Acessibilidade / Reportar erro

Genética Molecular das Epidermólises Bolhosas

Resumos

O estudo das alterações moleculares das epidermólises bolhosas tem contribuído para que se compreenda melhor essas enfermidades. Na epidermólise bolhosa simples a maioria dos casos está associada com alteração nas citoqueratinas basais 5 (gen KRT5) e 14 (gen KRT14), o que modifica o citoesqueleto na camada basal da epiderme, levando à degeneração dessa camada, formando bolha intra-epidérmica. Mutações na plectina (gen PLEC1), componente da placa interna do hemidesmossoma, levam também à clivagem intra-epidérmica. Na epidermólise bolhosa juncional vários gens estão envolvidos, em decorrência da complexidade da zona da membrana basal, todos levando ao descolamento dos queratinócitos basais na lâmina lúcida, pela disfunção da aderência entre esses e a lâmina densa. Alterações na laminina 5 (gens LAMA3, LAMB3 e LAMC2), integrina alfa6beta4 (gens ITGA6 e ITGB4) e colágeno XVII (gen COL17A1) foram descritas. Por fim, na epidermólise bolhosa distrófica apenas um gen está mutado, alterando o colágeno VII (gen COL7A1), principal componente das fibrilas ancorantes, produzindo clivagem abaixo da lâmina densa, variando fenotipicamente de acordo com a conseqüência da mutação. Outra aplicação importante dessas informações refere-se ao diagnóstico pré-natal, com a perspectiva no futuro da terapia gênica.

Diagnóstico pré-natal; epidermólise bolhosa; genética bioquímica; mutação; reação em cadeia da polimerase


New data regarding the molecular aspects of the heterogeneous group of epidermolysis bullosa has brought some important information about its pathogenesis. In epidermolysis bullosa simplex the majority of mutations are localized in the genes of the basal cytokeratin 5 (gene KRT5) and 14 (gene KRT14), cytolysis at this layer with intraepidermal blister is seen under light microscopy. Mutations of plectin (gene PLEC1), a protein found in the inner hemidesmosomal plaque, leads also to intraepidermal blisters. In junctional epidermolysis bullosa many proteins from the basal membrane zone are involved, such as laminin 5 (genes LAMA3, LAMB3 and LAMC2), integrin alpha6beta4 (genes ITGA6 and ITGB4) and collagen XVII (gene COL17A1), the dysfunction which leads to a subepidermal blister, at the level of the lamina lucida. In the third group, epidermolysis bullosa dystrophica, the mutations are localized in only one gene (gene COL7A1), where they alter the structure of collagen VII, the principal compound of anchoring fibrils, splitting the skin under the lamina densa. This information can also be used in the prenatal diagnosis of epidermolysis bullosa, with future perspectives of gene therapy.

prenatal diagnosis; epidermolysis bullosa; genetics; biochemical; mutation; polymerase chain reaction


EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA

Genética Molecular das Epidermólises Bolhosas* Endereço para correspondência Prof. Dr. Hiram Larangeira de Almeida Jr. Departamento de Medicina Especializada Faculdade de Medicina da UFPEL Av. Duque de Caxias, 250 Pelotas RS 96030-002 E-mail: hiramalmeidajr@hotmail.com

Hiram Larangeira de Almeida Jr.

Professor Adjunto de Dermatologia, Universidade Federal de Pelotas

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Prof. Dr. Hiram Larangeira de Almeida Jr. Departamento de Medicina Especializada Faculdade de Medicina da UFPEL Av. Duque de Caxias, 250 Pelotas RS 96030-002 E-mail: hiramalmeidajr@hotmail.com

RESUMO

O estudo das alterações moleculares das epidermólises bolhosas tem contribuído para que se compreenda melhor essas enfermidades. Na epidermólise bolhosa simples a maioria dos casos está associada com alteração nas citoqueratinas basais 5 (gen KRT5) e 14 (gen KRT14), o que modifica o citoesqueleto na camada basal da epiderme, levando à degeneração dessa camada, formando bolha intra-epidérmica. Mutações na plectina (gen PLEC1), componente da placa interna do hemidesmossoma, levam também à clivagem intra-epidérmica. Na epidermólise bolhosa juncional vários gens estão envolvidos, em decorrência da complexidade da zona da membrana basal, todos levando ao descolamento dos queratinócitos basais na lâmina lúcida, pela disfunção da aderência entre esses e a lâmina densa. Alterações na laminina 5 (gens LAMA3, LAMB3 e LAMC2), integrina a6b4 (gens ITGA6 e ITGB4) e colágeno XVII (gen COL17A1) foram descritas. Por fim, na epidermólise bolhosa distrófica apenas um gen está mutado, alterando o colágeno VII (gen COL7A1), principal componente das fibrilas ancorantes, produzindo clivagem abaixo da lâmina densa, variando fenotipicamente de acordo com a conseqüência da mutação. Outra aplicação importante dessas informações refere-se ao diagnóstico pré-natal, com a perspectiva no futuro da terapia gênica.

Palavras-chave: Diagnóstico pré-natal; epidermólise bolhosa; genética bioquímica; mutação; reação em cadeia da polimerase.

INTRODUÇÃO

Antes da descoberta e padronização da reação em cadeia da polimerase (PCR) o seqüenciamento gênico era tarefa lenta, levando-se muito tempo para analisar pequenos segmentos. A PCR permite a amplificação rápida de segmentos de DNA, os quais são posteriormente seqüenciados, tendo trazido enorme evolução nessa área. Por ocasião dessa revisão, ao se utilizar PCR como palavra-chave no Medline, estavam disponíveis mais de 150.000 publicações com essa técnica, num período de pouco mais de 12 anos, ilustrando a importância da mesma na pesquisa médica.

O princípio da PCR é bastante simples: o primeiro passo é o isolamento de DNA, por exemplo a partir de sangue, fazendo uso de sua insolubilidade e precipitação em alguns solventes e de sua hidrossolubilidade, havendo comercialmente vários kits para essa função.

Posteriormente uma parte do DNA obtido é incubado com uma polimerase termorresistente (já que o mesmo é aquecido para que a cadeia dupla se desfaça) juntamente com seqüências conhecidas de DNA, os chamados primers (iniciadores). Havendo no DNA em questão seqüência igual à do primer, a polimerase amplificará esse segmento de DNA. Os nucleotídeos (adenina, timidina, citosina e guanina) fazem parte da reação, para que obviamente a enzima tenha a matéria-prima necessária à polimerização. Ciclos de aquecimento e resfriamento são repetidos inúmeras vezes, aumentando cada vez mais o produto da PCR. Posteriormente é feita eletroforese para identificar a presença de uma banda de DNA, mostrando a positividade ou não da reação.

Numa etapa posterior o produto obtido pela PCR é seqüenciado, o que é feito com uma variante da PCR. O seqüenciamento é atualmente automatizado, sendo feita uma leitura a laser, obtendo-se gráficos policromáticos, representando a cor azul, citosina; a cor vermelha, timidina; o preto, guanina; e o verde, adenina (Figura 1). A comparação do resultado obtido no paciente investigado e em seus genitores com a seqüência normal do gen pode demonstrar mutação e o padrão da herança.


Cada conjunto de três bases do DNA codifica um aminoácido para a síntese protéica no ribossoma; havendo uma mutação, ou seja, a troca de uma base, haverá durante a síntese protéica a inserção de outro aminoácido, alterando a estrutura da proteína, com as conseqüências que isso pode acarretar.

Inúmeros gens já foram seqüenciados, estando sua composição disponível em bancos de dados digitais. O mais utilizado é o Genbank, do Centro Nacional de Informação em Biotecnologia dos Estados Unidos, disponível no endereço eletrônico: www.ncbi.nlm.nih.gov.

As mutações são descritas citando-se os aminoácidos ou as bases envolvidas. Primeiro é citado o aminoácido/base que deveria constituir a proteína/gen, seguido por um número, o qual corresponde à localização do mesmo na proteína/gen investigado, e por fim o aminoácido/base inserido no lugar do primeiro, como, por exemplo, Glu20Arg, ou seja, o vigésimo aminoácido deveria ser uma glutamina, mas a mutação leva à inserção na proteína de uma arginina, o que altera sua estrutura. Algumas seqüências de bases codificam o final da síntese protéica; uma mutação pode levar a essa interrupção, o chamado premature termination codon (códon finalizador prematuro), a qual é descrita da seguinte forma: Lys472Stop, ou seja, em vez da inserção de uma lisina, na posição 472, foi interrompida a síntese protéica. Encontram-se também descrições abreviadas com apenas uma letra, sendo a interrupção da síntese descrita com X; o exemplo acima ficaria L472X.

As dermatoses bolhosas são capítulo fascinante da dermatologia, constituídas por defeitos adquiridos ou natos da adesão intra-epidérmica ou dermoepidérmica, levando a bolhas espontâneas ou provocadas por trauma mínimo, decorrentes do defeito dessa adesão.

Nas epidermólises bolhosas (EB) esses defeitos são natos e podem ser identificados por seqüenciamento gênico, o que traz maior compreensão à base molecular das mesmas,1,2 complementa o diagnóstico clínico-histológico e talvez a médio prazo modifique em parte a classificação dessas dermatoses.

Três subgrupos de EB são reconhecidos:2 a epidermólise bolhosa simples (EBS), na qual a clivagem ocorre dentro da epiderme; a epidermólise bolhosa juncional (EBJ), cuja clivagem é subepidérmica, na lâmina lúcida; e a epidermólise bolhosa distrófica (EBD), sendo também subepidérmica, mas abaixo da lâmina densa. A EBJ e a EBD não podem ser diferenciadas apenas por microscopia ótica. Existem diversas classificações, sendo adotada aqui a do segundo consenso international sobre diagnóstico e classificação das epidermólises bolhosas.3

Epidermólise Bolhosa Simples

O grupo da EBS tem vários subtipos de acordo com a intensidade e localização das bolhas, sendo todos de herança autossômica dominante;4 são também chamados de EB epidermolítica, pois o defeito é intra-epidérmico.3 O aspecto histológico mais comumente encontrado é a degeneração da camada basal, na ausência de infiltrado inflamatório e sem depósito de anticorpos no tecido.

A forma mais grave da EBS é a Dowling-Meara (EBS-DM),5 na qual bolhas disseminadas, envolvendo também as mucosas, são acompanhadas de hiperqueratose palmoplantar. A forma mais leve é a Weber-Cockayne (EBS-WC) com lesões restritas às palmas e plantas.5 Existe uma forma intermediária com bolhas disseminadas, mas com quadro menos intenso do que o da EBS-DM, denominado EBS - Koebner (EBS-K), que certos autores consideram variante leve da EBS-DM.6

Algumas citoqueratinas são expressadas nas células epiteliais aos pares,7 os quais formam heterodímeros, ou seja, a união das duas moléculas, configurando o citosqueleto dos epitélios, havendo especificidade de acordo com o epitélio envolvido.7 A camada basal diferencia-se de outros epitélios e dos segmentos suprabasais da epiderme pela expressão das citoqueratinas 5 e 14.

As citoqueratinas 5 e 14 são reguladas pelos gens KRT5 e KRT14, localizados nos cromossomas 17 e 12, respectivamente. É interessante observar que defeitos genéticos distintos na EBS, um afetando a citoqueratina 5, outro, a 14,6,8,9 levam à mesma alteração histológica, pois todos esses defeitos produzem alterações estruturais de uma ou outra citoqueratina,10 impedindo a função estrutural das mesmas no citoesqueleto 11 - a formação dos heterodímeros, responsáveis pela configuração tridimensional da célula. Essa alteração é vista facilmente na histologia e culmina com a formação das bolhas, sendo esse o único subgrupo das EB decorrente de citólise e não de defeito de adesão.

As citoqueratinas são constituídas por quatro segmentos helicoidais, 1A, 1B, 2A e 2B,12 tendo sido a maioria das mutações da EBS-DM descrita no início do segmento 1A e no final do segmento 2B (Figura 2)13,14 das citoqueratinas basais. As mutações da EBS-K têm localização semelhante,15 reforçando a hipótese de ser variante da EBS-DM. Na EBS-WC a maioria das mutações localiza-se no segmento não-helicoidal entre 1B e 2A das mesmas citoqueratinas, sem que com isso se explique a localização palmoplantar das lesões.


Um quarto tipo de EBS é descrito, no qual não ocorre citólise na camada basal. É a EBS com distrofia muscular tardia, decorrente de alteração da plectina, presente na placa interna do hemidesmossoma (Figura 3). Como a clivagem ocorre dentro da epiderme, é incluída nesse grupo. A plectina é regulada pelo gen PLEC11 e está também envolvida no citoesqueleto da musculatura lisa,16 daí a miopatia associada.1,17 Outro componente da placa interna do hemidesmossoma é o antígeno do penfigóide bolhoso de 230 KD de peso molecular, não havendo até o momento descrição de mutação no gen que o regula.1


Epidermólise Bolhosa Juncional

Dada a complexidade da zona da membrana basal, alterações de várias proteínas envolvidas na adesão dermoepidérmica podem levar aos diversos quadros clínicos da EBJ; para que se compreendam essas alterações moleculares, é importante conhecer as substâncias responsáveis pela adesão entre os queratinócitos basais e o colágeno IV- a lâmina densa (Figura 3).

Na placa externa do hemidesmossoma encontram-se o antígeno do penfigóide bolhoso de 180 KD e a integrina a6b4, os quais são proteínas transmembranosas.18

O antígeno do penfigóide bolhoso de 180 KD é na realidade um colágeno transmembranoso, sendo denominado colágeno XVII, e é regulado pelo gen COL17A1.1 Cada segmento da integrina a6b4 é regulado por dois gens distintos, ITGA6 e ITGB4, sendo a mesma expressa na pele e no tubo digestivo.1,18

Finalmente algumas substâncias presentes na lâmina lúcida complementam essa rede molecular,1 sendo a mais importante a laminina 5. As lamininas são heterotrímeros, ou seja, são constituídas por três classes distintas de polipeptídeos a, b e g,18-20 e daí reguladas por três gens. A laminina 5 é composta por uma classe a3, uma b3 e uma g2, reguladas pelos gens LAMA3, LAMB3 e LAMC2, respectivamente.

A ausência ou alteração dessas substâncias produz a ruptura dessa rede de adesão, com a formação das bolhas.2 De algumas mutações decorre o chamado "premature termination codon" (PTC), o que provoca a interrupção da síntese protéica e conseqüentemente a ausência da proteína no tecido, com quadro clínico mais grave.

Várias correlações genofenotípicas já foram feitas. Como a integrina a6b4 é expressa na pele e no intestino, suas mutações levam a formas de EBJ com atresia pilórica, sendo o quadro clínico variável de acordo com sua associação com PTC ou não.

Na EBJ generalizada atrófica benigna, caracterizada por bolhas disseminadas com distrofia ungueal, na qual a imuno-histoquímica com anticorpo contra o colágeno XVII é negativa, foi demonstrada PTC no gen COL17A,1,21 o que correlaciona com a ausência tecidual do colágeno XVII. Alguns autores denominam essa forma, por ter curso brando e expectativa de vida normal, de EBJ não-Herlitz.21,22

Semelhante às mutações dos componentes do hemidesmossoma descritas acima, as mutações da laminina também provocam o descolamento da epiderme. A maior parte das mutações dos gens da laminina 5 leva à PTC, provocando ausência da proteína e quadro clínico intenso,23,24 caracterizado por lesões disseminadas afetando também as mucosas,23 com sobrevida curta em função das complicações bacterianas, denominadas EBJ tipo Herlitz ou EBJ letal.

As alterações já foram demonstradas no três gens que codificam a laminina 5,25 não havendo diferença fenotípica de acordo com o segmento envolvido,26 sugerindo que todos são importantes para a função adesiva da mesma.26,27 Oitenta por cento das mutações residem no gen LAMB3,22,24,28-30 havendo duas delas recorrentes (R635X e R42X),26,28 as quais perfazem metade das mutações no LAMB3.1 Nesse gen já foram relatadas 35 mutações diferentes.22

Existem relatos de mutação da laminina 5 em pacientes nos quais a imuno-histoquímica consegue demonstrar diminuição da laminina 5, e não ausência, como na EBJ-Herlitz, e, em decorrência disso, o quadro clínico não é tão grave.31,32 Essas formas têm sido também denominadas EBJ não-Herlitz,33 as quais clinicamente são semelhantes às formas decorrentes da mutação do colágeno XVII.33

Todas as formas de EBJ são autossômicas recessivas.23

Epidermólise Bolhosa Distrófica

A característica clínica principal das EBD são as cicatrizes decorrentes da perda tecidual, pois a clivagem ocorre abaixo da lâmina densa.34 Como nos outros grupos, há variantes de acordo com o quadro clínico; apesar dessas variantes, o defeito genético foi localizado em um único gen, o COL7A1.35 Esse gen é responsável pela codificação do colágeno VII, principal constituinte das fibrilas ancorantes,35 as quais participam da aderência da lâmina densa com a derme (Figura 3), daí também a denominação EB dermolítica. Nesse grupo existem formas com herança autossômica dominante e recessiva.

Para que se entenda a correlação entre genótipo e fenótipo na EBD é necessário que se entenda também o papel do colágeno VII na adesão dermoepidérmica.

O mesmo é produzido pelos queratinócitos e possui uma tripla hélice de colágeno, precedida e seguida por segmentos não colágenos (NC-1 e NC-2, respectivamente).36,37 No centro da tripla hélice há pequeno segmento não colágeno, o qual provavelmente dá flexibilidade à proteína. Posteriormente, no nível extracelular, ocorrerá com duas dessas moléculas uma fusão com perda do segmento NC-2, formando dímeros antiparalelos. A união de vários dímeros forma as fibrilas ancorantes34,36,37 (Figura 4).


Três subtipos da EBD estão bem caracterizados: a EBD recessiva Halloupeau-Siemens (EBD-RHS), com quadro clínico intenso, produzindo retrações acrais com sinéquia dos dígitos e acometimento do tubo digestivo;37 a EBD recessiva Mitis (EBD-RM), na qual a intensidade do quadro clínico é bem menor em comparação ao da EBD-RHS, com lesões localizadas nas áreas de maior trauma, como joelhos e extremidades; e a forma dominante (EBD-D), com quadro semelhante ao da EBD-RM,37 associada com distrofia ungueal e, em alguns casos, com lesões albo-papulóides.

A microscopia eletrônica e a caracterização imuno-histoquímica com anticorpos contra colágeno VII mostram alteração nas fibrilas ancorantes, indo da ausência das mesmas, na EBD-RHS, à diminuição nas formas mais leves, EBD-RM e EBD-D.38 Em alguns casos a imuno-histoquímica é positiva, sem que se observe as fibrilas ancorantes na microscopia eletrônica, o que demonstra a presença de parte da molécula, mas com alteração de sua estrutura.38

A identificação das mutações responsáveis pela EBD trouxe maior compreensão a esse espectro (Figura 5).


Na EBD-RHS a alteração genética é uma PTC, com conseqüente interrupção na síntese do colágeno VII,39 o que correlaciona com a intensidade do quadro clínico e com os achados de microscopia eletrônica e imuno-histoquímica, com os quais não se detectam as fibrilas ancorantes.34,37

Na EBD-RM a maior parte das mutações ocorre no final do segmento colágeno e no NC-2, interferindo na formação dos dímeros antiparalelos, alterando a conformação da proteína, estando, porém, presente, decorrendo um quadro clínico mais leve e a presença de fibrilas ancorantes na microscopia eletrônica.37,40

Na EBD-D a alteração característica é a substituição de uma glicina no segmento colágeno,41,42 alterando sua estabilidade e talvez propiciando sua degradação.36,37,43 Como na EBD-RM, as fibrilas ancorantes estão presentes, mas com sua função comprometida. A maior parte das mutações localiza-se logo depois do segmento não colágeno do centro da tripla hélice;42 a mutação G2043R é a mais comumente descrita.36,41 Também já foi demonstrado que a alteração funcional da fibrila ancorante depende da localização da substituição da glicina,34,44 o que, por sua vez, contribui para a variabilidade clínica. Não existe explicação convincente a respeito de por que a substituição de glicina é herdada de forma dominante.

A maioria dos casos da forma pré-tibial da EBD é autossômica dominante, tendo sido descrita também a substituição de glicina.45 Casos recessivos foram igualmente publicados,45 podendo ser considerados variantes das formas leves de EBD, não se sabendo o porquê da ocorrência localizada das lesões.

Cerca de 100 mutações diferentes já foram descritas na EBD,34 sendo encontradas em 80% dos casos examinados.37 Assim como nas outras formas de EB, algumas mutações não se enquadram no esquema acima exposto, pois, por exemplo, algumas substituições de glicina foram encontradas na EBD-RM;37,40,41 razão de, nesses casos, os genitores que apresentam essa substituição de glicina serem normais, ou seja, a mutação não ser dominante, só se expressando de forma recessiva, com a herança de dois alelos mutados, e até o momento não pôde ser esclarecida.41

Alguns quadros clínicos intermediários, de difícil classificação clínica, já foram também descritos com essas mutações incomuns, como, por exemplo, EBD recessiva com uma PTC em um alelo e uma substituição de glicina em outro.46

DISCUSSÃO

Os novos aspectos moleculares, tanto gênico quanto protéico, mostram o quão variado é o espectro da EB (Tabela 1). Na EBS os defeitos genéticos das citoqueratinas basais produzem alteração histológica em função da modificação do citoesqueleto na camada basal da epiderme, sendo que a alteração da plectina, componente da placa interna do hemidesmossoma, também leva à clivagem intra-epidérmica. Na EBJ vários gens estão envolvidos, devido à complexidade da zona da membrana basal, mas todos levam ao descolamento dos queratinócitos basais da lâmina densa, ou seja, a clivagem ocorre na lâmina lúcida. Por fim, na EBD apenas um gen está mutado, alterando o colágeno VII, sendo a clivagem abaixo da lâmina densa, mas, mesmo, assim variando fenotipicamente, de acordo com a conseqüência da mutação.

Apesar de contribuir com importantes avanços na compreensão dessas enfermidades, o seqüenciamento gênico deve ser utilizado em conjunto com a clínica, histologia, microscopia eletrônica e a imuno-histoquímica no diagnóstico da EB.47

Outra aplicação importante da genética molecular ocorre no diagnóstico pré-natal (DPN),2,48 examinando-se o DNA fetal obtido do córion e não a pele fetal. O DPN feito a partir das lesões necessita da obtenção de fragmento da pele, o qual deve ser representativo da enfermidade, para evitar resultado falso-negativo, devendo-se esperar até a décima oitava ou vigésima semana.43 O seqüenciamento tem a vantagem de poder ser feito em torno da décima semana, o que permite, nos países em que a gestação pode ser interrompida nessas situações, decisão mais precoce. Além disso as complicações da fetoscopia com biópsia ocorrem entre quatro e 7% dos casos, e na biópsia coriônica em 1%.43

O seqüenciamento genético já foi utilizado no DPN de todas as formas de EB,23,24,43,49-51 já tendo sido também realizado antes da implantação, a partir de célula obtida de embrião com número de células variável de cinco a oito.52 Aconselhamento genético é outra aplicação importante dessas novas informações, pois ajuda a esclarecer o padrão de herança, principalmente tratando-se de mutações freqüentes e bem conhecidas. Também no caso de mutações de novo, quando o exame do DNA dos genitores é normal e a mutação só é encontrada no paciente, pode-se afirmar que o risco para uma próxima gestação é muito baixo. Com relação à prole do paciente, dependerá do tipo da mutação encontrada, dominante ou recessiva,42 ou seja, presente em um só alelo ou em dois.

Em função dessas recentes informações sobre a expressão gênica,53 novas perspectivas terapêuticas existem para as EB, embora ainda em fase experimental. Já há relatos da manipulação ex vivo de queratinócitos de portadores de EBJ, incapazes de produzir a cadeia b3 da laminina 5, os quais, após transferência gênica, se mostraram capazes - ainda que transitoriamente - de sintetizá-la, abrindo novas perspectivas terapêuticas para esse grupo de genodermatoses.54 Modelo animal com ratos transgênicos, simulando a doença humana, tem acrescentado informações relevantes na pesquisa das EB.10,12

Alguns autores consideram que as correlações entre genótipo e fenótipo estejam apenas começando34 e que a expansão dos bancos de dados sobre as alterações gênicas seja de extrema importância, pois permitirá, cada vez mais, que se melhore essa correlação e talvez até se reclassifique, com base em aspectos moleculares, parte das genodermatoses.38

Recebido em 30.01.2002.

Aprovado pelo Conselho Consultivo e aceito para publicação em 30.07.2002.

* Trabalho realizado com bolsa de pós-doutorado da Capes e da Fundação Alexander von Humboldt, no Laboratório de Diagnóstico Genético, Universidade de Colônia, Alemanha (Serviço do Prof. Thomas Krieg)

Questões e Resultados das Questões

Assinale a alternativa correta:

1. Qual a herança genética no grupo da EBS?

a) autossômica dominante

b) autossômica recessiva

c) ligada a X dominante

d) ligada a X recessiva

e) poligênica

2. Com respeito à EBS qual dos achados abaixo não é encontrado?

b) clivagem sub-epidérmica

c) ausência de infiltrado inflamatório

d) ausência de anticorpos no tecido

e) citólise

3. Quais das proteínas abaixo está alterada no grupo da EBS?

a) citoqueratina 14

b) citoqueratina 10

c) laminina 5

d) colágeno XVII

e) colágeno VII

4. Qual manifestação extra-cutânea está descrita na EBS?

a) atresia de piloro

b) porfíria cutânea tarda

c) paralisia espástica

d) distrofia muscular tardia

e) estenose de esôfago

5. Em que parte do gen das citoqueratinas basais localiza-se a maioria das mutações da EBS- Weber-Cockayne?

a) no início do segmento 1A

b) no final do segmento 2B

c) no segmento não-helicoidal entre 1B e 2A

d) no início do segmento 2B

e) no final do segmento 1A

6. Qual a herança genética no grupo da EBJ?

a) autossômica dominante

b) autossômica recessiva

c) ligada a X dominante

d) ligada a X recessiva

e) poligênica

7. Em qual das proteínas abaixo não foi ainda descrita mutação?

a) plectina

b) antígeno do penfigóide bolhoso de 180 KD

c) antígeno do penfigóide bolhoso de 230 KD

d) laminina 5

e) integrina a6b

Assinale a alternativa incorreta:

8. Qual manifestação extra-cutânea está descrita na EBJ?

a) atresia de piloro

b) megacólon

c) estenose de esôfago

d) distrofia muscular tardia

e) acloridria

9. Assinale a alternativa falsa.

a) As mutações tipo premature termination códon (PTC), levam à interrupção da síntese proteica com ausência da proteína no tecido e quadro clínico mais grave

b) As mutações já foram demonstradas nos três gens que codificam a laminina 5, não havendo diferença fenotípica de acordo com o segmento envolvido

c) O antígeno do penfigóide bolhoso de 180 KD é um colágeno transmembranoso

d) No grupo da EBJ não ocorrem mutações recurrentes

e) A integrina a6b é uma proteína transmembranosa

10. Qual proteína está envolvida na EBJ tipo Herlitz ou EBJ Letal?

a) integrina a6b4

b) colágeno XVII

c) laminina 5

d) plectina

e) colágeno VII

11. Em qual das formas abaixo da EB apenas um gen está mutado?

a) Epidermólise Bolhosa Simples

b) Epidermólise Bolhosa Juncional

c) Epidermólise Bolhosa Epidermolítica

d) Epidermólise Bolhosa Distrófica

e) Epidermólise Bolhosa Adquirida

12. Qual alteração foi demostrada na EBJ generalizada atrófica benigna?

a) PTC no gen COL17A1

b) mutação no gen LAMB 3

c) mutação nos gens ITGA6 e ITGB4

d) PTC no gen LAMC2

e) PTC no gen COL7A1

13. A laminina 5 é um:

a) heterodímero

b) dímero antiparalelo

c) colágeno transmembranoso

d) heterotrímero

e) componente da placa interna do hemidesmossoma

14. Na EBD a clivagem ocorre:

a) intraepidérmica

b) na lâmina lúcida

c) acima da lâmina densa

d) na placa interna do hemidesmossoma

e) abaixo da lâmina densa

15. Assinale a alternativa correta com relação à EBD.

a) Várias proteínas encontra-se mutadas

b) Apenas uma proteína está mutada, o que leva somente a um quadro clínico

c) A herança pode ser autossômica dominante ou recessiva

d) As fibrilas ancorantes estão sempre ausentes

e) A mutação leva sempre a PTC

16. Com relação EBD recessiva Halloupeau-Siemens qual alternativa é falsa?

a) A microscopia eletrônica mostra ausência das fibrilas ancorantes

b) A imuno-histoquímica com anticorpos contra o colágeno 7 é negativa

c) Ocorre uma PTC no gen COL7A1 com conseqüente interrupção na síntese do colágeno VII

d) O quadro clínico é leve com lesões nos joelhos e cotovelos

e) Ocorre sinéquia nas extremidades

17. Assinale a alternativa correta

a) Na EBD-D não são encontradas mutações recorrentes

b) Na EBD-Dominante a substituição de glicina esclarece a herança autossômica dominante

c) Nas diferentes formas de EB as mutações do tipo PTC levam a quadros clínicos mais leves

d) Na EBD-Dominante a alteração encontrada é uma substituição de glicina no segmento colágeno

e) A localização da substituição de glicina não contribui para a variabilidade clínica na EBD-Dominante

18. Qual das formas de EB não é decorrente do defeito de adesão e sim por citólise?

a) Epidermólise Bolhosa Simples

b) Epidermólise Bolhosa Juncional

c) Epidermólise Bolhosa Distrófica

d) Epedermólise Bolhosa Dermolítica

e) Epidermólise Bolhosa Adquirida

19. Com relação à utilização do sequenciamento gênico a partir do corion no diagnóstico pré-natal, assinale a alternativa falsa.

a) Não necessita de biópsia da pele

b) As complicações ocorrem em 1 % dos casos

c) Pode ser realizado ainda antes da implantação

d) Pode ser utilizado em todas as formas de EB

e) Deve ser feito na 20a semana

20. Assinale a alternativa correta

a) Nas mutações de novo o risco para a prole do paciente é muito baixo

b) A manipulação ex vivo de células de portadores de EB não é possível

c) Modelo animal com ratos transgênicos tem ajudado a esclarecer a patogenia das diversas formas de EB

d) Na EB não ocorrem mutações de novo

e) O sequenciamento gênico substitui outros exames no diagnóstico da EB

GABARITO

Eritema Nodoso Hansênico: atualização clínica e terapêutica.

2002;77 (4):389-407

  • 1. Pulkkinen L, Uitto J. Mutation analysis and molecular genetics of epidermolysis bullosa. Matrix Biol 1999;18:29-42.
  • 2. Uitto J, Pulkkinen L. Molecular genetics of heritable blistering disorders. Arch Dermatol 2001; 137: 1458-61.
  • 3. Fine JD, Eady RAJ, Bauer EA, et al Revised classification system for inherited epidermolysis bullosa: report of the second international consensus meeting on diagnosis ans classification of epidermolysis bullosa. J Am Acad 2000;42:1051-66.
  • 4. Müller FB, Küster W, Tuderman LB, Korge BP. Novel K5 and K14 mutations in German patients with the Weber-Cockayne variant of epidermolysis bullosa simplex. J Invest Dermatol 1998; 111:900-2.
  • 5. Horn HM, Tidman MJ. The clinical spectrum of epidermolysis bullosa simplex. Br J Dermatol 2000; 142: 468-72.
  • 6. Shemanko CS, Mellerio JE, Tidman MJ, Lane EB, Eady RAJ. Severe palmo-plantar hyperkeratosis in Dowling-Meara epidermolysis bullosa simplex caused by a mutation in the keratin 14 gene (KRT14). J Invest Dermatol 1998; 111:893-5.
  • 7. Irvine AD, Mclean WHI. Human keratin diseases: the increasing spectrum of disease and sublety of the phenotype-genotype correlation. Br J Dermatol 1999; 140: 815-28.
  • 8. Sasaki Y, Shimizu H, Akiyama M, et al A recurrent keratin 14 mutation in Dowling-Meara epidermolysis bullosa simplex . Br J Dermatol 1999; 141: 747-8.
  • 9. Livingston RJ, Sybert VP, Smith LT, Dale BA, Presland RB, Stephens K. Expression of a truncated keratin 5 may contribute to severe palmo-plantar hyperkeratosis in epidermolysis bullosa simplex patients. J Invest Dermatol 2001; 116:970-4.
  • 10. Peters B, Kirfel J, Büssow H, Vidal M, Magin TM. Complete cytolysis and neonatal lethality in keratin 5 knockout mice reveal its fundamental role in skin integrity and in epidermolysis bullosa simplex. Mol Biol Cell 2001; 12: 1775-89.
  • 11. Ma L, Yamada S, Wirtz D, Coulombe PA. A hot-spot mutation alters the mechanical properties of keratin filament networks. Nat Cell Biol 2001; 3: 503-6.
  • 12. Cao T, Longley MA, Wang XJ, Roop DR. An inducible mouse model for epidermolysis bullosa simplex: implications for gene therapy. J Cell Biol 2001; 152: 651-6.
  • 13. Batta K, Rugg EL, Wilson NJ, et al A keratin 14 knockout mutation in recessive epidermolysis bullosa simplex resulting in less severe disease. Br J Dermatol 2000; 143: 621-7.
  • 14. Müller FB, Almeida Jr. HL, Schumann H, et al An update on keratin mutations in epidermolysis bullosa simplex Dowling-Meara (in press).
  • 15. Liovic M, Stojan J, Bowden PE, et al A novel keratin 5 mutation (K5V186L) in a family with EBS-K: a conservative substitution can lead to development of different disease phenotypes. J Invest Dermatol 2001; 116: 964-9.
  • 16. Bauer JW, Rouan F, Kofler B, et al A compound heterozygous one amino-acid insertion/nonsense mutation in the plectin gene causes epidermolysis bullosa simplex with plectin deficiency. Am J Pathol 2001; 158: 617-25.
  • 17. Kurose K, Mori O, Hashisuka H, Shimizu H, Owaribe K, Hashimoto T. Cultured keratinocytes from plectin/HD1-deficient epidermolysis bullosa simplex showed altered ability of adhesion to the matrix. J Dermatol Sci 2000; 24: 184-9.
  • 18. Nievers MG, Schaapveld RQJ, Sonnenberg A. Biology and function of hemidesmossomes. Matrix Biol 1999; 18:5-17.
  • 19. Aumailley M, Krieg T. Laminins: a family of diverse multifunctional molecules of basement membranes. J Invest Dermatol 1996;106:209-14.
  • 20. Aumailley M, Rousselle P. Laminins of the dermo-epidermal junction. Matrix Biol 1999; 18:19-28.
  • 21. Ruzzi L, Pas H, Posteraro P, et al A homozygous nonsense mutation in type XVII collagen gene (COL17A1) uncovers an alternatively spliced mRNA accounting for an unusually mild form of non-Herlitz junctional epidermolysis bullosa. J Invest Dermatol 2001; 116:182-7.
  • 22. Nakano A, Pfendner E, Pulkkinen L, Hashimoto I, Uitto J. Herlitz junctional epidermolysis bullosa: novel and recurrent mutations in the LAMB3 gene and the population carrier frequency. J Invest Dermatol 2000; 115:493-8.
  • 23. Vailly J, Pulkkinen L, Miguel C, et al Identification of a homozygous one-basepair deletion in exon 14 of the LAMB3 gene in a patient with Herlitz junctional epidermolysis. bullosa and prenatal diagnosis in a family at risk for recurrence. J Invest Dermatol 1995; 104:462-6.
  • 24. Takizawa Y, Shimizu H, Pulkkinen L, et al Novel mutations in the LAMB3 gene shared by two japanese unrelated families with Herlitz junctional epidermolysis bullosa, and their application for prenatal testing. J Invest Dermatol 1998; 110:174-8.
  • 25. Takizawa Y, Shimizu H, Pulkkinen L, et al Novel premature termination codon mutations in the laminin 2-chain gene (LAMC2) in Herlitz junctional epidermolysis bullosa. J Invest Dermatol 1998; 111:1233-4.
  • 26. Pulkkinen L, Meneguzzi G, Mcgrath JA, et al Predominance ot the recurrent mutation R635X in the LAMB3 gene in european patients with Herlitz junctional epidermolysis bullosa has implications for mutation detection strategy. J Invest Dermatol 1997; 109:232-7.
  • 27. Mcgrath JA, Kivirikko S, Ciatti S, Moss C, Christiano AM, Uitto J. A recurrent homozygous nonsense mutation within the LAMA3 gene as a cause of Herlitz junctional epidermolysis bullosa in patients of pakistani ancestry: evidence for a founder effect. J Invest Dermatol 1996; 106:781-4.
  • 28. Cserhalmi PB, Horvath A, Boros V, et al Identification ot the LAMB3 hotspot mutation R635X in a hungarian case of Herlitz junctional epidermolysis bullosa. Exp Dermatol 1997;6:70-4.
  • 29. Takizawa Y, Shimizu H, Pulkkinen L, et al Combination of a novel frameshift mutation (1929delCA) and a recurrent nonsense mutation (W610X) of the LAMB3 gene in a japanese patient with Herlitz junctional epidermolysis bullosa, and their application for prenatal testing. J Invest Dermatol 1998; 111:1239-40.
  • 30. Hauschild R, Wollina U, Tuderman LB. Junctional epidermolysis bullosa gravis (Herlitz): diagnostic and genetic aspects. J Eu Acad Dermatol Venereol 2001; 15: 73-6.
  • 31. Christiano AM, Pulkkinen L, Eady RAJ, Uitto J. Compound heterozygosity for nonsense and missense mutations in the LAMB3 gene in nonlethal junctional epidermolysis bullosa. J Invest Dermatol 1996; 106:775-7.
  • 32. Mcgrath JA, Pulkkinen L, Christiano AM, Leigh IM, Eady RAJ, Uitto J. Altered laminin 5 expression due to mutations in the gene encoding the ß3 chain (LAMB3) in generalized atrophic benign epidermolysis bullosa. J Invest Dermatol 1995; 104:467-74.
  • 33. Inoue M, Tamai K, Shimizu H. A homozygous missense mutation in the cytoplasmatic tail of ß4 integrin, G931D, that disrupts hemidesmossome assembly and underlies non- Herlitz junctional epidermolysis bullosa without pyoric atresia? J Invest Dermatol 2000; 114:1061-3.
  • 34. Tuderman LB, Höpfner B, Hauasli NH. Biology of anchoring fibrils: lessons from dystrophic epidermolysis bullosa. Matrix Biol 1999; 18: 43-54.
  • 35. Christiano AM, Hoffman GG, Honet LCC, et al . Structural organization of the human type VII collagen gene (COL7A1), composed of more exons than any previously characterized gene. Genomics 1994; 21: 169-79.
  • 36. Mellerio JE, Alanis JCS, Talamantes ML, et al A recurrent glycine substitution mutation, G2043R, in the type VII collagen gene (COL7A1) in dominant dystrophic epidermolysis bullosa. Br J Dermatol 1998; 139: 730-7.
  • 37. Järvikallio A, Pulkkinen L, Uitto J. Molecular basis of dystrophic epidermolysis bullosa: mutations in the type VII collagen gene (COL7A1). Human Mut 1997; 10: 338-47.
  • 38. Kon A, Pulkkinen L, Yamamoto AI, Hashimoto I, Uitto J. Novel COL7A1 mutations in dystrophic forms of epidermolysis bullosa. J Invest Dermatol 1998; 111:534-7.
  • 39. Christiano AM, Anhalt G, Gibbons S, Bauer EA, Uitto J. Premature termination codons in the type VII collagen gene (COL7A1) underlie severe, mutilating recessive dystrophic epidermolysis bullosa. Genomics 1994; 21: 160-8.
  • 40. Ryoo YW, Kim BC, Lee KS. Characterization of mutations of the type VII collagen gene (COL7A1) in recessive dystrophic epidermolysis bullosa mitis (M-RDEB) from three Korean patients. J Dermatol Sci 2001; 26: 125-32.
  • 41. Rouan F, Pulkkinen L, Jonkman MF, et al Novel and de novo glycine substitution mutations in the type VII collagen gene (COL7A1) in dystrophic epidermolysis bullosa: implications for genetic counseling. J Invest Dermatol 1998; 111:1210-13.
  • 42. Lee YY, Li C, Chao SC, Pulkkinen L, Uitto J. A de novo glycine substitution mutation in the collagenous domain of COL7A1 in dominant dystrophic epidermolysis bullosa. Arch Dermatol Res 2000; 292: 159-63.
  • 43. Klingberg S, Mortimore R, Parkes J, et al Prenatal diagnosis of dominant dystrophic epidermolysis bullosa, by COL7A1 molecular analysis. Prenat Diagn 2000; 20: 618-22.
  • 44. Murata T, Masunaga T, Shimizu H, et al Glycine substitution mutations by different amino acids in the same codon of COL7A1 lead to heteregeneous clinical phenotypes of dominant dystrophic epidermolysis bullosa. Arch Dermatol Res 2000; 292: 477-81.
  • 45. Betts CM, Posteraro P, Costa AM, et al Pretibial dystrophic epidermolysis bullosa: a recessively inherited COL7A1 splice site mutation affecting procollagen VII processing. Br J Dermatol 1999; 141: 833-39.
  • 46. Nordal EJ, Mecklenbeck S, Hausser I, Skranes J, Tuderman LB, Dahl TG . Generalized dystrophic epidermolysis bullosa: identification of a novel, homozygous glycine substitution, G2031S, in exon 73 of COL7A1 in monozygous triplets.Br J Dermatol 2001; 144: 151-7.
  • 47. Mcgrath JA, Ashton GHS, Mellerio JE, et al Moderation of phenotypic severity in dystrophic and junctional forms of epidermolysis bullosa through in-frame skipping of exons containing non-sense or frameshift mutations. J Invest Dermatol 1999; 113:314-21.
  • 48. Klausegger A, Pulkkinen L, Gubo GP, et al Is screening of the candidate gene necessary in unrelated partners of members of families with Herlitz junctional epidermolysis bullosa? J Invest Dermatol 2001; 116:474-5.
  • 49. Christiano AM, Pulkkinen L, Mcgrath JA, Uitto J. Mutation-based prenatal diagnosis of Herlitz junctional epidermolysis bullosa. Prenat Diagn 1997; 17: 343-54.
  • 50. Hovnonian A, Hilal L, Bardon CB, et al DNA-based prenatal diagnosis of generalized recessive dystrophic epidermolysis bullosa in six pregnancies at risk for recurrence. J Invest Dermatol 1995; 104:456-61.
  • 51. Rugg EL, Baty D, Shemanko CS, et al DNA based prenatal testing for the skin blistering disorder epidermolysis bullosa simplex. Prenat Diagn 2000;20:371-7.
  • 52. Friedman PBC, Tang Y, Adler A, Krey L, Grifo JA, Christiano AM. Preimplantation genetic diagnosis in two families at risk for recurrence of Herlitz junctional epidermolysis bullosa. Exp Dermatol 2000; 9:290-7.
  • 53. Khavari PA. Gene therapy for genetic skin disease. J Invest Dermatol 1998; 110:462-6.
  • 54. Vailly J, Palacios LG, Dell'Ambra E, et al Corrective gene transfer of keratinocytes from patients with junctional epidermolysis bullosa restores assembly of hemidesmossomes in reconstructed epithelia. Gene Ther 1998; 5: 1322-32.
  • Endereço para correspondência
    Prof. Dr. Hiram Larangeira de Almeida Jr.
    Departamento de Medicina Especializada
    Faculdade de Medicina da UFPEL
    Av. Duque de Caxias, 250
    Pelotas RS 96030-002
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Maio 2006
    • Data do Fascículo
      Out 2002

    Histórico

    • Recebido
      30 Jan 2002
    • Aceito
      30 Jul 2002
    Sociedade Brasileira de Dermatologia Av. Rio Branco, 39 18. and., 20090-003 Rio de Janeiro RJ, Tel./Fax: +55 21 2253-6747 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
    E-mail: revista@sbd.org.br