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A SBD e a perspectiva futura de progresso científico

EDITORIAL

A SBD e a perspectiva futura de progresso científico

Um retrospecto histórico da SBD, em 90 anos de sua existência, desde a fundação em 1912, possibilita registrar interessantes acontecimentos na trajetória retilínea de desenvolvimento científico-cultural.

Recentemente o projeto Pró-Memória, idealizado por Paulo Rowilson Cunha, integrante da diretoria do ano 2001, que culminou com o livro História da Dermatologia no Brasil, facilitou a consulta e o achado dos elementos para consubstanciar este editorial.

Fernando Terra, professor de Dermatologia fluminense, teve o mérito de criar a Sociedade, reunindo 18 ilustres médicos, dos quais apenas 10 eram dermatologistas - na lista de fundadores encontramos: Adolfo Lutz, Adolfo Lindenberg, Paulo Parreiras Horta, Gaspar Vianna, Juliano Moreira, Silva Araújo e outros. Alguns atuavam no Instituto Oswaldo Cruz e se dedicavam à pesquisa em microbiologia. O primeiro editorial foi publicado nos Archivos Brasileiros de Medicina - referia-se ao "tropicalismo" e à importância da pesquisa laboratorial.

A primeira reunião da SBD ocorreu no dia 1º de março de 1912, no anfiteatro da 19ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. As reuniões científicas subseqüentes foram realizadas principalmente no Pavilhão São Miguel, da Santa Casa, na Rua Santa Luzia.

Na ordem do dia havia sempre a discussão e apresentação dos temas mais importantes da Medicina Clínica, da Saúde Pública, da terapêutica e dos principais métodos de diagnóstico. Temas apresentados nas reuniões serviam de assunto para debates na Academia Nacional de Medicina. Um aspecto que merece ser ressaltado é a presença constante de doentes para serem examinados, e seus diagnósticos e terapias mais adequadas discutidos. A sífilis, a lepra, a leishmaniose, a paracoccidioidomicose, a bouba, as micoses profundas e superficiais constituíam tema de freqüentes debates.

A iniciativa vitoriosa de Fernando Terra foi comprovada já no primeiro ano de sua instalação, pois contava com 81 sócios - 52 do Distrito Federal, 13 de Minas Gerais, oito de São Paulo, dois da Bahia, um do Rio Grande do Sul e um do Espírito Santo.

A nova especialidade atraiu outros colaboradores no âmbito da Micologia, da Histopatologia, da pesquisa experimental, bastando deles citar Área Leão, Hildebrando Portugal, Aguiar Pupo, Olympio da Fonseca.

O exemplo do que ocorria no Rio de Janeiro frutificou nas principais capitais do país - São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Belém, Niterói.

Surgiram as regionais da SBD, seguindo o mesmo modelo da matriz, e depois as distritais, sempre com o mesmo padrão das reuniões científicas - conferências, apresentação de trabalhos sobre as dermatoses mais problemáticas e discussão de casos clínicos. A participação de professores convidados nacionais e estrangeiros tornou ainda mais profícuas as reuniões.

A etapa seguinte na escalada de realizações foi a das reuniões dermatológicas promovidas por macrorregiões triangulares (Rio, São Paulo, Belo Horizonte), Norte/Nordeste, Centro-Oeste, etc. Durante esses eventos é possível comprovar o elevado nível das contribuições científicas e o número cada vez maior de participantes.

A transformação das reuniões anuais dos congressos foi uma conseqüência notável da dimensão alcançada. O último, realizado em Porto Alegre, foi o 57º e mostrou de modo inequívoco o elevado grau do padrão da organização, comparável aos melhores do mundo.

A Educação Médica Continuada atinge seu apogeu nas conferências proferidas por convidados nacionais e estrangeiros. Há uma variedade de cursos teóricos e práticos versando de modo abrangente sobre todos os temas atuais da especialidade - dermatopatologia, cirurgia dermatológica, laserterapia, micologia, cosmiatria, dermatologia pediátrica, aspectos psicossomáticos da atividade dermatológica são alguns exemplos.

A apresentação em pôster atingiu excepcional qualidade. Simpósios paralelos sobre assuntos específicos encontraram o patrocínio ético da indústria farmacêutica, que evoluiu de modo louvável, estimulando, mediante a outorga de prêmios, os jovens dermatologistas que realizam trabalhos de investigação. Além do congraçamento científico-social, nossos congressos têm oferecido espaço oportuno para apresentação de novos livros e CDs realizados pelos dermatologistas brasileiros. São exemplos de publicações lançadas nos últimos eventos: Dermatologia Básica (Azulay & Azulay; Sampaio & Rivitti; Cucé & Festa Neto); Dermatologia Pediátrica (Gabriela Lowy e col); Câncer da Pele (Garrido Neves, Lupi e Talhari); Acne da Mulher Adulta (Cláudia Maria R. Sá); Técnicas de preenchimento (Orofino, Rosane); DST/Aids (Talhari & Garrido Neves), Herpes (Lupi, Silva, Pereira Jr.); Toxina Botulínica (H., Dóris e col).

A SBD aproveita os dias que antecedem o congresso anual para realizar importantes reuniões de caráter administrativo - reúne os presidentes das regionais, ex-presidentes, delegados, os chefes de serviços credenciados, os integrantes das comissões para tratar de assuntos mais pertinentes ao bom desempenho da Sociedade. Na assembléia geral são examinadas as propostas de modificação e atualização dos Estatutos, outras propostas de interesse coletivo e a posse dos novos membros eleitos da diretoria. A escolha da sede do congresso representa momento decisivo para resguardar o êxito das próximas reuniões.

Algumas considerações merecem ser dedicadas aos Anais Brasileiros de Dermatologia, órgão oficial de divulgação científica da SBD, editado bimestralmente. O conteúdo, o cuidado da apresentação dos trabalhos após consulta aos pareceristas e a transcrição para o inglês representam uma conquista significativa. Nossa revista é relacionada entre as 20 melhores publicadas no Brasil, na área médica.

Existem outras publicações que complementam as importantes notícias regionais: Jornal Dermatológico, DermaRio, Pinhão, Jornal da Pele, por exemplo.

Atualmente a SBD reúne 4.753 sócios, possui 25 regionais, 15 departamentos científicos e supervisiona 56 serviços credenciados.

Estamos convencidos de que os fatos mencionados, extraídos da profícua trajetória da SBD, permitiram vislumbrar um futuro científico da máxima prosperidade.

"Nós, seres humanos, somos finitos. Uma sociedade científica bem organizada, com história e bem constituída, como a SBD, permanece."

Fernando Augusto de Almeida - Presidente da SBD, 2001/2002.

"O futuro é a projeção do passado, condicionado pelo presente."

Braque - 1880-1963.

REFERÊNCIAS

1. Carneiro, G. História da Dermatologia no Brasil. SBD, Rio de Janeiro, 2002.

2. Consultoria - Prof. René Garrido Neves.

Leninha Valério do Nascimento

Editora-Chefe

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jun 2008
  • Data do Fascículo
    Out 2002
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