Acessibilidade / Reportar erro

TENDÊNCIAS

Tendências enfoca o papel da midia sobre o comportamento dos indivíduos nos processos políticos, através de aspectos variados, segundo pesquisas realizadas no Brasil e em outros países.

Sua exposição inicia com uma comparação entre países da América Latina e Estados Unidos sobre a confiança em instituições específicas. Embora distante da inquestionável liderança da Igreja em todos os países pesquisados, a televisão destaca-se por ocupar um lugar mais importante que as instituições representativas, partidos políticos e congresso nacional, na confiança dos cidadãos.

A televisão também figura entre as mais consideradas fontes de informação política. O consagrado conjunto de fontes de socialização e meios de obtenção de informação, como a família, o trabalho, as orientações da igreja e sindicatos, parece ceder cada vez mais sua importância para os noticiários de TV, os debates televisionados entre candidatos e o horário político eleitoral gratuito, transmitido pelos meios de comunicação.

De fato, os dados de audiência de programas políticos em eleições no caso específico brasileiro, as eleições locais de 2000 e a importância que os eleitores dão ao seu conteúdo para a decisão do voto indicam que o hábito de buscar informação política nos meios de comunicação consolida-se, traduzindo as mudanças da política contemporânea. É isso também o que mostram os dados norte-americanos de busca de informação política na internet, reafirmando as transformações e os variados espaços ocupados pela política.

Tendências mostra ainda que a estreita relação dos cidadãos com a televisão produz também opiniões ambíguas. É o que os dados de apoio à censura e controle da programação, coletados em pesquisa no Brasil e nos Estados Unidos, parecem sugerir. Se é ali, na TV, que a política acontece, aos olhos dos telespectadores é ali também que tem acolhida a violência e os efeitos perversos da sociedade moderna.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO

EUA e América Latina: Confiança na TV e outras Instituições

A pesquisa World Values Survey, de 1995, apresenta contrastes importantes entre os países participantes do estudo: a televisão apresenta um significativo grau de confiança em todos os países, sobretudo no Chile e Venezuela. São as instituições políticas, no entanto, que detêm os maiores índices. Os norte-americanos são os que mais confiam nas suas forças armadas; na Argentina, de uma maneira geral prevalece a maior desconfiança nas instituições,; a Igreja goza de maior prestígio no Chile; no Peru, os partidos políticos obtiveram o menor índice de confiança; e a Venezuela é onde a imprensa saiu melhor avaliada.

Figura 1


Confiança nos meios de comunicação

De 2000 para 2002 aumentou a confiança dos norte-americanos nos seus meios de comunicação . Em 2000, o índice dos que tinham pouca ou nenhuma confiança era bastante significativo: chega a 78%. Em 2002, o percentual de confiança chega a 30%.

Figura 1


Hábitos de assistência à televisão

A pesquisa World Values Survey mostra hábitos semelhantes em relação ao tempo de exposição à TV entre os entrevistados nos Estados Unidos e nos países da América Latina.

Figura 1


TELEVISÃO BRASILEIRA

Hábito de assistência às TV's aberta e por assinatura

A penetração da TV por assinatura é ainda muito pequena no Brasil.

Pesquisa do Datafolha realizada na capital paulista em 2000, mostra que enquanto a TV aberta tinha audiência todos os dias na casa da maioria absoluta dos entrevistados, somente 10% assistiam diariamente os canais por assinatura. Isto se explica pela cobertura ainda muito pequena do sistema de TV a cabo, que não chega a 30% da amostra.

A percepção dos entrevistados sobre seu tempo gasto com a assistência às TVs no momento da pesquisa, em comparação com os últimos 2 anos era de diminuição.

Figura 1


Qualidade da programação da televisão brasileira

A TV por assinatura é considerada de forma positiva pela maioria dos entrevistados. Da mesma forma, a TV aberta também é “aprovada” pela maioria, apesar do percentual ser um pouco menor. No entanto, a TV brasileira não conta com muita credibilidade: quase a metade dos entrevistados considera que seu conteúdo é enganoso.

Figura 1


Dados coletados em 2000 mostram que os programas mais solicitados são principalmente os que se destacam na TV por assinatura, como os de jornalismo, esportes, filmes e documentários.

Um aspecto se destaca: em 2000, a demanda por programas tipo ‘reality shows’ tinham uma demanda mínima, quase inexistente, com 0,1%. Em 2002, dados publicados pelo TV Folha apontam que os programas mais vistos na TV aberta são as novelas e o ‘reality show’ apresentado pela Rede Globo, com audiências médias de 51% e 45%, respectivamente.

Figura 1


HÁBITOS DE INFORMAÇÃO

Fontes de Informação política

Dados de pesquisas mostram que apesar da importância dos meios de comunicação e do papel da mídia eletrônica, a conversa entre pessoas é ainda uma das principais fontes de informação política.

Figura 1


Brasil: Informação e hábitos políticos

A pesquisa nacional, realizada pelo Datafolha mostra que os brasileiros gostam de informar-se sobre política através da imprensa ou de conversas com amigos. Esse é um hábito que já se destaca desde as eleições de 1989.

1989

Programas eleitorais 2000

As pesquisas mostram que os programas eleitorais têm papel central nas campanhas de nível local e que o interesse do eleitorado pelos programas cresce à medida em que a campanha se desenvolve.

Os dados mostram que por volta da metade dos entrevistados afirma ter algum interesse pelos programas eleitorais de prefeitos e vereadores; mais de 50% afirmam sua importância para a definição do voto para prefeito.

Figura 1


Audiência de programas eleitorais Capitais Estaduais

1989

Dados de pesquisa mostram que mais da metade do eleitorado procura se envolver com a 'campanha eletrônica': mais de 50% afirmam acompanhar os programas eleitorais.

Mais significativa ainda é a expectativa do eleitorado sobre o papel dos programas na definição do voto: mais de 60% acreditam que a propaganda eleitoral pode mudar preferências. Os dados da campanha de 1989 nas capitais estaduais destacam esse interesse.

Figura 1


2000

Ao longo do tempo, esse interesse se fortalece. O envolvimento do público com a campanha televisiva pode ser verificado pela evolução crescente da audiência aos programas eleitorais durante a campanha para prefeito e vereadores na capital paulista em 2000.

Figura 1


Brasil: debates entre candidatos na TV

Diferentemente do envolvimento dos eleitores com os programas eleitorais os debates entre candidatos têm um impacto menor sobre as preferências.

Porém, este impacto está longe de ser insignificante tal como mostra a pesquisa do Datafolha realizada em 2000 na capital paulista, onde mais de 40% afirmam que o debate teria grande ou média chance na mudança do voto.

São Paulo - capital, eleições 2000: audiência aos debates entre candidatos

Em geral, o interesse pelos debates cresce no final das campanhas.

As duas pesquisas do Datafolha realizadas na campanha local de 2000 mostram que, embora o percentual de audiência seja pequeno, praticamente dobrou o número dos eleitores que assistiram ou ouviram "todo" o debate entre os candidatos a prefeito.

Figura 1


São Paulo - capital, eleições 2000: avaliação dos candidatos no debate

A avaliação do desempenho dos candidatos Marta Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PPB) no debate realizado em julho de 2000 já aponta os sinais da preferência do eleitor paulistano: Marta se destaca pela avaliação 'ótima e boa'; Maluf foi o que obteve o maior percentual de avaliação "ruim/péssimo".

Figura 1


Figura 2


A baixa informação sobre o desempenho dos candidatos no debate obscurece as tendências que se delineavam em junho de 2000 na capital paulista, mas é possível já observar que Maluf aglutinava as piores avaliações.

HÁBITOS DE INFORMAÇÃO NOS EUA

EUA: fontes de Informação

Nos Estados Unidos da América, a maioria se informa sobre eleições através dos veículos de comunicação, principalmente a televisão. As pesquisas do Princeton Survey Research Associates mostram que durante a campanha eleitoral de 1992 houve uma redução do interesse pelos veículos de comunicação audio-visuais (TV e rádio) e o crescimento da informação através dos meios impressos (jornais e revistas).

Figura 1


HÁBITOS DE INFORMAÇÃO

EUA: desinteresse pelos programas eleitorais

Apesar da TV ser, de longe, a principal fonte de informação sobre política, nas eleições de 2000, a maioria dos entrevistados pelo CBS News/New York Times não assistiu propagandas de apoio aos candidatos George W. Bush e Al Gore.

O Princeton Survey Research Associates já havia mostrado, em 1994, que a propaganda política na TV significa um aborrecimento para a maioria dos norte-americanos.

Figura 1


HÁBITOS DE INFORMAÇÃO NOS EUA

Nos EUA, nas eleições de 2000 a Internet surge como fonte de informação política

Em 2000, duas pesquisas, uma pré-eleitoral e a outra pós-eleitoral, evidenciam o crescimento da "mídia do Século XXI": a Internet

Figura 1


As pesquisas abaixo qualificam a utilização da internet como veículo de informação política entre os norte-americanos.

Figura 2


CENSURA NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Controle da programação das TVs

Pesquisa realizada em 1999 em São Paulo revelava uma forte presença da idéia de controle da programação televisiva

Figura 1


Todos os segmentos de entrevistados são a favor de um maior controle sobre programação das TVs

Figura 2


Os opiniões mais favoráveis a mudanças na forma de controle das TVs vêm dos entrevistados mais velhos, pertencentes as classes A/B, com renda acima de 10 salários mínimos.

Também há mais opiniões favoráveis entre os que moram nas capitais do que os entrevistados do interior

Apenas no Nordeste o percentual dos que são favoráveis ao controle da programação das TVs é inferior a 70%.

Figura 2


As opiniões sobre o controle da programação das TVs não parece ter relação com as expectativas quanto à violência na próxima década nenhum segmento se destaca.

Opinião sobre o controle da programação dos meios de comunicação nos Estados Unidos

Dados de pesquisa realizada em 2001 mostram que nos EUA quase a totalidade de entrevistados considera "uma boa idéia" a adoção de sistemas de classificação de programas de TV.

Figura 1


EUA: Programação da TV e violência

Nos EUA, a maioria considera importante limitar a exposição das crianças à violência na televisão, filmes e vídeo games. Porém, para a maioria dos norte-americanos não cabe ao governo definir estes limites, mas sim aos pais.

Figura 1


Os norte-americanos se preocupam, em relação a suas crianças, tanto com o conteúdo violento quanto com a pressão exercida pelas propagandas violentas.

Figura 2


FICHAS TÉCNICAS

• Dados dos Estados Unidos – Roper Center

Fonte: Newsweek Poll

Data: 01 de Julho de 2000

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 752

Fonte: Gallup Organization

Data: 6-9 de Julho de 2000

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1001

Fonte: NBC News/ Wall Street Journal

Data: 18-21 de Janeiro de 2002

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1011

Fonte: Princeton Survey Research Associates

Data: 26-29 de Março de 1992

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1668

Fonte: Princeton Survey Research Associates

Data: 5-8 de Novembro de 1992

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1012

Fonte: Princeton Survey Research Associates

Data: 26 de Agosto a 01 de Setembro de 1994

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1202

Fonte: CBS News/ New York Times

Data: 9-11 de Setembro de 2000

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1050

Fonte: Princeton Survey Research Associates

Data: 7 de Maio a 6 de Junho de 2001

Universo e Metodologia: Pais de crianças de 2 a 17 anos entrevistados por telefone

Tamanho da Amostra: 800

Fonte: Princeton Survey Research Associates

Data: 14-15 de Setembro de 2000

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1019

Fonte: Princeton Survey Research Associates

Data: 12-21 de Julho de 1994

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra:1808

Fonte: Los Angeles Times

Data: 23-25 de Setembro de 2000

Universo e Metodologia: Eleitores entrevistados por telefone

Tamanho da Amostra: 1052

Fonte: Princeton Survey Research Associates

Data: 10-12 de Novembro de 2000

Universo e Metodologia: Eleitores entrevistados por telefone

Tamanho da Amostra: 1113

Fonte: Yankelovich Partners

Data: 5-6 de Janeiro de 2000

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra:1589

Fonte: Gallup Organization

Data: 13-16 de Janeiro de 2000

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1027

Fonte: Princeton Survey Research Associates

Data: 1-31 de Maio de 2000

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 3533

Fonte: Luntz Research Companies & mark A. Siegel Associates/

Data: 20-23 de Agosto de 2000

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra:600

Fonte: Center for Survey Research & Analysis, University of Connecticut

Data: 16 de Maio a 6 de Junho de 2001

Universo e Metodologia: População nacional adulta entrevistada por telefone

Tamanho da Amostra: 1012

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Mar 2003
  • Data do Fascículo
    Maio 2002
Centro de Estudos de Opinião Pública da Universidade Estadual de Campinas Cidade Universitária 'Zeferino Vaz", CESOP, Rua Cora Coralina, 100. Prédio dos Centros e Núcleos (IFCH-Unicamp), CEP: 13083-896 Campinas - São Paulo - Brasil, Tel.: (55 19) 3521-7093 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: rop@unicamp.br