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As ciências no paço de d. João...

The sciences at dom Joao’s Palace…

F O N T E S

As ciências no paço de d. João...

The sciences at dom Joao’s Palace

A decretação do bloqueio continental imposto pela França, em 1806, à Inglaterra, que estava em plena revolução industrial, tinha o propósito de encurralar e eliminar as vias de acesso de que o comércio inglês dispunha no continente europeu. Este singular fato trouxe muitas conseqüências para o Brasil e para a cultura científica brasileira. Aliado tradicional da Inglaterra, Portugal, na iminência de ser invadido pela França, por manter laços comerciais com os ingleses e sem condições de resistir militarmente aos franceses, embarcou sua corte com destino ao Brasil, aqui chegando em janeiro de 1808. Os navios vieram abarrotados de tudo quanto havia de valor: os tesouros do Estado, obras de arte, jóias, móveis e pratarias. Misturado a tudo isso, vieram também vários embriões da cultura científica brasileira. Foi embarcada uma quantidade imensa de livros (toda a Biblioteca Real da Ajuda); uma instituição foi integralmente deslocada para o Brasil (a Academia de Guardas-Marinhas); um laboratório transferido (o de Antônio Araújo de Azevedo, futuro conde da Barca, que trouxe seus aparelhos científicos, sua biblioteca pessoal, manuscritos e sua coleção de estampas). Acompanhavam esses objetos uma plêiade de intelectuais versados em conhecimentos científicos, um grupo de membros da Academia de Ciências de Lisboa e uma quantidade significativa de professores, todos carregados de idéias e planos, ansiosos por aplicá-los na nova sede da monarquia.

Estopim de todo o processo de gestação da cultura científica brasileira, a política de d. João aglutinou as aspirações, os desejos e as necessidades dos velhos e dos novos residentes no Brasil e, para atendê-los, criou muitas instituições centradas no conhecimento científico. A necessidade de formar profissionais com conhecimentos adequados aos novos tempos — principalmente engenheiros, militares e médicos — para levar a cabo seu governo, num lugar em que eram escassos os recursos humanos, fez com que se agitasse a vida intelectual, até então intencionalmente cerceada para os que aqui residiam.

De imediato, D. João providenciou a abertura dos portos, permitiu criação de manufatura e instituiu a liberdade de imprensa. Já no início de sua estada no Brasil, criou escolas de medicina (na Bahia e no Rio de Janeiro), depois escolas militares com status de curso superior, cursos avulsos de ciências, bibliotecas, jardins botânicos e um museu de ciências naturais. Contou para isso com os recursos humanos vindos de Portugal. Era a irrupção da cultura científica em terras brasileiras, derivada exclusivamente de medidas estatais. Dessa forma, o novo governo despertava o gosto pela ciência, por seu valor e por sua utilidade, a ponto de, em 1813 e 1814, circular no Brasil (no Rio de Janeiro), um periódico consagrado à ciência, denominado O Patriota, com cerca de duzentos assinantes, aliás, uma das poucas iniciativas no seio da sociedade civil visando à propagação de saberes científicos. Vieram a lume também manuais, livros e outros jornais, que tiveram cada qual o seu papel na divulgação das coisas da ciência. Publicou-se na Bahia o periódico Idade d’Ouro do Brasil. O Correio Brasiliense e O Investigador Português, embora editados na Inglaterra, também circularam no Brasil. Na sede do governo apareceu A Gazeta do Rio de Janeiro em 10 de setembro de 1808. Esse jornal não tinha como meta divulgar matérias sobre a ciência. Era um periódico árido e quase sempre continha quatro páginas. No início com distribuição semanal, passou a circular às quartas e sábados, e finalmente às terças, quintas e sábados, além de se publicarem grande número de edições extraordinárias. Suas matérias tratavam muito pouco do Brasil e relatavam fatos insípidos ocorridos na Europa. Não possuía variação de pauta, pois fora criado para informar sobre fatos administrativos do reino e sobre a movimentação social da corte. Não cobrava pelos anúncios e, como jornal oficial, excluía qualquer referência a temas políticos, sociais ou religiosos que pudessem trazer alguma espécie de polêmica. Havia uma junta que se encarregava de ‘limpar’ as matérias. Faziam parte dela José Bernardes de Castro, como oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros, e dois brasileiros, José da Silva Lisboa (1756-1835), mais tarde visconde de Cairu, e Mariano José Pereira da Fonseca (1773-1848), que viria a ser, por sua vez, marquês de Maricá, pessoas ligadas ao ensino e à divulgação da ciência no país. A estes censores, seguiram-se outros, mais entranhados com a cultura científica: Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846), filósofo e publicista; o cônego Januário da Cunha Barbosa (1780-1846), um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e os professores da Academia Real Militar, José Saturnino da Costa Pereira (1773-1852) e Manuel Ferreira de Araújo Guimarães (1777-1838).

Orientado por esta junta, formada de homens afeitos aos assuntos científicos, o jornal não poderia isentar-se totalmente de notícias sobre movimentações no campo científico. Por isso, publicaram-se, de forma rarefeita, matérias que divulgavam a existência de livros comercializados nas poucas livrarias existentes, alguns produzidos pela imprensa brasileira, outros importados, destacando-se os de conteúdo científico. Divulgavam também notícias sobre eventos das escolas militares, sobre cursos avulsos de assuntos científicos e artigos extraídos e traduzidos do Repertório das artes, manufaturas e agricultura etc., de origem inglesa, que explorava o caráter utilitário e cotidiano do conhecimento científico, veiculando artigos sobre o sabão, o café, o anil e o zinco, por exemplo. As atividades científicas no exterior, entretanto, eram muito escassamente noticiadas, mas, em julho de 1816, saiu uma primeira matéria sobre o Instituto Real de França, relatando minuciosamente as modificações de sua estrutura, sobretudo no quadro dos cientistas dirigentes das Academias que compunham esse instituto. Uma segunda matéria mais impactante e envolvendo o mesmo instituto, seria publicada mais tarde.

Atendo-se aos 13 anos do período joanino, vê-se que a A Gazeta do Rio de Janeiro não foi um periódico que dedicasse atenção às atividades científicas de forma sistemática e recorrente, mas também não ficou marginalizado do mundo das ciências. Neste contexto, causa espanto o fato de tomar mais da metade do espaço do jornal a matéria veiculada primeiramente no dia 14 de setembro de 1816 (no 74), e depois nos números subseqüentes (75 de 18.9.1816; e 76 de 21.9.1816). O artigo em pauta trata de um discurso proferido por Georges Leopold Chrétien Cuvier (1769-1832) por ocasião da instalação da Academia de Ciências de Paris, em 24 de abril de 1816, onde era secretário perpétuo da sessão de Física. É um artigo de suma importância por pelo menos duas razões. Em primeiro lugar, sobressai o ineditismo da publicação do texto tanto por sua extensão quanto pelo tema. Em segundo, o conteúdo da matéria é uma discussão atualizada na Europa sobre como considerar a ciência, política e sociologicamente.

O longo escrito, inteiramente traduzido para o português, faz apologia do valor da ciência para a humanidade, no espírito do iluminismo, dando mostras da mentalidade capitalista, ao refletir a preocupação com a apropriação da ciência em benefício da produção. De acordo com o artigo, a ciência é um bem sem o qual nação alguma poderia prosperar. Menciona o "indigno" tráfico de escravos — expressão conservada pela censura apesar de essa política ainda vigorar no Brasil. Discorre sobre a importância de o Estado financiar o estudo científico. Registra a importância da ciência enquanto saber desinteressado. Expõe o valor utilitário do saber científico. O artigo, certamente, pode ser considerado o primeiro material publicado, em português, pela imprensa brasileira, sobre sociologia da ciência e até mesmo sobre história da ciência.

O que também confere ao discurso valor histórico é o fato de ter sido produzido por um eminente cientista francês, Georges Cuvier. Ele era secretário perpétuo da Academia de Ciências Físicas, fazia parte da elite oficial e era benquisto pelo governo francês desde a época napoleônica. É considerado um dos pioneiros da paleontologia e da anatomia comparada. Foi protagonista de grandes discussões entre os que acreditavam no ‘fixismo’ das espécies vivas existentes (facção em que se enquadrava) e os que acreditavam no ‘transformismo’. Nesse sentido, travou discussões com Jean-Baptiste de Monet de Lamarck (1744-1829) e, mais tarde, com Étienne Geoffroy Saint-Hilaire (1772-1844). Mais acorde com as idéias bíblicas, atribuía as mudanças da fauna a revoluções e catástrofes que teriam ocorrido no globo terrestre, em oposição ao transformismo, que privilegiava a variação das formas animais, no curso dos tempos geológicos, pela hereditariedade dos caracteres adquiridos sob a influência do meio, do regime e dos usos dos órgãos. Por debitar atenção ao dilúvio, era um "netunista", opondo-se às teorias de um grande geólogo contemporâneo, James Hutton (1726-97), que era um vulcanista, pois atribuía aos vulcões a formação das rochas. A teoria catastrófica de Cuvier gozou também de grande prestígio na Grã-Bretanha. A classificação dos seres por ele elaborada na obra Reino animal (1817), baseia-se na anatomia comparada, e, neste livro, o estudo das espécies vivas é pela primeira vez associado ao das espécies fósseis, lançando os fundamentos da ciência dos seres desaparecidos. George Cuvier era também versado em história da ciência, tendo escrito em 1810 um Relatório histórico sobre o progresso das ciências naturais depois de 1789.

É difícil saber quais foram as repercussões desse artigo publicado em A Gazeta do Rio de Janeiro entre os intelectuais do período joanino. Nada se encontrou ainda que fizesse menção a ele. Mas é um artigo que merece reflexão no contexto da cultura científica brasileira em composição na época.

José Carlos de Oliveira

Professor do Departamento de Engenharia Elétrica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (DEE/UFRJ)

Rua Maria Eugênia, 206/202

22261-080 Rio de Janeiro — RJ Brasil

jcarlos@dee.ufrj.br

A Gazeta do Rio de Janeiro

Sábado, 14 de setembro de 1816

"Doctrina ... vim premovet insitam

Rectique cultus pectora roberant."

Horácio

Instituto Real de França

Reflexões sobre a marcha atual das ciências e sobre todas as suas relações com a sociedade, por M. o cavalheiro Cuvier, secretário perpétuo da Academia das Ciências para as Ciências Físicas; lidas na sessão pública de instalação a 24 de abril de 1816 (Le Moniteur)

Na época em que a Academia das Ciências recebeu de Luís XIV a forma, que o Augusto Sucessor daquele monarca nos restitui hoje, em uma solenidade igual a esta, que nos ajunta, o engenhoso historiador daquela companhia não se permitiu avançar, sem uma espécie de reserva, a idéia de que as indagações dos seus co-irmãos poderão não ser todas tão inúteis, como se cria no seu tempo.

No nosso se pode falar uma linguagem menos tímida, ou antes, é quase supérfluo falá-la.

Os progressos que têm feito modernamente a observação da natureza, o estudo de seus recursos e de suas leis, têm feito interessante a sua história, e nela se têm bebido idéias mais extensas do seu poder e dos seus serviços.

Tem-se visto que elas, se não criam a sociedade, ao menos nascem e se desenvolvem com ela; procuram-lhe sucessivamente todos os seus gozos, algumas vezes transpõem inteiramente os elementos; e do que elas têm feito não é difícil concluir o que elas poderão ainda fazer.

Lançado fraco e nu na superfície da terra, o homem parecia criado para uma destruição inevitável; os males o assaltavam de toda a parte; os remédios lhe estavam ocultos; mas ele tinha recebido o talento para descobri-los.

Os primeiros selvagens colheram nos bosques alguns frutos alimentícios, algumas raízes salutíferas, e assim acudiram às suas necessidades mais urgentes; os primeiros pastores perceberam que os astros seguem uma marcha regular, e se serviram deles para dirigir suas correrias através das planícies do deserto; tal foi a origem das ciências matemáticas e das ciências físicas.

Certificado uma vez que podia combater a natureza por si mesma, o gênio não descansou mais; espiou-a sem fôlego; de contínuo fez sobre ela novas conquistas, todas distintas por alguma melhora no estados dos povos.

Sucedendo-se desde então sem interrupção, espíritos meditativos, depositários fiéis das doutrinas adquiridas, constantemente ocupados de ligá-las, de vivificá-las umas pelas outras, nos têm conduzido em menos de quarenta séculos, dos primeiros ensaios desses observadores agrestes aos cálculos profundos dos Newtons e dos Laplaces, às enumerações sábias dos Linneus e dos Jussieus. Esta preciosa herança sempre crescida, levada da Caldéia ao Egito, do Egito à Grécia, escondida em séculos de desgraça, e de trevas, restaurada em épocas mais felizes, desigualmente espalhada entre os povos da Europa, tem sido seguida por toda a parte da riqueza e do poder; as nações que a têm recolhido vieram a ser senhoras do mundo, as que a desprezaram caíram na fraqueza e na obscuridade.

É verdade que muito tempo aqueles mesmos que tiveram a felicidade de revelar algumas verdades importantes não perceberam por inteiro as grandes relações, que as unem todas, nem as conseqüências infinitas, que de cada uma se pode derivar.

Não teria sido natural que esses marinheiros fenícios, que viram a areia das margens do Báltico transformar-se ao fogo em um vidro transparente, pressentissem imediatamente que aquela nova matéria poderia prolongar aos velhos os gozos da vista; que ajudaria o astrônomo a penetrar nas profundidades dos céus, e a nomear as estrelas da via-láctea; que descobriria ao naturalista um pequeno mundo tão povoado, tão rico em maravilhas, como aquele que parecia ser oferecido aos seus sentidos e ao seu estudo; que enfim o seu uso mais simples, mais imediato, procuraria um dia aos das margens do mar Báltico a possibilidade de construírem palácios mais magníficos que os de Tiro e de Mênfis, e de cultivar, quase debaixo dos gelos do círculo polar, as festas mais deliciosas da zona tórrida.

Quando um bom religioso, no fundo de um claustro da Alemanha, acendeu pela primeira vez uma mistura de enxofre e de salitre, que mortal poderia profetizar-lhe tudo que ia nascer de sua experiência? Mudar a arte da guerra; subtrair o valor à superioridade da força física; restabelecer no Ocidente a autoridade dos reis; atalhar que nunca os países civilizados perdessem outra vez se vítimas das nações bárbaras; finalmente vir a ser umas das grandes causas da propagação das luzes, obrigando a instruírem-se os povos conquistadores, que até então tinham sido quase por toda a parte os flagelos da instrução; tal era o destino de uma das mais simples composições da química.

Essas conseqüências ferem hoje todos os olhos; mas a vista mais penetrante não poderia alcançá-las nesses começos, em que cada um se limitava a seguir a vereda que o acaso lhe tinha aberto; quase sem o saberem, esses primeiros observadores se tornavam os benfeitores de seus semelhantes.

A principal e a imensa vantagem da marcha atual das ciências consiste na suspensão desse isolamento.

Os diversos caminhos se encontraram, os que os percorreram criaram uma linguagem comum, suas doutrinas particulares, à força de se estenderem, chegaram a tocar-se, e prestando-se um mútuo apoio, marchando sobre uma grande linha, abraçam as existências em toda a sua generalidade. Elevando-se desta sorte acima de tudo, a ciência apanhou tudo com suas vistas, todas as artes lhe foram sujeitas: a indústria a reconheceu por sua mestra; ela serviu e protegeu o homem em todos os seus estados, e se enlaçou da maneira mais íntima e mais sensível com todas as relações da sociedade.

Já antes que ela chegasse a essa altura de generalidade, não tinha sido difícil perceber que as suas observações, na aparência as mais humildes, mais indiferentes, podiam fazer nascer mudanças tão importantes, como inesperadas, nos usos, no comércio e na fortuna pública.

Um botânico, de que apenas se sabe o nome, trouxe o tabaco do Novo Mundo à Europa, pelo tempo da liga. Hoje esta planta dá a França só a matéria de um imposto de cinqüenta milhões, os outros países da Europa tiram recursos proporcionados; até no fundo da Turquia e da Pérsia, ela veio a ser um grande artigo de comércio e de agricultura.

Outro botânico, na época da Regência, fez passar à Martinica um pé de café, desse arbusto da Arábia, que começou a ser conhecido na Europa nos primeiros anos de Luís XIV. Este pé único deu todos os das nossas ilhas, enriqueceu os colonos. O uso daquele grão se tornou vulgar, e certamente ele foi mais eficaz que toda a eloqüência dos moralistas, para destruir o abuso do vinho nas classes superiores da sociedade.

Quem poderia afiançar que hoje mesmo nossos jardins de botânica não escondam alguma erva desprezada, destinada a produzir, em nossos costumes, e em nossa economia política, revoluções iguais?

E o que põe em uma categoria bem distinta as revoluções que as ciências ocasionam é que elas sempre são felizes.

Elas combatem as outras: é a oposição de dois princípios, a guerra do Orosmade contra Arimane.* * Arimane ou Abriman é o príncipe do mal na religião de Zoroastro, que se opõe a Abouramasda ou Orosmade, o gênio do bem (N. do A.)

Quando um funesto desleixo entregava nossos bosques à destruição, a física melhorava nossas fornalhas. Quando o ciúme dos povos nos privava dos produtos estrangeiros, a química os fazia germinar do nosso terreno. As nações da Europa nunca pareceram trabalhar com mais ardor que há vinte anos, para aniquilarem suas subsistências! Quantas fomes não teriam produzido antigamente as devastações de que temos sido testemunhas? A botânica providenciou: foi buscar além dos mares algumas novas plantas nutritivas; ela tinha aproveitado de cada mau ano para recomendar a sua propagação e tinha conseguido fazer impossível a fome.

Ainda há mais! A ver como as invenções felizes chegam a ponto, quando os males da humanidade as reclamam, dir-se-ia que a Providência tem em reserva as descobertas benfeitoras das ciências para contrabalançar as descobertas desgraçadas da ambição. Espalhou-se a inoculação pouco depois do flagelo dos exércitos permanentes; e na época do flagelo mais funesto da conscrição, os milagres tão pouco esperados da vacina pareceram querer consolar a terra.

Também temos o gosto de repetir que benefícios tão grandes, tão numerosos, acharam dignos avaliadores; foram proclamados com estrondo, e nesse ponto as ciências, e os que as cultivam, têm só que louvar-se de nossos contemporâneos.

Mas nem todos os homens, que lhes fazem justiça, fazem idéias igualmente exatas das causas de seus progressos, nem dos meios de animá-los.

Alguns, confundindo os tempos, imaginam que se poderia parar na parte imediatamente útil de seus estudos; outros, não vendo em suas teorias sublimes senão estéreis jogos de espírito, temem que, esfriando a imaginação, acanhem a inteligência, e quereriam desterrá-las entre aqueles, para quem sua profissão as torna diretamente necessárias.

O fato só provaria já que, se em seu princípio a ciência deveu alguma coisa ao acaso, e que se homens vulgares lhes têm feito fazer progressos úteis, agora só pelas meditações das almas superiores ela pode derramar novos benefícios; todas as grandes descobertas práticas dos nossos últimos tempos têm precisamente o caráter de tirarem sua origem da generalidade e do rigor dados às indagações científicas, e essas profundidades, essas dificuldades, que espíritos orgulhosos desdenhavam como inúteis, são justamente o que tem produzido a utilidade mais assombrosa.

Um discurso muito simples explica o que a experiência demonstra.

Os homens alcançaram bem depressa quanto uma atenção superficial podia indicar, o que provas fáceis podiam ensinar, e daqui resultaram as artes vulgares: mas nesta primeira revista dos recursos da natureza, se deviam desprezar aqueles, cujo produto não podia ganhar valor senão multiplicando os seus usos, ou aqueles que acompanhavam dificuldades invencíveis para a ciência. Portanto somente concepções profundas podiam abrir novas estradas, mas também a cada passo elas deviam estender-se um horizonte mais vasto. Cada uso novo de uma coisa chama e multiplica os de uma infinidade de outras coisas; e cada propriedade nova, que se descobre, ajuda a vencer os obstáculos, que embargavam o emprego de uma multidão de outras propriedades; é uma progressão crescente ao infinito, na qual os novos termos sempre são múltiplos dos precedentes; na qual os diferentes valores, a que os termos seguintes chegam prontamente, crescem na mesma proporção que os mesmos termos.

Eis aqui por que a ciência e a indústria, que ela produz, têm entre todos os outros filhos do talento do homem o privilégio particular de que o seu vôo não somente não pode interromper-se, mas se acelera continuamente. Enquanto a natureza íntima do coração humano, puxando-o continuamente para o círculo estreito dos mesmos sentimentos e das mesmas paixões, dá à arte de conduzir os homens, assim como a de agradar-lhes, raias que não podem saltar, a ciência vê cada dia de mais longe, e de mais alto; o campo desta natureza exterior, que é o seu império, se engrandece para ela, à medida que ela domina mais, e em toda essa imensidade lhe é impossível perceber limites aos seus progressos, e às suas esperanças.

Os exemplos que fariam sensível esse discurso se apresentam de tropel a qualquer que tenha seguido a história das descobertas modernas.

Obrigado a fazer escolha entre tão numerosos esforços de gênio, eu me resolvo por aqueles que é mais fácil fazer entender em poucas palavras; mas ainda que eu não possa indicá-los todos ao reconhecimento público, eles se compreendem todos no que eu devo dizer; porque tenho menos por fito fazer valer cada descoberta em particular do que conhecer o espírito, que as inspirou todas.

Começaremos pela geometria transcendente, que a sublimidade de suas abstrações parece afastar mais de tudo que há nas artes de terrestre e de prático.

O curso dos astros, desde os primeiros séculos, tem dirigido grosseiramente as viagens dos navegantes; mais modernamente a bússola lhes deu licença para perderem de vista as costas; mas hoje o piloto segue seu caminho sobre o oceano com tanta segurança como se engenheiros lho tivessem traçado; as tábuas astronômicas lhe ensinam a cada instante em que ponto do globo ele se acha, e com tanto rigor, que não se pode enganar em um intervalo tão extenso, como o que sua vista alcança. A Antiguidade não quis por isso crer que os navios do faraó Necau fizessem o giro da África; e a Rússia manda esquadras de um dos seus portos a outro, fazendo o giro de três partes do mundo, sem que ninguém repare. Os ingleses possuem uma colônia florente nas antípodas da Europa, e ali vão ter incomparavelmente com mais facilidade do que os fenícios iam a Cartago e a Cádiz. Os primeiros colonos há pouco passaram ali uma cordilheira de montanhas que lhes escondia países imensos de uma fertilidade prodigiosa. Em algumas gerações, este país será juncado de um povo de origem européia, estudando a natureza, respeitando seu autor, observando as leis da humanidade; mas tudo isto fez possível a exatidão da astronomia; e esta exatidão lhe foi dada pelas fórmulas dos nossos geômetras. Os Cooks, os Bourgainvilles, os Vancouvers não poderiam afrontar os gelos do pólo, nem os baixios do mar das Índias, e homens civilizados não habitariam a Nova Holanda, se os Eulers, os Lagranges, os Laplaces não tivessem resolvido, no fundo dos seus gabinetes, alguns problemas bem abstratos de cálculo integral; se os Meyers, os Delambres, os Buckardts, os Burgs não tivessem, com uma paciência admirável, derivado essas longas séries de algarismos, que parecem hoje dar leis ao mesmo céu.

A Gazeta do Rio de Janeiro

no 75, 18.9.1816

A física seguiu de longe o exemplo da geometria, mas, à medida que foi se aproximando, gerou um maior número de aplicações diárias e populares.

Se Rumford diminuiu pela metade a despesa das artes que empregam o fogo, se chegou a sustentar o pobre por 18 dinheiros (12 réis) por jantar, foi por meio de um estudo delicado das leis da comunicação do calor; se os filtros de carvão seguram agora por toda a parte a salubridade das águas, é porque químicos holandeses têm examinado miudamente as leis da absorção das substâncias gasosas; se Paris não foi dizimada em 1814 pela febre pestilencial que a guerra tinha trazido a seus hospitais, é porque o sueco Scheele tinha descoberto, trinta anos antes, um ácido, que conserva preso o contágio e depressa lhe destrói o gérmen.

Porém sobretudo nada iguala as maravilhas da máquina de vapor.

Depois que a teoria profunda e matemática da ação do calor fez dele, nas mãos de M. Watt, o motor ao mesmo tempo mais poderoso e mais regular, não há coisa de que ela não seja capaz; chamar-lhe-ia a geometria e mecânica vivificadas. Ela fia, ela tece, e mais igualmente que todos os obreiros, porque não tem distração, nem cansaço. Em três pancadas ela faz sapatos: um primeiro cilindro, guarnecido de um recortador, corta a sola e o rosto; outro faz os buracos, nos quais um terceiro crava as tachinhas preparadas, que imediatamente dobra, e o sapato está feito. Tira de uma dorna folhas de papel, que se estenderiam a muitas léguas, se fosse necessário. Ela imprime! Que admiração não sentiria Gutenberg, este feliz inventor dos caracteres móveis, se visse sair a milhares, em uma noite, entre dois cilindros, sem interrupção, quase sem intervenção de mão, essas longas páginas de jornais, que correm depois até o centro dos bosques da América levar as lições da experiência moral e da luz das artes? Uma máquina de vapor sobre um carro, cujas rodas se engancham em um caminho preparado, arrasta uma fileira de outras carruagens. Carregam-se, acendem-se, e elas vão sós com toda a pressa fazer-se descarregar no outro extremo da estrada. O viajante, que as vê assim de longe atravessar o campo, mal crê a seus olhos. Mas que há de mais admirável, e donde um dia possam nascer conseqüências mais fecundas do que aquilo de que fomos agora testemunhas. Um navio passou o mar sem vela, sem remos, sem marinheiros: um homem para sustentar a fornalha, outro para governar o leme, é toda a sua guarnição. É impelido por uma força interior, como um ente animado, como uma ave marítima, vagando sobre as ondas: é expressão do capitão. Todos vêem como esta invenção simplificará a navegação de nossos rios, e quanto a agricultura ganhará de homens e de cavalos, que reverterão para os campos; mas o que também é licito perceber ao longe, e que será talvez mais importante, é a mudança, que há de resultar na guerra marítima e no poder das nações. É muito provável que teremos aqui mais uma experiência que se pode pôr no rol daquelas que mudaram a face do mundo.

Também era na aparência uma descoberta puramente teórica a existência da matéria sacarina nos vegetais diferentes da cana: e Marggraf, seu autor, estava longe de esperar que ela pudesse um dia minar pelos alicerces o monopólio colonial, e tirar todo o pretexto ao indigno tráfico de escravos. Entretanto, é isto o que ela há de produzir muito provavelmente, e em poucos anos. Riram-se ao princípio do fabrico do açúcar indígena, porque ele parecia ligado a uma política justamente odiosa, Os fabricantes deixaram rir; mas, ajudados das luzes da ciência, aperfeiçoaram sua mão-de-obra, venderam-nos muito açúcar seu sem nos dizer; e se, como tudo parece anunciar, os seus lucros forem certos, uma vez que o fabrico e a cultura se reúnam sobre o mesmo ponto, sua indústria dará bem depressa cinqüenta milhões de produtos novos; fornecerá cada inverno trabalho a quarenta mil pessoas, e só o bagaço engordará a cem mil bois, tudo sem diminuir um átomo o que o nosso terreno produzia antigamente.

E todo este enorme aumento de riqueza, essas enormes mudanças no comércio, na navegação, nas relações dos Estados, penderam da idéia, que teve há cinqüenta anos um químico de Berlim de analisar pelo álcool os sucos de beterraba.

Mas esta descoberta, que pode um dia vir a ser tão fecunda, é um problema muito particular, que pertence a uma doutrina muito mais elevada, e muito mais produtiva.

Quero falar da teoria dos elementos das substâncias orgânicas, e da facilidade de suas metamorfoses, que Lavoisier desenvolveu.

A Gazeta do Rio de Janeiro

no 76, 21.9.1816

Como os princípios imediatos dos corpos organizados são ao mesmo tempo pouco diferentes entre si, e todavia idênticos em natureza em cada espécie em que se acham, quando falta uma dessas espécies, supre a outra, e se é necessário, cria-se o princípio, que se há mister, fazendo levemente variar as proporções dos elementos de outro princípio. Nesta mágica, basta que o químico queira; tudo se pode mudar em tudo, tudo se pode extrair de tudo.

Faz-se vinagre de pão; espermacete de carne de cavalo; sabão da dos peixes; amoníaco dos retalhos de pano; sal d’azedas do açúcar; açúcar do amido; extrai-se dos ossos velhos um corno artificial, que se estende, e se move como se quer, ou que se adelgaça em um papel para desenho, transparente como o vidro; um pouco de ácido sulfúrico torna o azeite mais impuro inodoro e branco como a água; há muitos anos as lanternas de corrente de ar alumiam as menores casas com dez vezes menos despesas que dantes; mas a química viu que ainda se podia fazer melhor; tirou o ar inflamável do carvão de pedra; e alumia fábricas, oficinas, casas inteiras com a mesma matéria, que somente servia de aquentá-las. A origem está na cava, e se tem em cada peça uma torneira de luz, como se teria uma de água da fonte. É (como outras muitas) uma invenção francesa, desprezada entre nós, e recebida pelo estrangeiro. Se as ruas de Londres não são ainda todas alumiadas assim, é por medo de empecer a navegação, fazendo abaixar muito o preço do azeite de baleia.

Deve ser permitido falar de algarismos à Academia das Ciências; é quase a sua linguagem natural. Examine-se, portanto, o que renderam à França há vinte anos as invenções práticas derivadas das descobertas de MM. Bertholett, Chaptal, Vauquelin, Thenard; só na química mineral, neste ramo assaz limitado das ciências físicas; a extração da soda, o fabrico do alúmen, do sal amoníaco, dos óxidos de chumbo, dos ácidos minerais, substâncias todas que nós tirávamos do estrangeiro; a refinação do ferro, a cementação do aço, e enfim o desenvolvimento das artes, que empregam estas matérias primeiras; é claro que se deverá contar por centenas de milhões.

Pois bem. Esses tesouros, esses gozos, nenhuma das invenções que no-los procuram teriam nascido sem a ciência; elas não são mais do que aplicações fáceis de verdades de uma ordem superior, de verdades que não foram procuradas com essa intenção, que seus autores não estudaram senão por si mesmas, e levados unicamente pelo desejo de saber. Os que as põem em prática não teriam descoberto os gérmens; pelo contrário, aqueles que acharam esses gérmens não poderiam entregar-se aos cuidados necessários para deles tirar partido. Embebidos na alta região, a que suas contemplações os transportam, apenas percebem esse movimento, essas criações nascidas de algumas de suas palavras. Essa oficinas que se levantam, essas colônias que se povoam, essas embarcações que cortam os mares, essa abundância, esse luxo, esse estrondo, tudo isso vem deles e tudo isso lhes é estranho. No dia em que uma doutrina se forma prática, eles a abandonam ao vulgo; já não lhes pertence mais.

Para não deixar secar uma fonte tão nobre e tão fecunda, para que esta sublime linguagem da meditação pudesse sempre ser entendida, a munificência dos nossos reis tinha chamado a ciência ao seu paço, e concedido a aqueles que a cultivam favores muito mais honrosos sem dúvida, e contudo muito inferiores, àqueles que em qualquer outra carreira a fortuna mais contrária não negaria a trabalhos tão constantes.

Se não se julgou fazer sobeja sua honra em pensar que para eles isto era supérfluo, ao menos se convirá que da parte do Estado não era um emprego estéril de seus fundos, e se inclinará a desejar que se façam para ele muitas especulações de fazenda igualmente úteis.

Bem longe de que este ramo de despesa pública estivesse em oposição com o interesse dos proprietários, os trabalhos que ele fez nascer dobraram há cinqüenta anos os rendimentos das propriedades, quer criando artes novas, que têm chamado uma imensidade de matérias-primas, quer distribuindo pelos campos estas variedades de cultura que têm permitido que cada terreno recebesse aquela que lhe convém melhor, e estorvado que as intempéries tocassem ao mesmo tempo toda as colheitas.

A abolição dos alqueives, que assim mesmo incompleta, põe já em valor dez mil quilômetros quadrados mais que dantes, o que em outros termos equivale para a França à aquisição de uma grande província, é devida aos homens que perceberam que o terreno esgotado para uma planta não o é para outra, e que a rotação das culturas, pendendo da maneira diversa com que as plantas se nutrem, é profícua em todos os solos e em todos os climas. Ora não foram os lavradores que acharam isto; foram os botânicos.

Os pobres habitantes das landes viam há séculos as dunas do golfo de Gasconha marcharem irresistivelmente para o interior do país, enterrarem suas casas, suas igrejas, alagar suas culturas com as lagoas que levavam diante de si. Eles as viam e as deixavam. Daubenton e Brémontier lhes disseram: parai; e desde este momento em toda a parte, em que se seguiram os passos destes sábios, elas são imóveis. Ter-se-ão, quando se quiser, centenas de léguas quadradas em pleno rendimento nessa areia, que parecia destinada a ser sempre um vão divertimento dos ventos.

É para crer que os contribuintes, longe de terem de que se queixem, seriam mais ricos e mais felizes se houvessem empregado em semelhantes conquistas somente a décima milésima parte do que se lhes tem arrancado para devastar a metade da Europa, para nos tornar ali odiosos, e para perdê-la.

O pouco que se tem feito é o que explica como a propriedade e a indústria poderão suportar sem fenecer tantas opressões e extorsões. Quanto mais o governo as vexava, mais parecia que a ciência redobrava de esforços para socorrê-las. Por isso, enquanto não virmos titubear o impulso que dela recebem, não teremos que desesperar da fortuna do Estado. Haja tranqüilidade de espírito em uns para meditarem e para descobrirem, em outros para se instruírem e pôr em prática, e depressa novos prodígios hão de mostrar o quanto pode a ciência para reparar nossos males.

Infelizmente esta condição, tão necessária aos seus progressos, não está ao seu alcance procurá-la. Ela segue os cometas através do espaço, mas o coração humano escapa-lhe; ria das ondas do mar; mas não tem segredos para amansar o desassossego da ambição.

Sem embargo seria enganar-se muito crê-la inteiramente indiferente ao descanso dos povos.

No meio dessa oposição universal dos pobres e dos ricos, desse ciúme dos particulares, causa principal das perturbações dos Estados, desse ciúme das nações, origem quase cívica de suas guerras, a indústria e a ciência, que a produz, são os medianeiros naturais. Elas igualam as nações superando os obstáculos dos climas; elas aproximam as fortunas, fazendo os gozos mais fáceis de alcançar; elas formam a única lei agrária eficaz, porque a única legítima, e que, por uma vantagem única, aqueles que ela tende a fazer descer acham uma fortuna real em acelerar a execução.

Quanto seria interessante o quadro, que uma pena eloqüente traçasse da influência da ciência sobre a civilização.

Remontando a séculos remotos, transportando-se a países bárbaros, ele nos mostraria o pretendido homem da natureza dominando em tirano sua própria família; tratando seu semelhante, quando o encontra, tão cruelmente como os animais do mato. Pouco a pouco, as primeiras observações de uma física nascente adoçam aquele ente feroz, sugerindo-lhe os meios de tirar algum partido de um inimigo vencido. O escravo procura também na observação um alívio aos seus dissabores, e bem depressa se achega a seu senhor, mostrando-lhe para admirar as obras de Deus, ou as descobertas do talento. A força, essa magistratura primitiva dos povos grosseiros, se desarma por si mesma, quando a ciência, desenvolvendo as artes, dá aos tributos de um trabalho pacífico mais valor. A propriedade se emancipa; a classe industriosa se levanta; reis hábeis se escoram nela para derribar poderes anárquicos; a verdadeira magistratura, aquela que faz reinar as leis eternas da justiça, obriga todas as classes à submissão; deixá-la então à sua marcha natural, a fortuna se reparte entre famílias segundo a parte com que cada uma contribui ao bem das outras; e tornando-se desta arte a medida de seus serviços, como de sua consideração, estabelece, para que a sociedade gravite.

Doce, mas infalível perspectiva, época feliz, que os erros dos governos e imprudências dos povos podem afastar sem dúvida, mas que não embarcarão de chegar, em que ciência, a riqueza e a indústria, não tendo mais do que a ajudarem-se mutuamente, aumentar-se umas por outras, levaram a prosperidade dos homens ao ponto que lhe é concedido tocar sobre a terra! Se é lícito evocar-vos não é em um dia tão memorável, em que um príncipe cujas luzes fazem a sua aprovação ainda mais preciosa ao que os seus benefícios consagra com selo de sua autoridade os laços recentemente contraídos por todos os ramos dos conhecimentos humanos: quando permitindo-nos ajuntar a um nome, que jamais se teve sem alguma glória, aqueles, que antes um século de trabalho tinha feito ilustres, toma de alguma sorte a obrigação de proteger com o seu cetro real tudo o que se tem feito de grande e de belo?

Nós também, em nosso reverente reconhecimento, tínhamos de contrair novas obrigações. Eu as exprimi na relação que tenho feito. Pelos deveres que ela desempenhou em épocas de desgraça, a ciência quer que se meça a extensão daqueles que ela se impõe nos tempos de proteção e de paz.

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    Arimane ou Abriman é o príncipe do mal na religião de Zoroastro, que se opõe a Abouramasda ou Orosmade, o gênio do bem (N. do A.)
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Maio 2006
    • Data do Fascículo
      Jun 1999
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