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Desempenho silvicultural de Acrocarpus fraxinifolius wight em função de diferentes espaçamentos e idades

Sillvicultural performance of Acrocarpus fraxinifolius wight in function of the different spacing and ages

Resumos

Acrocarpus fraxinifolius é uma espécie produtora de madeira dura que ocorre naturalmente na Índia, Miamar (Birmânis) e Bangla Desh. Considerando seu potencial madeireiro e sua possibilidade de desenvolvimento no Brasil, realizou-se o presente trabalho, com o objetivo de verificar as influências de diferentes espaçamentos e idades no desempenho silvicultural dessa espécie, visando à obtenção de madeira para a produção de biomassa e serraria. O experimento foi realizado em blocos inteiramente casualizados, com quatro tratamentos e quatro repetições. Foram amostradas nove árvores em cada tratamento, ou seja, 36 árvores por bloco num total de 144 árvores amostradas. Os tratamentos se constituíram de quatro espaçamentos (1,5 m x 3m; 2m x 3m; 2,5m x 3m; 3m x 3 m). Foram analisados: diâmetro a altura do peito (DAP), altura total (HT), sobrevivência, e foi calculada a área seccional (G/pl), a área basal (G), o volume de madeira por planta (V/pl), o volume de madeira por hectare (V), incremento corrente anual em volume (ICA), e o incremento médio anual em volume (IMA). As variáveis avaliadas HT, G/pl e V/pl apresentaram maiores valores nos espaçamentos 3 m x 3m e 2m x 3 m. Todos os espaçamentos, com exceção do 3 m x 1,5 m favoreceram o crescimento em DAP. As demais variáveis não apresentaram diferenças estatísticas quando analisadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Conclui-se que os melhores espaçamentos de plantio para o Acrocarpus fraxinifolius até os 72 meses foram o 3 m x 3m e 3m x 2m.

Crescimento; Fabaceae; Madeira dura


Acrocarpus fraxinifolius is a hard wood tree species occurring mainly in Indonesia, Malaysia and India. Considering its potential for producing lumber and its development possibilities in Brazil, an experiment was carried out aiming to verify the effects of different spacing on the silvicultural performance of this species in order to produce wood biomass and sawnwood. The experiment was developed in completely randomized blocks with 4 treatments and 4 repetitions. Nine trees were sampled in each treatment, i.e., 36 trees per block, 144 trees overall. The treatments were constituted of four spacing: 1.5 m x 3m; 2m x 3m; 2.5m x 3m; 3m x 3 m. The following parameters were analyzed: diameter at breast height (DBH), total height (HT) and survival; and sectional area (G/pl), basal area (G), volume per plant (V/pl), volume per hectare (V), current annual volume increase and the annual mean increment in volume were calculated. The spacing 3m x 3m and 2m x 3 m presented the highest values of HT, G/pl and V/pl. All tested spacings favored the growth in DBH, except 3 m x 1.5 m. Other variables did not present statistical differences according to the Scott-Knott test at 5% probability. It was concluded that the best planting spacing for Acrocarpus fraxinifolius at 72 months are 3m x 3m and 3m x 2m.

Growth; Fabaceae; Hard wood


Desempenho silvicultural de Acrocarpus fraxinifolius wight em função de diferentes espaçamentos e idades

Sillvicultural performance of Acrocarpus fraxinifolius wight in function of the different spacing and ages

Nelson VenturinI; Leandro CarlosII; Patrícia Aparecida de SouzaIII; Renato Luis Grisi MacedoI; Regis Pereira VenturinIV; Emílio Manabu HigashikawaV

IUniversidade Federal de Lavras - Lavras, Minas Gerais, Brasil

IIInstituto Federal Goiano - Rio Verde, Goiás, Brasil

IIIUniversidade Federal do Tocantins - Gurupi, Tocantins, Brasil

IVEPAMIG - Centro Tecnológico do Sul de Minas - Lavras, Minas Gerais, Brasil

VInstituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - Tefe, Amazonas, Brasil

Correspondência

RESUMO

Acrocarpus fraxinifolius é uma espécie produtora de madeira dura que ocorre naturalmente na Índia, Miamar (Birmânis) e Bangla Desh. Considerando seu potencial madeireiro e sua possibilidade de desenvolvimento no Brasil, realizou-se o presente trabalho, com o objetivo de verificar as influências de diferentes espaçamentos e idades no desempenho silvicultural dessa espécie, visando à obtenção de madeira para a produção de biomassa e serraria. O experimento foi realizado em blocos inteiramente casualizados, com quatro tratamentos e quatro repetições. Foram amostradas nove árvores em cada tratamento, ou seja, 36 árvores por bloco num total de 144 árvores amostradas. Os tratamentos se constituíram de quatro espaçamentos (1,5 m x 3m; 2m x 3m; 2,5m x 3m; 3m x 3 m). Foram analisados: diâmetro a altura do peito (DAP), altura total (HT), sobrevivência, e foi calculada a área seccional (G/pl), a área basal (G), o volume de madeira por planta (V/pl), o volume de madeira por hectare (V), incremento corrente anual em volume (ICA), e o incremento médio anual em volume (IMA). As variáveis avaliadas HT, G/pl e V/pl apresentaram maiores valores nos espaçamentos 3 m x 3m e 2m x 3 m. Todos os espaçamentos, com exceção do 3 m x 1,5 m favoreceram o crescimento em DAP. As demais variáveis não apresentaram diferenças estatísticas quando analisadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Conclui-se que os melhores espaçamentos de plantio para o Acrocarpus fraxinifolius até os 72 meses foram o 3 m x 3m e 3m x 2m.

Palavras chave: Crescimento, Fabaceae, Madeira dura

ABSTRACT

Acrocarpus fraxinifolius is a hard wood tree species occurring mainly in Indonesia, Malaysia and India. Considering its potential for producing lumber and its development possibilities in Brazil, an experiment was carried out aiming to verify the effects of different spacing on the silvicultural performance of this species in order to produce wood biomass and sawnwood. The experiment was developed in completely randomized blocks with 4 treatments and 4 repetitions. Nine trees were sampled in each treatment, i.e., 36 trees per block, 144 trees overall. The treatments were constituted of four spacing: 1.5 m x 3m; 2m x 3m; 2.5m x 3m; 3m x 3 m. The following parameters were analyzed: diameter at breast height (DBH), total height (HT) and survival; and sectional area (G/pl), basal area (G), volume per plant (V/pl), volume per hectare (V), current annual volume increase and the annual mean increment in volume were calculated. The spacing 3m x 3m and 2m x 3 m presented the highest values of HT, G/pl and V/pl. All tested spacings favored the growth in DBH, except 3 m x 1.5 m. Other variables did not present statistical differences according to the Scott-Knott test at 5% probability. It was concluded that the best planting spacing for Acrocarpus fraxinifolius at 72 months are 3m x 3m and 3m x 2m.

Keywords: Growth, Fabaceae, Hard wood

INTRODUÇÃO

O consumo crescente de produtos derivados da madeira faz com que haja uma busca constante por novas técnicas silviculturais, bem como, pela introdução de espécies florestais já conhecidas em outros países, que apresentem potencial para esse fim. A seleção de uma espécie florestal deve obedecer à finalidade do produto final ao qual se destina a madeira, as analogias climáticas entre o local de origem e o local onde será introduzida a espécie, e as características de crescimento da espécie, levando-se em conta se a mesma apresenta crescimento lento ou rápido (ANDERSON, 1961).

Embora o Brasil detenha a maior área de floresta tropical do mundo, há, no país, uma experiência bem sucedida em introdução de espécies de outros países, como é o caso dos gêneros Eucalyptus e Pinus. Recentemente, além de espécies como Toona ciliata var. Australis (cedro australiano) uma nova espécie, Acrocarpus fraxinifolius, tem despertado o interesse dos pesquisadores brasileiros pela diversificação do seu uso na industria madeireira, pelo rápido crescimento, pela vocação que possui para componentes de sistemas agrossilvipastoris e pelo potencial na recuperação de áreas degradadas (ERAUSQUIM, 2012).

Acrocarpus fraxinifolius pertence à família Fabaceae que ocorre naturalmente na Índia, Miamar (Birmânis) e Bangla Desh (CARVALHO, 2003). A espécie se enquadra nos padrões de rápido crescimento e é largamente usado na construção civil, na indústria movelaria e na fabricação de papel e celulose. Trata-se de uma árvore perenifólia de 20 a 40 metros de altura, folhas compostas e bipinadas (LORENZI et al., 2003). Segundo Graf (1963), a espécie apresenta galhos curvados com racemos de 60 cm de comprimento pendentes; flores, vermelhas brilhantes e estames amarelos. Para Higa e Prado (1998), a árvore é heliófila e não resiste a fortes geadas. Pode ser utilizada em paisagismo, recuperação de áreas degradadas e sistemas agroflorestais (CARVALHO, 2003).

A espécie Acrocarpus fraxinifolius, conhecida mundialmente pelo nome comum de mundani e árvore de ripa, na Ásia (LORENZI et al., 2003), e cedro-rosado, na América do Sul (ERAUSQUIM, 2012) é, relativamente, bem estudada nos países Asiáticos.

Elorza Martinez e Garcia (2004), no México, realizaram estudos fitossanitários em mudas da espécie e verificaram incidências de fungos que provocaram a morte de plântulas por "dumping-off". Acrocarpus fraxinifolius, quando consorciada com culturas intercaladas como milho, feijão e pimenta aumentou o conteúdo de matéria orgânica do solo (ELORZA MARTINEZ et al., 2006).

No Brasil, a espécie é praticamente desconhecida. Apenas Prado et al. (2003) desenvolveram estudos das características físicas e químicas da madeira de várias procedências de Acrocarpus fraxinifolius e concluíram que a espécie produz madeira leve (0,438), com fibras curtas (1.2 mm), alta teor de extrativos totais (10.6%) e baixo teor de lignina (20,1). Os autores acima observaram, ainda, que a madeira é estável, com baixos valores de retratibilidade (9,0%) e com anisotropia de concentração aceitável (1,8%), características estas apropriadas para processamento mecânico e para movelaria. No aspecto silvicultural, não se tem conhecimento da realização de trabalhos científicos com Acrocarpus fraxinifolius no Brasil.

Sob a ótica do manejo florestal, um dos principais pontos a serem considerados é a distância entre as plantas, que determina o espaço entre elas para que haja uma maximização no aproveitamento dos recursos disponíveis para cada árvore. Esse aproveitamento é determinante para que as árvores se desenvolvam em sua plenitude. Botelho (1998) afirma que existem alguns fatores determinantes na escolha do espaçamento de plantio, como qualidade de sítio, espécies, objetivos de manejo, condições de mercado e métodos de colheita. E que os efeitos dos espaçamentos afetam o número de tratos culturais, a taxa de mortalidade e de dominância, o volume de madeira, a idade de estagnação, a qualidade da madeira, o desenvolvimento radicular e os custos de produção.

Silva et al. (2012) pesquisaram a interação entre densidade e idade de árvores de Mimosa caesalpiinifolia e Gliricidia sapium, desde os 03 até aos 60 meses após o plantio e verificaram que o diâmetro do colo (até ao primeiro ano), o diâmetro à 1,30 m, a altura total e o diâmetro da copa das árvores, aos 60 meses, foramreduzidas pela densidade de plantio, mas aumentaram com a idade das plantas.

Como o propósito de se iniciar estudos para o desevolvimento silvicultural da espécie Acrocarpus fraxinifolius, em Minas Gerais, realizou-se o presente trabalho com o objetivo de verificar as influências de diferentes espaçamentos e idades no desenvolvimento da espécie.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado em uma área experimental no campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), na região sul do Estado de Minas Gerais, sob as coordenadas geográficas 21º13'21"S e 44º58'26" e altitude aproximada de 907 m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen e o Cwa (clima temperado com inverno seco) com cinco meses secos, no período de abril a setembro. A precipitação local é em torno de 1500 mm. anuais, distribuídos, principalmente, no período de novembro a março com déficit hídrico de 30 mm. A temperatura média anual é de 19 ºC.

As sementes de Acrocarpus fraxinifolius foram coletadas das três matrizes encontradas no Campus da UFLA. Posteriormente, foram beneficiadas e escarificadas no Laboratório de Sementes Florestais do Departamento de Ciências Florestais da UFLA.

A semeadura foi feita em sementeiras com substrato, contendo uma adubação básica de N, P, K e, em proporções iguais de areia, terra de subsolo e esterco curtido. Foram realizadas irrigações, diariamente. As plântulas foram repicadas para sacos plásticos com capacidade para 2 L de substrato, quando atingiram, aproximadamente, cinco centímetros de altura e emitiram dois pares de folhas. As mudas foram plantadas na área experimental, aos cinco meses de idade, quando atingiram, em média, 20 cm de altura.

O solo onde o experimento foi implantado é um Latossolo Vermelho e para o seu preparo foi realizada uma aração profunda e duas gradagens niveladoras. As mudas foram plantadas em covas de 20 x 20 cm feitas manualmente e adubadas com 150 g da formulação de N-P-K, na proporção de 08-28-16. Os tratos culturais e fitossanitários foram realizados quando necessários.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram os seguintes espaçamentos: (T1) 1,5 m x 3 m; (T2) 2 m x 3 m; (T3) 2,5 m x 3 m e (T4) 3 m x 3 m. As parcelas foram constituídas de nove árvores, sem bordadura individual para cada parcela, sendo a mesma implantada no perímetro da área total do experimento. Cada bloco continha 36 árvores e o número total de árvores do experimento foi 144.

As avaliações ocorreram aos 12, 24, 40, 48, 60 e 72 meses após o plantio. As variáveis analisadas foram o diâmetro do colo (DC); o diâmetro à altura do peito(DAP); a altura total da planta (HT) e a porcentagem de sobrevivência.

Foram calculados, a partir dos 24 meses após o plantio: a área basal por árvore, área seccional (m2), a área basal por hectare (m2), o volume de madeira por árvore (m3), o volume total de madeira por hectare (mha-1), o incremento corrente anual em área basal (ICAG), o incremento médio anual em área basal (IMAG), o incremento corrente anual em volume por hectare (ICAV) e o incremento médio anual em volume por hectare (IMAV). Por meio do IMAV estimou-se a idade de rotação silvicultural ótima para cada espaçamento.

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Utilizou-se o software estatístico de sistema de análise de variância (SISVAR).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Avaliação aos 12 meses após o plantio

Aos 12 meses após o plantio, observouse que o crescimento em altura (H) não apresentou diferenças estatíticas entre os espaçamentos de plantios avaliados (Tabela 1). O espaçamento de plantio 3m x 3m proporcionou maior crescimento em diâmetro do colo (DC), quando comparado aos demais tratamentos (Tabela 1). Em espaçamentos maiores, o diâmetro tende a se desenvolver mais do que a altura. O que foi observado por Bernardo (1995) que verificou diferença no crescimento em diâmetro de arvores de Eucalyptus spp com o aumento do espaçamento entre plantas, sendo que o mesmo não ocorreu com a altura.

Kruschewsky et al. (2007), avaliando diversos arranjos e a dinâmica de crescimento de Eucalyptus spp. em sistemas agrossilvipastoril no cerrado, observaram que, a partir do segundo ano após o plantio, quanto maior a área útil maior foi o DAP.

Avaliação aos 24 meses após o plantio

Aos 24 meses após o plantio, observou-se que o espaçamento com maior densidade de plantas diferiu, estatíticamente, pelo Teste de Scott e Knott a 5% de probabilidade dos demais tratamentos (Tabela 2), confirmando a tendência de que espaçamentos menores entre plantas inferem em valores de diâmetros menores, o que foi relatado por Magalhães et al. (2007) para procedências de Eucalyptus no norte de Minas Gerais.

Rezende et al. (1981) observaram que, em espécies de rápido crescimento, até aos dois anos de idade, o espaçamento não afetou significativamente os diâmetros e a percentagem de sobrevivência. Entretanto, as alturas e os volumes foram, significativamente, afetados sendo que as maiores alturas e os maiores volumes foram observados nos menores espaçamentos. Kruschewsky et al. (2007) observaram que, com o passar do tempo, a taxa de crescimento diminuiu nos espaçamentos mais reduzidos.

Avaliação aos 40 meses após o plantio

Aos 40 meses após o plantio, observou-se que a altura e o DAP apresentaram diferenças para o espaçamento 1,5 x 3,0 m, sendo que nem a altura nem o DAP diferiram estatísticamente dos demais espaçamentos (Tabela 3). Os resultados para a varável porcentagem de sobrevivência aos 40 meses após o plantio (Tabela 3) foram iguais aos obtidos aos 24 meses após o plantio (Tabela 2), o que pode sinalizar que o período crítico para o estabelecimento da espécie está entre 12 e 24 meses, após o plantio. Também, o DAP, aos 40 meses após o plantio, apresentou a mesma tendência que, aos 24 meses no espaçamento com maior densidade de indivíduos (1,5 m x 3 m) (Tabela 3). Segundo Oliveira et al. (2009), o diâmetro apresenta essa característica responsiva em relação ao decréscimo com relação ao número de árvores por hectare.

Os espaçamentos 2 m x 3m e 3m x 3 m apresentaram médias maiores para a altura das plantas, embora, não tenham diferido, estatisticamente, entre si. Silva (2005) relata que para o fator crescimento em altura as diferenças são mais significativas após o terceiro ano, havendo, a partir daí, resposta positiva ao aumento do espaçamento, o que não foi confirmado no presente trabalho. No entanto, Bernardo (1995) relata que existe certa controvérsia em relação aos reflexos sobre a altura das árvores, na fase jovem do crescimento, podendo haver casos de aumento da altura em espaçamentos com uma densidade de árvores menor e outros resultados apresentam exatamente o oposto.

Os valores de incremento médio anual em volume (IMAV) e incremento médio anual em área basal (IMAG), não apresentaram diferenças significativas entre si (Tabela 3). Inúmeros trabalhos mostram o contrário, apresentando variações estatísticas significativas para menores espaçamentos. No presente trabalho, apresentou-se tendência semelhante ao encontrar maior volume nos espaçamentos menores e não mostrou variação estatística, provavelmente, em razão do grande coeficiente de variação para as variáveis mencionadas. Os incrementos correntes anuais não mostraram diferenças significativas com relação aos espaçamentos, embora tenham tido uma tendência a apresentarem maiores IMAV e ICAV nos espaçamentos mais adensados. Oliveira et al. (2009), trabalhando com espécies de Eucalyptus, no Sudoeste de Minas Gerais, observaram que o incremento médio anual e o incremento corrente anual em volume foram superiores nos espaçamentos mais adensados, aos três anos de idade.

Kruschewsky et al. (2007), avaliando diversos arranjos e a dinâmica de crescimento de Eucalyptus spp. em sistemas agrossilvipastoril, no cerrado, observaram que aos 18 meses de idade, o volume por planta não mostrou diferenças entre os distintos arranjos, sendo maior no arranjo mais amplo (10 x 2 m), a partir dos 38 meses após o plantio.

Avaliação aos 48 meses após o plantio

Aos 48 meses após o plantio, o diâmetro a altura do peito (DAP), a altura total (H) e o volume de madeira por planta (V/pl), diferiram estatisticamente entre si, à 5 % de probabilidade (Tabela 4).

A média das alturas diferiu, significativamente, aos 48 meses após o plantio, apresentando um padrão desuniforme, com os espaçamentos 2 m x 3m e 3m x 3 m, superando os demais sem que se pudesse definir uma razão científica para o fenômeno Nessa idade, o DAP manteve tendência semelhante aos 40 meses com médias maiores para os espaçamentos 3 m x 3m, 2m x 3 m e 2,5m x 3 m. Para Patiño-Valera e Kageyama (1995), o crescimento em diâmetro segue a mesma tendência do crescimento em altura das plantas, ou seja, espaçamentos mais amplos correspondem a diâmetros médios maiores.

O volume médio por planta (V/pl) apresentou diferenças significativas aos 48 meses após o plantio (Tabela 4), sendo o espaçamento com maior densidade de plantas por hectare (1,5 m x 3,0 m) o que apresentou médias menores.

O volume médio está diretamente ligado ao diâmetro e à altura das plantas (BOTELHO, 1998). Como não houve diferença para a variável altura, já era esperado que os resultados de área seccional e volume individual apresentassem a mesma tendência de variação observada para os resultados do DAP. Essa diferença estatística apresentada pela área seccional e pelo volume por planta mostra que os espaçamentos já sofriam competição desde o primeiro ano, quando o diâmetro diferiu pela primeira vez. Oliveira et al. (2009) afirmam que essas variáveis estão intimamente ligadas. Não houve diferenças significativas em relação às médias do volume por hectare e da área basal por hectare, provavelmente pelo alto coeficiente de variação e pelo alto índice de mortalidade ocorrido na área.

Os espaçamentos 3 m x 2m e 3m x 3m apresentaram médias em volume por hectare, maiores que os demais, embora, não apresentaram diferenças estatísticas entre si, o que contradiz os resultados de Macedo et al. (2005) que obtiveram maiores volumes nos espaçamentos menores. A sobrevivência do povoamento não sofreu alterações desde os 24 meses após o plantio, o que mostra bom desenvolvimento da espécie na área de estudo.

O incremento médio anual em volume (IMAV), o incremento médio anual em área basal (IMAG), o incremento corrente anual em volume (ICAV) e o incremento médio anual em área basal (ICAG) não variaram estatísticamente. Oliveira et al. (2009) avaliando as mesmas variáveis observaram que os espaçamentos com maiores densidades populacionais apresentaram maiores incrementos médios anual das mesmas.

Avaliação aos 60 meses após o plantio

Aos 60 meses após o plantio, observou-se que foi mantida a tendência verificada na análise de variâncias para as variáveis aos 48 meses, exceto para a área seccional (G/pl) nos espaçamentos 2,5 m x 3,0 m e o 1,5 m x 3,0 m que se diferenciaram estatísticamennte dos espaçaçmentos 2,0 m x 3,0 m e 3,0 m x 3,0 m (Tabela 5).

O mesmo comportamento ocorreu com o volume por planta (V/pl) nos espaçamentos 2,5 m x 3.0 m e 1,5 m x 3,0 m que se diferenciou dos espaçamentos 2,0 m x 3,0 m e 3,0 m x 3,0 m. Os resultados para a variável porcentagem de sobrevivência aos 60 meses após o plantio (Tabela 5) apresentaram os mesmos valores dos resultados obtidos aos 24 meses, confirmando que o período crítico para o estabelecimento da espécie está entre 12 e 24 meses de idade (Tabelas 1 e 2).

Aos 60 meses após o plantio o diâmetro apresentou a mesma tendência mostrada aos 48 meses de idade, sendo o espaçamento com maior densidade de indivíduos (1,5 m x 3 m) o único que sofreu redução em termos médios. O crescimento em diâmetro acompanha a área útil disponível para cada planta. Os espaçamentos mais amplos tendem a apresentar plantas com maiores diâmetros (BOTELHO, 1998).

Os espaçamentos 3 m x 2m e 3m x 3 m foram superiores em valores médios de 13,26 m e 13,22 m, respectivamente, para a variável altura (Tabela 5). A altura é uma variável que tem sido muito estudada. Patiño-Valera (1986) observou que há um acréscimo na altura com a diminuição do espaçamento. No entanto, Silva (2005) relata que o aumento do espaçamento promove um crescimento em altura das plantas.

A área seccional apresentou uma tendência diferente da apresentada nos anos anteriores com os espaçamentos 3 m x 3 m e 2 m x 3 m, respectivamente, correspondendo aos valores de 0,0165 m2 e 0,0143 m2. A mesma tendência ocorreu com a média do volume por planta nos espaçamentos 3 m x 3m e 2m x 3m com valores de 0,1111 m3 e 0,0948 m3, respectivamente, superiores aos demais (Tabela 5). Macedo et al. (2005), trabalhando com vários espaçamentos de Tectona grandis (Teca) aos 36 meses de idade e Oliveira et al. (2009), estudando híbridos de Eucalyptus camaldulensis com Eucalyptus urophylla em diversos espaçamentos aos seis anos de idade encontraram maiores valores para a área seccional e para o volume por planta em espaçamentos mais amplos.

O volume por hectare e a área basal aos 60 meses não sofreram influência dos espaçamentos. Oliveira et al. (2009) verificaram aumento dessas variáveis em espaçamentos mais adensados. Rondon (2002), estudando a espécie Schizolobium amazonicum (Paricá) aos 60 meses de idade verificou que os espaçamentos 4m x 3 m e 4 m x 4 m proporcionaram maiores crescimentos em altura e em diâmetro.

Avaliação final aos 72 meses após o plantio

Aos 72 meses após o plantio, observou-se que o DAP mostrou diferenças significativas entre os espaçamentos. O espaçamento com maior densidade de plantas (1,5 m x 1,5 m) foi o que apresentou a menor média em DAP. Em relação à variável altura total ocorreram diferenças significativas, sendo os espaçamentos 2 m x 3 m e 3 m x 3 m os que proporcionaram as maiores alturas, 14,65 m e 14,40 m, respectivamente.

A área seccional aos 72 meses após o plantio mostrou diferenças nas médias, sendo que os espaçamentos 3 m x 3m e 2m x 3m apresentaram as maiores áreas seccionais. O volume por planta também apresentou a mesma tendência da área seccional, com médias de 0.1111 m3 e 0,1290 m3 por planta, respectivamente.

A área basal e o volume por hectare não apresentaram diferenças estatísticas aos 72 meses após o plantio, diferenciando dos resultados encontrados por Silva (2005) que verificou que o volume por hectare e a área basal de clones de Eucalyptus na região nordeste do estado de São Paulo, aos seis anos de idade, se comportaram opostamente ao DAP. A mortalidade ocorrida no intervalo do primeiro para o segundo ano de plantio pode explicar esse comportamento.

A porcentagem de sobrevivência aos 72 meses de idade (Tabela 6) mostrou os mesmos valores obtidos aos 24 meses após o plantio (Tabela 2), reafirmando mais uma vez que o período crítico para o estabelecimento da espécie é entre 12 e 24 meses de idade (Tabelas 1 e 2). A média de sobrevivência considerando todos os tratamentos foi de 73,61%, o que indica que a espécie Acrocarpus fraxinifolius apresenta potencial de estabelecimento na região sul do estado de Minas Gerais.

Verificou-se uma seleção positiva para as plantas remanescentes e a partir de 24 meses de idade não houve variações no percentual de sobrevivência. Segundo Macedo et al. (2005) esse índice representa um bom potencial de sobrevivência.

Aos 72 meses após o plantio, os incrementos médios anuais em volume (IMAV), o incremento médio anual em área basal (IMAG), o incremento corrente anual em volume (ICAV) e incremento corrente anual em área basal (ICAG) não foram afetados pelos espaçamentos. Oliveira et al. (2009) observaram que os espaçamentos com maiores densidades populacionais apresentaram maior crescimento em incrementos médios anuais para essas variáveis. Kruschewsky et al. (2007), avaliando diversos arranjos e a dinâmica de crescimento de Eucalyptus spp., em sistemas agrossilvipastoril no cerrado, observaram que a produção individual foi maior no espaçamento mais amplo e, até 67 meses a produtividade do povoamento foi mais influenciada pelo número de indivíduos por área do que pelo arranjo.

CONCLUSÕES

O período crítico para o estabelecimento da espécie ocorre entre 12 e 24 meses de idade.

A média de sobrevivência, considerando todos os tratamentos, foi de 73,61%, indicativo de que a espécie Acrocarpus fraxinifolius apresenta potencial de estabelecimento para a região de Lavras, Minas Gerais.

Já, aos 12 meses de idade, o espaçamento 3m x 3m, apresentou diâmetro superior aos demais o que não ocorreu com a altura nessa mesma idade.

Até os 72 meses de idade, os espaçamentoso testados não influenciaram o volume de madeira por hectares. No entanto, considerando as demais características estudadas nessa idade, os espaçamentos que permitiram o melhor desenvolvimento foram 3 m x 3m e o 2m x 3m.

Recebido 02/02/2009

Aceito 29/04/2014

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  • Correspondência:

  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Dez 2014
    • Data do Fascículo
      Dez 2014

    Histórico

    • Aceito
      29 Abr 2014
    • Recebido
      02 Fev 2009
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