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Plumas como enfeites da moda

Feathers in fashion

Resumos

O texto aborda a presença da plumária na moda feminina do século XIX. No Brasil, houve produção de enfeites com penas, que não provinha dos índios. Havia manufaturas que forneciam mercadorias para as lojas da capital. Com base nos relatos de viajantes que passaram pelo Brasil no século XIX, e no material depositado no Museu Estatal de Etnologia de Munique, o autor enfatiza as manufaturas existentes no Brasil e a captura indiscriminada de determinadas espécies de aves para atender a demanda da sociedade da época. Desde o século passado, as aves de penas mais bonitas passam a rarear, o que começa a ser acompanhado pela preocupação com o controle da caça.

captura de pássaros; comércio de plumas; século XIX; colibri; história da moda; imperatriz Amélia do Brasil; Princesa Teresa da Baviera


The article focus on the presence of plumage in the 19th century fashion. In Brazil, the feathers for the production of feather pieces were not necessarily supplied by Indians. There were manufacturers that supplied the stores in the country's capital with these pieces. Based on travelers' reports on nineteenth-century Brazil as well as on material from the State Museum of Ethnology in Munich, the author emphasizes the indiscriminate capture of some species of birds in order to face the demand of society at the time. In the 19th century, the most beautifully-feathered birds progressively began to become rare, which naturally brought forth the concern with uncontrolled bird capture.

bird capture; plumage trade; 19th century; hummingbirds; History of Fashion; Empress Amelia of Brazil; Princess Thérese of Baviera


Plumas como enfeites da moda

Feathers in fashion

Helmut Schindler

Pesquisador do Staatliches Museum

für Völkerkunde, em Munique

Maximilianstr. 42

D-80538 München

Phone: 004989/210136026

Fax: 004989/21013647

SCHINDLER, H.: 'Plumas como enfeites de moda'.História, Ciências, Saúde — Manguinhos,vol. VIII (suplemento), 1089-108, 2001.

O texto aborda a presença da plumária na moda feminina do século XIX. No Brasil, houve produção de enfeites com penas, que não provinha dos índios. Havia manufaturas que forneciam mercadorias para as lojas da capital. Com base nos relatos de viajantes que passaram pelo Brasil no século XIX, e no material depositado no Museu Estatal de Etnologia de Munique, o autor enfatiza as manufaturas existentes no Brasil e a captura indiscriminada de determinadas espécies de aves para atender a demanda da sociedade da época. Desde o século passado, as aves de penas mais bonitas passam a rarear, o que começa a ser acompanhado pela preocupação com o controle da caça.

PALAVRAS-CHAVE: captura de pássaros, comércio de plumas, século XIX, colibri, história da moda, imperatriz Amélia do Brasil, Princesa Teresa da Baviera.

SCHINDLER, H.: 'Feathers in fashion'. História, Ciências, Saúde — Manguinhos,vol. VIII (supplement), 1089-108, 2001.

The article focus on the presence of plumage in the 19th century fashion. In Brazil, the feathers for the production of feather pieces were not necessarily supplied by Indians. There were manufacturers that supplied the stores in the country's capital with these pieces. Based on travelers' reports on nineteenth-century Brazil as well as on material from the State Museum of Ethnology in Munich, the author emphasizes the indiscriminate capture of some species of birds in order to face the demand of society at the time. In the 19th century, the most beautifully-feathered birds progressively began to become rare, which naturally brought forth the concern with uncontrolled bird capture.

KEYWORDS: bird capture, plumage trade, 19th century, hummingbirds, History of Fashion, Empress Amelia of Brazil, Princess Thérese of Baviera.

Penas e moda

Hoje em dia, as atrizes de teatro de revista são quase as únicas mulheres que usam, em suas aparições, fantasias com ricos enfeites de penas. Em negócios ligados a shows ainda sobrevive essa moda que pertence ao passado. O enfeite com penas viveu um apogeu no mundo ocidental há duzentos anos, durante o fim do rococó. Naquela época, as senhoras, com seus enfeites, travavam verdadeiras batalhas entre si, nas festas da Corte, com a ajuda de penteados e perucas que seus cabeleireiros faziam cada vez mais altos e mais amplos. Podia-se admirar, à época, sobre a cabeça das beldades, florestas, campinas e riachos, aldeias e pontes, além de fragatas e cenas pastorais inteiras. É claro que as penas, ao mesmo tempo suntuosas, coloridas e leves, eram maravilhosamente apropriadas para tais construções, tendo sido muito utilizadas (Bruhn e Tilke, 1941, pp. 110-2, 115, 118; Corson, 1977, pp. 384-95; Doughty, 1975).

A opulência dos penteados do rococó tardio já não era mais requerida ao final do século XVIII. Modas menos exuberantes impuseram-se. É certo que as senhoras, ainda no século XIX, davam valor a um toucado largo; no entanto, este não era mais trabalhado no cabelo, tendo se transferido para os chapéus. Ao lado de flores artísticas e fitas, as penas ainda formavam um material apreciado no acabamento de chapéus. Evidentemente, o adorno para a cabeça não era o único setor da moda no qual se utilizavam penas.

Caças às aves no mundo todo

Em muitos cantos da Terra surgiram homens atraídos pela caça às aves, com o objetivo de fornecer penas aos centros da moda, principalmente Paris e Londres (Doughty, 1975). Na Nova Guiné, rastreavam-se aves-do-paraíso; na Índia, pássaros-reis, faisões e garças; na Rússia, corujas, gaios e pegas; nos pântanos e florestas tropicais da Guatemala ao Brasil, as garças e os papagaios; na África, avestruzes; e, nas estepes meridionais da América do Sul, os nandus. Pode-se aumentar com facilidade essa lista. A demanda crescia permanentemente em função da ampliação da classe burguesa, que dispunha de meios financeiros suficientes para acompanhar o cambiante jogo da moda, cujas diversas correntes daquela época refletiam, a seu modo, a era do colonialismo.

Se hoje o artesanato com aproveitamento de penas está extinto, isto acontece por bons e honrosos motivos. Assim como os defensores da natureza, associados à mídia, faziam carga contra o uso de casacos de pele na segunda metade do século XX, a moda das penas havia sido criticada com veemência anteriormente. Na década de 1880 levantaram-se as primeiras vozes de advertência, tornando pública a rápida extinção de diferentes espécies de aves pela caça excessiva e inescrupulosa. A luta pela proteção das aves durou décadas; somente nos anos de 1920 deu-se uma interrupção, quando entraram em vigor leis contra o comércio de penas de aves ameaçadas. De mais a mais, após a Primeira Guerra Mundial, os chapéus enfeitados que as mulheres usavam saíram de moda, o que contribuiu para reduzir a demanda por penas (Doughty, 1975).

Assim pelo menos consta nos livros de história. Mas, ainda em 1960, importaram-se em Champagne grandes carregamentos de penas provenientes do Brasil. Mulheres da aldeia Joinville-en-Vallage usavam-nas para dar forma a flores e frutos para chapéus de senhoras, e para decorar estantes e buquês destinados às casas de moda. Em décadas anteriores, revestimentos de paredes ou carpetes haviam sido preparados nessa aldeia com este material, para reexportação ao Brasil (Jean-Loup Rousselot, comunicação pessoal). É provável que o proprietário de uma manufatura de penas tenha, por precaução, instalado sua empresa na província e introduzido o trabalho doméstico, para escapar à fiscalização estatal.

A maior parte dos exemplares preservados de enfeites com penas representa flores, folhas e sebes, de acordo com a tradição européia. Apesar de tais motivos já serem conhecidos, eles ganharam no Renascimento e no barroco um significado excepcional. Na América e na Europa, foram bastante disseminados na arte popular da época, e, em muitas regiões, estabeleceram-se além daquele período. Contudo, na abordagem desses motivos florais, é importante lembrar que os artistas europeus de então abraçaram inúmeras sugestões do Extremo Oriente.

O Museu de Etnologia de Munique possui uma série de objetos que dão testemunho da moda das penas em épocas passadas. A maior parte desses trabalhos com penas chegou às mãos do Estado bávaro por meio de duas senhoras da nobreza, respectivamente a imperatriz Amélia do Brasil e a princesa Teresa da Baviera. Por isso, as duas devem ser brevemente apresentadas.

A casa Leuchtenberg

No ano de 1817, o rei bávaro Maximiliano I deu a seu genro Eugène de Beauharnais o condado Leuchtenberg e o principado Eichstätt como feudo, situado a aproximadamente cinqüenta quilômetros ao norte de Munique.

Os duques Beauharnais ou Leuchtenberg tiveram, no final do século XVIII e início do XIX, importante papel nas guerras e na política de paz, e não menos importante na política de núpcias. Membros da família Leuchtenberg estavam ligados às casas Wittelsbach, Bragança, Romanov e à família Bonaparte. Aqui devem somente ser estabelecidas as relações com o Brasil em seu nexo histórico (Adalbert, 1992; Fanning, 1983; Harding, 1941; Haring, 1958; Müller, 1981, pp. 24-6, 1980).

Sua Alteza Imperial d. Pedro de Alcântara, príncipe herdeiro de Portugal, Algarves e Brasil, fugiu para o Brasil para escapar das tropas de Napoleão que invadiam Portugal. Casou-se, no ano de 1817, com a arquiduquesa Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo, que foi coroada imperatriz em 1822, ao lado de seu marido Pedro I (Harding, 1941; Haring, 1958; Obry, 1958).

Após sua morte em 11 de dezembro de 1826, d. Pedro I casou-se em 1829 com Amélia Augusta Eugênia Napoleão de Leuchtenberg (1812-73), a filha de vinte anos de Eugênio de Beauharnais e S.M.I. Augusta Amélia, princesa da Baviera. Em 1831, d. Pedro I abdicou em favor de seu filho, e retornou a Portugal como duque de Bragança. No mesmo ano, a propriedade da família Leuchtenberg, até o palácio em Eichstätt, retornou à Corte bávara. Em 1855, toda a fortuna dos Leuchtenberg na Baviera foi vendida à Corte imperial bávara por três milhões de florins.

Princesa Teresa da Baviera

A princesa Teresa da Baviera (1850-1925) foi a única filha do príncipe imperial Luitpold da Baviera e sua mulher, princesa Augusta de Toscana, que tiveram outros três filhos varões. A princesa Teresa possuía excelentes qualidades: grande sede de saber, cobiça, zelo e perseverança, férrea disciplina e grande sentido do dever. A mãe italiana foi quem exerceu maior influência em sua educação. Ela ensinou à filha que seus privilégios e sua posição social não autorizavam nenhuma soberba, mas antes aumentavam sua responsabilidade.

A princesa Teresa sentia-se uma pessoa estranha em seu próprio círculo. Por isso reclamava dos "limites restritivos de nossa supercivilização", e exaltava "a majestade da natureza distante dos homens, impoluta", que ela conheceu e aprendeu a valorizar, já que somente à distância podia fruir uma "sensação de liberdade e de total independência".

No ano de 1888, a princesa Teresa fez uma viagem ao Brasil, permanecendo no país por três meses. Após a travessia, aportou em Belém e percorreu o Amazonas rio acima até Manaus, adentrando ainda uma parte do rio Negro. Velejou, então, ao longo da costa oriental do Brasil e visitou cada uma das cidades portuárias.

Ao chegar ao Rio de Janeiro, realizou excursões pelas cercanias, como, por exemplo, à província do Espírito Santo, para visitar uma tribo dos botocudos, tidos como primitivos. As dificuldades não lhe causavam medo, e ia sempre a pé, a cavalo, de navio e de canoa, almejando sempre realizar estudos científicos naturais, montar uma coleção a mais abrangente possível, e conseguir objetos etnográficos para incorporar ao seu museu particular em permanente crescimento.

Nove anos depois surgiu o livro sobre essa viagem ao Brasil. A princesa Teresa anota com alegria, por exemplo, que no país não há segregação como nos Estados Unidos, que negros e brancos podiam, por exemplo, transitar pelos mesmos caminhos. Cita, cheia de revolta, a opinião de um fazendeiro de que os botocudos deveriam, todos, ser abatidos na floresta como animais. O velho senhor queixava-se amargamente de que o governo não permitia isto (Bußmann e Neukum-Fichtner, 1997; Herzog, 1997; Neukum, 1997, 1995; von Bayern, 1897).

Depois da morte da princesa Teresa, sua coleção, formada por 2.438 objetos do mundo inteiro, passou a enriquecer o Museu Estatal de Etnologia de Munique.

Pequenos relatos sobre enfeites com plumas

Vários relatos de viagens do século XIX oferecem informações sobre enfeites com penas e sua manufatura no Brasil. Trata-se, no entanto, quase sempre de breves observações, talvez porque o tema não fosse tão familiar aos leitores de então, e, sendo assim, descrições mais minuciosas não eram tidas como necessárias.

Por isso, reproduzem-se aqui integralmente essas pequenas notícias.

O príncipe Maximilian Wied-Neuwied (1821, pp. 275 e ss.) constatou no relato sobre a sua viagem, entre 1815 e 1817: "As incomparáveis penas do quiruá eram utilizadas pelas freiras da Bahia para as suas belas flores de penas; por vezes, as carcaças destes pássaros eram enviadas em número significativo para a capital." As perseguições já haviam provavelmente reduzido àquela época o número desses pássaros, pois, numa excursão às cercanias, Maximilian observava que "o quiruá, ou crejuá (Ampelis cotinga, Linno), muito azul, que se destaca pelo esplendor azul-brilhante de sua penugem, ... raramente se mostrava".

Os cientistas naturais von Spix e von Martius (1931, s. d., p. 1312), que em 1819-20 navegaram o Amazonas rio acima, falam dos trabalhos com pena das freiras de Portugal, Belém e da Ilha da Madeira. Em outras palavras: monjas, elas próprias proibidas de usar quaisquer enfeites, dedicavam-se a esse artesanato, cujo resultado as damas exibiam em suas aparições públicas.

O cientista natural McGillivray (1852/I), integrante de uma expedição inglesa aos Mares do Sul, aproveitou sua breve estada no Rio de Janeiro, em meados do século XIX, para realizar incursões pela cidade. Ele designou como as duas ruas mais importantes a larga rua Direita e a estreita rua do Ouvidor. Esta se encontrava "repletas de lojas, muitas das quais se equiparavam em riqueza e variedade de mercadorias aos mais esplêndidos estabelecimentos das capitais européias. Dessas lojas, a mais tentadora, e a mais perigosa de se visitar com a bolsa bem provida, é a famosa manufatura de flores de penas de madame Finot, onde a suntuosa plumagem de pássaros canoros e outras aves da tribo dos emplumados é transformada em grinaldas e buquês de todos os tipos"?

O escritor de aventuras Friedrich Gerstäcker (1863), em suas viagens à América Latina, descreveu países e pessoas freqüentemente ignoradas. Sob muitos aspectos, essas informações úteis são apresentadas com um estilo alemão insuportavelmente obscuro. Sobre o enfeite de penas, manifesta-se de forma breve, confirmando McGillivray:

A principal rua do Rio, pelo menos a que mostra as lojas mais brilhantes, a rua do Ouvidor, foi quase exclusivamente tomada por franceses, e, como consolo, pode-se ir a qualquer loja e falar o seu idioma ... . Nesta rua estão também as grandes lojas do Rio nas quais são preparadas e vendidas, no mais das vezes por jovens francesas, aquelas encantadoras flores de penas do Brasil.

Nas décadas seguintes isso pouco mudou, pelo que a princesa Teresa ( von Bayern, 1897, pp. 26, 403, 477) manifesta-se repetidamente sobre flores de enfeite e semelhantes acessórios da moda. Após sua chegada ao Rio de Janeiro, em 1888, ela percorreu as lojas da já mencionada suntuosa rua do Ouvidor, e observou: "Flores furta-cores de penas de colibri, objetos de enfeite com asas de besouro de brilho metálico são compostos de modo tentador nas vitrines. "Depois de uma incursão ao interior do país, de volta ao Rio de Janeiro, Teresa empreendeu, à noitinha de um dia tomado por visitações, mais um giro pelo mercado de pássaros e por algumas lojas. Ela escreve: "O sucesso das visitas às lojas foi ter comprado flores de penas e diversos objetos etnográficos. A confecção de flores verdadeiramente artísticas de penas de colibri, feita por não-índios, deve remontar à indústria de penas nacionalizada pelos índios brasileiros há séculos." De alguma maneira, também deve valer o inverso: muitos dos enfeites dos índios do Brasil de nossos dias podem ter surgido das flores de penas.

Após seu retorno, Teresa visitou, nas proximidades da Bahia, uma manufatura de flores de penas, e levou para sua pátria "como provas algumas camélias brancas bem-arranjadas". Sobre isso registrou: "À tarde visitamos, num lugar pequeno e defronte à cidade, a Quinta Soledade, um mosteiro de freiras no qual se ensina a fazer flores de pena."

Flores artificiais

Flores de pena são apenas uma forma particular de flores artificiais, feitas no mundo antigo com diferentes materiais, como, por exemplo, cera, madeira, asas de escaravelho, casulos de bicho-da-seda, casca, papel, tecidos e até mesmo a delicada pelezinha sob a casca do ovo. Os romanos importavam, por um bom dinheiro, grinaldas perfumadas do Egito. A seda é, por sua textura, um material especialmente apropriado para flores artificiais.

Segundo Tina Raht (1981, pp. 8-9):

"a história das flores de seda começa mesmo na Idade Média, nos conventos de freiras. As irmãs ordenadas teriam deixado de ser mulheres, para não desejarem enfeitar com flores as suas igrejas, imagens sagradas e altares. Como na época do inverno, ou no quente sul — onde tudo o que é fresco murcha —, as flores naturais eram um problema, as freiras começaram a experimentar as artificiais..."

Prossegue Raht, certamente simplificando um pouco o transcurso histórico: "Com o tempo, as freiras tornaram-se mestras na arte floral. Particularmente as irmãs italianas destacavam-se nisso."

A produção de flores — e em parte também sua venda — esteve freqüentemente, no século XIX, nas mãos de jovens operárias. Essas garotas floristas, de salário escasso e pequena margem de lucro, não ficavam ricas; no máximo, os empresários, os proprietários das manufaturas e cadeias de comércio conseguiam enriquecer. Antes de sua vida com J. W. Goethe, Christiane Vulpius também havia ganho seu pão em uma oficina assim, e quem se considerava um pouco melhor, na Weimar de então, a chamava por isso, com menosprezo, de 'a moça das flores' (Raht, op. cit., p. 15). George Bernard Shaw levou ao palco uma moça assim, em sua peça Pigmalião.

No Brasil, os fabricantes de flores de penas e de asas de escaravelho evidentemente possuíam uma mina de ouro; assim, levanta-se a questão se também eram produzidas, àquela época, flores artísticas de outros materiais como seda ou papel.

Como conclusão, uma citação do prefácio:

Mulheres de convento e concubinas, pequenas operárias e grandes artistas, hábeis empresários e amadoras habilidosas ocuparam-se ao longo de séculos com o delicado artesanato de flores artificiais, seja por amor a elas, seja para viverem delas. A flora imperecível fez crescerem indústrias, florescer o comércio, determinou modas e decorações interiores. Flores de seda serviam como presentes imperiais e souvenirs sentimentais, completavam exposições e relatos de moda, adornavam santos e damas de reputação duvidosa. A história das flores de seda tem de tudo (Rath, op. cit., p. 7).

Enfeite e gênero

Assim, Teresa pôs-se novamente a falar de enfeite com penas no relato sobre sua viagem ao Brasil. Ela própria privilegiava uma roupa sem enfeite, rigorosa e adequada. Será que se escondia ali, entretanto, uma mulher ávida por enfeites? Esta conclusão seria demasiado simples. Em virtude de sua origem e educação, como mulher, ela devia ter um olho bom para a moda, ainda que a recusasse, na medida do possível, para si própria. Por mais importante que seja para o vestuário feminino, a cultura resulta de uma comparação, em termos mundiais, de dimensão histórica. Não somente entre os índios brasileiros, mas na maioria dos povos da Terra, e em especial na Europa, ao longo de muitas épocas, foram e são ainda os homens aqueles que mais usaram e usam adornos e enfeites. Isso vale também para grande parte do mundo dos animais. O nosso discurso sobre as mulheres ávidas por enfeites corresponde, portanto, a uma anomalia de nossa cultura; os homens vestidos de flanela cinza são a exceção histórica, não a regra.

Em certo sentido, os negócios ligados a espetáculos artísticos nos mostram isso claramente. As mulheres revelam-se por meio de camisetas justas; os homens, todavia, usam roupas coloridas e arrojadas, e enfeitam o corpo com penteados, tatuagens e outras ousadias parecidas.

Modelos de enfeites com penas

Tanto a imperatriz do Brasil, morta prematuramente, quanto a princesa dos Wittelsbach levaram modelos de enfeites com penas para a Baviera que não são mencionados nos relatos citados. Assim como hoje encontram-se nos armarinhos rolos de fitas de pano e rendas com todas as cores do arco-íris, antigamente podiam-se adquirir fitas furta-cores de penas de várias colorações, como mostra uma coleção dos Leuchtenberg com semelhantes preciosidades (Figuras 1, 2 e 3).

Um esplêndido xale cinza-amarelado da mesma origem não foi feito de fragmentos de pêlo, como se poderia imaginar, mas de uma carcaça com penas, isto é, de peitilhos de pingüins-imperiais. Essas aves encontravam-se mais disseminadas antigamente; entretanto, os caçadores as abateram aos milhares, no sul da América do Sul, tal como fazem hoje com os filhotes de focas ao Norte. Os pingüins, inaptos ao vôo, eram cobiçados naquela época não somente por causa de suas penas, mas por seu útil e valioso óleo de fígado (Figura 4).

Diz-se que a moda dos leques de pena só teria surgido por volta de 1860, em Paris, depois que se conseguiu criar avestruzes em cativeiro, garantindo assim o abastecimento de penas (Gray, 1988, p. 240; Maignan, 1989, pp. 38-9). Mas, já no ano de 1644, Tommaso Borgione desenhava em Turim fantasias de índios e punha leques de penas nas mãos dos dançarinos (Honour, 1975, p. 103, f. XVI), como mostra desenho da Biblioteca Nazionale. Os leques de Turim mostram uma longínqua semelhança com os do Brasil, estes possivelmente fabricados a partir de 1860. Evidentemente, o Brasil somente respondia a uma tendência da moda na Europa. Os leques da América Latina daquela época são amparos de mão; não são dobráveis, portanto (Bennett e Berson, 1981, p. 121, f. 48; Durian-Ress e Heller-Winter, 1987, p. 240; Gray, 1988, p. 251, nº. 63.663; Varela, 1993, pp. 144, 159-60).

A princesa Teresa levou para Munique em 1888, de sua viagem ao Brasil, dois leques em forma de flor em botão (MfV, nº 26, t. 1800/01). Tendo como 'pétalas' as primeiras penas do colhereiro-rosa (ajajá), o punho é de casco de tartaruga. Os 'estames' da rosácea são formados pelas asas de escaravelhos do gênero Hoplia, cuja área de proliferação mais ao sul fica na Guatemala. Também no Brasil, portanto, os fabricantes de tais artigos da moda não se limitavam à rica oferta da fauna de seu próprio território, mas importavam vários componentes de outros países (Figura 5).

No segundo leque com o punho de osso, utilizaram-se penas cinza-escuro de papagaios do Amazonas. No meio, a pele com penas não provém de um colibri, como se considerou antigamente, mas de um tangará. Esses pássaros, com as mais coloridas penugens, estão entre os mais sortidos nos trópicos americanos (Figura 6).

11Sichler vermelho (Eudocimus ruber) tinha de sacrificar sua penugem. Essa ave encontra-se espalhada predominantemente no norte da América do Sul, de modo que pode ser correta a afirmação, no livro que registra a entrada do leque, de que proveio da Venezuela. Para as penas brancas, abateram-se garças; para as verdes, papagaios do Amazonas. O encanto desse leque é aumentado pelas hastes rosas e brilhantes das penas, que se encontram arranjadas no punho, composto por uma espécie de gramínea (Gray, 1988, p. 251, no 63.663) (Figura 7 e 8). Literalmente: pássaro com bico foiciforme — N. do T.

Um terceiro leque em forma de coração, feito em vermelho, branco e cinza, é um presente da senhora conselheira secreta Schnorr von Carolsfeld, do ano de 1922 (MfV, nº 22-24-2). Pode ter sido confeccionado por volta do final do século XIX. Para o vermelho brilhante, um íbis escarlate ou

Por volta de 1975, o povo indígena dos kaapor supostamente produzia leques dobráveis de penas (Varela, 1993, p. 144).

O que mais freqüentemente se menciona são as flores de penas. Para consumo próprio, as mulheres formavam no Brasil modelos de flores barrocas sobre uma rede de fibras de plantas. Com elas, adornavam-se as bordas laterais das redes de balanço.

Teresa adquiriu buquês de flores feitas parcialmente com penas de colibri, cujas hastes são finas demais para serem atadas com linhas (MfV nº 26, t. 1). Só restava então a possibilidade de se usarem carcaças inteiras. Para as flores, as mulheres recortavam a carcaça em forma de folha e a forravam com papel.

Esses ramalhetes provêm do Brasil do século XIX (MfVMü nº 936 + 937) e são confeccionados, conforme o livro de entrada, de "penas de pássaros estrangeiros", informação que não ajuda a esclarecer sua origem.

Não penas leves, mas asas duras de besouros deram origem a grinaldas arejadas e de pouco peso, e outros adornos para as belezas da elite. A composição destas formas devia se dar nas mesmas manufaturas em que se processavam as penugens dos pássaros. Um diadema com forma de grinalda de flores foi feito das asas que recobriam um pequeno besouro (MfVMü no 17-13-1); da mesma forma um buquê de asas azuis (MfVMü no 935), cuja informação sobre a proveniência não fala só do Brasil, como na maior parte dos outros exemplos, mas menciona a cidade do Rio de Janeiro.

Tradução de Luiz Barros Montez

Conclusão

A caça às aves de penugens coloridas era realizada por homens, e o reprocessamento das penas e carcaças para enfeites da moda ficava em mãos femininas, especialmente de freiras e francesas. Essas mulheres exerciam um ofício manual hoje desaparecido e esquecido, que esteve em sua época ligado a uma rede global de comércio.

Sem dúvida que nos arquivos do Brasil e de outros países ainda se encontram inúmeras fontes sobre manufaturas de penas e o comércio de enfeites com penas; aqui, pode se tratar, por exemplo, de documentos sobre importação e exportação, declaração de impostos, licenças profissionais e outros tipos de papéis de negócios. É possível encontrar mais sobre o tema nos romances femininos do século XIX. Provavelmente vários testemunhos de tais trabalhos com penas conservam-se ainda em museus brasileiros e junto a antigas famílias no país.

Recebido para publicação em março de 2001.

Aprovado para publicação em maio de 2001.

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  • 1
    Sichler
    vermelho (
    Eudocimus ruber) tinha de sacrificar sua penugem. Essa ave encontra-se espalhada predominantemente no norte da América do Sul, de modo que pode ser correta a afirmação, no livro que registra a entrada do leque, de que proveio da Venezuela. Para as penas brancas, abateram-se garças; para as verdes, papagaios do Amazonas. O encanto desse leque é aumentado pelas hastes rosas e brilhantes das penas, que se encontram arranjadas no punho, composto por uma espécie de gramínea (Gray, 1988, p. 251, n
    o 63.663) (
    8).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      22 Mar 2002
    • Data do Fascículo
      2001

    Histórico

    • Recebido
      Mar 2001
    • Aceito
      Maio 2001
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