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30 anos da cadernos pagu

“A propósito de Pagu”, escrito por Mariza Corrêa e publicado em 1993 como o primeiro artigo do primeiro número da cadernos pagu, apresenta-nos brevemente Patrícia Galvão (1910-1962) em suas controvérsias e seu pioneirismo nas artes, na literatura, no jornalismo e na política. Segundo Corrêa (1993)CORRÊA, Mariza. A propósito de Pagu. cadernos pagu (1), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 1993, pp.7-18 [https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1677/1659 – acesso em: 25 abr. 2023].
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, somente leitores sensíveis saberiam captar que bons autores precisariam ser retomados e suas ideias levadas adiante, ainda que isso não implicasse, necessariamente, em um verdadeiro reconhecimento destes. Como fica claro ao final do artigo, Pagu é uma dessas autoras. Suas ideias ainda hoje circulam, mas o seu lugar nos cânones das artes e literatura não está completamente consolidado.

Nomear como Pagu o núcleo de estudos de gênero e o periódico científico surgido desse mesmo núcleo é, a um só tempo, uma espécie de “resgate”, tal como afirma Corrêa (1993)CORRÊA, Mariza. A propósito de Pagu. cadernos pagu (1), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 1993, pp.7-18 [https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1677/1659 – acesso em: 25 abr. 2023].
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, das ideias e um reconhecimento do pioneirismo e das lutas empreendidas por Patrícia Galvão. Além disso, e não menos importante, diz muito das relações e trocas na produção de conhecimento, mas também da constituição das redes de apoio e afeto inerentes ao pensamento e a prática feminista. Dessa maneira, afirma Corrêa (1993CORRÊA, Mariza. A propósito de Pagu. cadernos pagu (1), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 1993, pp.7-18 [https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1677/1659 – acesso em: 25 abr. 2023].
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:17) “escolhemos o nome Pagu para o nosso Centro de Estudos de Gênero por sugestão de Beth Lobo, prima de Mara Lobo por muitas e boas razões”1 1 Beth Lobo, a que se referia Mariza Corrêa, era a Professora Elisabeth de Souza-Lobo que, entre outros motivos, se destacou por seus importantes trabalhos articulando, gênero, classe, trabalho e resistência. Em 1991, à época da constituição do Centro de Estudos de Gênero, hoje denominado, Núcleo de Estudos de Gênero, Beth era professora visitante na Unicamp e foi umas principais incentivadoras da criação do núcleo. Faleceu, no mesmo ano, em um acidente de carro no nordeste do país. Já Mara Lobo é um dos muitos nomes utilizados por Patrícia Galvão em seus escritos para vários veículos de comunicação. É exatamente nesse fictício e poético parentesco entre ambas que vemos as redes de apoio e afeto do pensamento e prática feminista. A biblioteca do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu leva o nome de Biblioteca Beth Lobo como forma de celebrar a vida e a obra de Elizabeth de Souza-Lobo. A biblioteca, como também não poderia deixar de ser, conta com os acervos Beth Lobo e Mariza Corrêa, compostos pelas obras das bibliotecas pessoais das duas autoras. .

Nesse mesmo número de 1993, ficou a cargo de Adriana Piscitelli elaborar a apresentação do periódico. Nas breves, porém instigantes palavras, a pesquisadora afirma:

Apresentamos De trajetórias e Sentimentos, o primeiro número da Cadernos Pagu. Esta atividade é uma publicação intimamente ligada aos interesses e atividades de um grupo: um coletivo acadêmico interdisciplinar que pretende, através do trabalho conjunto, aprofundar-se no conhecimento em torno das categorias de gênero (1993:5, marcações da autora).

Desde então, a cadernos pagu se converteu em um dos mais importantes periódicos científicos na área dos estudos feministas, de gênero e sexualidade no Brasil, com reconhecimento nacional e internacional.

Durante os 30 anos de publicação, foram vários os formatos e periodicidade adotados. Inicialmente, a cadernos era uma publicação semestral e exclusivamente impressa, como a maioria das revistas científicas nacionais e internacionais da época. Ao correr dos dedos ao longo dos exemplares impressos da revista, é possível encontrar não só páginas dedicadas à divulgação de outros periódicos de estudos de gênero e das ciências sociais – como a Revista Gênero, do Núcleo Transdisciplinar de Estudos de Gênero (NUTEG); a Revista Cadernos de Campo, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP; e a Revista Mora, do Instituto Interdisciplinar de Estudos de Gênero da Universidade de Buenos Aires -, mas também uma última lauda totalmente voltada para à promoção de assinaturas da revista, contendo diversos valores e formas de pagamento. Ainda que a cadernos pagu conte com financiamento público do CNPq desde 1996, assinaturas e vendas dos números impressos da revista viabilizavam pagamento dos caros estandes de divulgação do periódico em eventos científicos. Os custos para participação da cadernos na área de vendas de livros e revistas em congressos era, ainda, partilhada com outras revistas das Ciências Humanas, como a Mana, da UFRJ; a História, Ciência e Saúde Manguinhos, publicação da FIOCRUZ; e a REF, Revista de Estudos Feministas, editada na UFSC.

É somente nos primeiros anos da década de 2000 que o periódico passa a ser publicado também em formato digital, ao integrar a Coleção SciELO. Todavia, em 2014 a revista deixa de ser publicada em formato impresso e passa a ser exclusivamente digital. A partir do ano de 2016, em conformidade com as recomendações da SciELO e demais plataformas de indexação e avaliação que conferem legitimidade, credibilidade e reconhecimento aos periódicos científico, a cadernos pagu passa a contar com um terceiro número somando, assim, três números por ano.

É preciso dizer, no entanto, que a produção de conhecimento desde uma perspectiva feminista se caracteriza pelo uso sempre reflexivo e crítico de padrões e codificações científicos, os quais são inescapavelmente produzidos por meio de coletas de dados localizados no tempo e mediante desigualdades de poder. Tal como afirmado no editorial de lançamento na seção bastidores da produção do conhecimento feminista publicado no número 65 da cadernos pagu, “assumimos como constituinte desse processo a feitura sempre inacabada e dialógica do conhecimento feminista, visto aqui como uma prática em constante transformação pelas relações e debates estabelecidos por suas autoras” (Padovani; Simões; Feltrin, 2022:1).

Isso implica afirmar que as adaptações realizadas ao longo dos anos pela revista podem e devem ser lidas a partir de um registro crítico. Entendemos a necessidade de critérios de avaliação, mas não estamos completamente de acordo com os modos pelos quais tais critérios são operados pelas plataformas de indexação. Ainda assim, a cadernos pagu se destaca no cenário nacional como uma das mais importantes revistas científicas do país. A título de exemplo, uma das métricas utilizadas pela SciELO é o índice-h do Google Scholar2 2 O índice tem por objetivo, segundo Marques (2013), avaliar ao mesmo tempo a produção e o impacto do trabalho de uma pesquisadora tendo por base seus artigos mais citados. Esse mesmo mecanismo, continua explicando o autor, foi expandido para avaliar grupos de pesquisa e revistas científicas . Curiosamente, a cadernos pagu não está listada entre as 100 principais publicações científicas em língua portuguesa mesmo tendo um índice-h5 de 283 3 O índice-h5 diz respeito aos últimos cinco anos de publicação realizadas pelo periódico. Segundo a tabela disponibilizada pelo Google Acadêmico em língua portuguesa, os dados atuais correspondem ao quinquênio de 2017-2021. O valor do índice-h5 28 atribuído à cadernos pagu foi obtido por uma reconhecida e importante ferramenta utilizada para cálculos de métrica chamada “Publish or Perish”. Para ver a tabela de principais publicações acessamos, no dia 24 de fevereiro de 2023, o seguinte endereço: https://scholar.google.com.br/citations?view_op=top_venues&hl=pt-BR&vq=pt . Tal índice faria com que a revista figurasse entre as posições 17 e 20 das principais publicações no idioma.

Estamos enfatizando este ponto a fim de demonstrar os tortuosos e difíceis caminhos para se manter um periódico científico. A indexação nas bases de dados como SciELO, Scopus, dentre outras, obriga que a revista faça a conversão dos textos a serem publicado para a extensão XML, procedimento inteiramente pago pela própria cadernos pagu, atualmente mantida por recursos do CNPq e do Fundo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da Unicamp (FAEPEX)4 4 Processo CNPq - 407486/2022-4, chamada 12/2022; processo FAEPEX – 2015/22 – Edital Especial 10/2021 Apoio a Periódicos Científicos da UNICAMP. Salientamos, ainda, que o Portal de Periódicos da Unicamp também contribui com a busca constante de indexar os periódicos nele hospedados, e a revista se beneficia disso ampliando sua indexação em novas bases. Ver: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ppec/ - acesso em: 09 mar. 2023. . Importante salientar que conquistar e manter bom índices nas métricas é indispensável para que consigamos financiamento para revista e para que consigamos manter a cadernos como um periódico de livre acesso e gratuito para quem lê e para quem nele publica. Mais de uma vez, entramos em contato com a SciELO e com a Google para tentar entender essa ausência. Também mais de uma vez não obtivemos respostas satisfatórias.

Esse árduo trabalho, importante destacar, foi realizado por Rebeca Feltrin, que ocupou o cargo de coeditora da revista cadernos pagu no período de 2021 e 2022. Pesquisadora da área de política científica, Rebeca não mediu esforços em colocar seu conhecimento em prol da investigação e da análise dos índices e métricas da revista, bem como de, em posse dos dados por ela levantados, entrar em contato com as equipes da SciELO e da Google, sempre recebendo a frustrante resposta de responsabilização da “outra empresa” por parte de ambas (enquanto a SciELO responsabilizava a Google, a Google responsabilizava a SciELO). Comunicações e frustrações na relação com as empresas de indexação e avaliação das métricas e indicadores, aqui expostas, provocam indagar os próprios parâmetros de escalonamento do conhecimento acadêmico-científico dos quais a cadernos pagu depende, bem como ajuda a produzir. É no contrapelo dessas ambiguidades que seguimos em frente, publicando artigos e reflexões importantes para o conhecimento feminista.

Publicizar as minúcias sobre práticas de financiamento, impressão e indexação da revista, neste editorial, permite visibilizar também que os 30 anos da revista cadernos pagu foram produzidos pelas pessoas que, de Mariza Corrêa a Rebeca Feltrin, a ela se dedicaram.

Falar em 30 anos da revista cadernos pagu é, necessariamente, falar dos trabalhos de todas que atuaram na editoria da revista. O primeiro número dos “nossos cadernos” (Piscitelli, 1993PISCITELLI, Adriana. Apresentação. cadernos pagu (01), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 1993, pp.5-6 [https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1676/1658 – acesso em: 25 abr. 2023].
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) foi organizado e editado por Adriana Piscitelli. A partir da segunda edição da revista, publicada em 1994, Mariza Corrêa assumiu o posto de editora-chefe, cargo por ela exercido até o número 33, publicado em 2009. A partir do número e do ano seguintes, foi Iara Beleli quem passou a atuar como editora da revista. Importante destacar, contudo, que a atuação de Iara na cadernos pagu teve início ainda nos primeiros números da revista. No número 11, publicado em 1998, Iara Beleli já aparecia nos créditos como “secretária de redação”, ocupação que exerceu durante cinco anos, até quando, no número especial de celebração pela primeira década de existência do Núcleo de Estudos de Gênero e da revista cadernos pagu – a edição 21, de 2003 –, Iara passou a constar como editora executiva. De modo quase ininterrupto, portanto, Iara Beleli trabalhou na editoria da cadernos pagu entre 1998 e 2011, tendo ainda voltado para o cargo de editora da revista em 2018, permanecendo até fins de 2020, quando Natália Corazza Padovani o assumiu.

Luciana Camargo Bueno também acompanha a história da revista desde 1998, quando, convidada por Adriana Piscitelli, chegou ao Pagu para trabalhar na secretaria do núcleo. Naquele tempo, ajudava na preparação das edições, em folhas de papel vegetal, para impressão nas gráficas, enquanto conhecia textos, autoras, mestras, pelas páginas e corredores do Pagu. A partir de 2007, passa a trabalhar exclusivamente na cadernos, participando dos processos de avaliação e seleção dos artigos e da montagem das edições. A edição 34, de 2009, é a primeira em que aparece creditada como assistente editorial do periódico. Nesse período, a revista adotou o processo de submissão on-line de textos, com a entrada na plataforma SciELO Submission, facilitando a chegada de artigos de várias partes do Brasil e países da Europa, principalmente, e a organização do processo, já com um número grande se submissões. Em 2016, Luciana assume a editoria executiva da revista, função que desempenha até agora.

Mariza Corrêa, Iara Beleli e Luciana Camargo Bueno contaram, durante os anos, com redes de apoio que viabilizaram a gratificante empreitada de produção da revista. Ainda que nunca tenha exercido formalmente o cargo de editora, Adriana Piscitelli continuou atuando junto à elaboração da cadernos. Ademais, a revista sempre contou com o suporte das integrantes dos comitês e conselhos editoriais5 5 A composição do comitê editorial da revista é rotativa, mudando ao longo dos trinta anos de sua existência. Os nomes da maior parte das integrantes dos comitês podem ser consultados nos números impressos da revista, bem como na página da SciELO [https://www.scielo.br/journal/cpa/about/#editors - acesso em: 03 mar. 2023], onde estão registradas as formações atuais do comitê e do conselho editoriais. . Nos anos em que Mariza e Iara tocaram as atividades de editoração, elas tiveram a colaboração dos trabalhos de Heloísa Buarque de Almeida – que também atuou como editora executiva da revista entre 2004 e 2006 –, bem como de Heloísa Pontes, que exerceu o papel de editora especial para resenhas, entre 2007 e 2009.

Os últimos anos com exemplares impressos da revista foram publicados entre 2012 e 2013, já sob a editoria de Karla Bessa que, tanto como editora quanto como integrante do comitê editorial, tem contribuído na ampliação do escopo da revista também para as áreas das artes visuais e do cinema. A transição do periódico impresso para a publicação da revista de modo exclusivamente digital foi capitaneada por Regina Facchini, editora da revista entre 2014 e 2017. Foi nesse período, como já dissemos anteriormente, que a cadernos pagu passou a contar com três números por ano, crescendo não só em volume de artigos recebidos e publicados, mas também em seu alcance. A revista, um dia carinhosamente apelidada por “nossos cadernos”, tornou-se um periódico internacional, tendo artigos publicados em inglês, espanhol e português, recebendo submissões de autoras argentinas, espanholas, portuguesas, japonesas, dinamarquesas, entre muitas outras.

A cadernos pagu, contudo, nunca deixou de ser uma revista voltada para publicação de pesquisas inovadoras no campo dos estudos de gênero e das teorias feministas. Se, no início, seus artigos revelavam as produções de um grupo de pesquisa composto por professoras e estudantes da Unicamp, ao longo do tempo a revista passou a revelar a internacionalização do campo das teorias feministas e dos estudos de gênero desde uma universidade pública, situada em um país do continente sul-americano.

Desde que assumiu o cargo de editora da cadernos pagu, em 2020, Natália Corazza Padovani, uma das autoras deste editorial, tem buscado produzir pontes entre o passado dos “nossos cadernos” e o presente de um dos mais relevantes periódicos voltados para os estudos de gênero e teorias feministas da América Latina. A retomada das capas da cadernos pagu, ilustradas por imagens selecionadas a partir de uma chamada pública é exemplar, nesse sentido. Os números impressos da revista, afinal, sempre foram reconhecidos pelas ilustrações impressas nas capas de brochura. O primeiro número deste ano de 2023, em que a revista celebra seus 30 anos de existência, volta a trazer ilustrações nas capas, agora digitais, dos “nossos cadernos”.

De mesmo modo, desde o ano passado a revista conta com a seção Bastidores da produção do conhecimento feminista, pensada e produzida em densa interlocução com sua história. A proposta objetiva criar uma forma autoral de “ciência aberta” no âmbito do conhecimento feminista, mirando demandas contemporâneas da produção cientifica, voltando-se para o fazer acadêmico proposto por aquelas que fundaram nosso periódico e o próprio Núcleo de Estudos de Gênero Pagu (Padovani; Simões; Feltrin, 2022).

Desde 2020, ademais, os autores interessados em submeter artigos à revista têm acesso a todas as etapas pelas quais passam seus originais. No texto sobre fluxo editorial, disponível nas instruções aos autores6 6 Ver https://www.scielo.br/journal/cpa/about/#instructions - acesso em: 03 mar. 2023. , são listadas cada uma das personagens que compõem os bastidores da produção da cadernos pagu e pelas mãos das quais passam artigos, resenhas, entrevistas e demais textos enviados. De editoras a bolsistas BAS da Unicamp7 7 Conforme informações no site do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp, a bolsa é destinada a discentes de graduação, independente do seu ano de ingresso. O critério para a concessão da bolsa é socioeconômico, por meio de participação no processo seletivo anual. Nessa modalidade de bolsa, a aluna contemplada deve realizar atividades em projetos dentro de diversas áreas da universidade, sempre com a orientação de profissionais nas áreas de competência, professores das unidades da Unicamp, coordenadores e outros profissionais. Atualmente, a cadernos pagu conta com as bolsistas Letícia Condota Kuasne; Mariana Rodrigues Martins e João Pedro Cabral da Silva. , cada um dos cargos elencados é ocupado por pessoas que fizeram e seguem fazendo a materialidade cotidiana da revista. Na página do Instagram da cadernos pagu, totalmente criado e divulgado por Gabriela Matos, aluna de graduação em Ciências Sociais que começou a atuar na revista em 2020 por meio das bolsas auxílio social dos programas de permanência da universidade, pode-se consultar a série de vídeos “com quantas pessoas se faz uma revista acadêmica científica”. Os vídeos mostram os rostos, as vozes e as cores daquelas que cotidianamente recebem, avaliam, encaminham, administram recursos, diagramam e publicam as edições, dentre os mais de seiscentos textos que anualmente passam pela grade da revista. Tal apresentação também é uma forma de fazer ciência aberta.

Por meio da demonstração de que pessoas fazem a nossa cadernos pagu, torna-se possível evidenciar um importante aspecto de seu cotidiano que poucos conhecem: a relação do periódico com o ensino8 8 Em comunicações informais, Iara Beleli sempre insiste no fato de considerar ser a atividade editorial de uma revista intimamente relacionada à prática pedagógica. Iara assim a considera não somente por ser a publicação de artigos uma das principais formas de avaliação a que programas de pós-graduação estão submetidos, mas também porque editar uma revista implica em produzir diálogo com autores e trabalhos em processo de elaboração. Implica em aprender a acolher demandas pedagógicas e, também, acolher, nos corredores da revista, alunos de graduação e pós-graduação que passam a atuar no periódico como parte de seu aprendizado profissional. . Parte das personagens que atuam nos bastidores da revista são estagiárias e estagiários, bolsistas ou não, que escolhem a cadernos pagu como o lugar para seus projetos. Para além do apoio fundamental com as rotinas burocráticas de um periódico científico, entendemos que essa relação entre a revista e o corpo discente se converte em elemento formativo e de formação de quadros nos estudos feministas, de gênero e sexualidade.

Dois personagens exemplares dessa relação são Jonatan Sacramento, doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Unicamp junto à linha “Estudos de Gênero”, e Luiza Hortelan, mestre pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Unicamp na linha “Gênero, diferenças e corporalidade”9 9 Jonatan é orientado por Maria Conceição da Costa, pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos de Gênero Pagu. Luiza Hortelan foi orientada por Adriana Piscitelli, pesquisadora permanente do Núcleo. Tanto Jonatan quanto Luiza foram orientados em pesquisas de iniciação científica pela também pesquisadora permanente Iara Beleli. . Contemplados inicialmente com as bolsas de auxílio social, Jonatan e Luiza, por alguns anos, foram a “cara” da cadernos pagu em reuniões científicas pelo país. Eram eles que apresentavam e vendiam os exemplares impressos da revista nos estandes montados em congressos nacionais e internacionais. O trabalho de ambos na revista não só promovia a divulgação do periódico, como também viabilizava a participação dos alunos nos eventos acadêmicos. Por muito tempo, Jonatan ficou reconhecido por indicar sempre prontamente o número da cadernos pagu que tratasse da temática específica buscada.

Mais recentemente, já no ano de 2020, um projeto de formação em editoração, totalmente levado a cabo por alunas do curso de Estudos Literários do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, promoveu mais um encontro entre a revista e projetos pedagógicos. Interessadas em conhecer a prática do “editar” uma obra, cientes de que tal aprendizado seria imprescindível em suas trajetórias de formação e das dificuldades em acessarem programas de estágio em editoras literárias, as alunas do curso de graduação, por meio da auto-organização, propuseram aos periódicos da Universidade Estadual de Campinas que atuassem como suas estagiárias, acompanhando cada um dos processos das revistas. Uma das estagiárias da cadernos pagu a integrar o programa de estágios no ano de 2020 foi Beatriz Burgos, aluna que, hoje, atua como revisora de português dos artigos publicados na revista.

Em maio do ano de 2022, com a saída de Rebeca Feltrin do corpo editorial da revista, Julian Simões passou a dividir a tarefa de editoria com Natália. Como as histórias dos bolsistas e estagiárias fazem ver, as trajetórias de Natália e Julian também estão alinhavadas à história da cadernos pagu em seu aspecto formativo de quadros nos estudos de gênero.

Natália formou-se antropóloga no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Unicamp, sob a orientação de Adriana Piscitelli, tendo o privilégio de assistir às aulas ministradas por Mariza Corrêa sobre família e gênero. Ainda durante a graduação em Ciências Sociais na USP, Natália Corazza Padovani havia sido especialmente impactada pela leitura do artigo de Nadya Araújo Guimarães, “Os desafios da equidade: reestruturação e desigualdades de gênero e raça no Brasil”, publicado em 2002 no dossiê da cadernos pagu, Gênero do Trabalho. O artigo acompanhou toda a pesquisa que a então aluna de graduação desenvolvia em oficinas de trabalho que empregavam mulheres em situação de prisão no Estado de São Paulo. Mas no mesmo número 17-18 da revista estava impresso, ainda, outro artigo que iria acompanhar Natália tanto na sua formação discente como nas disciplinas por ela ministradas dentro da linha de Estudos de Gênero do PPGAS e do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, também da Unicamp. O artigo de Anne Fausto-Sterling, Dualismos em Duelo, traduzido para o português por Plínio Dentzien e publicado na revista cadernos pagu significou um marco na mudança de paradigma dos estudos de gênero e sexualidade que influenciaram as escolhas acadêmicas desenvolvidas posteriormente por Natália Corazza, particularmente durante o mestrado, quando voltou seu olhar para a história da mais antiga penitenciária feminina do estado de São Paulo, por meio do como sexualidades e prazeres foram e eram governados (Padovani, 2010PADOVANI, Natália Corazza. “Perpetuas espirais”: falas do poder e do prazer sexual em trinta anos (1977-2009) na história da Penitenciaria Feminina da Capital. Dissertação (Mestrado em Sociologia), Universidade Estadual de Campinas, 2010 [https://repositorioslatinoamericanos.uchile.cl/handle/2250/1340811 – acesso em: 25 abr. 2023].
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). Natália voltaria a ler Dualismos em Duelo, já durante o doutorado, agora junto com Mariza Corrêa que, por meio da gentileza que caracterizava sua prática docente, fazia alargar ainda mais os horizontes de cada texto e artigo debatido, sempre colocando-os em relação com as pesquisas em andamento nos programas de pós-graduação a que ela atuava. Por meio de sua prática docente Mariza, sempre fez da cadernos pagu um pouco os “nossos cadernos”, levando para a sala de aula o texto de seu então orientando de doutorado, Luiz Henrique Passador, “As mulheres são más: pessoa, gênero e doença no sul de Moçambique” que, por meio de dados de campo sobre feitiçaria e as relações de cuidado e saúde, permitia subverter lógicas de organização familiar e saber médico no contexto urbano de Moçambique.

A editoração e a docência de Mariza Corrêa são grandes inspirações para a continuidade da prática editorial interligada ao modo como a revista cadernos pagu se é capilarizada para cursos formativos dos quadros de estudos de gênero e teorias feministas no Brasil. É inspiração para Natália Corazza, certamente inspira os passos de Julian Simões.

Ainda em 2006, quando Julian cursava o segundo ano da graduação em ciências sociais na Universidade Estadual Paulista (UNESP), descobriu efusivo a existência de um periódico inteiramente destinado aos estudos de gênero. Na ocasião, buscava o instigante artigo de Gabriela Cano (2004)CANO, Gabriela. Amélio Robles, andar de soldado velho: fotografia e masculinidade na Revolução Mexicana. cadernos pagu (22), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2004, pp.115-150. https://doi.org/10.1590/S0104-83332004000100006
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sobre Amélio Robles e sua participação na Revolução Mexicana, que havia sido publicado no dossiê “O gênero da moda e outros gêneros”, organizado por Heloísa Pontes. Dedilhando os artigos que constavam no mesmo número 22, Julian teve seu primeiro contato com o incontornável e clássico texto “‘Gênero’ para um dicionário marxista: a política sexual de uma palavra”10 10 O artigo fora originalmente publicado em língua inglesa no ano de 1991. A tradução de clássicos do pensamento feminista foi uma das práticas da revista e perdurou por vários anos. A aposta se centrava na necessidade de democratização do acesso às discussões e produções do conhecimento feminista visando atender demandas de discentes e demais pessoas interessadas na temática, mas que não tinham domínio nas línguas originais dos artigos. A título de exemplo, dos dez artigos mais citados que foram publicados pela cadernos pagu, 8 são traduções de autoras clássicas dos estudos gênero. Contudo, vale aqui registrar que desde meados dos anos de 2010 a plataforma SciELO não permite que traduções sejam publicadas nos periódicos científicos nela indexados. de Donna Haraway (2004)HARAWAY, Donna. “Gênero para um dicionário marxista: a política sexual de uma palavra. cadernos pagu (22), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2004, pp.201-246. https://doi.org/10.1590/S0104-83332004000100009
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. Desde então, a cadernos pagu ocupou lugar privilegiado em seu processo de formação, seguindo assim durante o mestrado em Antropologia Social e o doutorado em Ciências Sociais, ambos realizados na Unicamp sob orientação de Maria Filomena Gregori, pesquisadora colaboradora do Pagu e professora aposentada do Departamento de Antropologia da Unicamp11 11 Atualmente, Julian também é pesquisador colaborador no Núcleo de Estudos de Gênero Pagu. Além disso, é pesquisador do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade Federal do Paraná e professor do Departamento de Sociologia na área de gênero e sexualidade da mesma universidade. Não é exagero dizer que a cadernos pagu foi um dos principais elementos formativos e formadores em sua trajetória acadêmica e profissional. .

A cadernos pagu segue sendo referência obrigatória para disciplinas e cursos formativos de gênero, bem como para todas que produzem conhecimento feminista, não apenas no contexto nacional brasileiro. Os “nossos cadernos” publicaram textos que representaram viradas epistêmicas no campo. Nas linhas finais deste editorial, salientamos o esforço, a coragem, o pioneirismo e a luta das incansáveis mulheres aqui nominadas e de um sem-número de autoras que contribuíram com publicações durante esses 30 anos da cadernos pagu. Mais uma vez voltamos às inspiradoras reflexões de Mariza Corrêa, uma editora sempre atenta a pensamentos inovadores, uma professora generosa na profusão de seu conhecimento. Em artigo voltado para análise autorreflexiva de sua trajetória dentro das temáticas do feminismo e dos estudos de gênero, a certa altura de suas reflexões, Corrêa (2001) afirma:

Minha trajetória particular nesse percurso do feminismo aos estudos de gênero só ganha sentido, assim, se avaliada num contexto mais geral no qual a articulação entre militância política, pesquisa acadêmica e cenário político-cultural sejam levados em conta. E talvez seja bom lembrar, como antídoto às revisões históricas que acreditam numa imersão suave das feministas no meio acadêmico brasileiro, o mal-estar que, ainda hoje, gera o interesse de pesquisa centrado nas mulheres. Lembro do comentário de um renomado antropólogo brasileiro ao assistir ao meu vídeo de pesquisa sobre a história da antropologia: “Interessante, mas tem muita mulher...” (Corrêa, 2001CORRÊA, Mariza. Do feminismo aos estudos de gênero no Brasil: um exemplo pessoal. cadernos pagu (16), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2001, pp.13-30. https://doi.org/10.1590/S0104-83332001000100002
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:23).

É com muitas mais que seguiremos fazendo a cadernos pagu. Que sejam por mais 30 anos, que seja com muitas mais mulheres. Com muitas mais...

Referências bibliográficas

  • CANO, Gabriela. Amélio Robles, andar de soldado velho: fotografia e masculinidade na Revolução Mexicana. cadernos pagu (22), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2004, pp.115-150. https://doi.org/10.1590/S0104-83332004000100006
    » https://doi.org/10.1590/S0104-83332004000100006
  • CORRÊA, Mariza. A propósito de Pagu. cadernos pagu (1), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 1993, pp.7-18 [https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1677/1659 – acesso em: 25 abr. 2023].
    » https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1677/1659
  • CORRÊA, Mariza. Do feminismo aos estudos de gênero no Brasil: um exemplo pessoal. cadernos pagu (16), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2001, pp.13-30. https://doi.org/10.1590/S0104-83332001000100002
    » https://doi.org/10.1590/S0104-83332001000100002
  • FAUSTO-STERLING, Anne. Dualismos em Duelo. cadernos pagu (17/18), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2001/02, pp.09-79. https://doi.org/10.1590/S0104-83332002000100002
    » https://doi.org/10.1590/S0104-83332002000100002
  • GUIMARÃES, Nadya Araújo. Os desafios da equidade: reestruturação e desigualdades de gênero e raça no Brasil. cadernos pagu (17/18), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2001/02, pp.237-266. https://doi.org/10.1590/S0104-83332002000100009
    » https://doi.org/10.1590/S0104-83332002000100009
  • HARAWAY, Donna. “Gênero para um dicionário marxista: a política sexual de uma palavra. cadernos pagu (22), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2004, pp.201-246. https://doi.org/10.1590/S0104-83332004000100009
    » https://doi.org/10.1590/S0104-83332004000100009
  • MARQUES, Fabrício. Os limites do índice-h. Pesquisa FAPESP, n. 207, 2013, pp.35-39 [https://revistapesquisa.fapesp.br/os-limites-do-indice-h/ - acesso em: 25 abr. 2023].
    » https://revistapesquisa.fapesp.br/os-limites-do-indice-h/
  • PADOVANI, Natália Corazza. “Perpetuas espirais”: falas do poder e do prazer sexual em trinta anos (1977-2009) na história da Penitenciaria Feminina da Capital. Dissertação (Mestrado em Sociologia), Universidade Estadual de Campinas, 2010 [https://repositorioslatinoamericanos.uchile.cl/handle/2250/1340811 – acesso em: 25 abr. 2023].
    » https://repositorioslatinoamericanos.uchile.cl/handle/2250/1340811
  • PADOVANI, Natália Corazza; SIMÕES, Julian; FELTRIN, Rebeca. Bastidores da produção do conhecimento feminista, a nova seção da cadernos pagu. cadernos pagu (65), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2022. https://doi.org/10.1590/18094449202200650000
    » https://doi.org/10.1590/18094449202200650000
  • PASSADOR, Luiz Henrique. “As mulheres são más”: pessoa, gênero e doença no sul de Moçambique. cadernos pagu (35), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp Cadernos Pagu, 2010, pp.177-210. https://doi.org/10.1590/S0104-83332010000200007
    » https://doi.org/10.1590/S0104-83332010000200007
  • PISCITELLI, Adriana. Apresentação. cadernos pagu (01), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 1993, pp.5-6 [https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1676/1658 – acesso em: 25 abr. 2023].
    » https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1676/1658
  • 1
    Beth Lobo, a que se referia Mariza Corrêa, era a Professora Elisabeth de Souza-Lobo que, entre outros motivos, se destacou por seus importantes trabalhos articulando, gênero, classe, trabalho e resistência. Em 1991, à época da constituição do Centro de Estudos de Gênero, hoje denominado, Núcleo de Estudos de Gênero, Beth era professora visitante na Unicamp e foi umas principais incentivadoras da criação do núcleo. Faleceu, no mesmo ano, em um acidente de carro no nordeste do país. Já Mara Lobo é um dos muitos nomes utilizados por Patrícia Galvão em seus escritos para vários veículos de comunicação. É exatamente nesse fictício e poético parentesco entre ambas que vemos as redes de apoio e afeto do pensamento e prática feminista. A biblioteca do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu leva o nome de Biblioteca Beth Lobo como forma de celebrar a vida e a obra de Elizabeth de Souza-Lobo. A biblioteca, como também não poderia deixar de ser, conta com os acervos Beth Lobo e Mariza Corrêa, compostos pelas obras das bibliotecas pessoais das duas autoras.
  • 2
    O índice tem por objetivo, segundo Marques (2013)MARQUES, Fabrício. Os limites do índice-h. Pesquisa FAPESP, n. 207, 2013, pp.35-39 [https://revistapesquisa.fapesp.br/os-limites-do-indice-h/ - acesso em: 25 abr. 2023].
    https://revistapesquisa.fapesp.br/os-lim...
    , avaliar ao mesmo tempo a produção e o impacto do trabalho de uma pesquisadora tendo por base seus artigos mais citados. Esse mesmo mecanismo, continua explicando o autor, foi expandido para avaliar grupos de pesquisa e revistas científicas
  • 3
    O índice-h5 diz respeito aos últimos cinco anos de publicação realizadas pelo periódico. Segundo a tabela disponibilizada pelo Google Acadêmico em língua portuguesa, os dados atuais correspondem ao quinquênio de 2017-2021. O valor do índice-h5 28 atribuído à cadernos pagu foi obtido por uma reconhecida e importante ferramenta utilizada para cálculos de métrica chamada “Publish or Perish”. Para ver a tabela de principais publicações acessamos, no dia 24 de fevereiro de 2023, o seguinte endereço: https://scholar.google.com.br/citations?view_op=top_venues&hl=pt-BR&vq=pt
  • 4
    Processo CNPq - 407486/2022-4, chamada 12/2022; processo FAEPEX – 2015/22 – Edital Especial 10/2021 Apoio a Periódicos Científicos da UNICAMP. Salientamos, ainda, que o Portal de Periódicos da Unicamp também contribui com a busca constante de indexar os periódicos nele hospedados, e a revista se beneficia disso ampliando sua indexação em novas bases. Ver: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ppec/ - acesso em: 09 mar. 2023.
  • 5
    A composição do comitê editorial da revista é rotativa, mudando ao longo dos trinta anos de sua existência. Os nomes da maior parte das integrantes dos comitês podem ser consultados nos números impressos da revista, bem como na página da SciELO [https://www.scielo.br/journal/cpa/about/#editors - acesso em: 03 mar. 2023], onde estão registradas as formações atuais do comitê e do conselho editoriais.
  • 6
    Ver https://www.scielo.br/journal/cpa/about/#instructions - acesso em: 03 mar. 2023.
  • 7
    Conforme informações no site do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp, a bolsa é destinada a discentes de graduação, independente do seu ano de ingresso. O critério para a concessão da bolsa é socioeconômico, por meio de participação no processo seletivo anual. Nessa modalidade de bolsa, a aluna contemplada deve realizar atividades em projetos dentro de diversas áreas da universidade, sempre com a orientação de profissionais nas áreas de competência, professores das unidades da Unicamp, coordenadores e outros profissionais. Atualmente, a cadernos pagu conta com as bolsistas Letícia Condota Kuasne; Mariana Rodrigues Martins e João Pedro Cabral da Silva.
  • 8
    Em comunicações informais, Iara Beleli sempre insiste no fato de considerar ser a atividade editorial de uma revista intimamente relacionada à prática pedagógica. Iara assim a considera não somente por ser a publicação de artigos uma das principais formas de avaliação a que programas de pós-graduação estão submetidos, mas também porque editar uma revista implica em produzir diálogo com autores e trabalhos em processo de elaboração. Implica em aprender a acolher demandas pedagógicas e, também, acolher, nos corredores da revista, alunos de graduação e pós-graduação que passam a atuar no periódico como parte de seu aprendizado profissional.
  • 9
    Jonatan é orientado por Maria Conceição da Costa, pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos de Gênero Pagu. Luiza Hortelan foi orientada por Adriana Piscitelli, pesquisadora permanente do Núcleo. Tanto Jonatan quanto Luiza foram orientados em pesquisas de iniciação científica pela também pesquisadora permanente Iara Beleli.
  • 10
    O artigo fora originalmente publicado em língua inglesa no ano de 1991. A tradução de clássicos do pensamento feminista foi uma das práticas da revista e perdurou por vários anos. A aposta se centrava na necessidade de democratização do acesso às discussões e produções do conhecimento feminista visando atender demandas de discentes e demais pessoas interessadas na temática, mas que não tinham domínio nas línguas originais dos artigos. A título de exemplo, dos dez artigos mais citados que foram publicados pela cadernos pagu, 8 são traduções de autoras clássicas dos estudos gênero. Contudo, vale aqui registrar que desde meados dos anos de 2010 a plataforma SciELO não permite que traduções sejam publicadas nos periódicos científicos nela indexados.
  • 11
    Atualmente, Julian também é pesquisador colaborador no Núcleo de Estudos de Gênero Pagu. Além disso, é pesquisador do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade Federal do Paraná e professor do Departamento de Sociologia na área de gênero e sexualidade da mesma universidade. Não é exagero dizer que a cadernos pagu foi um dos principais elementos formativos e formadores em sua trajetória acadêmica e profissional.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    Maio 2023
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