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Mulheres da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, 1926-1947

Resumo

O estudo investiga o perfil familiar de mulheres que atuaram em importantes cargos com poder decisório na Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra em diversas localidades do Brasil. Utilizando a prosopografia como técnica e método de pesquisa, buscou-se agregar informações sobre mulheres que mantiveram relações estreitas com a política de saúde para a lepra no país, de meados da década de 1920 ao final da década de 1940. A pesquisa reforça o entendimento do assistencialismo feminino pautado no controle e gerenciamento dos preventórios e sugere que a posição social/profissional dos pais e/ou maridos das mulheres que desempenharam funções na federação também concorreu para que elas agissem pela causa da doença.

Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra; prosopografia; filantropia; assistência; preventórios

Abstract

This paper studies the family profiles of women holding key decision-making positions in the Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra in different parts of Brazil. Using prosopography as a research method and technique, information was collated on women who were closely involved in Brazil’s health policy concerning leprosy from the mid-1920s to the late 1940s. The research confirms the involvement of the women in the control and management of the country’s preventoria and suggests that the social and professional standing of the fathers and/or husbands of the women who ran the federation was an element that influenced their actions towards the disease.

Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra; prosopography; philanthropy; care; preventoria

Nos estudos sobre a filantropia e a assistência para a causa da lepra no Brasil, historiadores já apontaram o papel desempenhado por certas mulheres de elite que agiram em prol dos doentes por meio das Sociedades de Assistência aos Lázaros a partir de meados da década de 1920. Nos trabalhos realizados, salienta-se muitas vezes que na prestação dessa filantropia e do assistencialismo esteve embutido um caráter autoritário e voltado para a segregação dos corpos dos pobres, vistos como focos potenciais de contaminação da “sociedade sadia” ( Gomide, 1991GOMIDE , Leila Regina Scalia . Órfãos de pais vivos : a lepra e as instituições preventoriais no Brasil: estigmas, preconceitos e segregação . Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade de São Paulo , São Paulo . 1991 . ; Ornellas, 1997ORNELLAS , Cleusa Panisset . O paciente excluído : história e crítica das práticas médicas de confinamento . Rio de Janeiro : Revan . 1997 . ; Monteiro, 1995MONTEIRO , Yara Nogueira . Da maldição divina à exclusão social : um estudo da hanseníase em São Paulo . Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade de São Paulo , São Paulo . 1995 . , 1998MONTEIRO , Yara Nogueira . Violência e profilaxia: os preventórios paulistas para filhos de portadores de hanseníase . Saúde e Sociedade , v. 7 , n. 1 , p. 3 - 26 . 1998 . , 2003MONTEIRO , Yara Nogueira . Prophylaxis and exclusion: compulsory isolation of Hansen’s disease patients in São Paulo . História, Ciências, Saúde – Manguinhos , v. 10 , supl.1 , p. 95 - 121 . 2003 . ; Cunha, 2005CUNHA , Vívian da Silva . O isolamento compulsório em questão : políticas de combate à lepra no Brasil, 1920-1940 . Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz , Rio de Janeiro . 2005 . ; Santos, 2006SANTOS , Vicente Saul Moreira dos . Entidades filantrópicas e políticas públicas no combate à lepra : Ministério Gustavo Capanema, 1934-1945 . Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz , Rio de Janeiro . 2006 . , 2011SANTOS , Vicente Saul Moreira dos . Filantropia, poder público e combate à lepra, 1920-1945 . História, Ciência, Saúde – Manguinhos , v. 18 , supl.1 , p. 253 - 274 . 2011 . ; Mattos, 2002MATTOS , Débora Michels . “Fora do arraial” : lepra e instituições asilares em Santa Catarina, 1940-1950 . Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade de São Paulo , São Paulo . 2002 . ; Poorman, 2006POORMAN , Elisabeth Austin . The hope of redemption : science, coercion, and the leper colonies of Brazil . Thesis (PhD in History of Science) – Harvard University , Cambridge, Massachusetts . 2006 . ; Maciel, 2007MACIEL , Laurinda Rosa . “Em proveito dos sãos, perde o lázaro a liberdade” : uma história das políticas públicas de combate à lepra no Brasil, 1941-1962 . Tese (Doutorado em História Social) – Universidade Federal Fluminense , Niterói . 2007 . ; Curi, 2010CURI , Luciano Marcos . Excluir, isolar e conviver: um estudo sobre a lepra e a hanseníase no Brasil . Tese (Doutorado em História das Ciências) – Universidade Federal de Minas Gerais , Belo Horizonte . 2010 . ; Nascimento, Marques, 2011NASCIMENTO , Dilene Raimundo do ; MARQUES , Vera Regina Beltrão ( Org .) . Hanseníase : a voz dos que sofreram o isolamento compulsório . Curitiba : Editora da UFPR . 2011 . ; Carvalho, 2012CARVALHO , Keila Auxiliadora . Colônia Santa Izabel : a lepra e o isolamento em Minas Gerais, 1920-1960 . Tese (Doutorado em História Social) – Universidade Federal Fluminense , Niterói . 2012 . ; Leandro, 2013LEANDRO , José Augusto . Em prol do sacrifício do isolamento: lepra e filantropia na Argentina e no Brasil, 1930-1946 . História, Ciências, Saúde – Manguinhos , Rio de Janeiro , v. 20 , n. 3 , p. 913 - 938 . 2013 . ; Silva, 2016SILVA , Leicy Francisca da . Filantropia e política de assistência às famílias de doentes de lepra em Goiás, 1920-1962 . História, Ciências, Saúde – Manguinhos , v. 23 , n. 2 , p. 321 - 340 . 2016 . ). Porém, a historiografia não deu atenção ao enquadramento socioeconômico das mulheres envolvidas com a causa da lepra. Na maioria das vezes, elas seguem subsumidas sob o rótulo de “mulheres de elite”, e pouco se sabe sobre suas trajetórias biográficas.

Assim, a pesquisa da qual resulta este texto teve como objetivo geral desenhar um determinado quadro referente à posição social das mulheres que exerceram cargos de liderança nas diversas entidades vinculadas à Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra (FSALDCL) em vários estados e cidades do Brasil de meados da década de 1920 até o final dos anos 1940. Para tanto, buscamos, de maneira particular, capturar dois aspectos familiares relacionados a essas mulheres: a posição social/profissional de seus pais e a de seus maridos.1

Reforça-se aqui que a filantropia feminina organizada para a causa da lepra no país, iniciada em 1926 com a fundação da Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra (SALDCL) por Alice Tibiriçá na cidade de São Paulo, uma vez transformada em política de assistência ao longo das décadas de 1930 e 1940, teve uma incrível força decisória na história da política de saúde e assistência para os doentes do mal de Hansen no país; 2 2 Aqui, fazemos uma distinção: se filantropia e assistência muitas vezes se confundem, no escopo deste artigo assumimos que a partir da constante estruturação das SALDCL, ao longo da década de 1930, em vários pontos do país, é preferível se falar mais em assistência do que em filantropia. Tal aproximação estreita das mulheres com o governo federal tornou a entidade distante das “práticas tradicionalistas” que caracterizavam a filantropia em relação aos doentes de lepra. Vicente Saul Moreira dos Santos (2006 , s.p.) afirma, com propriedade, que a partir da liderança de Eunice Weaver na Federação das SALDCL, “as atividades filantrópico-assistencialistas” da federação “devem ser compreendidas como parte constituinte da política governamental de combate à enfermidade”. Yolanda Eraso (2009 , p.9-10) destaca a importância do papel das mulheres para a configuração da administração do que pode ser rotulado como uma “economia mista de assistência social, uma espécie de terceiro setor delineado antes mesmo e durante a emergência do Estado de Bem-Estar Social”. Nesse caso, segundo Eraso (p.9-10), a agência feminina se construiu a partir de várias “interações com outros atores sociais, isto é, médicos, clérigos, políticos, governantes”, indo além daquilo comumente rotulado como práticas tradicionalistas (p.23). É dessa forma que entendemos a atuação das mulheres para a causa da lepra no Brasil. tal assistencialismo incidiu fortemente sobre o destino das vidas de milhares de crianças pobres saudáveis, filhas de pais doentes, conduzidas para instituições asilares sob forte vigilância sanitária do Estado.

Para se ter uma ideia da expressividade da atuação das mulheres na assistência aos leprosos e seus filhos indenes, vale observar que elas já operavam em agremiações bem estruturadas dez anos antes da formação de uma entidade tida como marco na atuação da assistência social protagonizada por mulheres atuantes em várias partes do país, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), criada em 1942. Em 1932, já se estruturava a FSALDCL; em 1938, a instituição já congregava 76 filiadas distribuídas em todos os estados brasileiros ( Federação…, 1938FEDERAÇÃO... Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra . Histórico da cooperação privada no combate à lepra no Brasil . Relatório apresentado ao S. Ex. O Sr. Dr. Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde Pública pela primeira vice-presidente e presidente em exercício da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, Sra. América Xavier da Silveira . Rio de Janeiro : Papelaria Passos . 1938 . , p.10); e, em 1951, existiam seis mil mulheres filiadas às 170 Sociedades de Assistência aos Lázaros. Muitas delas se relacionavam, direta ou indiretamente, com as cerca de quatro mil crianças que viviam nos preventórios existentes no país naquele momento ( Federation…, 1951FEDERATION… Federation of Societies for the Help of Victims of Leprosy . Biographical notes (Eunice Weaver). Compiled by one of her fellow workers . Rio de Janeiro : [ s.n. ] 1951 . , p.9).

Em 1933, a Federação já se fazia parceira do Estado brasileiro, estreitando relações público-privadas, uma vez que articulou, junto aos representantes governamentais, o delineamento de certas políticas públicas para a doença a partir da Conferência para a Uniformização da Campanha Contra a Lepra. A FSALDCL passou a ocupar cada vez mais um espaço político em uma das pontas do chamado tripé do combate à moléstia. Esse tripé consistia em leprosário (asilo-colônia para onde era enviado o doente considerado contagiante); dispensário (instituição à qual os comunicantes deveriam comparecer periodicamente para exames de saúde); e preventório (espaços para os filhos saudáveis de pais leprosos enviados para os leprosários e que também eram asilos-creches para as crianças nascidas nos leprosários). 3 3 Segundo Laurinda Rosa Maciel (2007 , p.206), na Segunda Conferência Internacional da Lepra, realizada em Bergen, na Noruega, em 1909, “foi recomendado que os filhos dos leprosos fossem separados dos pais, o que no futuro daria origem à criação dos preventórios como um dos pilares de sustentação do modelo tripé enquanto ‘arma’ profilática”. No Brasil, e em vários países nos quais a lepra era endêmica, este último espaço ficou a cargo da assistência das mulheres. Yara Nogueira Monteiro (1998 , p.7-8) resumiu, com propriedade, o pensamento médico que formatava a necessidade da criação de instituições para os filhos de pais leprosos no Brasil, bem como apontou algumas consequências na vida das crianças internadas nessas instituições: “Preventórios desempenhariam papel preventivo, pois acreditava-se que a criança, por já ter tido contato com um foco da doença ou simplesmente por ser filho de um genitor doente, teria mais condições de vir a desenvolver a doença e que, portanto, deveria ir para um local especialmente criado para recebê-la, onde seria examinada periodicamente. Com base nessa premissa, os filhos de pais hansenianos tiveram vedado seu direito de ingresso a outros internatos e, após ingressar num Preventório, encontravam sérios problemas para sair, pois o próprio Regimento Interno dos Preventórios, em seu artigo primeiro, previa que o menor não poderia sair durante os seis primeiros anos de permanência”.

O modelo “tripé”, vale reforçar, foi validado em conferências internacionais sobre a lepra e passou a ser amplamente aplicado no país a partir da metade da década de 1930, momento em que o governo Vargas reforçou o combate à doença em vários estados do Brasil. Esteve pautado em parâmetros e conceitos médicos e epidemiológicos que se tinha a respeito da doença, contagiosa e sem cura, além de um forte caráter estigmatizante.

Para a causa assistencialista voltada aos doentes de lepra, 1935 marcou um momento fundamental: a FSALDCL passou a ser presidida por Eunice Weaver, teve sua sede transferida para a capital federal e, segundo Santos (2011)SANTOS , Vicente Saul Moreira dos . Filantropia, poder público e combate à lepra, 1920-1945 . História, Ciência, Saúde – Manguinhos , v. 18 , supl.1 , p. 253 - 274 . 2011 . , passou a se alinhar aos interesses do Ministério da Educação e Saúde. Para o historiador, com o alinhamento aos interesses do ministro Gustavo Capanema, a entidade obteve “considerável apoio político e financeiro” (p.261).

De fato, ao se enfronhar nas malhas do poder, a FSALDCL influenciou e modelou aspectos específicos concernentes às políticas de saúde e assistência traçadas para a causa da lepra no Brasil. Com uma estrutura burocrática de assistência bem definida para os doentes e seus filhos, a FSALDCL foi, aliás, modelo de inspiração de instituição feminina para alguns países latino-americanos que desejavam implantar preventórios/educandários para crianças pobres ( Obregón Torres, 2002OBREGÓN TORRES , Diana . Batallas contra la lepra : Estado, medicina y ciencia en Colombia . Medellín : Banco de la República; Fondo Editorial Universidad; Eafit . 2002 . ).

De acordo com o Regimento Interno dos Preventórios aprovado pela FSALDCL, baseado no Regulamento dos Preventórios feito pelo Departamento Nacional de Saúde em 1941, o tempo mínimo que os “menores sadios de pais enfermos de lepra” deveriam permanecer em observação nas instituições preventoriais “sob a vigilância médica especializada” era de seis anos ( Silveira, 1941SILVEIRA , América Xavier da . O preventório na defesa contra a lepra . [ s.l. ]: [ s.n. ] p. 42 . 1941 . , p.42). Nas palavras de Gomide (1991)GOMIDE , Leila Regina Scalia . Órfãos de pais vivos : a lepra e as instituições preventoriais no Brasil: estigmas, preconceitos e segregação . Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade de São Paulo , São Paulo . 1991 . , tais estabelecimentos eram locais de “órfãos de pais vivos” que lá poderiam permanecer até completar 18 anos (meninos) ou até 21 anos (meninas). Segundo a pesquisadora, na filantropia das sociedades de assistência aos lázaros articulavam-se, via quadros das elites sociais locais, o papel da mulher com o nacionalismo e com os preceitos médico-científicos da época ( Gomide, 1991GOMIDE , Leila Regina Scalia . Órfãos de pais vivos : a lepra e as instituições preventoriais no Brasil: estigmas, preconceitos e segregação . Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade de São Paulo , São Paulo . 1991 . , p.137). A “força” da atuação feminina em prol do isolamento de crianças em preventórios pode ser ilustrada pelos dados fornecidos por Luciano Curi (2010CURI , Luciano Marcos . Excluir, isolar e conviver: um estudo sobre a lepra e a hanseníase no Brasil . Tese (Doutorado em História das Ciências) – Universidade Federal de Minas Gerais , Belo Horizonte . 2010 . , p.260): das 36 instituições preventoriais existentes no país, 31 foram construídas após a Conferência pela Uniformização da Campanha Contra a Lepra, realizada em 1933. Dessas 31, trinta foram erigidas na Era Vargas (1930-1945).

Ao término da década de 1940, quando emergiram críticas mais consistentes ao modelo isolacionista da lepra em várias partes do mundo – questionamentos tanto acerca do isolamento dos doentes considerados contagiantes como das instituições às quais seus filhos sadios eram enviados –, as mulheres da FSALDCL que atuavam na assistência pela causa da lepra insistiram firmemente na validação e continuidade de uma política de segregação para as crianças pobres, enviadas aos preventórios.

Isso pode ser ilustrado pelo relatório da reunião de técnicos leprologistas, realizada no Rio de Janeiro em dezembro de 1949, que discutiu os critérios a adotar nas relações entre crianças internadas em preventórios e seus pais enfermos, isolados em instituições ou em domicílio. Decidiu-se, naquela ocasião, pela “proibição da visita de enfermos a seus dependentes no preventório”. O contrário, por “fatores psicológicos”, poderia ocorrer, mas mediante várias imposições. Entre elas, que as visitas aos pais em colônias ou sanatórios só pudessem ocorrer no máximo duas vezes por ano, contanto que a criança já tivesse atingido a idade escolar. Decidiu-se também que as visitas só poderiam ser feitas na parte intermediária dos estabelecimentos coloniais, em lugar preparado para tal fim e sob a necessária vigilância de funcionário sadio; no caso dos pais isolados em domicílio, a comissão, no seu “interesse profilático”, opinou que não se deveria permitir visitas. Por sua vez, para os familiares em tratamento em dispensários, seriam permitidos encontros de crianças com pais doentes, “porém não contagiantes” e “sob vigilância de funcionários do Serviço de Lepra” ( Brasil, 1949BRASIL . Ministério da Educação e Saúde . Serviço Nacional da Lepra . Reunião de técnicos leprologistas realizada no Rio de Janeiro em dezembro de 1949 . Revista Brasileira de Leprologia , v. 17 , n. 4 , p. 269 - 278 . Disponível em: < http://hansen.bvs.ilsl.br/textoc/revistas/1949/PDF/v17n4/v17n4reu.pdf> . Acesso em: 15 abr. 2018 . 1949 .
http://hansen.bvs.ilsl.br/textoc/revista...
).

Nessa comissão, reunida em 1949, encontrava-se a técnica leprologista Elvira Bastos Moreira. A pesquisa empreendida identificou que, em 1943, ela atuava como diretora/presidente da Sociedade Baiana de Combate à Lepra e, em 1947, era a diretora do Preventório Eunice Weaver, em Salvador.

Questões metodológicas: o percurso da pesquisa e a prosopografia

O primeiro passo da pesquisa foi o levantamento dos nomes de mulheres que se envolveram com a causa da lepra. Ele foi realizado tendo como parâmetro a manipulação de três documentos produzidos pela FSALDCL. Um deles foi o Histórico da cooperação privada no combate à lepra no Brasil , de 1938. Trata-se do relatório impresso redigido por América Xavier da Silveira, apresentado ao ministro Capanema; nele, ricamente ilustrado com imagens fotográficas, são expostas realizações da instituição a partir de alguns estados e territórios ( Federação…, 1938FEDERAÇÃO... Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra . Histórico da cooperação privada no combate à lepra no Brasil . Relatório apresentado ao S. Ex. O Sr. Dr. Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde Pública pela primeira vice-presidente e presidente em exercício da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, Sra. América Xavier da Silveira . Rio de Janeiro : Papelaria Passos . 1938 . ). O outro documento manipulado foi um relatório datilografado, assinado por Eunice Weaver em junho de 1943 e enviado para a embaixada norte-americana do Rio de Janeiro. Nele são listados nomes de médicos importantes no campo da leprologia no Brasil e também os nomes das então dirigentes das sociedades mantenedoras de preventórios no país ( Federação…, 1943FEDERAÇÃO… Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra . Relatório apresentado à embaixada americana pela presidente da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, Sra. Eunice Weaver . Rio de Janeiro : [ s.n. ] 1943 . , p.19 e seguintes). E, por fim, um relatório impresso da federação, provavelmente redigido por Eunice Weaver, publicado em 1945 (com inúmeras imagens fotográficas) sob o título Realizações de julho de 1935 a julho de 1945 ( Federação…, 1945FEDERAÇÃO… Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra. Realizações de julho de 1935 a julho de 1945 . Rio de Janeiro : [ s.n. ] 1945 . ). Com estes três documentos, foi possível perfilar nomes de mulheres que atuaram junto à FSALDCL em cargos importantes, em todo o Brasil, de meados da década de 1920 até pelo menos 1945. A esses nomes agregamos outros, a partir do clássico História da lepra no Brasil , de Souza Araújo (1948)ARAÚJO , Heraclídes César de Souza . História da lepra no Brasil : período republicano, 1889-1946 . v. 2 . Rio de Janeiro : Departamento de Imprensa Nacional . 1948 . , que em seu segundo volume traz a relação das diretoras dos preventórios brasileiros em 1947. Assim, foi possível reunir informações em uma primeira lista ( Quadro 1 ) simples “de nomes de ocupantes de certos cargos ou títulos”, tendo em mente que a criação de listas constitui uma das “matérias-primas com as quais [os] estudos prosopográficos foram e são elaborados” ( Stone, 2011STONE , Lawrence . Prosopografia . Revista de Sociologia e Política , v. 19 , n. 39 , p. 115 - 137 . 2011 . , p.117).

Quadro 1
: Mulheres que atuaram nas sociedades de assistência aos lázaros e defesa contra a lepra e na Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, 1926-1947 4

O segundo passo da pesquisa foi capturar informações sobre os pais e os maridos das mulheres da primeira lista, e para tanto manuseamos primordialmente o acervo de jornais e revistas da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. De maneira subsidiária, lançamos mão de obras como o Dicionário de mulheres do Brasil (Schumaher, Brazil, 2000), o Dicionário histórico-biográfico da Primeira República, 1889-1930 e o Dicionário histórico-biográfico brasileiro, 1930-1983 , todos organizados pela Fundação Getulio Vargas, assim como os verbetes disponibilizados no site Dicionário Histórico-biográfico Brasileiro da mesma instituição (Dicionário..., s.d.). Também foi proveitosa a utilização da terceira edição do Who’s who in Latin America , de Ronald Hilton (1948)HILTON , Ronald . Who’s who in Latin America . Part 6: Brazil . Stanford : Stanford University Press . 1948 . , publicado pela Stanford University Press.

Como os resultados da inquirição se mostraram ricos em informações a respeito de muitas mulheres, foi possível construir o Quadro 2 .

Quadro 2
: Características familiares das mulheres da FSALDCL – profissões do pai e do marido

Assume-se como relevante explicitar que a prosopografia foi utilizada como um instrumento, uma técnica ou ferramenta de investigação histórica que possibilitou agrupar e perseguir informações sobre determinadas mulheres. Nesse sentido, auxiliou, nas palavras de Lawrence Stone, no entendimento da “análise das afiliações sociais e econômicas dos agrupamentos políticos” (Stone, 2011, p.115). Para Carla Beatriz de Almeida (2011ALMEIDA , Carla Beatriz de . A prosopografia ou biografia coletiva: limites, desafios e possibilidades . In: Simpósio Nacional de História, 26 ., 2011 , São Paulo . Anais... . São Paulo : Anpuh . p. 1 - 9 . 2011 . , p.7), a prosopografia “permite revelar características comuns de determinado grupo social em dado período histórico” e propicia “observar os grupos sociais em suas dinâmicas internas e em seus relacionamentos com outros grupos e com o espaço de poder, e portanto auxilia na compreensão de redes e configurações”.

De fato, a prosopografia, tanto na história como na sociologia, presta-se muito bem à tarefa de investigação de grupos dominantes e elites. Se pensada como um caminho para construção de biografias coletivas pelas ciências sociais, a prosopografia, como bem observou Lorena Madruga Monteiro (2014MONTEIRO , Lorena Madruga . Prosopografia de grupos sociais, políticos situados historicamente: método ou técnica de pesquisa? Pensamento Plural , n. 14 , p. 11 - 21 . jan-jun . 2014 . , p.12), “não é vista apenas como um instrumento de pesquisa, mas como um método associado a um construto teórico de apreensão do mundo social”.

No que se refere a esse aspecto destacado por Monteiro, no caso das mulheres da FSALDCL, desde o início da investigação tínhamos em mente a necessidade de olhar o espaço assistencial para a lepra já pensando tal lócus como ambiente em que relações de poder relacionadas às agentes investigadas reforçariam seus interesses de elite. Entretanto, queríamos avançar e saber quais outros aspectos – para além de explicações que enfatizassem a valorização da maternidade ou da piedade, comuns aos membros da elite brasileira havia tempos – poderiam explicar esse intenso movimento assistencial feminino para a causa da doença. Nesse sentido, investigar os capitais econômico, social e cultural que revestiam as mulheres da Federação, via prosopografia, demonstrou-se instigante e nos levou a pensar em certos aspectos sobre a conformação delas em um determinado habitus , isto é, como

um sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as ‘experiências passadas’, funciona ‘a cada momento como uma matriz de percepções’, de apreciações e de ações – e torna possível a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas ( Bourdieu, 1983BOURDIEU , Pierre . Esboço de uma teoria da prática . In: Ortiz , Renato ( Org .) . Pierre Bourdieu : sociologia . São Paulo : Ática . p. 46 - 81 . 1983 . , p.65; destaques nossos).

Assim, neste artigo sugerimos que a posição social e profissional dos pais e/ou maridos das mulheres que atuaram na FSALDCL também é um elemento que auxilia no entendimento do assistencialismo feminino para a causa da doença.

Resultados da família de origem e/ou de casamento: militares, políticos, médicos, advogados, professores

Segundo Mary Del Priore (2004DEL PRIORE , Mary ( Org .) . História das mulheres no Brasil . São Paulo : Contexto; Editora Unesp . 2004 . , p.7), ao se analisar a história de mulheres não se deve desconsiderar a interação delas com o gênero masculino. A construção histórica deve ser “relacional”, incluir “tudo que envolve o ser humano, suas aspirações e realizações, seus parceiros e contemporâneos”.

Os resultados encontrados permitem afirmar que as mulheres da FSALDCL pertenciam a uma elite socioeconômica de perfil urbano bem delimitado. Alguns de seus pais e/ou maridos eram engenheiros, jornalistas e funcionários públicos; exerciam cargos de destaque, como presidência de entidades financeiras, por exemplo, ou atuavam como comerciantes, empresários, industriais ou capitalistas “bem-sucedidos”. Neste último caso, é emblemática a família Guinle. Celina Guinle de Paula Machado, que atuou como membro do Conselho Deliberativo da Federação a partir de meados da década de 1930, era filha de Eduardo Palassin Guinle (1846-1912). Ligada ao universo da filantropia e da benemerência na área da saúde, a família Guinle ( Sanglard, 2007SANGLARD , Gisele . Hospitais: espaços de cura e lugares de memória da saúde . Anais do Museu Paulista , v. 15 , n. 2 , p. 257 - 289 . Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142007000200020&lng=pt> . Acesso em: 12 dez. 2018 . 2007 .
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
, 2010SANGLARD , Gisele . Laços de sociabilidade, filantropia e o Hospital do Câncer do Rio de Janeiro, 1922-1936 . História, Ciências, Saúde – Manguinhos , v. 17 , supl.1 , p. 127 - 147 . 2010 . ) atuava em diversos empreendimentos industriais e imobiliários. No que se refere à lepra, Eduardo Guinle, irmão de Celina, em 1927 propôs a construção de um leprosário no Distrito Federal. A instituição seguiria o “estilo asilo-hospital, como o São Roque, do Paraná, que, por sua vez, seguia o mesmo modelo do norte-americano de Carville, em Louisiana” ( Cabral, 2013CABRAL , Dilma . Lepra, medicina e políticas de saúde no Brasil, 1894-1934 . Rio de Janeiro : Editora Fiocruz . 2013 . , p.290). A filantropia de outro irmão de Celina, Guilherme Guinle, foi fundamental para a criação do Centro Internacional de Leprologia, no Rio de Janeiro, em 1934 ( Cunha, 2011CUNHA , Vívian da Silva. Centro Internacional de Leprologia: ciência, saúde e cooperação internacional no Brasil do entre guerras, 1923-1939 . Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz , Rio de Janeiro . 2011 . ).

Os aspectos que se destacaram quanto à família de origem ou à constituída pelo casamento foram os seguintes: pais e/ou maridos com carreira militar; ligados a cargos políticos (antes, durante ou depois da chamada Era Vargas, 1930-1945); profissionais da medicina, do direito e professores.

No que diz respeito aos militares, a pesquisa empreendida identificou 11 pais e sete maridos militares, sendo alguns deles relacionados à antiga Guarda Nacional, extinta em 1922.

O exemplo das irmãs catarinenses Almira Linhares Mourão e Carmen Linhares Colônia é ilustrativo. Eram filhas do major da Guarda Nacional Lauro Marques Linhares, um dos fundadores da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis. Carmen, diretora do Preventório Santa Catarina, em Florianópolis, foi casada com o capitão Archias Rômulo Colônia ( Atos…, 15 ago. 1933ATOS… Atos religiosos . Correio da Manhã , p. 13 . 15 ago . 1933 . ), e Almira, segunda vice-presidente da Federação, foi casada com o general Olímpio Mourão Filho. Este participou da repressão à Revolução Constitucionalista de 1932, foi membro da Ação Integralista Brasileira, um dos redatores do documento chamado Plano Cohen (sobre uma suposta invasão comunista no país, o que resultou na justificativa do golpe de 1937), e também foi um dos conspiradores contra o presidente João Goulart nas articulações para a implantação do regime militar em 1964 ( Beloch, Abreu, 1984BELOCH , Israel ; ABREU , Alzira Alves de ( Coord .) . Dicionário histórico-biográfico brasileiro, 1930-1983 . Rio de Janeiro : Forense Universitária ; Finep; CPDOC/FGV . 1984 . , p.2.314-2.318).

A paranaense Aura Virmond Lima era filha do capitão Benjamin Américo de Freitas Pessoa, que, além de bacharel em direito, exerceu o cargo de auditor de guerra da sétima região militar, ligada ao Ministério da Guerra, e foi deputado estadual. Era casada com o capitão Braulio Virmond Lima, da Escola Paranaense de Aviação e presidente da Caixa Econômica no Paraná de 1933 a 1938 ( A Caixa…, 1953A CAIXA… A Caixa Econômica Federal do Paraná . A Divulgação , p. 150 . 1953 . ). Maria Luiza Barcellos e Ziná Monjardim, ambas do Distrito Federal, também eram filhas de militares. A primeira, do vice-almirante da Marinha Anfiloquio Reis, ministro do Supremo Tribunal Militar entre 1938 e 1941 (Verbete..., s.d.-a). A segunda, do engenheiro e general do Exército Aristides Armínio Guaraná (Coleção..., s.d.). Lembremos também da própria Alice Tibiriçá, fundadora da primeira Sociedade de Assistência aos Lázaros na cidade de São Paulo, cujo pai era general, e o avô foi considerado herói pelo lado da Tríplice Aliança no conflito com o Paraguai ( Segismundo, 1980SEGISMUNDO , Fernando . Apresentação . In: Miranda , Maria Augusta Tibiriçá . Alice Tibiriçá : lutas e ideias . Rio de Janeiro : PLG Comunicação . p. 5 - 14 . 1980 . ). Para o Norte do país, no território do Acre, temos o exemplo de Semírames de Oliveira Collyer, casada com o tenente Aloysio Sampaio Collyer, residentes em Rio Branco. Para o Nordeste, Alice de Azevedo, da Paraíba, cujo pai era primeiro-tenente do Exército brasileiro; e para o Centro-oeste, o marido de Adelina Ponce de Arruda, da Sociedade de Assistência aos Lázaros de Cuiabá, era coronel, provavelmente da Guarda Nacional.

Quanto aos perfis de pais ou maridos com cargos políticos, encontramos 14 casos: sete progenitores e sete cônjuges. Destacamos aqui alguns exemplos, como o doutor Antonio da Frota Gentil, casado com a presidente da Sociedade de Assistência aos Lázaros do Ceará, Dagmar Gentil. Além de rico banqueiro naquele estado, foi deputado federal no período 1946-1951 (Verbete... s.d.-b). O cônjuge de Abigail Soares de Souza, do conselho deliberativo da Federação, exerceu mandatos como deputado federal e estadual e foi vereador na cidade de Niterói. Belisário Augusto Soares de Souza Filho foi jornalista influente, era redator-chefe do periódico carioca O País e chegou a ser presidente da Associação de Imprensa do Rio de Janeiro. Também trabalhou nos jornais Tribuna , A Noite e Jornal do Brasil . Na Era Vargas, atuou junto ao Departamento de Imprensa e Propaganda, o chamado DIP. Em Minas Gerais, Noraldino Lima, marido de Djanira Lima, exerceu cargo de deputado estadual na década de 1920 e integrou a secretaria de Educação e Saúde Pública de Minas Gerais no início da década de 1930. Formado em farmácia e direito, assumiu outros cargos ligados ao governo do estado, como diretor da Imprensa Oficial de Minas. Após o fim da Era Vargas, já no governo Dutra, Noraldino foi membro do Conselho Superior das Caixas Econômicas Federais. No Nordeste, o pai de Julieta Pereira Borges, de Pernambuco, foi prefeito nomeado do Recife entre 1934 e 1937, pelo partido da Aliança Liberal. Também na chefia do Poder Executivo municipal, na cidade de Campo Grande (MS), entre 1952-1953, esteve o marido de Ricarda Neder Carrato, Mário Carrato, que era presidente da Câmara Municipal e assumiu interinamente a prefeitura após a morte do titular.

Antes da Revolução de 1930, destacamos o marido de Luiza de Freitas Valle Aranha, o coronel Euclides de Souza Aranha, que foi intendente municipal de Itaqui, no Rio Grande do Sul, e chefe do Partido Republicano Rio-grandense. Euclides e Luiza (presidente da Sociedade Sul Rio-grandense de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, em Porto Alegre) eram pais de Osvaldo Aranha, deputado federal pelo mesmo estado (1927-1928). Osvaldo foi expoente político durante a Era Vargas, tendo sido ministro da Justiça (1930-1931), ministro da Fazenda (1931-1934), embaixador do Brasil nos EUA (1934-1937) e ministro das Relações Exteriores (1938-1944). Posteriormente, foi embaixador brasileiro na ONU em 1947 e ministro da Fazenda em 1953-1954 ( Beloch, Abreu, 1984BELOCH , Israel ; ABREU , Alzira Alves de ( Coord .) . Dicionário histórico-biográfico brasileiro, 1930-1983 . Rio de Janeiro : Forense Universitária ; Finep; CPDOC/FGV . 1984 . , p.163). Também com bastante capital político, porém no período precedente à República, o exemplo mais significativo encontrado na pesquisa foi o de Olivina Carneiro da Cunha, da Sociedade de Assistência aos Lázaros da Paraíba e diretora do Preventório de João Pessoa. Era filha de Silvino Elvídio Carneiro da Cunha, que, além de advogado, teve inserções de destaque no mundo da política à época do Império:

Foi presidente (governador) das províncias de Sergipe (1866 a 1867), do Rio Grande do Norte (1868 a 1870), Alagoas (1871 a 1872), Maranhão (1873 a 1875) e diversas vezes de sua própria província, a Paraíba (1869 a 1874). Também foi deputado provincial (1855 a 1871), promotor público, chefe de polícia, secretário-geral do governo, diretor da instrução pública, procurador fiscal da fazenda, presidente da Câmara Municipal, provedor perpétuo e benfeitor da Santa Casa de Misericórdia, chefe prestigioso do Partido Conservador ( Silva, 2012SILVA , Viviane Freitas da . Memórias da educadora Olivina Olivia Carneiro da Cunha : práticas educativas e envolvimento político e social na Paraíba, 1886-1977 . Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal da Paraíba , João Pessoa . 2012 . , p.55).

Quanto aos médicos, identificamos seis no total. Manuel Silvino Monjardim, casado com Ziná Guaraná Monjardim, foi cirurgião na Santa Casa de Vitória. Manuel também foi político: deputado estadual, federal e senador, e esteve mais de 40 anos em cargos políticos ( Sepultado…, 16 jul. 1966SEPULTADO… Sepultado o ex-senador Manoel Monjardim . O Jornal , p. 5 . 16 jul . 1966 . ). O esposo de Yone Guimarães de Freitas, Carlos Alberto de Freitas, foi cirurgião e diretor-proprietário da Casa de Saúde Santa Terezinha, em Goiás ( Casa…, 17 jul. 1932CASA... Casa de Saúde Santa Terezinha . Voz do Povo , p. 1 . 17 jul . 1932 . ). Em meados da década de 1940, foi candidato a deputado por aquele estado ( O movimento…, 18 out. 1946O MOVIMENTO… O movimento político na política bandeirante . A Manhã , p. 7 . 18 out . 1946 . ). O marido de Alice de Azevedo Monteiro, da Paraíba, era o doutor Alfredo Monteiro, chefe do serviço de tuberculose do estado na década de 1920 ( O competente…, 9 jul. 1924O COMPETENTE… O competente clínico dr. Alfredo Monteiro . O Jornal , p. 2 . 9 jul . 1924 . ). O doutor Raimundo Theodoro de Freitas, casado com Aliete Gouveia de Freitas, de Recife, também médico e professor da faculdade de medicina na capital pernambucana, era catedrático da cadeira de medicina legal. Foi, aliás, um dos legistas do corpo de João Pessoa ( Viana, 22 jul. 1962VIANA , Paulo . Morte de João Pessoa . Última Hora . Edição do Nordeste, Segundo Caderno , p. 1 . 22 jul . 1962 . ). Mariano Teixeira, cônjuge de Hilda Calheiros Teixeira, que atuava na Sociedade de Assistência aos Lázaros de Maceió e exercia a diretoria do Preventório Eunice Weaver em 1947, era obstetra e professor na Faculdade de Medicina ( Canuto, 9 mar. 2018CANUTO , Mirian Gusmão . Selma Britto e a orquestra filarmônica . Gazeta de Alagoas , Opinião . Disponível em: < http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=321022> . Acesso em: 15 jun. 2018 . 9 mar . 2018 .
http://gazetaweb.globo.com/gazetadealago...
). Maria Joaquina Maia de Andrade, do Maranhão, era esposa do médico Annibal Pádua de Andrade, chefe do serviço de medicina e cirurgia do Hospital Português, em São Luís ( Êxito…, 24 dez. 1923ÊXITO… Êxito feliz de extraordinária operação talvez ainda não obtido no Brasil . Folha do Povo , p. 1 . 24 dez . 1923 . , p.1).

Vale aqui destacar que na listagem feita por Souza Araújo sobre os preventórios para o ano de 1947, duas mulheres médicas foram identificadas nos quadros das instituições, mas não como diretoras. Foi o caso de Eunice Rodrigues Ribeiro, pediatra do Preventório Santa Terezinha, de Belém, e da também pediatra Stela Budianski, do Amparo Santa Cruz, de Porto Alegre. Por sua vez, a pesquisa empreendida identificou que a diretora do Preventório Eunice Weaver, de Salvador, Elvira Bastos Moreira, foi técnica leprologista. Leicy Francisca da Silva (2016SILVA , Leicy Francisca da . Filantropia e política de assistência às famílias de doentes de lepra em Goiás, 1920-1962 . História, Ciências, Saúde – Manguinhos , v. 23 , n. 2 , p. 321 - 340 . 2016 . , p.331) informa que a médica Maria de Lourdes Morais atuou no Preventório Afrânio de Azevedo, em Goiás, em meados da década de 1940.

Quanto aos profissionais de advocacia, no total de sete, destacamos dois deles, pois tiveram inserção pública significativa e eram relacionados à mulher que ocupou o importante cargo de primeira vice-presidente da FSALDCL durante o período analisado: o pai e o marido de América Xavier da Silveira. Zeferino de Faria, o pai, já atuava como advogado ao final do Império e, posteriormente, na República, teve atuação importante em várias associações e entidades: membro do conselho do Instituto dos Advogados do Rio de Janeiro, do Conselho do Patrimônio do Instituto Nacional de Música e do Conselho de Menores do Asilo João Alves Affonso, instituição de recolhimento de crianças pobres da capital federal ( Dilema…, 1937DILEMA . Dilema . Fon-Fon , p. 32 . 1937 . ); Zeferino também atuava na provedoria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; esteve engajado nas discussões envolvendo o Código de Menores (Brasil, 10 fev. 1931). Ricardo Xavier da Silveira, marido de América, além de advogado, foi prefeito de Nova Iguaçu por um breve período em meados da década de 1930 e presidiu a Caixa Econômica do Rio de Janeiro entre 1933 e 1937; atuou na Companhia Sul Mineira de Eletricidade e na Companhia Nacional de Seguros Atlântica ( Hilton, 1948HILTON , Ronald . Who’s who in Latin America . Part 6: Brazil . Stanford : Stanford University Press . 1948 . , p.268). América Xavier da Silveira foi constantemente retratada nos jornais cariocas ligada a diversas atividades esportivas e assistenciais do Fluminense Football Club. Sua riqueza e seu ativismo em prol dos necessitados eram destacados na imprensa, que elogiava quando sua casa era aberta no período natalino para que suas amigas costurassem “aos infelizes lázaros”. A propriedade ficava “colocada no sítio mais belo da Lagoa Rodrigo de Freitas, diante de um panorama deslumbrador” ( Notas…, 24 nov. 1938NOTAS… Notas sociais . Jornal do Brasil , p. 10 . 24 nov . 1938 . ).

Eunice e Charles

Algumas mulheres também foram casadas com professores. Entre elas, a principal era a presidente da Federação, Eunice Weaver.

A trajetória de Eunice, nascida em 1903, aguarda um biógrafo isento aos ruídos que costumam interferir no entendimento sobre as mulheres cujas vidas foram identificadas como ligadas inextricavelmente ao universo da benevolência. Não sabemos se Eunice era detentora de grande capital econômico proveniente de sua família de origem. Nos escritos que se têm sobre ela, seu pai, cujo sobrenome era Gabbi, é citado como fazendeiro/carpinteiro imigrante da Itália, e sua mãe, nascida no Brasil, era de origem suíça. Sabemos que Henrique Gabbi possuía terras no interior do estado de São Paulo, em São Manuel. Ao que tudo indica, a família não detinha um capital social expressivo que pudesse expor Eunice no interior de uma rede de relacionamentos de famílias abastadas da elite dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul ou Minas Gerais, locais onde os Gabbi circularam. No entanto, a carreira de Eunice, toda ela ligada à causa assistencial da lepra, merece investigações que explicitem como se deram as articulações que a colocaram em uma posição de grande poder frente ao Estado brasileiro em seus diversos momentos: Era Vargas, redemocratização e ditadura militar.

Se América Xavier da Silveira, como vice-presidente da FSALDCL, foi a expressão máxima de uma elite com capital econômico e grande inserção nas rodas sociais da capital federal, Eunice foi a personagem-chave que ilustra o vigor da relação burocrática da FSALDCL com o Estado brasileiro. Como representante do mais alto cargo da instituição, a partir de 1935 ela viajou por todo o território nacional, articulando o ingresso e a filiação das mulheres que teria sob seu comando. Sua presidência na Federação prolongou-se por 34 anos, e ela militou pelos preventórios – locais que passou a chamar de “educandários” – até sua morte, em fins de 1969. Faleceu em Porto Alegre, para onde fora assistir à posse da nova diretoria do Preventório Amparo Santa Cruz ( Sepultada…, 11 dez. 1969SEPULTADA… Sepultada ontem a sra. Eunice Weaver . O Jornal , p. 5 . 11 dez . 1969 . ).

O marido de Eunice, Charles Anderson Weaver, 23 anos mais velho do que ela, foi seu antigo professor no Colégio União, em Uruguaiana, instituição onde estudou entre 1913 e 1918. Antes desse período, segundo Hilton (1948HILTON , Ronald . Who’s who in Latin America . Part 6: Brazil . Stanford : Stanford University Press . 1948 . , p.267), Eunice teria frequentado a Escola Americana, em Buenos Aires, ali adentrando em 1908. Alguns sites espíritas afirmam que sua mãe contraiu o mal de Lázaro, por isso a mudança do estado de São Paulo para o Rio Grande do Sul ( Biografia..., s.d.BIOGRAFIA… Biografia . Eunice Weaver . Disponível em: < http://ceamaralornellas.blogspot.com/2012/09/biografia.html> . Acesso: 13 maio 2018 . s.d .
http://ceamaralornellas.blogspot.com/201...
). Outros sites do mesmo credo, por sua vez, não mencionam a possível doença de Leopoldina, apenas afirmam que o interesse de Eunice pela lepra se deveu ao fato de ter presenciado, no interior da fazenda onde nasceu, em São Manuel, andarilhos com a doença, inclusive uma moça que conhecia na vizinhança e que “era portadora de beleza particular” ( Eunice…, s.d.EUNICE... Eunice Sousa Gabbi Weaver . Federação Espírita do Paraná . Disponível em: < http://www.feparana.com.br/topico/?topico=629> . Acesso em: 30 mar. 2018 . s.d.
http://www.feparana.com.br/topico/?topic...
). Seja como for, de nossa parte, no escopo deste artigo, chamamos atenção para a necessidade de uma investigação sobre o papel de Charles na configuração da atuação profissional de Eunice com a causa da lepra no Brasil.

Nascido em 1880, nos Estados Unidos, na Georgia, um dos estados confederados do chamado Sul Profundo, Charles era Bachelor of Arts pelo Emory College, de Oxford, no mesmo estado natal. Seguiu toda sua carreira como educador ligado ao ensino em instituições de cunho metodista, vinculadas à Igreja Metodista Episcopal do sul dos EUA. Foi professor na Carolina do Norte e também na Virgínia. Posteriormente, veio ao Brasil para atuar como professor no Colégio União, em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, e depois foi para o Colégio Granbery, de Juiz de Fora, em Minas Gerais ( Hilton, 1948HILTON , Ronald . Who’s who in Latin America . Part 6: Brazil . Stanford : Stanford University Press . 1948 . , p.267), ambos de orientação metodista. Foi um dos professores da Universidade Flutuante, em cruzeiro mundial em 1928-1929 (p.267), projeto no qual Eunice o acompanhou como esposa e também como aluna.

Nas referências biográficas sobre Eunice, afirma-se que estudou serviço social na Carolina do Norte quando do regresso do tour mundial com a Universidade Flutuante ( Santos, 2011SANTOS , Vicente Saul Moreira dos . Filantropia, poder público e combate à lepra, 1920-1945 . História, Ciência, Saúde – Manguinhos , v. 18 , supl.1 , p. 253 - 274 . 2011 . , p.258). Porém, não foram mencionados qual escola efetivamente frequentou e o período exato de seus estudos. Se isso é verdade, com certeza a influência do marido foi decisiva para posicioná-la em alguma instituição onde desenvolveu estudos nesse campo. Vale destacar que, à época, o ensino do serviço social nos EUA acompanhava, muitas vezes, o programa eugênico que estava em forte desenvolvimento como um movimento nacional, uma vez que se temia a “perda da supremacia branca” em diversos estados da federação. Nesse contexto, alguns pesquisadores apontam inclusive que a Carolina do Norte se destacou pela rigidez no equacionamento das populações disgênicas e foi uma das principais jurisdições no país para a realização de esterilizações ( Brophy, Troutman, 2016BROPHY , Alfred ; TROUTMAN , Elizabeth . The eugenics movement in North Carolina . North Carolina Law Review , v. 94 , n. 6 , p. 1871 - 1956 . 2016 . , p.1949).

É necessário investigar o papel da religião metodista e do contexto familiar de Charles na conformação da militância de Eunice pela segregação dos filhos sadios de pais leprosos em preventórios no Brasil. Como destacou Christine Rosen (2004)ROSEN , Christine . Preaching eugenics : religious leaders and the American Eugenics Movement . Oxford : Oxford University Press . 2004 . , nos EUA houve relações estreitas entre o protestantismo e a eugenia. Credos religiosos, que incluíam a Igreja Metodista Episcopal do Sul, de onde Charles provinha, foram afeitos à eugenia nas décadas de 1920 e 1930. Para Rosen (p.15), é importante observar que “um número substancial de líderes teológicos abraçou o darwinismo”, e “os protestantes provaram ser o grupo mais entusiasta e numericamente poderoso de participantes religiosos nos movimentos eugênicos”. A pesquisadora aponta que entre os defensores das ideias eugênicas nas comunidades religiosas estavam desde “clérigos de alto escalão a ministros de pequenas cidades nas igrejas Metodista, Unitária, Congregacional, Episcopal Protestante, Batista e Presbiteriana” (p.15). 5 5 Nessa e nas demais citações de textos publicados em outros idiomas, a tradução é livre. Vale destacar que tais ideias foram tão difundidas no interior das igrejas metodistas dos EUA, que o Conselho Geral da United Methodist Church, por meio da resolução n.3.184, de 2008, expressou publicamente seu arrependimento por ter abraçado fortemente a eugenia ( Resolution…, 2008RESOLUTION… Resolution n.3184: repentance for support of eugenic . Disponível em: < http://calms2016.umc.org/Text.aspx?mode=Resolution&Number=3184> . Acesso em: 22 jun. 2018 . 2008 .
http://calms2016.umc.org/Text.aspx?mode=...
).

Considerações finais

O rótulo “de elite” como indicativo de fortuna material serve muito bem para descrever as mulheres que ocuparam cargos de destaque na FSALDCL. Alguns de seus sobrenomes são sinônimo de riqueza, identificando prontamente famílias de grande capital econômico em seus estados de origem ou mesmo do país, como Guinle, Tibiriçá, Gentil, Xavier da Silveira, Linhares, Calheiros, Aranha, Carneiro da Cunha, entre outras.

Ricos, muitos pais e/ou maridos das mulheres envolvidas com a assistência para a causa da lepra possuíam forte capital político e atuaram em cargos de direção no Estado brasileiro. Esse fato deve ser agregado à explicação da força política do projeto preventorial abraçado pelas mulheres, que, vale destacar, sobreviveu com vigor por longuíssimo tempo, adentrando boa parte do período da ditadura civil-militar iniciada em 1964.

Além dos valores religiosos baseados na compaixão para com os doentes de lepra, comuns aos membros da elite à época, é provável que outros fatores tenham auxiliado no engajamento das mulheres em suas ações na FSALDCL. Entre eles, um ambiente familiar composto por militares, médicos, políticos e/ou homens com outros cargos públicos. Tal ambiente pode ter agido como elemento que inclinou as mulheres ao assistencialismo voltado para os filhos dos leprosos. Além disso, é possível inferir que a habilidade política de Eunice Weaver tenha produzido constantes acenos e flertes para mulheres ingressarem na instituição, justamente porque em suas parentelas havia homens com capital econômico, social e político de grande expressividade no cenário nacional. Fato é que as entidades preventoriais brasileiras controladas por mulheres de elite tiveram potência para perdurar por mais de quatro décadas, atravessando distintos momentos políticos do país, mesmo quando discursos científicos já não validavam a existência de tais instituições para a saúde pública.

Depoimentos de egressos de preventórios colhidos por Leila Gomide (1991)GOMIDE , Leila Regina Scalia . Órfãos de pais vivos : a lepra e as instituições preventoriais no Brasil: estigmas, preconceitos e segregação . Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade de São Paulo , São Paulo . 1991 . , Yara Nogueira Monteiro (1998)MONTEIRO , Yara Nogueira . Violência e profilaxia: os preventórios paulistas para filhos de portadores de hanseníase . Saúde e Sociedade , v. 7 , n. 1 , p. 3 - 26 . 1998 . , Éverton Reis Quevedo (2005)QUEVEDO , Éverton Reis . Isolamento, isolamento e ainda isolamento: o Hospital Colônia Itapuã e o Amparo Santa Cruz na profilaxia da lepra no Rio Grande do Sul, 1930-1950 . Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul , Porto Alegre . 2005 . , Lilian Souza (2016), Tatiana do Socorro Corrêa Pacheco (2018), entre outros – e também presentes no documentário Filhos separados , de Paulo Morais e Andressa Gonçalves ( Filhos…, 2012FILHOS… Filhos separados . Direção: Paulo Morais, Andressa Gonçalves. Três Corações: Ponto de Cultura Museu da Oralidade. 25 min . Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=xjvpqPW4-fM> . Acesso em: 12 fev. 2018 . 2012 .
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) –, atestam que a assistência prestada nos preventórios foi acompanhada pela imposição de comportamento disciplinar extremado aos que ali viviam albergados, e que muitas vidas foram abaladas por fissuras causadas pelo desconsolo da privação da convivência com os pais.

Hoje, projetos de compensação monetária seguem tramitando no Congresso Nacional com o intuito de mitigar um pouco a experiência traumática que significou, para muitos indivíduos, a passagem da infância e da adolescência nos preventórios brasileiros.

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NOTAS

  • 1
    A investigação em curso sobre assistência para a causa da lepra no Brasil segue pesquisando os níveis e graus de educação formal e a atuação profissional das mulheres. Além disso, na medida das possibilidades das fontes, outros elementos considerados relevantes ao tema da filantropia e da assistência também despertaram interesse, como a participação e a atuação das mulheres em demais associações, sociedades ou entidades, fossem elas filantrópicas, assistenciais ou não.
  • 2
    Aqui, fazemos uma distinção: se filantropia e assistência muitas vezes se confundem, no escopo deste artigo assumimos que a partir da constante estruturação das SALDCL, ao longo da década de 1930, em vários pontos do país, é preferível se falar mais em assistência do que em filantropia. Tal aproximação estreita das mulheres com o governo federal tornou a entidade distante das “práticas tradicionalistas” que caracterizavam a filantropia em relação aos doentes de lepra. Vicente Saul Moreira dos Santos (2006SANTOS , Vicente Saul Moreira dos . Entidades filantrópicas e políticas públicas no combate à lepra : Ministério Gustavo Capanema, 1934-1945 . Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz , Rio de Janeiro . 2006 . , s.p.) afirma, com propriedade, que a partir da liderança de Eunice Weaver na Federação das SALDCL, “as atividades filantrópico-assistencialistas” da federação “devem ser compreendidas como parte constituinte da política governamental de combate à enfermidade”. Yolanda Eraso (2009ERASO , Yolanda . Mujeres y asistencia social en Latinoamérica, siglos XIX y XX : Argentina, Colombia, México, Perú y Uruguay . Córdoba : Alción . 2009 . , p.9-10) destaca a importância do papel das mulheres para a configuração da administração do que pode ser rotulado como uma “economia mista de assistência social, uma espécie de terceiro setor delineado antes mesmo e durante a emergência do Estado de Bem-Estar Social”. Nesse caso, segundo Eraso (p.9-10), a agência feminina se construiu a partir de várias “interações com outros atores sociais, isto é, médicos, clérigos, políticos, governantes”, indo além daquilo comumente rotulado como práticas tradicionalistas (p.23). É dessa forma que entendemos a atuação das mulheres para a causa da lepra no Brasil.
  • 3
    Segundo Laurinda Rosa Maciel (2007MACIEL , Laurinda Rosa . “Em proveito dos sãos, perde o lázaro a liberdade” : uma história das políticas públicas de combate à lepra no Brasil, 1941-1962 . Tese (Doutorado em História Social) – Universidade Federal Fluminense , Niterói . 2007 . , p.206), na Segunda Conferência Internacional da Lepra, realizada em Bergen, na Noruega, em 1909, “foi recomendado que os filhos dos leprosos fossem separados dos pais, o que no futuro daria origem à criação dos preventórios como um dos pilares de sustentação do modelo tripé enquanto ‘arma’ profilática”. No Brasil, e em vários países nos quais a lepra era endêmica, este último espaço ficou a cargo da assistência das mulheres. Yara Nogueira Monteiro (1998MONTEIRO , Yara Nogueira . Violência e profilaxia: os preventórios paulistas para filhos de portadores de hanseníase . Saúde e Sociedade , v. 7 , n. 1 , p. 3 - 26 . 1998 . , p.7-8) resumiu, com propriedade, o pensamento médico que formatava a necessidade da criação de instituições para os filhos de pais leprosos no Brasil, bem como apontou algumas consequências na vida das crianças internadas nessas instituições: “Preventórios desempenhariam papel preventivo, pois acreditava-se que a criança, por já ter tido contato com um foco da doença ou simplesmente por ser filho de um genitor doente, teria mais condições de vir a desenvolver a doença e que, portanto, deveria ir para um local especialmente criado para recebê-la, onde seria examinada periodicamente. Com base nessa premissa, os filhos de pais hansenianos tiveram vedado seu direito de ingresso a outros internatos e, após ingressar num Preventório, encontravam sérios problemas para sair, pois o próprio Regimento Interno dos Preventórios, em seu artigo primeiro, previa que o menor não poderia sair durante os seis primeiros anos de permanência”.
  • 4
    Foram encontrados registros de liderança de homens nas Sociedades de Assistência nos seguintes estados: Pará – doutor Varela Santiago (Liga Contra a Lepra, em Belém); Piauí – doutor Mirócles Veras (Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra, na Parnaíba). No Rio Grande do Norte, o diretor do Preventório Oswaldo Cruz, de Natal, era o professor Antonio G. da Rocha Fagundes.
  • 5
    Nessa e nas demais citações de textos publicados em outros idiomas, a tradução é livre.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jan 2020
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    31 Jul 2018
  • Aceito
    3 Jan 2019
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