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"Uma inteligência cultivada com esmero": As narrativas de Domingo Faustino Sarmiento sobre o Imperador D. Pedro II

‘A Carefully Cultivated Intelligence’: Domingo Faustino Sarmiento’s Narratives about Emperor Pedro II

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a aproximação de Domingo Faustino Sarmiento com o Império brasileiro e, especialmente, com D. Pedro II em 1852, no contexto final da Guerra contra Rosas. O escritor argentino viajou para o Brasil logo após a batalha de Monte Caseros, em fevereiro de 1852, momento no qual o então governante da Confederação Argentina foi vencido pelo exército do entrerriano Justo José de Urquiza a partir de uma aliança firmada com o Brasil. Essa experiência foi relatada por meio de documentos epistolares publicados na obra Campaña en el Ejército Grande Aliado de Sud-América. Por meio desta reflexão, procura-se demonstrar algumas aproximações entre o Brasil e os países vizinhos através da análise dos relatos de um ator social considerado relevante no cenário geopolítico regional de meados do século XIX. É possível observar que neste contexto, Domingo Faustino Sarmiento demonstrou interesse na construção de uma imagem pessoal positiva por meio de um discurso de reconciliação com o Brasil.

Palavras-chave:
Domingo Faustino Sarmiento; documentos epistolares; D. Pedro II

Abstract

The aim of this article is to analyze Domingo Faustino Sarmiento’s approach to the Brazilian empire and especially to Pedro II in 1852, in the final context of the war against Juan Manuel de Rosas. The Argentine writer traveled to Brazil just after the battle of Monte Caseros in February 1852, when the then ruler of the Argentine Confederation was defeated by the army of Justo José de Urquiza based on an alliance signed with Brazil. In this context Sarmiento placed great emphasis on his encounter with the Brazilian emperor. This experience was reported through epistolary documents published in Campaña en el Ejército Grande Aliado de Sud-América. We seek here to demonstrate some approximations between Brazil and neighboring countries by analyzing the reports of a social actor considered relevant in the regional geopolitical scenario of the mid-nineteenth century. It can be observed that in this context Domingo Faustino Sarmiento showed interest in building a positive personal image through a discourse of reconciliation with Brazil.

Keywords:
Domingo Faustino Sarmiento; epistolary documents; D. Pedro II

Introdução

Diversos historiadores escreveram sobre as dificuldades em mapear as relações entre as Américas de língua espanhola e portuguesa e, principalmente, em pesquisar os momentos de confluências e identidades entre elas. O distanciamento cultural e político que esteve no cerne da formação histórica dessas regiões, bem como a constatação de que, em diferentes contextos, o Brasil teve os olhos voltados para outros continentes, são alguns dos argumentos que já foram bastante utilizados e hoje são questionados como explicações definitivas (Ferreira, 2006FERREIRA, Gabriela Nunes. O Rio da Prata e a consolidação do Estado Imperial. São Paulo: Hucitec, 2006.; Mäder, 2006MÄDER, Maria Elisa Noronha de Sá. Civilização e barbárie: a representação da nação nos textos de Sarmiento e do Visconde do Uruguai. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2006.; Prado, 2013PRADO, Maria Lígia Coelho. O Brasil e a distante América do Sul. S/l; S/d [online]. Disponível em <https://repositories.lib.utexas.edu/bitstream/handle/2152/4101/prado.pdf?sequence=2>. Acesso em: junho 2013.
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).

As historiografias nacionais fizeram uso de uma retórica da alteridade que apagou, em certa medida, as conexões históricas entre as américas de língua portuguesa e espanhola. Como pontuou Gruzinski (2003)GRUZINKI, Serge. O historiador, o macaco e a centaura: a "história cultural" no novo milênio. Estudos Avançados [on-line], v. 17, n. 49, p.321-342, 2003. ISSN 0103-4014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590 /S0103-40142003000300020>. Acesso em: 05 jun. 2013.
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a partir da noção de connected histories, é preciso pensar para além das dualidades e das contraposições, pois as histórias são múltiplas, estão ligadas e se comunicam. Contrariando a tese do distanciamento cultural, neste texto será demonstrado como o Império brasileiro e seu Imperador, D. Pedro II, constituíram um dos temas de interesse de Domingo Faustino Sarmiento e sobre o qual ele escreveu, em diferentes ocasiões. Se por um lado esse interesse não implica em uma aproximação por via das instituições legalmente constituídas, por outro lado indica uma aproximação cultural importante de ser mapeada por demonstrar a complexidade das relações sociais entre as duas Américas.

Sarmiento foi autor de uma vasta produção escrita ao longo do século XIX, formada por livros, artigos, cartas, discursos, entre outros documentos, dentre as quais se inscrevem obras canonizadas no pensamento intelectual latino-americano. Também foi identificado por muitos estudiosos como principal difusor da matriz referencial "civilização/barbárie", cunhada em 1845 na publicação de Facundo o Civilización y Barbarie.1 1 A expressão civilização/barbárie data da Antiguidade clássica greco-romana. Foi ressignificada no contexto da conquista da América se estendendo por todo o período colonial. No século XVIII, na Europa ilustrada, a palavra civilização, conforme Jean STAROBINSKI (2001, p.17), foi empregada para designar, entre outros significados "não mais um processo mais um estado de cultura e equipamento material". Durante os processos de independência da América ibérica, a expressão fez parte do vocabulário político dos grupos letrados do continente que se embrenharam na tentativa de interpretar o contexto político de suas regiões. Sarmiento foi um dos grandes intérpretes dessa sentença. Atuou como escritor e ocupou diferentes cargos políticos, tanto durante o período em que permaneceu exilado no Chile, entre 1840 e 1855, como também após o regresso à sua terra natal, ao longo do contexto de formação do estado nacional argentino (Botana, 1984BOTANA, Natalio. La tradición republicana: Alberdi, Sarmiento y las ideas políticas de su tiempo. Buenos Aires: Sudamericana, 1984.; Mäder, 2006MÄDER, Maria Elisa Noronha de Sá. Civilização e barbárie: a representação da nação nos textos de Sarmiento e do Visconde do Uruguai. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2006.; Paltí, 2009).

Sarmiento esteve pela primeira vez no Brasil em 1846 quando, exilado no Chile, foi contratado pelo governo deste país para realizar uma pesquisa acerca dos sistemas educacionais e de colonização em alguns países europeus e nos Estados Unidos. Antes de cruzar o oceano em direção à Europa, fez uma parada no Rio de Janeiro onde permaneceu por dois meses.

Ainda durante o período de exílio no Chile, Sarmiento retornou ao Rio de Janeiro, atracando nesta cidade em 12 de março de 1852. Diferentemente de 1846, agora não somente como autor do recém-lançado Facundo, mas de diversas obras como De La Educación Popular, Recuerdos de Província, Argirópolis e Viajes por Europa, África y América.

Essa segunda viagem ocorreu logo após a batalha de Monte Caseros, em fevereiro de 1852, na qual Juan Manuel de Rosas,2 2 Juan Manuel de Rosas foi governador da Província de Buenos Aires entre 1829 e 1832 e assumiu pela segunda vez essa função em 1835, permanecendo no poder até 1852. Para maiores detalhes sobre esse contexto ver Chiaramonte, 2009; Goldman e Salvatore, 2005; Lynch, 2001. então governante da Confederação Argentina, foi vencido pelo exército do entrerriano Justo José de Urquiza, a partir de uma aliança firmada com o Brasil. Após um desentendimento com Urquiza, Sarmiento se dirigiu ao Brasil, com o objetivo de aguardar por uma embarcação que o levasse de regresso ao Chile. Neste interim, se encontrou com D. Pedro II e outras personalidades políticas brasileiras, além de percorrer parte do Rio de Janeiro e de Petrópolis. A intenção deste artigo é analisar como Sarmiento descreveu o Brasil na viagem realizada em 1852, especialmente o seu encontro com D. Pedro II, tema para o qual deu grande ênfase na ocasião. Esta reflexão tem como propósito demonstrar a existência de aproximações culturais entre o Brasil e a Argentina por meio do interesse de atores sociais considerados relevantes no cenário geopolítico regional de meados do século XIX.

Para analisar as impressões de Sarmiento acerca do Brasil em 1852 foram utilizados dois conjuntos documentais: sua produção sobre a Batalha de Monte Caseros, registrada na obra Campaña en el Ejército Grande Aliado de Sud-América e as correspondências trocadas entre o argentino e brasileiros que ocuparam posições de destaque na campanha ou que atuaram como funcionários do Império, a exemplo de Paulino José Soares de Sousa (o futuro Visconde do Uruguai) e Honório Hermeto Carneiro Leão, tanto no contexto da Batalha de Monte Caseros, como logo posteriormente a ela, no período em que Sarmiento esteve na capital do Império.

A batalha mais memorável que registram os anais Sul-Americanos

Em março de 1852, Domingo Faustino Sarmiento escreveu sobre a experiência de assistir a uma ópera ao lado do Imperador e da corte brasileira. Segundo ele, "não sem grande estupefação" observavam sua presença ao lado do sobrinho e do irmão de Juan Manuel de Rosas, também exilados nos trópicos. De acordo com o autor, D. Pedro II e o público do teatro "não conseguiam decifrar aquele enigma vivo, exposto ante seus olhos".3 3 SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.52. Os textos e as fontes em espanhol foram livremente traduzidos pela autora deste artigo.

Para Sarmiento, era desconcertante estar ao lado dos familiares daquele que até alguns dias atrás era declaradamente o seu maior inimigo. Sarmiento se referiu a esse episódio como "uma lição das raras vicissitudes da política argentina".4 4 SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.52. A história do encontro entre Sarmiento e a família real teve início em 1852 quando, após um longo período de exílio no Chile, o argentino se uniu ao Ejército Grande Aliado Libertador, força composta por tropas brasileiras (lideradas por Caxias), uruguaias, correntinhas e entrerrianas (lideradas por Justo José de Urquiza), contra o exército da Confederação Argentina, comandado por Juan Manuel de Rosas.

Neste episódio, Sarmiento foi incorporado ao exército como Tenente Coronel e Oficial do Estado Maior, exercendo a função de boletinero e como tal, deveria narrar os eventos bélicos, produzindo os boletins relacionados à Campanha. Os textos elaborados a partir dessa experiência foram publicados na obra Campaña en el Ejército Grande Aliado de Sud-América.

As referências ao Brasil neste contexto, já aparecem nas cartas escritas no momento em que Sarmiento estava em Montevidéu, antes de se unir às tropas de Urquiza. Campaña del Ejército Grande Aliado de Sud-América, se caracteriza como um texto fronteiriço quanto ao gênero, devido à variedade discursiva que o constitui. Nele, Sarmiento registrou sua experiência na campanha contra Rosas, narrando desde a saída do Chile, na companhia de Wenceslau Paunero, Bartolomé Mitre e outros exilados argentinos, passando pelas batalhas, negociações e decepções que teve com Urquiza, até sua estadia no Rio de Janeiro, após a derrocada de Rosas. O livro é formado por cartas oficiais e privadas de diversos remetentes, alguns boletins que redigiu no front, conversas, artigos de periódicos, o diário de campanha, entre outros documentos. "Uma rapsódia [...]: uma junção de modalidades discursivas diversas, que se unem sem necessidade nem conexão forçosa" (Amante, 2012AMANTE, Adriana. Sarmiento el boletinero: del diario de campaña al libro de vistas y paisajens: In: JITRIK, Noé (Dir.). História crítica de la literatura argentina: Sarmiento. Buenos Aires: Emecé, v. 4, p.181-212, 2012., p.187).

A publicação de Campaña se insere em um projeto autobiográfico mais amplo de Sarmiento, estruturado conjuntamente a um projeto de nação, no qual se percebe um grande empenho por parte do escritor argentino na construção de uma imagem positiva de si, elemento que também foi evidenciado nas correspondências produzidas no Rio de Janeiro, sobretudo na forma como descreveu seu encontro com o Imperador D. Pedro II.

Sarmiento era o boletinero, atividade que realizou por meio de uma imprensa volante que acompanhava as tropas dos aliados. Os boletins trataram a campanha como epopeia, incitando os leitores por meio da descrição de pormenores. Eram traçadas as estratégias do inimigo e das tropas aliadas, mas com determinados artifícios narrativos que inflamavam e instigavam o imaginário dos soldados. O autor exagerava, aumentando o poder dos pares e diminuindo a capacidade de fogo do inimigo. Relatava detalhes referentes às condições dos chefes, às mazelas vivenciadas pelas tropas, às deserções e mortes, à fartura ou escassez de recursos ou omitia informações. De acordo com Sarmiento, sua participação se deu de forma dupla, pois arrastou "do Pacífico ao campo de batalha aquela imprensa do Chile".5 5 O autor se refere aqui a sua intensa atuação como periodista no Chile. SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.51. Na redação de alguns boletins, contou com a ajuda de Bartolomé Mitre, um dos chefes da artilharia. Teve auxílio ainda de um desenhista, um litógrafo, um empreiteiro, dois tipógrafos e um oficial.

Campaña está dividida em três partes distintas e autônomas. O testemunho dos acontecimentos e a posição política do autor deram o fio condutor à narrativa. A primeira parte recebeu o título Ad Memorandun e foi publicada no Rio de Janeiro em 1852. O restante, publicado inicialmente no Chile, foi também reproduzido na Argentina no periódico El Nacional. O Ad Memorandum constitui, de acordo com o autor, um "labirinto de fragmentos". O texto faz referência aos antecedentes históricos da campanha e inclui informações publicadas em periódicos de Santiago e uma série de cartas trocadas entre 1848 e 1852 entre Sarmiento e diversos interlocutores envolvidos na luta contra Rosas, até o momento em que informou a Urquiza sobre sua partida para o Rio de Janeiro e de lá para o Chile.6 6 Campaña foi editada a partir de três entregas realizadas pelo seu autor. As duas primeiras foram impressas no Brasil, sendo que a primeira foi concretizada no Rio de Janeiro após ser organizada em Petrópolis. A terceira entrega foi feita no Chile.

A segunda parte, formada pelo prólogo, consiste em uma apresentação e uma carta enviada a Bartolomé Mitre do Rio de Janeiro. Este segmento, de acordo com o autor, tem o propósito de "colocar ordem por escrito às minhas últimas reminiscências".7 7 SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.47. Neste intervalo da obra também constam os boletins escritos durante a Campanha, sendo que dos 26 somente o terceiro e o vigésimo foram inseridos integralmente no livro pelo autor na ocasião da publicação.8 8 Sarmiento não incluiu no livro todos os boletins escritos durante a Campanha contra Rosas. Seu neto, Augusto Belín Sarmiento, editor das Obras Completas, intercalou os boletins que não haviam sido inseridos originalmente.

Na terceira parte, Sarmiento descreveu a campanha militar contra Rosas, com base em um caderno de bolso que carregou durante o conflito, onde anotava os pormenores e impressões relacionadas às suas observações. Na advertência ao leitor, reivindicou sua posição de testemunha ocular para narrar os acontecimentos: "[...] com relação à verdade dos feitos, não admito testemunho contrário a não ser dos que estiveram olhos e pernas e braços na realização dos atos".9 9 SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.61. Neste sentido, justificou o autor, "eu vi, eu ouvi, eu fiz".10 10 SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.61. Sarmiento sabia que a memória de tais eventos só poderia ser conhecida por meio da narrativa. A responsabilidade e fidedignidade relacionada a tal escrita, ele outorgou para si com o argumento de que a verdade se consolidava a partir da experiência, do testemunho dos acontecimentos buscando, dessa forma, legitimar seu ponto de vista.

O diário, em algum momento da campanha, caiu nas mãos de Rosas, sendo recuperado depois pelo seu autor. Esse documento foi a base da terceira parte de Campaña, embora alguns itens tenham sido suprimidos, ampliados ou alterados. Detalhes anteriormente negados ou omitidos nos boletins foram citados. De acordo com Sarmiento, "este meu nomeado diário da campanha no exército grande tem por objeto dar conta a meus amigos dos feitos a que se refere como das coisas que os produziram, e dos resultados que deve e dará o triunfo de Monte Caseros".11 11 SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.51.

A Batalha de Monte Caseros foi o ápice da guerra, um dos últimos e mais importantes conflitos. Sarmiento narrou essa batalha no Boletim Número 26, escrito com a colaboração de Bartolomé Mitre. Foi agregado posteriormente ao livro nas Obras Completas. O contexto relativo a esse episódio, à queda de Rosas e à participação de Sarmiento nesta conjuntura, é bastante amplo e engloba elementos que combinam a trajetória individual (e neste ponto uma determinada maneira de entender a política e a sociedade) e as configurações que envolveram o Brasil, a Confederação Argentina e a Banda Oriental.

Em fevereiro de 1852, Rosas foi derrotado na Batalha de Monte Caseros, episódio minuciosamente descrito em Campanã e, para Sarmiento, "a batalha mais memorável que registram os anais sul-americanos".12 12 SARMIENTO, Domingo Faustino. Boletín Número 26. In: Campaña en el Ejército Grande, Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.176. Neste texto, o argentino enfatizou a permanência das "bandeiras de duas nações vizinhas", da República Oriental e do Brasil. Sobre este último país, afirmou: "O senhor brigadeiro Marquez, chefe do centro e das forças brasileiras, deu um dia de glória a sua pátria, incorporando um novo triunfo a sua frente e adquirindo o respeito e a gratidão de seus aliados".13 13 SARMIENTO, Domingo Faustino. Boletín Número 26. In: Campaña en el Ejército Grande, Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.179.

Ao longo de sua atuação como boletinero, Sarmiento se desentendeu com Urquiza e passou a reprovar suas ações, sobretudo por meio de Campaña. Nesta obra, Sarmiento questionou sua legitimidade e o representou como a reencarnação de Rosas. Teceu diversas acusações, enfatizou que o líder do Ejército Grande agiu como um assassino, matando um prisioneiro de guerra após negociar com ele. Tais acusações se generalizaram, proporcionando diversas posições de reprovação a Urquiza. Em Campaña, a guerra continuou mesmo após a queda de Rosas pois, para Sarmiento, Urquiza representava a continuidade. O entrerriano se transformou, na narrativa sarmientina, no novo caudilho representante da bárbarie.

Para muitos argentinos exilados, a queda de Rosas representou um momento de re(fundação) da nova ordem política, comparável à independência (Ricupero, p.240, 2007RICUPERO, Bernardo. As nações do romantismo argentino. In: PAMPLONA, Marco Antonio; MÄDER, Maria Elisa (Orgs.). Revoluções de independências e nacionalismos nas Américas: região do Prata e Chile. São Paulo: Paz e Terra, p.215-250, 2007.). Representou ainda a possibilidade de retorno à pátria, mas não para Sarmiento, que decidiu pela continuidade do exílio no Chile. Sarmiento lamentou e fez um novo prognóstico em relação ao retorno à sua terra natal. "Até o ano 52 me havia dito. Em boa hora, será até o 56".14 14 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Sem indicação de data e local. In: MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.56. Quanto ao Brasil, a vitória dos aliados em 1852 foi um passo importante para a restauração de sua capacidade interventora no Rio da Prata (Ferreira, 2006FERREIRA, Gabriela Nunes. O Rio da Prata e a consolidação do Estado Imperial. São Paulo: Hucitec, 2006., p.170). Após esse confronto, Sarmiento viajou pela segunda vez para o Rio de Janeiro, local onde permaneceu durante algumas semanas. Esse conjunto de fatores alimentaram a forma como Sarmiento entendeu e descreveu o Brasil em sua segunda viagem.

A América jamais viu massa de homens mais disciplinados: a participação do Brasil no conflito

Sarmiento teceu vários comentários em suas correspondências sobre a participação brasileira no contexto da guerra contra Juan Manuel de Rosas. Em uma das cartas publicada em Campanã, o escritor argentino forneceu diversas descrições relacionadas ao cotidiano e ao cenário observado naquele contexto de conflito na região platina, bem como às dificuldades pelas quais passaram os componentes do exército rosista, os detalhes sobre as cidades pelos quais passou, a presença de italianos, os rios que forneciam grande variedade de peixes, o "bom gosto" que reinava "no vestir das senhoritas e nos modos cultos e desembaraçados que só se notam nas grandes capitais". Em seguida, explicou sobre sua passagem por Colônia, "teatro das últimas matanças da guerra civil no Estado Oriental", local onde informou estar acampado "o conde de Caxias", com doze mil homens.15 15 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem identificação do destinatário. Montevidéu, 05 nov. 1851. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.69-70. Nesta mesma correspondência, enalteceu as tropas e justificou a união contra o inimigo comum:

A América não viu jamais massa de homens mais numerosa; infantaria mais disciplinada e valente, cavalaria mais brilhante. A tirania mais célebre, mais espantosa dos tempos modernos será conduzida ao túmulo por quarenta mil homens em armas, pelas províncias argentinas, o Estado Oriental devastado, o Brasil ameaçado, e os exércitos do mesmo tirano, que vão a pedir-lhe conta das devastações que os têm forjado a fazer em dez anos.16 16 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem identificação do destinatário. Montevidéu, 05 nov. 1851. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.73.

Em Campaña, Sarmiento se referiu a uma visita feita ao Ministro Plenipotenciário do Brasil, Honório Hermeto Carneiro Leão. Na ocasião, Leão manifestou o desejo de vê-lo "nos termos que um personagem sabe fazê-lo, sem descender e sem fazer sentir sua superioridade." Segundo Sarmiento, Carneiro Leão trouxe para ele ver os tratados secretos celebrados com Urquiza e o governo de Montevidéu "para mostrar-me como estavam em harmonia com os interesses, integridade, honra e glória da República Argentina, e as ideias econômicas sobre navegação dos rios que me havia constituído órgão".17 17 Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.73. Neste momento, Sarmiento era uma pessoa pública, sua escrita possuía um tom de autoridade, sua opinião era valorizada em meio a uma guerra envolvendo os três países, não somente por ser ele um dos mais conhecidos inimigos declarados de Rosas, mas certamente por ser o escritor mais combativo, fator demonstrado alguns anos antes com a publicação de Facundo. O escritor, por sua vez, fez questão de citar as autoridades brasileiras que estavam no local e a relação que estabeleceu com o grupo, enfatizando a confiança depositada em sua pessoa, ênfase esta característica de uma personalidade nada modesta.

Após esse episódio, o Ministro Honório Leão se dirigiu a Sarmiento e reclamou do conteúdo do seu texto publicado no Boletim Número 26, afirmando que este não fazia jus à participação dos soldados brasileiros. Leão enfatizou o olhar testemunhal de Sarmiento, que havia presenciado o desempenho dos brasileiros na Campanha. De acordo com as correspondências de Honório Leão, Sarmiento se justificou por meio de uma missiva, datada de 15 de fevereiro de 1852, na qual informou que não haviam lhe dado a liberdade de escrever exatamente o que ocorreu em Caseros. Nesta carta, o sanjuanino descreveu os pormenores do conflito, contando como havia se reunido com a coluna oriental. Explicou que dois batalhões brasileiros seguiam as tropas de Urquiza, sob as ordens do brigadeiro Marques, com o objetivo de reforçar as demais colunas que deveriam adentrar a casa de Rosas, a qual se encontrava fortificada. Enquanto o batalhão oriental atacou frontalmente, os batalhões brasileiros formaram a retaguarda, "de maneira que algumas das colunas de ataque orientais encontraram já cadáveres de soldados brasileiros em seu trânsito".18 18 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Honório Hermeto Carneiro Leão. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, v. 291, p.5, abr.-jun. 1971.

Ainda em fevereiro de 1852, o sanjuanino escreveu para Urquiza informando que, mediante a permissão obtida para regressar ao Chile, se dirigiria para o Rio de Janeiro a fim de tomar uma embarcação em direção ao Pacífico. Disse ainda: "Aceleram esta resolução a linguagem e os propósitos da proclamação que circulou ontem", que orientava para o uso de um distintivo vermelho. Mediante tal anúncio, Sarmiento atestou sua intenção decidida de não se submeter ao uso de um cinto vermelho, por repugnar suas convicções e "desdizer" dos seus "honoráveis antecedentes".19 19 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Justo José de Urquiza. Buenos Aires, 23 fev. 1852. In: SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.45.

A recusa do escritor em relação ao uso de tal artefato se deve ao fato de que Juan Manuel de Rosas também havia exigido o uso de objeto semelhante aos moradores a Confederação Argentina, como símbolo de respeito à ordem estabelecida. Para Sarmiento, a vitória de Caseros significou, em um primeiro momento, a ruptura com o sistema vigente e a exigência do uso do distintivo por parte de Urquiza novamente trazia à cena uma das ações mais criticadas pelos opositores em relação ao governo rosista.

Para Sarmiento esta, entre outras atitudes de Urquiza, representou um "feito pessoal" e tal situação definia como perdida a esperança de um regresso definitivo do escritor à sua pátria, como ele mesmo apontou. O escritor se decepcionou com Urquiza, que para ele se lançou em uma "escabrosa senda", deixando se dissipar "a glória que por um momento se havia reunido em torno de seu nome".20 20 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Justo José de Urquiza. Buenos Aires, 23 fev. 1852. In: SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.45.

De acordo com Honório Leão, o sanjuanino pediu que lhe proporcionasse refúgio e passagem em um navio da esquadra brasileira, ao que Leão atendeu. "Prestei-lhe o favor pedido, mandando que fosse recebido no vapor que me devia trazer a essa cidade. Veio comigo nesse vapor e daqui seguiu para o Rio de Janeiro a tomar aí passagem em algum vapor da escala do Chile",21 21 LEÃO, Honório Hermeto Carneiro. Carta para Paulino José Soares de Sousa. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, v. 291, p.3-14, abr.-jun. 1971. p.5-6. explicou o Ministro. Assim, em 25 de fevereiro de 1852, os dois partiram, primeiramente a bordo do Recife para Montevidéu, passando em seguida para o Prince, com destino ao Rio de Janeiro.

Em 12 de março de 1852, Sarmiento chegou ao Rio de Janeiro, neste momento não somente como autor do conhecido Facundo, mas de diversas obras que receberam atenção do público leitor, como De La Educación Popular, Recuerdos de Província, Argirópolis e Viajes por Europa, África y América.

Durante o período em que permaneceu na capital do Império, entre março e abril de 1852, Sarmiento escreveu várias correspondências, sobretudo para seu amigo Bartolomé Mitre. Entre notícias e comentários referentes aos acontecimentos no Prata, ele também registrou suas impressões sobre o Brasil e sobre D. Pedro II.

Sua permanência durante várias semanas no Rio de Janeiro foi justificada em suas cartas como sendo necessária em vista dos acontecimentos de Montevidéu, já que do Rio de Janeiro poderia ter uma visão mais próxima dos eventos por se relacionar com pessoas interessadas e envolvidas com as questões políticas do Prata.

As mais gratas recordações: sarmiento e D. Pedro II

Em correspondência enviada para Antonio Aberastain, Sarmiento explicou que sua residência forçada na corte estava sendo empregada de maneira proveitosa já que poderia observar aspectos da sociedade brasileira, como a política, sobre a qual concluiu que era "muito ilustrada" e "muito conforme nossos interesses reais e duradouros", mas se encontrava "frustrada como nós" dos esforços e sacrifícios "imensos que tem feito", já que, de acordo com o parecer do autor, o Brasil sentia necessidade, cada dia mais de se apoiar no Rio da Prata como única garantia de paz.22 22 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. Cópia de Olga Ottolenghi. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.

A Mitre, enfatizou que a questão do Rio da Prata chamou a atenção do governo brasileiro para a história, os costumes, os homens e as coisas da Argentina. Argumentou também que, se anteriormente o espírito guerreiro argentino ou a desconfiança suscitada pelas intrigas, descortesias, trapaçarias e querelas de Rosas haviam criado uma experiência negativa, inspirando temor, "se sucedeu o respeito pelo caráter moral de que deram mostras tanto os que combateram a tirania e em homenagem às luzes e inteligência de nossos escritores e homens de estado".23 23 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.53.

Sarmiento chegou ao Rio de Janeiro portando uma carta do agente Plenipotenciário do Brasil no Prata, Honório Hermeto Carneiro Leão, o apresentando a Paulino José Soares de Sousa, então Ministro dos Negócios Estrangeiros (futuro Visconde de Uruguai). Na correspondência, Honório posicionou o argentino dizendo que ele estava insatisfeito com Urquiza e que o havia dissuadido de uma conspiração em Buenos Aires. Solicitou ao Ministro que o apresentasse ao Imperador, a partir da seguinte justificativa: "Como o Dr. Sarmiento acompanhou a Urquiza na sua campanha além do Paraná, pode instruir a vossa excelência e a sua majestade, o Imperador, que estou certo gostará de o ouvir". Também emitiu um parecer sobre Sarmiento: "Há no Dr. Sarmiento alguma coisa de poesia, mas, dado esse desconto, e reduzida a importância que ele crê ter, há nele muito a aproveitar".24 24 LEÃO, Honório Hermeto Carneiro. Carta para Paulino José Soares de Sousa. Sem indicação de local e data. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.6-7.

Sarmiento, por sua vez, também escreveu a Paulino José Soares de Sousa: "Sabendo que S. M. o Imperador regressou a Petrópolis onde devo passar alguns dias [...] tomo a liberdade de manifestar de novo meu desejo de ser apresentado a S. M. o Imperador, para cujo fim pode me servir uma recomendação de S. Exa. à pessoa da corte que julgue conveniente".25 25 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Paulino José Soares de Sousa. Rio de Janeiro, 16 mar. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.8.

As cartas demonstram que a permanência de Sarmiento nesta cidade esteve relacionada, principalmente, às suas expectativas acerca do encontro com o Imperador do Brasil. Por este motivo, e devido ao medo da febre amarela, epidêmica no litoral carioca na ocasião da viagem do argentino, Petrópolis representou um local propício para aguardar o momento de embarcar em direção ao Chile.26 26 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 22 mar. 1852. In: MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.10-12.

Na carta dirigida a Mitre, Sarmiento narrou momentos do seu encontro com o Imperador D. Pedro II, além das impressões que tal encontro lhe causou. Explicou sentir dificuldades para inserir em poucas linhas "os assuntos variadíssimos daquelas conferências". Disse ter sido recebido pelo Imperador "com uma indulgência e atenção que às vezes o fazia abandonar as formalidades da etiqueta".27 27 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.53. Em outra carta, anotou que o Imperador, além de recebê-lo bem, demonstrou interesse pela Argentina. "Estive com o Imperador, que me recebeu com grande distinção, me fazendo mil perguntas sobre nossas coisas". Sobre o Imperador, acrescentou: "É um raro jovem cheio de moderação, pouco comunicativo para assuntos ordinários, e muito dado hoje ao estudo das letras argentinas, pelas quais se mostra simpático e admirado".28 28 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 22 mar. 1852. In: MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.10-12.

Nestes encontros com D. Pedro II, escreveu Sarmiento, eles pareciam dois estudantes, um deles "entendido e ávido de conhecimentos" e o outro "endurecido nas lutas do pensamento, professor em matérias de imigração, cultivo de seda e da história íntima de seu país".29 29 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.54. Neste trecho da carta, é notório que Sarmiento construiu uma espécie de hierarquia na qual se colocou como professor, pois em sua narrativa ele ensinava, explicava e respondia ao Imperador, tentando sanar suas dúvidas. Esse fator não caracteriza algo novo na trajetória biográfica do escritor argentino. Ao longo de sua vida, tanto antes como depois da Batalha de Monte Caseros, Sarmiento reivindicou o papel de professor e educador, tanto em seus escritos como também em sua atuação profissional.30 30 É possível observar a importância conferida por Sarmiento ao seu papel como educador em seus escritos, como pode ser observado, por exemplo, na autobiografia Recuerdos de Província (1850). Sua trajetória profissional e política também estão vinculadas à essa imagem. No período do exílio, em 1841, Sarmiento inaugurou em Santiago a Escuela Normal de Maestros, da qual foi diretor e organizador designado pelo governo chileno; em 1842, foi nomeado diretor da Escuela Normal de Instrucción Primária, em Santiago. Em outro momento de sua vida, já à frente da Presidência da República Argentina, a partir de 1868, fundou diversos colégios nas províncias de Santa Fé, San Luis, Jujuy, Santiago del Estero, Corrientes e Rosario, bem como o Colégio Militar e a Academia de Ciências de Córdoba, além de investir em diversas melhorias no setor da educação. A preocupação do escritor argentino com a educação formal também pode ser observada a partir do seu epistolário. Em um grande número de correspondências fez referência ao papel prioritário da educação para o desenvolvimento das jovens nações latino-americanas e a sua posição como educador.

Na correspondência à Bartolomé Mitre, explicou que, por temer ser indiscreto, economizou suas visitas ao monarca, mas ainda assim disse ter passado "horas inteiras respondendo a suas perguntas, explicando-lhe as coisas que os escritos não alcançam, dando-lhe notícias sobre o paradeiro de homens cujos nomes lhe interessaram".31 31 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55. Essa é uma recorrência também em outras correspondências do argentino, o ato de se colocar como um orientador, um professor, uma pessoa experiente, capaz de auxiliar àqueles que têm sede de conhecimento. Neste caso, a idade seria um fator a mais, pois Sarmiento contava 41 anos e D. Pedro II tinha 26.

Para demonstrar que D. Pedro II havia apreciado sua companhia, Sarmiento escreveu que o governante brasileiro seguia com interesse o fio de suas ideias, "apoiando cada frase com um movimento de cabeça em sinal de afável assentimento".32 32 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55. Além da concordância com suas colocações, o escritor fez questão de frisar que seu bom humor divertia o Imperador. "Me perguntou se eu havia estudado na Universidad de Buenos Aires e respondi que era doutor montonero, como tantos de nossos generais, o que o fez rir muito".33 33 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 22 mar. 1852. MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.10-12. Interessante notar que o autor da missiva nesta ocasião ou não quis fazer referência ao seu autodidatismo quando questionado pelo Imperador (elemento que não raramente declarava aos seus interlocutores) ou preferiu silenciar esta informação em prol de uma conversa mais descontraída, se é que a conversa realmente ocorreu nestes termos.

De acordo com suas explicações a Mitre, durante os momentos em que esteve com o Imperador este mostrou seu lado privado e não o público. Escreveu ainda: "Pois o Imperador, o homem de Estado é reservadíssimo, muito circunspecto, e ainda desconfiado que o surpreendam com palavras inoportunas, seu pensamento íntimo".34 34 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.54.

Sarmiento também elogiou a formação do Imperador:

A etiqueta [...] regulamenta todas suas ações e a estratégia constitucional, suas palavras e pensamentos; deixando para a vida doméstica seus afetos, e para as gentes de letras, brasileiros ou estrangeiros, estas manifestações de sua inteligência cultivada com esmero.35 35 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55.

Como um dos grandes defensores platinos da educação ilustrada neste período, para o argentino pesou a refinada educação recebida pelo Imperador e seus interesses pelas letras: "O Imperador, jovem de 26 anos, estudioso, e dotado de qualidades de espírito e de coração que o fariam um homem distinto em qualquer posição da vida, se entregou com paixão ao estudo de nossos poetas, publicistas e escritores sobre costumes e caracteres nacionais".36 36 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55. Sarmiento surpreendeu-se com o conhecimento demonstrado pelo Imperador de autores argentinos como Esteban Echeverría, José Mármol, Juan Bautista Alberdi, entre outros. Comentou que o Imperador lhe perguntou se a juventude atual de Buenos Aires tinha o mesmo valor que os escritores exilados, cujos livros conhecia.37 37 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 22 mar. 1852. In: MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.10-12.

Embora a suposta assistência fornecida ao Imperador por Sarmiento respondendo suas perguntas e explicando suas ideias, seja mais recorrente em sua carta, ele comentou que D. Pedro II, por sua vez, também o aconselhou em alguns assuntos, como na escrita de livros.

De acordo com sua narrativa, Sarmiento não comentou com D. Pedro II sobre a obra Viajes, na qual publicou uma "infeliz" carta sobre o Brasil e se sentiu em uma situação embaraçosa quando o imperador brasileiro afirmou conhecer o livro e considerar que os negros haviam chamado demasiada atenção do viajante naquela ocasião. O Imperador teria feito o seguinte comentário se referindo a Viajes: "Se exagerou a influência da raça negra sobre nosso porvir, e sobre nossas instituições".38 38 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.54.

D. Pedro II fazia referência aos comentários elaborados por Sarmiento quando de sua visita ao Brasil em 1846, momento no qual, sob os auspícios do governo chileno, Sarmiento embarcou para uma missão de investigação sobre os sistemas educacionais e de colonização na Europa e nos Estados Unidos. No trajeto, fez uma parada de dois meses no Rio de Janeiro.39 39 Nesta viagem, realizada entre 1845 e 1848, Sarmiento passou por Montevidéu, Rio de Janeiro e, em maio de 1846, desembarcou na Europa, onde conheceu algumas cidades da França, da Espanha, da Itália, da Suíça, da Alemanha e da Inglaterra. Também visitou a Argélia. Após sua passagem pela Europa e África, cruzou o Atlântico em direção aos Estados Unidos. Desembarcou em Nova York em setembro de 1847 e permaneceu por dois meses neste país, retornando a Valparaíso em fevereiro de 1848. Sarmiento retornou ao Chile em 1848 e registrou suas observações em correspondências dirigidas aos mais diversos interlocutores, a maior parte deles também exilados argentinos que viviam no Chile e no Uruguai (Amante, 2010AMANTE, Adriana. Poéticas y políticas del destierro: argentinos en Brasil en la época de Rosas. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2010.). Essas cartas foram publicadas em dois volumes, em 1849 e em 1851, respectivamente, sob o título Viajes por Europa, África e América. Em uma dessas missivas, Sarmiento narrou sua experiência na então capital brasileira (Cicerchia, 2005CICERCHIA, Ricardo. Viajeros. Ilustrados y románticos en la imaginación nacional. Buenos Aires: Troquel, 2005.; Iglesia, 2006IGLESIA, Cristina. Contingencias de la intimidad: reconstrución epistolar de la família del exílio. In: DEVOTO, Fernando; MADERO, Marta (Dir.). História de la vida privada en la Argentina. Tomo I. País antiguo. De la colonia a 1870. Buenos Aires: Taurus, 2006. p.202-223.).

A correspondência na qual descreve sua estadia no Brasil durante a viagem de 1846 caracteriza-se por uma longa descrição, onde o autor tratou de diversos temas relacionados à natureza, à geografia do Rio de Janeiro, a alguns grupos sociais, como os escravos e os imigrantes, à forma de governo e a diferentes aspectos da cultura brasileira.

A natureza certamente foi o elemento privilegiado na narrativa de Sarmiento sobre o Rio de Janeiro, onde adotou o tom do encontro com o maravilhoso, como se ainda fosse o mesmo maravilhoso encontrado por Colombo e Cabral quando da chegada à América, vinculado ao mar, ao sol, à mata, enfim, à paisagem de modo geral (Mäder, 2006MÄDER, Maria Elisa Noronha de Sá. Civilização e barbárie: a representação da nação nos textos de Sarmiento e do Visconde do Uruguai. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2006.; Prado, 1999PRADO, Maria Lígia Coelho. América Latina no século XIX: tramas, telas e textos. Bauru/São Paulo: Edusc/Edusp, 1999.). Na carta, descreveu as "sensações de prazer, o inefável deleite, a excitação de entusiasmo, quase delirante" que lhe causava a natureza "de gala, sempre brilhante e carregada de perfumes e de flores", apesar da "fadiga que o calor causa".40 40 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.61. Escreveu ainda sobre os pés de cafés, as mangueiras, os coqueiros, as laranjeiras. Descreveu o morro do Corcovado, enfatizando sua forma imperiosa e considerou bela a paisagem circundante. Sarmiento sentiu um interesse especial pelo jardim do Imperador, "onde se aclimatam as plantas úteis de todos os climas".41 41 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63. Da mesma forma, se interessou pelo Jardim Botânico.

Na missiva, Sarmiento deu um parecer negativo sobre a escravidão, relacionando-a ao atraso dos povos ibéricos: "a raça negra é a única hoje escravizada pelos últimos na escala dos povos civilizados, os portugueses e os espanhóis."42 42 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63. Para Sarmiento, a escravidão era sinônimo de que ainda não se havia alcançado determinado grau civilizatório. "A escravidão é como as fraldas da indústria". Para ele, à medida que o ser humano avançou em termos tecnológicos, substituiu a exploração de homens pela força do vapor. Ele concluiu que a escravidão estava relacionada à ausência de um poder adequado, forte, presente. "Há escravos onde não existem poderes dinâmicos, onde o indivíduo se reconhece débil em presença das resistências físicas, eles existem no Brasil, em Cuba, na extremidade sul dos Estados Unidos".43 43 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.

Para o escritor argentino, a escravidão também afetava a família, um santuário entre os povos lusitanos, "aquele último asilo do egoísmo, [a família], se dissolve também e o câncer da escravatura leva a degradação ao lar doméstico, a libertinagem suja às vezes, e ao esfacelamento de todos os vínculos sociais".44 44 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63. Sarmiento vinculou o sistema escravagista à imoralidade ao considerar as relações sexuais entre o proprietário e sua escrava, conexão que atrapalhava a união legítima em sua opinião.45 45 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.

Em que pese a visão crítica sobre a escravidão, outros aspectos foram observados por Sarmiento de forma elogiosa e com admiração nesta primeira viagem de 1846, como foi o caso da capacidade fluvial que detectou existir no Rio Janeiro. Segundo o escritor argentino o "Rio de Janeiro, na navegação universal, ocupa o mesmo posto que Bizâncio ou Constantinopla na antiga esfera de navegação dentro do Mediterrâneo".46 46 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63. Sarmiento também identificou alguns elementos que considerava favoráveis ao desenvolvimento econômico da América Latina, como por exemplo, o potencial econômico do café, chegando a denominar esse produto como "anjo salvador do Brasil". Ao se referir à composição política da capital, definiu o monarca nos seguintes termos: "o imperador é um grande centro de aspiração que atraí a si incessantemente todas as partículas de poder e de riqueza que podem desprender-se da massa geral".47 47 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63. Sarmiento criticou a centralização política do principal círculo de poder imperial e atribuiu essa forma de organização ao sistema monárquico.48 48 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63. Sobre D. Pedro II, afirmou ser ele

um jovem, idiota no conceito de seus súditos, devotíssimo e um santo no de seu confessor que o governa; muito dado a leitura, e segundo o testemunho de um personagem distinguido, excelente jovem que não carece de inteligência, mas seu juízo está retardado pela falta de espetáculo, e as más ideias de uma educação desordenada.49 49 SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.68.

Sarmiento se absteve de dar uma opinião pessoal sobre o Imperador de forma direta nesta primeira viagem. Ao invés disso, ele utilizou como recurso a descrição fornecida por uma testemunha, possivelmente com o intuito de dar maior credibilidade à narrativa, já que ele próprio não conhecia o monarca.

Na segunda viagem, concretizada em 1852, ao ser indagado sobre a posição crítica de 1846, Sarmiento respondeu ao Imperador que o juízo naquela ocasião foi "feito de forma rápida, a partir da primeira impressão dos sentidos". Escreveu também: "Há muito que atribuir à precipitação do viajante (que por ver uma servente caolha crê que todos os habitantes do país que atravessa são caolhos)." Explicou ainda que os argentinos carregavam as preocupações que os espanhóis transmitiram sobre os portugueses "e antes de chegar ao Brasil vimos já dispostos a julgá-los pelo lado desfavorável".50 50 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.54-55.

Esse era um momento de proximidade entre o Brasil e os inimigos de Juan Manuel de Rosas, como já foi apontado anteriormente e Sarmiento era declaradamente contrário a tal governo. O escritor argentino assumiu em suas correspondências uma posição de caráter elogioso e conciliatório com a Império brasileiro, representado sobretudo pela figura de D. Pedro II.

Sarmiento teria dito ainda ao Imperador que o conhecimento que estabeleciam naquele momento era importante para desvanecer as posições desfavoráveis. Neste sentido, o escritor se redimiu: "E eu me encarrego desta tarefa".51 51 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55. Se na narrativa de Viajes sobre o Rio de Janeiro prevaleceu um olhar negativo sobre o Brasil, a postura assumida agora em relação ao Imperador e ao Império denota uma mudança de posição bastante evidente.

Ainda sobre os seus livros, o escritor argentino comentou "[D. Pedro II] conhece todos meus escritos e me falou de vários detalhes de pessoas e incidentes que se encontram neles. Gostava muito dos caracteres que tracei aqui e ali em biografias e me indicava que os reunisse em um só livro".52 52 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.12-13. O escritor argentino diz ter indicado ao monarca algumas obras de sua autoria ainda desconhecidas por ele. Comentou também que o Imperador ficou desconcertado quando o escritor lhe disse haver um livro que não gostaria que ele lesse, mas não citou o nome da obra. D. Pedro II, por sua vez e de acordo com a narrativa de Sarmiento, teria solicitado que o autor inserisse sinais nas partes que não deveriam ser lidas, para que o Imperador pudesse pular tais trechos. Por este episódio, o escritor argentino ressaltou "o quanto há de sensivelmente nobre neste abandono".53 53 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.13.

Sobre a obra Viajes, Sarmiento escreveu que D. Pedro II "tocou com uma discrição afetuosa algo de minhas viagens, menos para me fazer uma reprovação dela, que para me mostrar quão seguro estava de meus sentimentos de justiça".54 54 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.12-13. Concluiu se dirigindo ao interlocutor da carta: "Julgue você, pois não faço mais que lhe indicar qual deve ser minha afeição profunda e meu respeito por homem tão altamente colocado e tão enriquecido das qualidades que adornam o caráter e o espírito".55 55 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.13.

Enfim, muitos foram os elogios ao Imperador. Sarmiento o descreveu como comunicativo, franco e possuidor de um "abandono afetuoso e cordial", além de generosidade de caráter, sinal de que o narrador estava mais preocupado com as relações construídas naquele contexto, com uma identidade a ser afirmada no momento posterior ao encontro, do que em sustentar pontos de vista anteriores, vinculados à sua primeira viagem. Ao invés de desvalorizar a primeira narrativa sobre o Brasil, atribuiu à "precipitação do viajante" e ao imaginário existente entre os argentinos sobre os espanhóis e portugueses. Também se atribuiu a tarefa de aproximar os dois países, valorizando (ou supervalorizando) sua posição como sujeito histórico, já que acreditava, conforme demonstra na correspondência, que teria condições sozinho de resolver as diferenças ocasionadas por contendas históricas mais antigas.

Em outra correspondência Sarmiento escreveu a respeito das "agradáveis conferências" com D. Pedro II, "francas" e "cheias de indulgência". Para o sanjuanino, diante de tantos dissabores causados com os "tratamentos descorteses de régulos" de sua pátria, os encontros com o Imperador lhe causaram um "efeito balsâmico" e tal evento se colocava "entre as mais gratas recordações".56 56 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta. 14 abr. 1852. Sem indicação de destinatário. Impressões sobre D. Pedro II. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.12. Neste caso, ao utilizar o termo régulos, o autor se referia a Rosas e a Urquiza, para ele caudilhos que se assemelhavam. Sobre a reunião com o monarca brasileiro, Sarmiento escreveu ainda: "Falamos ambos horas inteiras, disputando as palavras sobre uma diversidade de questões interessantes, seja imigração, poesia, características nacionais".57 57 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.12-13.

O autor da missiva procurou construir uma imagem de si a partir da narrativa sobre o encontro com o Imperador. Em outra correspondência, encaminhada a Aberastain, Sarmiento deu o mesmo parecer sobre D. Pedro II, enfatizando como a produção literária de seu país seria talvez o ponto crucial para uma aproximação maior entre a República Argentina e o Brasil. Para ele, o Imperador:

jovem [...] dotado das mais felizes disposições de espírito e de caráter e neste momento entregue com entusiasmo, novidade, e interesse crescente pela leitura de nossos poetas, escritores e demais, assombrado de tanta originalidade, de caracteres tão enérgicos e de cultura, desenvolvimento e instrução de que, não obstante os progressos admiráveis do império, vê tão poucas mostras entre seus nacionais.58 58 SARMIENTO, Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.

Para o autor da missiva, a literatura assumiria um amplo papel. Na narrativa de Sarmiento, D. Pedro II procurava entre os argentinos o que não conseguia encontrar no Brasil. Entre tantos livros e poetas, Sarmiento destacou o interesse do imperador por suas obras, mas também enfatizou sua curiosidade em relação à cultura e política do país vizinho. "Meus escritos o têm fascinado e passamos muitas horas em Petrópolis em conferências repetidas a pedido seu para me mostrar sua aprovação e me pedir explicações sobre tudo aquilo que em nossos costumes ou negócios públicos excita sua curiosidade".59 59 SARMIENTO, Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922. Informou também que discorreram sobre os mais diversos assuntos, como viagens, cultura, educação, imigração, etc., "porque os caracteres argentinos lhe causam uma grande impressão".60 60 SARMIENTO, Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.

Como bem pontuou Adriana Amante, Sarmiento se pavoneou na carta escrita a Mitre, satisfeito por ter como leitor de seus livros o imperador D. Pedro II. A vaidade e o fato de Sarmiento se colocar como um grande escritor não desmentem o mérito alcançado com Campaña. Segundo Amante, existem diversos registros de reconhecimento de sua habilidade de escritor no que diz respeito a esta publicação. A fama, para Amante, "o convertía em um personagem mais interesante e esperado pelo povo que o próprio general em chefe" (Amante, 2012, p.195-196).

As correspondências, assim como as autobiografías, constituem uma escrita de si. Esse tipo de produção possibilita que a ideia de verdade seja alcançada a partir da história de vida, por meio do contato com a experiência íntima cotidiana, pois, em uma cultura da sociedade de tipo moderno, "a verdade passa a ter um forte vínculo com as ideias de foro íntimo" (Gomes, 2004GOMES, Angela de Castro (Org.). Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: FGV, 2004., p.13). Sarmiento sabia que suas cartas seriam lidas e ele as escrevia com esse propósito. Por meio das missivas, o argentino construiu uma imagem de si que longe de ser ocasional, foi previamente pensada para ser publicada, foi intencional.

Na missiva escrita a Aberastain, Sarmiento também se vangloriou a partir do conhecimento que informou terem os brasileiros sobre seus livros: "Os agentes brasileiros me haviam preparado o caminho para eu me aproximar com sucesso dos ministros, e o que eles não haviam feito o fez a leitura dos meus livros, panfletos e periódicos que restavam à ordem do dia entre os homens públicos".61 61 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.

Sarmiento escreveu a Paulino José Soares de Sousa em 09 de abril, para comunicar sua chegada de Petrópolis, "onde teve a honra de ser recebido por S. M. o Imperador várias vezes". 62 62 SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.9. Também informou a Hermeto Leão sobre a condecoração com a Ordem da Rosa, uma homenagem do Imperador em gratidão aos seus préstimos na Batalha de Tonelero, um dos principais embates da guerra contra Rosas. Interessante notar, neste caso, as impressões de alguns brasileiros em relação a Sarmiento, mediante o encontro com o Imperador e a condecoração, bem como em relação ao próprio argentino.

Paulino José Soares de Sousa, de acordo com o escritor argentino, teria dito a ele: "Muito temos, senhor, que aprender em seus livros e é uma das felicidades que obtivemos como resultado de nossos esforços haver rompido a barreira que separava dois povos destinados a se ilustrar reciprocamente com seus trabalhos." Concluiu a ideia deixando em suspenso possíveis propostas e ofertas que o Ministro dos Negócios Estrangeiros poderia lhe ter feito. "Omito outros detalhes, promessas e oferecimentos".63 63 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922. Na correspondência enviada a Mitre também se referiu de forma amistosa a Paulino José Soares de Sousa, dizendo que este fez votos de que argentinos e brasileiros se apreciem e auxiliem.64 64 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.8.

Paulino José Soares de Souza, por sua vez, também deixou registrado seu parecer sobre Sarmiento, em correspondência remetida a Honório Leão, na qual afirmou: "O Dr. Sarmiento já esteve com o Imperador em Petrópolis e com ele conversou largamente. Com efeito, o homem tem muito merecimento, e é muito interessante, mas tem a cabeça mais poética do que política".65 65 SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.8. Em outra missiva endereçada a Sarmiento, o futuro Visconde do Uruguai foi bastante cordial ao responder uma carta. Disse que o Imperador deu uma prova de apreço pelos "talentos" e "importância da pessoa de V.Sr." ao nomeá-lo oficial da Ordem da Rosa, atitude que "aplaudo de todo meu coração". Aproveitou ainda a correspondência para solicitar "mil perdões" devido à demora na resposta da carta remetida alguns dias antes e afirmou estar "às ordens" de Sarmiento em sua casa. Também renovou "os protestos de alta estima e distinta consideração".66 66 SOUSA, Paulino José Soares de. Carta para Domingo Faustino Sarmiento. Sem indicação de local. 14 abr. 1852. 1 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, carpeta 36, n. 3973.

O Ministro Plenipotenciário Hermeto Leão informou a Paulino Soares de Sousa sobre a satisfação demonstrada pelo escritor argentino: "Sarmiento escreveu-me uma carta [...] em que se mostra muito penhorado da recomendação que lhe dei para Vossa Excelência, e de que resultou ser lhe apresentado a Sua Majestade o Imperador. Está encantado do acolhimento que teve, e das bondades que Sua Majestade lhe tem dispensado". Mas se mostrou descontente com a condecoração que o Imperador deu ao argentino: "Estimei muito o seu despacho; mas desejaria que fosse demorado para ocasião mais oportuna".67 67 SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.9-10.

Uma pista para essa resistência da parte do futuro Visconde do Uruguai talvez resida no pensamento que pôde ser identificado em outra missiva. De acordo com José Antonio Soares Sousa, em uma das correspondências trocadas entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Hermeto Leão, este garantia que Sarmiento, Mitre e Paunero "todos unitários [...] são considerados pestíferos".68 68 SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.9-10.

Interessante também observar como outros representantes do governo brasileiro sentiram, naquele contexto, o encontro entre D. Pedro II e Sarmiento. Em cartas dirigidas a Paulino José Soares de Sousa, o diplomata Duarte da Ponte Ribeiro, que estava em Santiago, escreveu: "Li cartas de D. Domingo Sarmiento, escritas dessa Corte, em que se mostra encantado de Sua Majestade o Imperador. Confessa-se arrependido das ligeirezas com que falou das pessoas e coisas do Brasil quando por aí passou de relance para a Europa". Ponte Ribeiro destacou que o sanjuanino "ainda não tinha saído da surpresa que lhe causara ouvir falar a Sua Majestade da política da América e das pessoas que nela têm figurado".69 69 SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.10.

Ponte Ribeiro enfatizou o trecho da carta do escritor argentino no qual ele asseverou que "dentro de pouco [D. Pedro II] será o primeiro político não só da América, mas também da Europa". Sobre a organização política brasileira, de acordo com o diplomata, o sanjuanino "faz grandes elogios a nossa Constituição e deseja que outra igual seja adotada pela República Argentina." Ponte Ribeiro finalizou explicando: "Ainda que conheça a Sarmiento como um poeta visionário, sem ideias fixas, contudo causa-me prazer a leitura de suas cartas, que ele escreve aos seus estando bem longe de pensar que eu estou aqui para lê-las: que é tanto maior quanto vejo a boa impressão que causam".70 70 SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.10.

Considerações finais

Diversos estudos tratam das dificuldades nas relações entre o Brasil e os países vizinhos, sobretudo a República Argentina. Os problemas relacionados ao estabelecimento de boas relações, sejam elas diplomáticas ou culturais, se deram em função das disputas fronteiriças e das pretensões expansionistas do Brasil, causando desconfiança e receio nos demais países da região platina, sentimento que se tornou mais exacerbado após a incorporação da Banda Oriental, em 1821.

O tema do distanciamento cultural e político tem sido relativizado na historiografia brasileira contemporânea uma vez que muitos estudiosos têm demonstrado os diversos percursos de conexão, sobretudo cultural, entre a América de língua espanhola e a de língua portuguesa. Neste artigo, o objetivo foi demonstrar essas conexões a partir do interesse que o argentino Domingo Faustino Sarmiento demonstrou em relação ao país vizinho no contexto do final da Batalha de Monte Caseros, em 1852.

Nas narrativas de Sarmiento sobre o Brasil foi possível perceber uma mudança de postura. Na primeira viagem, realizada em 1846, o escritor argentino lançou olhares críticos à monarquia, a manutenção do sistema escravista e às pretensões expansionistas. Na segunda, realizada em 1852, logo após a Batalha de Monte Caseros e a queda de Rosas, outras questões foram prementes. O contato com o monarca foi um ponto destacado como positivo pelo escritor argentino, caracterizado como uma das "mais gratas recordações". Sarmiento, nesta ocasião, enalteceu a formação e a inteligência do governante brasileiro e se colocou como responsável por "desvanecer posições desfavoráveis" entre os dois países. Neste momento, se colocou como uma espécie de instrutor do Imperador, figura pela qual demonstrou grande admiração. Ao ser questionado sobre a visão negativa da viagem anterior, na qual o escritor registrou seu desapreço pela escravidão, se esquivou dizendo se tratar de uma primeira impressão influenciada pelo olhar transmitido ao longo dos séculos pelos espanhóis.

Sarmiento, longe de tentar se transformar naquela figura coerente das biografias exemplares, relatou certo constrangimento diante do Imperador por ter realizado algumas críticas alguns anos antes na narrativa de Viajes, comentário que poderia ter sido deixado de lado pelo narrador. Entretanto, o escritor fez questão de enfatizar tal constrangimento em suas missivas. No pacto de leitura elaborado pelo escritor, o reconhecimento do erro e a revisão da avaliação sobre o Brasil e seu Imperador contabilizaram para a construção da imagem pessoal e do interesse em uma reconciliação com o país vizinho.

Em termos historiográficos, convencionou-se afirmar que as relações entre Brasil e os demais países da América Latina, sobretudo a Argentina, sempre foram tensas, devido a uma pretensão do Brasil em incorporar territórios fronteiriços. Por outro lado, também existiram momentos de aproximação, mesmo que por meio do contato com uma figura controversa como Sarmiento (Pamplona, 2008PAMPLONA, Marco Antonio. Nacionalismo no Novo Mundo. Rio de Janeiro: Record, 2008.).

A articulação da diferença, sua leitura ou percepção, é uma negociação que não é fixa e preestabelecida, mas está em andamento, é complexa e se altera de acordo com as circunstâncias e de acordo com os interesses dos agentes sociais envolvidos. Neste sentido, a narrativa da experiência de viagem realizada por Sarmiento em 1852 parece ter sido alimentada pelo interesse em se fazer conhecer pelo Imperador, com a intenção voltada para a construção de uma narrativa memorável, digna de um bom observador e que pudesse ser legitimada como um discurso de autoridade entre os pares.

  • 1
    A expressão civilização/barbárie data da Antiguidade clássica greco-romana. Foi ressignificada no contexto da conquista da América se estendendo por todo o período colonial. No século XVIII, na Europa ilustrada, a palavra civilização, conforme Jean STAROBINSKI (2001, p.17)STAROBINSKI, Jean. As máscaras da civilização. São Paulo: Companhia das Letras, 2001., foi empregada para designar, entre outros significados "não mais um processo mais um estado de cultura e equipamento material". Durante os processos de independência da América ibérica, a expressão fez parte do vocabulário político dos grupos letrados do continente que se embrenharam na tentativa de interpretar o contexto político de suas regiões. Sarmiento foi um dos grandes intérpretes dessa sentença.
  • 2
    Juan Manuel de Rosas foi governador da Província de Buenos Aires entre 1829 e 1832 e assumiu pela segunda vez essa função em 1835, permanecendo no poder até 1852. Para maiores detalhes sobre esse contexto ver Chiaramonte, 2009; Goldman e Salvatore, 2005; Lynch, 2001.
  • 3
    SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.52. Os textos e as fontes em espanhol foram livremente traduzidos pela autora deste artigo.
  • 4
    SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.52.
  • 5
    O autor se refere aqui a sua intensa atuação como periodista no Chile. SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.51.
  • 6
    Campaña foi editada a partir de três entregas realizadas pelo seu autor. As duas primeiras foram impressas no Brasil, sendo que a primeira foi concretizada no Rio de Janeiro após ser organizada em Petrópolis. A terceira entrega foi feita no Chile.
  • 7
    SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.47.
  • 8
    Sarmiento não incluiu no livro todos os boletins escritos durante a Campanha contra Rosas. Seu neto, Augusto Belín Sarmiento, editor das Obras Completas, intercalou os boletins que não haviam sido inseridos originalmente.
  • 9
    SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.61.
  • 10
    SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.61.
  • 11
    SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.51.
  • 12
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Boletín Número 26. In: Campaña en el Ejército Grande, Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.176.
  • 13
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Boletín Número 26. In: Campaña en el Ejército Grande, Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.179.
  • 14
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Sem indicação de data e local. In: MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.56.
  • 15
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem identificação do destinatário. Montevidéu, 05 nov. 1851. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.69-70.
  • 16
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem identificação do destinatário. Montevidéu, 05 nov. 1851. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.73.
  • 17
    Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.73.
  • 18
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Honório Hermeto Carneiro Leão. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, v. 291, p.5, abr.-jun. 1971.
  • 19
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Justo José de Urquiza. Buenos Aires, 23 fev. 1852. In: SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.45.
  • 20
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Justo José de Urquiza. Buenos Aires, 23 fev. 1852. In: SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.45.
  • 21
    LEÃO, Honório Hermeto Carneiro. Carta para Paulino José Soares de Sousa. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, v. 291, p.3-14, abr.-jun. 1971. p.5-6.
  • 22
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. Cópia de Olga Ottolenghi. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.
  • 23
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.53.
  • 24
    LEÃO, Honório Hermeto Carneiro. Carta para Paulino José Soares de Sousa. Sem indicação de local e data. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.6-7.
  • 25
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Paulino José Soares de Sousa. Rio de Janeiro, 16 mar. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.8.
  • 26
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 22 mar. 1852. In: MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.10-12.
  • 27
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: SARMIENTO, Campaña en el Ejército Grande. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.53.
  • 28
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 22 mar. 1852. In: MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.10-12.
  • 29
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.54.
  • 30
    É possível observar a importância conferida por Sarmiento ao seu papel como educador em seus escritos, como pode ser observado, por exemplo, na autobiografia Recuerdos de Província (1850). Sua trajetória profissional e política também estão vinculadas à essa imagem. No período do exílio, em 1841, Sarmiento inaugurou em Santiago a Escuela Normal de Maestros, da qual foi diretor e organizador designado pelo governo chileno; em 1842, foi nomeado diretor da Escuela Normal de Instrucción Primária, em Santiago. Em outro momento de sua vida, já à frente da Presidência da República Argentina, a partir de 1868, fundou diversos colégios nas províncias de Santa Fé, San Luis, Jujuy, Santiago del Estero, Corrientes e Rosario, bem como o Colégio Militar e a Academia de Ciências de Córdoba, além de investir em diversas melhorias no setor da educação. A preocupação do escritor argentino com a educação formal também pode ser observada a partir do seu epistolário. Em um grande número de correspondências fez referência ao papel prioritário da educação para o desenvolvimento das jovens nações latino-americanas e a sua posição como educador.
  • 31
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55.
  • 32
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55.
  • 33
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 22 mar. 1852. MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.10-12.
  • 34
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.54.
  • 35
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55.
  • 36
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55.
  • 37
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 22 mar. 1852. In: MITRE, Bartolomé; SARMIENTO, Domingo Faustino. Sarmiento-Mitre: Correspondencia 1846-1868. Buenos Aires: Coni Hermanos, 1911. p.10-12.
  • 38
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.54.
  • 39
    Nesta viagem, realizada entre 1845 e 1848, Sarmiento passou por Montevidéu, Rio de Janeiro e, em maio de 1846, desembarcou na Europa, onde conheceu algumas cidades da França, da Espanha, da Itália, da Suíça, da Alemanha e da Inglaterra. Também visitou a Argélia. Após sua passagem pela Europa e África, cruzou o Atlântico em direção aos Estados Unidos. Desembarcou em Nova York em setembro de 1847 e permaneceu por dois meses neste país, retornando a Valparaíso em fevereiro de 1848.
  • 40
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.61.
  • 41
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.
  • 42
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.
  • 43
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.
  • 44
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.
  • 45
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.
  • 46
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.
  • 47
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.
  • 48
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.63.
  • 49
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica de Javier Fernández (Coord.). 2. ed. Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996. p.68.
  • 50
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.54-55.
  • 51
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Rio de Janeiro, 13 abr. 1852. In: Obras completas de Domingo Faustino Sarmiento. v. XIV. Buenos Aires: Universidad Nacional de la Matanza, 2001, p.55.
  • 52
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.12-13.
  • 53
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.13.
  • 54
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.12-13.
  • 55
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.13.
  • 56
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta. 14 abr. 1852. Sem indicação de destinatário. Impressões sobre D. Pedro II. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.12.
  • 57
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta sem indicação de local e destinatário. 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.12-13.
  • 58
    SARMIENTO, Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.
  • 59
    SARMIENTO, Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.
  • 60
    SARMIENTO, Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.
  • 61
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.
  • 62
    SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.9.
  • 63
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Antonino Aberastain. Petrópolis, 5 abr. 1852. 7 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, Rollo 009, n. 7922.
  • 64
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.8.
  • 65
    SARMIENTO, Domingo Faustino. Carta para Bartolomé Mitre. Petrópolis, 14 abr. 1852. In: SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.8.
  • 66
    SOUSA, Paulino José Soares de. Carta para Domingo Faustino Sarmiento. Sem indicação de local. 14 abr. 1852. 1 f. In: Museo Histórico Sarmiento. Archivo, carpeta 36, n. 3973.
  • 67
    SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.9-10.
  • 68
    SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.9-10.
  • 69
    SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.10.
  • 70
    SOUSA, José Antonio Soares de. Sarmiento em Petrópolis, com D. Pedro II. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro..., p.10.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Jan 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2020

Histórico

  • Recebido
    23 Set 2019
  • Revisado
    16 Dez 2019
  • Aceito
    21 Dez 2019
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