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TESES

Entre 'Avenida' e "Rodovia": a história da avenida Brasil (1906-1954)

Renato da Gama-Rosa Costa

Tese de doutoramento, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UFRJ Rio de Janeiro, 2006 rgrc@coc.fiocruz.br

O interesse para a realização desta tese, sob orientação da profª drª Margareth da Silva Pereira, foi despertado a partir de uma pesquisa realizada no Departamento de Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz, que originou a publicação Um lugar para a ciência: a formação do campus de Manguinhos (Ed. Fiocruz, 2003). A pesquisa objetivou historiar o processo de evolução e ocupação do campus da Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, onde a abertura da avenida Brasil pelos terrenos da instituição nos trouxe questionamentos que, ao longo do desenvolvimento da tese, se mostraram maiores que o universo de Manguinhos, o que nos obrigou a abrir o leque de investigação.

A avenida Brasil foi aberta como um caminho alternativo aos tradicionais percursos realizados pelo interior dos bairros da zona da Leopoldina ou, ainda, por mar ou de trem para se chegar à antiga estrada União-Indústria. Seu traçado, ao longo do litoral da baía da Guanabara, facilitou o acesso a Petrópolis e daí a essa estrada, até então a mais utilizada para se chegar à região de Minas Gerais.

Desde os primeiros anos do século XX, mais precisamente a partir da gestão de Pereira Passos na prefeitura do Rio de Janeiro (1903-1906), se estudava uma forma de ligar o centro da cidade aos bairros situados depois da ponta do Caju, como Manguinhos, Bonsucesso, Ramos, Olaria e Penha, até Irajá, tendo como ponto de partida a avenida Rodrigues Alves e o cais do porto. No entanto, também se considerava a necessidade de se criar uma via que permitisse o acesso mais direto à capital federal.

A primeira tentativa, sem sucesso, para a sua abertura, que atendesse à circulação de veículos automotores, data de 1906. Durante as duas décadas seguintes, seu projeto foi discutido em diversos fóruns, como nos primeiros congressos brasileiros de estradas de rodagem, iniciados em 1916. Entretanto, no início da década de 1920, a abertura da rodovia continuava apenas um projeto. Em 1922 seria empreendida uma primeira viagem por carro a Petrópolis, reunindo alguns sócios do Automóvel Club.

Durante a presidência de Washington Luís, projetos diferentes e mais ambiciosos para a nova rodovia foram realizados, entre 1926 e 1928, aproveitando trechos do caminho de 1922. Ele faria dessa estrada, juntamente com a primeira Rio-São Paulo, as grandes realizações de seu governo, sintetizadas no seu lema: "Governar é abrir estradas".

Inicialmente, foram feitos cinco estudos para a nova rodovia. Dentre as propostas, a pelo litoral foi considerada a menos exeqüível à época. Esse trajeto, entretanto, seria retomado somente vinte anos depois e daria origem ao que se chamou à época variante Rio-Petrópolis, a hoje avenida Brasil. Um outro projeto, de autoria de Jorge Macedo Vieira para o Bairro Industrial de Manguinhos (1927), ao adotar o mesmo trajeto pelo litoral para uma avenida Norte, estaria confirmando o traçado da futura avenida Brasil.

De fato, num primeiro momento a preferência pela abertura de rodovias era pelo interior. A opção pelo litoral, onde efetivamente passou a nova via, era um campo pouco explorado até a construção da Brasil. Desde 1913, a revista Cosmopolita pedia uma via que passasse pela frente do Instituto de Manguinhos, mas tal trajeto não foi adotado na época, nem mesmo depois, entre 1926 e 1928. A abertura definitiva da variante ocorreria durante o Estado Novo (1937-1945), responsável também pela sua designação – enfim – de avenida Brasil.

Finalmente, a avenida Brasil acompanhou a própria evolução das palavras da cidade associadas às questões viárias – rua, avenida, estrada, auto-estrada, rodovia, via expressa. Essas denominações revelam a própria evolução do pensamento viário e rodoviário brasileiros e a forma dos discursos e representações sobre o tema. Nosso estudo espera, dentro da linha da recente história urbana carioca e brasileira, contribuir para que se compreenda como o planejamento urbano – ou a falta dele – levou a fazer dos eixos rodoviários, como a avenida Brasil em particular, um dos emblemas da vida moderna.

Estudo de uma experiência de fluxo informacional científico no Instituto Oswaldo Cruz: a Mesa das Quartas-Feiras

Alexandre Medeiros Correia de Sousa

Bibliotecário da Fundação Oswaldo Cruz Dissertação de mestrado em ciência da informação Universidade Federal Fluminense (UFF) e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) Rio de Janeiro, 2006 correia@cict.fiocruz.br

No início do século XX, a documentação apresentou um grande avanço, a partir de reflexões e ações voltadas para o tratamento da informação nas instituições científicas. Em 1909, foi implementado na Biblioteca do Instituto Oswaldo Cruz um sistema de disseminação de informação entre seus cientistas, que se baseava em leitura sistemática e resumo semanal de artigos de periódicos científicos recém-chegados à biblioteca, que tivessem relação com suas frentes de pesquisa. Esses resumos eram apresentados e debatidos em uma reunião semanal conhecida como "Mesa das quartas-feiras". Posteriormente, eram classificados pelo próprio pesquisador para que servissem ao bibliotecário na alimentação de um catálogo analítico de assuntos, que ficava à disposição dos usuários. Este trabalho procura identificar e traçar o fluxo da informação, a partir de um estoque informacional, chegando ao pesquisador nas reuniões semanais das quartas-feiras. Dessa forma, foi possível analisar e fomentar o estudo das experiências de atividades, fluxo e sistematização da informação em um ambiente científico. Nele, discorri sobre o papel das bibliotecas e dos bibliotecários diante das necessidades modernas de uso, formas de acesso e disseminação da informação no ambiente das instituições de pesquisa em ciência e tecnologia em saúde, assim como seus papéis estratégicos na produção científica em instituições de pesquisa.

Relação família-escola: uma parceria educativa na promoção da Saúde

Sâmia Silva Gomes

Educação em saúde Universidade de Fortaleza (UNIFOR), 2005 Rua Gal. Tertuliano Potiguara, 720/202 Aldeota Fortaleza – CE – Brasil

Família e escola constituem os dois principais elos do processo educativo. Os efeitos de uma relação entre essas instituições, sejam positivos ou negativos, se perpetuam de forma significativa tanto no seio familiar como no ambiente escolar. Este estudo descritivo de abordagem qualitativa teve como objetivo compreender como se tem dado a relação família-escola nas instituições de ensino particular de Fortaleza, nas séries correspondentes ao Ensino Fundamental II. Realizamos a investigação na perspectiva de que essa relação, quando bem vivida, promove a saúde de todos os nela envolvidos. A coleta de dados foi realizada através da técnica de entrevista com roteiro semi-estruturado, tendo sido aplicada a pais de alunos e a profissionais da área de educação. A análise de dados teve como referência a análise categorial temática, da qual emergiram cinco categorias que foram discutidas no âmbito deste estudo: influência da equipe técnico-pedagógica na qualidade da relação; ausência de atendimento humanizado na escola; relação centrada na solução de problemas; repasse de responsabilidades entre as partes e dificuldade em manter um efetivo canal de comunicação. Os resultados revelaram que o cuidado com essa relação é atribuído muito mais à escola do que à família; que à equipe técnico-pedagógica é atribuída a tarefa de elaborar estratégias na construção dessa relação; que os pais desejam que a escola ofereça um serviço mais humanizado, com um olhar voltado às necessidades de cada família; que essa relação é perpassada, na maioria das vezes, por um conflito e na busca de uma solução; que costuma acontecer um repasse de responsabilidades, no qual cada parte atribui à outra a origem do problema; e também a responsabilidade por uma intervenção efetiva. A comunicação entre as partes encontra-se comprometida, dificultando que uma real parceria se instale. Tanto escola como família possuem dificuldade para se expressarem de forma autêntica e despreocupada. Concluímos a investigação certos de que sistematizamos um conhecimento sobre a interação família-escola, oferecendo subsídios para que esta seja vista na ótica da promoção de saúde e assim a escola possa cuidar mais de suas relações, revertendo esta realidade.

Representações sociais de professores sobre a organização do trabalho na escola e a promoção de ambientes educacionais saudáveis

João Batista Vianey Silveira MouraI; Ana Maria Fontenele CatribII

IPesquisador. Mestre em educação em saúde pela Universidade de Fortaleza.

IIProfessora orientadora. Doutora em avaliação pela Universidade da Bahia. Universidade de Fortaleza (UNIFOR) 20 de dezembro de 2005

O presente estudo buscou investigar os impactos provocados pela organização do trabalho escolar na saúde mental do professor. A organização do trabalho refere-se à divisão do trabalho, o conteúdo da tarefa, o sistema hierárquico, a burocratização da tarefa e as questões de responsabilidade exigidas pelo trabalho. A compreensão desta situação deu-se a partir do referencial da teoria das representações sociais e da teoria do enfrentamento. Este estudo avaliou o entendimento sobre as representações sociais de professores frente à organização do trabalho na escola e o modo como estes vivenciam as questões relacionadas ao fenômeno da exaustão emocional, além de identificar as estratégias de enfrentamento desenvolvidas por esses sujeitos ao vivenciarem tais situações. No percurso metodológico foram utilizados o questionário Maslach, a observação participante e as entrevistas semi-estruturadas. As falas dos professores foram organizadas a partir da identificação das dimensões mais relevantes. A análise de conteúdo proporcionou observar as representações sociais presentes nos discursos dos entrevistados. Os resultados demonstram que os participantes estabeleceram relação entre o significado atribuído à organização do trabalho e as estratégias de enfrentamento utilizadas. A escola significou principalmente um local que é bom, mas, também, problemático. Neste aspecto, os professores ressaltaram a presença da interação, amizade e companheirismo, problemas relacionados às condições estruturais e organizacionais da escola. Concluímos que as práticas sociais de promoção da saúde no trabalho docente devem observar incentivo e fomento de uma rede social intensa e extensa, que tenha um papel importante na prevenção de estresse e de outros problemas e que devemos reforçar os suportes afetivos e sociais que proporcionem, ao indivíduo, condições de desenvolver estratégias de enfrentamento em vez de adaptações automáticas, como vem prevalecendo. Recomendamos às escolas que estimulem formas alternativas de humanização do trabalho, propostas pelos próprios professores, além da busca por melhoria da qualidade das relações no contexto do trabalho. Posicionamo-nos a favor do diálogo criado em tal contexto que resulte numa conscientização coletiva sobre as condições de vida e na compreensão do potencial do indivíduo e do grupo para a promoção de mudanças que repercutam positivamente na organização do trabalho na escola.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Maio 2007
  • Data do Fascículo
    Mar 2007
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