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TESES

Entre arte e ciência: fundamentos hermenêuticos da homeopatia como medicina do sujeito

Paulo Rosenbaum

Tese de doutoramento, 2005 Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Av. Angélica 1620 apto. 51 01228-100 São Paulo – SP – Brasil

A medicina homeopática é uma prática socialmente validada e progressivamente incorporada ao aparato institucional da saúde, inclusive no sistema público. No entanto, permanece polêmica a questão dos fundamentos dessa terapêutica, de sua validação científica. Há, no sentido de responder a essa demanda por validação, a necessidade de metodologias de pesquisa que permitam investigações rigorosas, mas adequadas às concepções de saúde, adoecimento e terapêutica próprios à racionalidade homeopática. O presente trabalho baseia-se na tese de que a teoria homeopática está originalmente orientada por um vitalismo de caráter hermenêutico, isto é, assume que a positividade dos fenômenos com que lida é sempre dependente de uma totalidade compreensiva (totalidade vital), singularizada em cada situação individual e somente acessível por meio das narrativas dos pacientes. O objetivo do estudo foi compreender as relações entre esses conceitos vitalistas e o lugar dos procedimentos compreensivo-interpretativos na propedêutica e terapêutica propostas pela teoria homeopática, as quais podem apontar alternativas para estabelecer as suas bases de validação. Trata-se de um estudo qualitativo, baseado na análise documental de textos canônicos da homeopatia, especialmente a obra de Hahnemann, e entrevistas em profundidade com homeopatas que combinam atividade clínica com pesquisa e docência na área (formadores de opinião). A metodologia foi instruída pela hermenêutica filosófica e pela epistemologia histórica, sendo o substrato discursivo (escrito e falado) trabalhado de modo não-formalista, buscando-se identificar e interpretar livremente eixos narrativos e núcleos de significado julgados relevantes. A discussão voltou-se fundamentalmente para a recuperação dos principais movimentos históricos de conformação do paradigma vitalista na homeopatia, o cotejamento desse desenvolvimento com a adoção de procedimentos semiológicos de caráter compreensivo-interpretativo e as implicações desse "vitalismo da palavra" para as concepções homeopáticas contemporâneas. O trabalho aponta para a positividade e produtividade do trabalho com a linguagem e as narrativas no âmbito de uma homeopatia entendida como uma "medicina do sujeito", e sugere aprofundamentos na direção hermenêutico-filosófica como alternativa para o adensamento conceitual e para o aperfeiçoamento dos processos de validação do saber e da prática da homeopatia.

Os filhos das brenhas e o Império do Brasil: a etnografia do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (1840-1860)

Kaori Kodama

Tese de doutoramento Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rua Almirante Tamandaré, n.77 apto. 13, 22210-060 Rio de Janeiro – RJ – Brasil

A partir da pesquisa sobre a relação entre idéias de Nação e as produções de saber por parte de uma elite letrada, vinculada ao Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, a presente tese pretende abordar o campo de estudos e de debates dessa instituição, sobre o índio brasileiro. No período em que o indianismo esteve muito presente na literatura, nas décadas de 1840 e 1860, a "etnografia" do Instituto vinculava-se aos debates sobre a representação do índio para a nacionalidade, a partir da produção de conhecimento histórico.

Três problemáticas relativas a esta contribuição da história para a etnografia foram abordadas neste trabalho: em primeiro lugar, pretendeu-se analisar a formação da etnografia do Instituto, a partir do campo das representações e do conhecimento sobre os índios de fins do século XVIII ao início do XIX. Em segundo, buscou-se elaborar o diálogo dessa etnografia com a emergência dos conceitos de "raça" e de nação, nos debates etnológicos em contexto europeu. Por último, buscou-se apresentar os entrecruzamentos entre as teses e certas práticas etnográficas do Instituto, com a condução da política indigenista do próprio Estado imperial.

A tese percorre as produções intelectuais que caracterizam a etnografia do Instituto, procurando vincular tais produções com a criação, por parte desses letrados do Instituto, de uma interpretação do processo histórico que formou a sociedade imperial, no momento de consolidação do Estado. De um lado, a etnografia do Instituto permitia conduzir uma reflexão sobre o papel do "índio" na história do Brasil; de outro, ela fomentava o debate sobre a composição da população do Império e as políticas indigenistas. A tese buscou tratar desses dois aspectos, relacionando-os ao problema da Nação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Out 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 2006
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