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TESES

Atividades científicas na "Bela e Bárbara" Capitania de São Paulo (1796-1823)

Alex Gonçalves Varela

Tese de Doutoramento, Pós-Graduação em Geociências, Área de Educação Aplicada às Geociências, Instituto de Geociências da Unicamp, Campinas (SP) 2005. Rua Ferreira Viana, 36/502 22210-040 Rio de Janeiro – RJ – Brasil alex@ige.unicamp.br

No ano de 1796, o ministro da Marinha e Ultramar do governo mariano, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, elaborou um programa político-reformista que visava modernizar a administração do império português, para assim assegurar o domínio da parte mais rica do Império – o Brasil – e, sobretudo, salvar o Reino, e a monarquia portuguesa. Entre as medidas tomadas pelo ministro estava o estudo das 'produções naturais' coloniais, uma vez que as considerava como fontes de riquezas que ajudariam a promover o desenvolvimento da nação portuguesa. Para o mapeamento, exploração e análise do mundo natural das colônias, D. Rodrigo se aliou aos naturalistas, que foram contratados em diversas regiões da América Portuguesa. Na Capitania de São Paulo, os três estudiosos arregimentados para servir à Coroa foram João Manso Pereira, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e José Bonifácio de Andrada e Silva. O objetivo central dessa tese de Doutorado consistiu em analisar a contribuição da atividade científica praticada pelos mencionados naturalistas Ilustrados, presente em suas viagens científicas e memórias, para o processo de institucionalização das ciências naturais na América Portuguesa, em especial na referida Capitania. Suas memórias científicas no campo da história natural constituíram-se como as principais fontes de análise da pesquisa, uma vez que elas se tornaram o principal instrumento para observarmos a concepção de ciência com que os naturalistas operavam, sua postura teórico-metodológica, quais as apropriações que fizeram das modernas teorias científicas e como buscaram aplicá-las ao seu contexto local, entre outras questões. Tais textos foram analisados por meio do cruzamento com o contexto social mais amplo em que foram concebidos, permitindo assim observar como se deu a produção da ciência em seu ambiente local. Portanto, as memórias produzidas pelos naturalistas mencionados constituíram-se como a 'pedra preciosa' para refutar a tese de que a América Portuguesa, em especial a Capitania de São Paulo, caracterizou-se por um grande vazio de práticas científicas no período que compreende o final do século XVIII e o início do século XIX.

Entre os salões e o laboratório: filantropia, mecenato e práticas científicas – Rio de Janeiro, 1920-1940

Gisele Sanglard

Tese de douramento Programa de Pós-Gradução em História das Ciências da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, 2005. Rua Barão da Torre, 481/302B 22411-003 Rio de Janeiro – RJ – Brasil sanglard@coc.fiocruz.br

O objetivo dessa tese é o estudo do processo de patrocínio privado à ciência no Brasil, na primeira metade do século XX. Mais especificamente, estuda a relação do industrial Guilherme Guinle com o médico e cientista Carlos Chagas e as ações que dela resultaram: de um lado, a construção dos hospitais para sifilíticos e para cancerosos, na década de 1920, no Rio de Janeiro, onde suas ações estão diretamente relacionadas à política de Saúde Pública levada a cabo pela gestão de Carlos Chagas à frente do Departamento Nacional de Saúde Pública. E, de outro lado, o apoio aos projetos desenvolvidos por Evandro Chagas, Carlos Chagas Filho e Walter Oswaldo Cruz, ainda com forte vinculação aos ideais do 'nacionalismo sanitário' defendido por Carlos Chagas. Em resumo, pretende explorar os caminhos que permitiram que o mecenato e a filantropia de Guilherme Guinle à ciência e à saúde acontecessem no Rio de Janeiro entre os anos de 1920 e 1940.

A biblioteca da saúde das Américas: a Bireme e a informação em ciências da saúde 1967-1982

Fernando A. Pires-Alves

Dissertação de Mestrado, 2005 Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde Casa de Oswaldo Cruz - Fiocruz Av. Brasil, 4365 Prédio do Relógio – 21040-900

A dissertação examina a gênese e os primeiros anos de funcionamento da Biblioteca Regional de Medicina (Bireme), da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), hoje Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. Discute os antecedentes, a sua instalação em 1967 e as gestões dos seus dois primeiros diretores, Amador Neghme e Abraham Sonis, no período compreendido entre 1969 e 1982. Ao fazê-lo, caracteriza a Bireme, simultaneamente, como aparato e como arena de negociação, inscrita nos processos mais gerais do desenvolvimento, considerado como domínio tanto discursivo, como concreto, prático, que definiu os termos pelos quais se dariam as relações entre centro e periferia no pós-segunda guerra. Considera, ainda, a sua inscrição como parte de processos mais gerais no que concerne à informação em C&T, à cooperação internacional e das políticas de saúde no contexto latino-americano, assim como nas posições presentes no movimento de expansão e reforma do ensino médico na região.

Este percurso histórico tem como marco inicial a concepção de uma biblioteca regional de medicina para a América Latina, segundo um modelo que simultaneamente era formulado e proposto, pela biblioteconomia médica norte-americana, para a constituição de um sistema de bibliotecas regionais nos Estados Unidos, sob a liderança da National Library of Medicine - NLM.

Dado este modelo fundador, a trajetória inicial da Bireme é caracterizada como a história de um processo de recepção em dois tempos do conceito de biblioteca regional tal como formulado pela NLM, um processo orientado segundo as aspirações e convicções daqueles que tiveram a responsabilidade conduzir o projeto institucional da Bireme, as circunstâncias de seu tempo e do ambiente institucional. Sustenta-se que, em larga medida, esta recepção consistiu numa captura, por esta inscrição na saúde latino-americana, da elaboração discursiva sobre o projeto, antes determinada pela autoridade da NLM, como instância de poder técnico e político. Esta mudança no plano discursivo fez-se acompanhar, no terreno prático, de uma efetiva modificação da agenda programática e técnica da Bireme. Desta forma, o modelo original de biblioteca regional e um modelo alternativo, concebido a partir de 1976, produziram aportes radicalmente distintos no que tange ao funcionamento do regime de informação em ciências da saúde vigente no Brasil e na América Latina.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Abr 2006
  • Data do Fascículo
    Mar 2006
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