Acessibilidade / Reportar erro

Entre França e Brasil: viagens antropológicas num campo (religioso) minado* * Discuti este texto antes da sua publicação com algumas pessoas as quais quero agradecer: Afrânio Garcia e Marion Aubrée no quadro do seminário do Centre sur le Brésil Contemporain, Paris; Luiz Fernando Duarte, que me convidou gentilmente para participar de uma mesa-redonda na ABA onde pude adiantar algumas dessas idéias, Regina Novaes e Dulce Pandolfi pelo apoio e convite para apresentar esta versão no GT da ANPOCS deste ano e a Marc Piault pelas discussões intermináveis sobre diferenças entre França e Brasil no campo da religião.

Resumo

Partindo da premissa de que o par sociológico clássico “religião/seita” não possui a mesma densidade histórica ou o mesmo valor descritivo em todos os contextos, a autora investiga as atividades de uma associação francesa empenhada no combate às “seitas”, tomando como foco de análise as acusações contra um determinado templo umbandista em Paris. As acusações, visando tanto as pretensões terapêuticas quanto as pretensões religiosas do templo, seriam calcadas numa percepção que busca traduzir experiências diversificadas em princípios únicos e de valor universal. Na sua defesa, os representantes do templo destacam sua tentativa sistemática e institucionalizada de incorporar os diferentes universos “étnicos” da sua população como meios adequados para conviver com as diferenças culturais numa mesma nação. A comparação dos dois discursos mostra como o projeto multiculturalista americano contrasta fortemente com o projeto francês de homogeneização das diferenças.

Palavras-chave
cultos afro-brasileiros; França; religião; seitas

Abstract

Working on the premiss that the classical sociological dichotomy between “religion” and “sect” does not possess the same historical density or the same descriptive value in ali contexts, the author investigates the activities of a French association created to combat “sects “, centering her analysis on accusations against a particular umbanda temple located in Paris. The accusations, aimed at both the temple’s therapeutic and religious pretensions, are couched in a perception which seeks to translate diversified experiences into unified principles of universal value. In its defense, the representatives of the temple underline their systematic and institutionalized policy of incorporating the different “ethnic” universes of its population as an adequate way of living with cultural differences within a same nation. The comparison of the two discourses underlines a strong contrast between the multicultural project typical of the Americas and the French perspective which sees the homogeneization of differences as being in the nation’s best interests.

Keywords
Afro-Brazilian cults; France; religion; sects

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

  • 1
    BECKFORD, J. Politics and the Anti-Cult Movement. Annual Review of Social Sciences of Religion, n. 3, p. 169-190, 1979.
  • 2
    BRANDÃO, C. O número dos eleitos: religião e ideologia religiosa em uma sociedade de economia agrária no Estado de São Paulo. Religião e Sociedade, n. 3, 1978.
  • 3
    CHAMPION, F.; COHEN, M. (Org.). Nouveaux mouvements religieux et logiques sectaires Paris: Association Française de Sociologie Religieuse, 1996. Mimeografado.
  • 4
    FRIGERIO, A. “La invasion de las sectas”: el debate sobre nuevos movimientos religiosos en los medios de comunication en Argentina. Sociedad y Religión, n. 10/11, 1993.
  • 5
    HANNERZ, U. The global ecumene as a network of networks. In: KUPER, A. Conceptualising society London: Routledge, 1992.
  • 6
    HOURMANT, L. Les nouveaux mouvements japonais en France entre laieization et euphemisation du sacré. Social Compass, v. 42, n. 2, 1995.
  • 7
    INTROVIGNE, M.; GORDON, J. (Org.). Pour en finir avec les sectes: le débat sur le rapport de la Comission Parlementaire. Milan: Giovanni Editore, 1996.
  • 8
    SEGATO, R. Formações da diversidade: nação e opções religiosas no contexto da globalização. In: ORO, A. P.; STEIL, C. A. (Org.). Globalização e religião Petrópolis: Vozes, 1997.
  • *
    Discuti este texto antes da sua publicação com algumas pessoas as quais quero agradecer: Afrânio Garcia e Marion Aubrée no quadro do seminário do Centre sur le Brésil Contemporain, Paris; Luiz Fernando Duarte, que me convidou gentilmente para participar de uma mesa-redonda na ABA onde pude adiantar algumas dessas idéias, Regina Novaes e Dulce Pandolfi pelo apoio e convite para apresentar esta versão no GT da ANPOCS deste ano e a Marc Piault pelas discussões intermináveis sobre diferenças entre França e Brasil no campo da religião.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Maio 1999
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - IFCH-UFRGS UFRGS - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Av. Bento Gonçalves, 9500 - Prédio 43321, sala 205-B, 91509-900 - Porto Alegre - RS - Brasil, Telefone (51) 3308-7165, Fax: +55 51 3308-6638 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: horizontes@ufrgs.br