia e Ciências Socias — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Joaquim Murtinho, 136 /202 — Rio de Janeiro — RJ CEP 20241-320

A dissertação estuda as influências exercidas pelo corpus hippocraticum na obra A guerra do Peloponeso de Tucídides. A primeira parte destina-se ao estudo da narrativa do historiador e pontua as heranças exercidas pela epopéia homérica, que não anulam o caráter inovador deste texto clássico. Na segunda parte, verificamos as primeiras influências da Escola de Cós, quando Tucídides passa a tratar da política como o exercício da humanidade. A última etapa do ensaio é a análise da descrição da peste em Atenas, onde se encontram explícitos os elementos dos textos hipocráticos.

O Evangelho segundo os jacobinos

Luiz Antonio Simas

Dissertação de mestrado, 1994 — Departamento de História — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Pinheiro Machado, 65/307 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22231-090

A dissertação analisa a tentativa dos jacobinos brasileiros de legitimar Floriano Peixoto como o maior herói da República. É defendido que o projeto de mitificar o marechal apoiou-se na interpretação jacobina da revolta da Armada de 1893 e da morte dele em 1895. A atuação de Floriano Peixoto na revolta e a ligação que os jacobinos estabelecem entre esta e a morte dele justificaria a elevação do marechal à condição de herói salvador da República brasileira.

Política e economia no Rio de Janeiro seiscentista: Salvador de Sá e a Bernarda de 1660-61

Miguel Arcanjo de Souza

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Filosofia e Ciências Sociais — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Humaitá, 109/607 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22261-000

Nesse estudo fazemos uma análise das relações existentes entre política e economia no Rio de Janeiro durante o transcorrer do século XVII. A partir da observação da administração de Salvador Correia de Sá e Benevides, percebemos a existência de alguns problemas relativos à atuação dos representantes oficiais da coroa portuguesa no Brasil.

Através de uma revolta ocorrida no verão de 1660-61, a população desta cidade depôs o então governador, organizando uma nova representação. Discutir o processo deste movimento, analisando suas causas e conseqüências dentro de uma conjuntura política e econômica, foi o principal objetivo desse trabalho.

Mundanismo: brisa renovadora — moral e sociedade no Rio de Janeiro Imperial

Virgínia Albuquerque de Castro Buarque

Dissertação de mestrado, 1994 — Departamento de História — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Mario Calderaro, 10/301 — Rio de Janeiro — RJ CEP 20735-330

O Rio de Janeiro é uma cidade que se desvenda sob múltiplas imagens, mesclando cenas de delicada beleza e violência extrema, riqueza concentrada e miséria degradante. Imersos em um cotidiano cada vez mais banalizado e angustiante, começamos a questionar os valores que norteiam a vida social, dotando-a de sentido.

Essa discussão pode nos conduzir a um momento específico da realidade brasileira — meados do século XIX — quando a construção de uma sociedade hierárquica e excludente ganhou legitimidade e penetração pela transposição dos princípios de uma moralidade mundana, voltada para a valorização da aparência, do entretenimento, do prazer e de sua representação simbólica no espaço urbano do Rio de Janeiro.

Interpenetrando o social e o imaginário, a moralidade, historicamente pensada, permite novas leituras dos sonhos e crises de uma ordem e um poder que, revestidos de novas conotações, ainda hoje subsistem.

Uma polêmica apaixonada na cidade do Rio de Janeiro: 1831-37

Vera Maria Fürstenau

Dissertação de mestrado, 1994 — Instituto de Filosofia e Ciências Sociais — Universidade Federal do Rio de Janeiro — Rua Souza Lima, 422/201 — Rio de Janeiro — RJ CEP 22081-010

O presente ensaio propõe-se a analisar a importância da atuação da imprensa na cidade do Rio de Janeiro, no período de 1831-37, tanto na luta pelo poder quanto na orientação da opinião pública. Procedeu-se a uma reflexão sobre o leitor e o papel que o jornal desempenhou no seu dia-a-dia. Estudou-se o leitor através da Seção de Correspondência. Destacou-se esta seção como meio de os cidadãos se comunicarem entre si e, sobretudo, levarem ao conhecimento das autoridades suas queixas, necessidades e sugestões. As cartas mostram os leitores interessados no bem da coletividade e, conseqüentemente, em não deixar os atos das autoridades sem constante fiscalização. Nos primeiros anos da Regência, os jornais de oposição defenderam reformas

mais profundas na sociedade e divergiram da postura do governo em manter a ordem vigente. Verificou-se que as soluções dos missivistas para resolver os problemas da cidade não representaram transformações radicais, mas refletiram os mesmos valores impostos pelos jornais da situação. Esta pesquisa desenvolveu-se mediante utilização abrangente dos periódicos, não se estabelecendo distinção entre os jornais de circulação regular e os jornais efêmeros, os chamados "pasquins". Procurou-se resgatar o papel do pasquim como fonte de informação, contrariando imagem negativa construída pela historiografia.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2006
  • Data do Fascículo
    Out 1995
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