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Acidentes por lepidópteros (larvas e adultos de mariposas): estudo dos aspectos epidemiológicos, clínicos e terapêuticos

Resumos

Os autores apresentam e discutem aspectos dos acidentes causados por larvas de lepidópteros (mariposas), enfatizando as manifestações dermatológicas e a dor intensa que caracterizam estes agravos. Além disso, são apresentadas larvas de mariposas que causam manifestações extracutâneas, tais como severos distúrbios de coagulação e artropatias anquilosantes, e ainda dermatites provocadas por insetos adultos. Os principais grupos de lepidópteros causadores de acidentes em humanos são demonstrados, e as medidas terapêuticas atualizadas são discutidas. O lepidopterismo e o erucismo são acidentes comuns, e é importante que o dermatologista saiba reconhecer e tratar esse tipo de envenenamento.

Animais venenosos; Envenenamento; Lepidópteros; Mariposa; Mordeduras e picadas de insetos


The authors present and discuss some aspects of injuries caused by larvae of Lepidoptera (moths), emphasizing the skin manifestations and intense pain that characterize these conditions. Moreover, they present moth larvae that cause extracutaneous manifestations, such as severe coagulation disorders and ankylosing arthropathies, and dermatitis related to adult insects. The main groups of Lepidoptera that cause injuries in humans are presented as well as current therapeutic alternatives. Lepidopterism and erucism are common accidents and it is important that dermatologists be aware and able to recognize and treat this kind of poisoning.

Venomous animals; Envenomation; Lepidoptera; Moths; Insect bites and stings


EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA

Acidentes por lepidópteros (larvas e adultos de mariposas): estudo dos aspectos epidemiológicos, clínicos e terapêuticos* * Trabalho realizado nos serviços de Dermatologia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, Universidade Federal de Alagoas - (AL), Brasil e do Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista - São Paulo (SP), Brasil.

Alberto Eduardo Cox CardosoI; Vidal Haddad JuniorII

IProfessor Adjunto IV do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Professor Titular da Escola de Ciências Médicas de Alagoas (UNCISAL) - (AL), Brasil

IIProfessor Assistente Doutor da Faculdade de Medicina de Botucatu - Universidade Estadual Paulista (Unesp) - São Paulo (SP), Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Alberto Eduardo Cox Cardoso Rua Moreira e Silva, 469 57021-500 Maceió AL Telefone: (82) 3223-4802 Fax: (82) 3325-4524 E-mail: albertoeccardoso@hotmail.com ou haddadjr@fmb.unesp.br

RESUMO

Os autores apresentam e discutem aspectos dos acidentes causados por larvas de lepidópteros (mariposas), enfatizando as manifestações dermatológicas e a dor intensa que caracterizam estes agravos. Além disso, são apresentadas larvas de mariposas que causam manifestações extracutâneas, tais como severos distúrbios de coagulação e artropatias anquilosantes, e ainda dermatites provocadas por insetos adultos. Os principais grupos de lepidópteros causadores de acidentes em humanos são demonstrados, e as medidas terapêuticas atualizadas são discutidas. O lepidopterismo e o erucismo são acidentes comuns, e é importante que o dermatologista saiba reconhecer e tratar esse tipo de envenenamento.

Palavras-chave: Animais venenosos; Envenenamento; Lepidópteros; Mariposa; Mordeduras e picadas de insetos

INTRODUÇÃO

Os acidentes causados por lepidópteros (borboletas e mariposas) constituem assunto pouco estudado na literatura brasileira, embora sejam comuns e gerem quadros clínicos diversos. A importância do estudo dos lepidópteros do ponto de vista médico decorre das lesões cutâneas causadas por dois mecanismos: o contato com cerdas irritantes de algumas lagartas e, mais raramente, a ação de cerdas corporais de exemplares adultos.1-11

A maioria dos lepidópteros não é prejudicial ao homem. As borboletas e mariposas têm papel fundamental na polinização das flores. As lagartas, que são as larvas, podem por sua vez causar danos em lavouras para se alimentar, mas fertilizam o solo com as fezes, e algumas são importantes comercialmente, como o bicho-da-seda (Bombix mori).

A ordem Lepidoptera compreende duas subordens: Rhopalocera, que apresenta exemplares adultos que voam durante o dia e são denominados borboletas, e Heterócera, que tem atividade noturna e cujos exemplares são chamados de mariposas. No Brasil existem aproximadamente 50.000 espécies de lepidópteros. Em seu desenvolvimento passam pelas fases de ovo, larva ou lagarta, pupa ou crisálida e adulto (imago), ou seja, apresentam evolução completa ou holometabólica.2,5,9

HISTÓRICO

Desde a Grécia antiga já existem relatos de lesões dermatológicas após contato com lagartas irritantes. No império romano, Plínio, o Velho e Galeno também escreveram sobre a propriedade irritante dos lepidópteros.1,2 No continente americano, o primeiro relato deve-se ao padre José de Anchieta em suas “Cartas de São Vicente" (1569), em que o jesuíta relata algumas manifestações e costumes dos índios brasileiros de friccionar taturanas no pênis para provocar edema e facilitar o ato sexual.7

Marcgrave e Piso, os pais da História Natural no Brasil, registraram casos de acidentes por lagartas no Nordeste, em 1658.7 Em 1918, na Guiana Francesa, Leger e Mouzels1,2 descreveram os primeiros casos de dermatite por cerdas de mariposas de gênero Hylesia e tiveram seus estudos continuados por Boyé, em 1932.13 No Brasil, o primeiro surto foi descrito por Gusmão et al. (1960)14 no atual Estado do Amapá. Martins e Machado, nos anos 40, chamaram a atenção para acidentes provocados pela pararama, lagarta que causa artrite destrutiva na mão dos trabalhadores dos seringais da Amazônia.1,10,11

ASPECTOS CLÍNICOS

Lepidopterismo

A palavra lepidóptero, do grego lepis, idos e ptera, significa asa escamosa. Os acidentes desencadeados pelo contato com as formas adultas aladas de mariposas são denominados lepidopterismo. Na literatura anglo-saxônica, o termo também é utilizado para os acidentes causados pelo contato com larvas. As dermatoses provocadas pelo contato com os exemplares alados são mais raras, sendo escassa a literatura a respeito.5,8,10,11

Em vários países das Américas do Sul e Central foram descritos acidentes provocados pelo contato com as cerdas existentes no abdômen das fêmeas de certas espécies pertencentes ao gênero Hylesia da família Hemileucidae.15-19 Essas mariposas provocam surtos epidêmicos em áreas rurais em meses quentes e chuvosos, quando costumam circulam e se debater contra focos de luz. Apenas as fêmeas da mariposa produzem o quadro (Figura 1).


Episódios semelhantes foram descritos na África central, provocados por espécies do gênero Anaphae. Existe controvérsia a respeito do fato de as espículas abdominais conterem veneno em seu interior. O simples fato da penetração das cerdas parece ser capaz de provocar reações inflamatórias intensas, papulosas e pruriginosas, semelhantes às observadas em acidentes por cerdas de aranhas caranguejeiras (Figura 2). Essas cerdas se destacam com facilidade das mariposas e flutuam em "nuvens" nos ambientes em que elas estão presentes, geralmente acampamentos ou casas de veraneio, podendo até depositar-se em roupas e provocar acidentes.10,11,18,19


ERUCISMO

Trata-se de acidente mais grave, mais comum e está associado principalmente a três famílias de mariposas: Megalopygidae, Saturnidae e Arctiidae (eruca = larva). Os gêneros mais importantes da família Megalopygidae são Podalia e Megalopyge (Figura 3). A família Saturnidae engloba lagartas portadoras de cerdas menos abundantes do que as da família Megalopygidae, cujo aspecto lembra pequenos pinheiros, fator característico e decisivo para a identificação da família. Os gêneros importantes são: Automeris (Figura 4), Dirphia e Lonomia.



De acordo com um levantamento realizado no Hospital Vital Brasil (Instituto Butantã), em São Paulo, no período compreendido entre 1975 e 1979, ocorreram 568 casos de acidentes por contato com lagartas, e esse tipo de acidente, embora subnotificado, é sem dúvida o acidente por animal peçonhento mais comum no país. Em 52 acidentes foi possível identificar o agente causador: família Megalopygidae: 14; Megalopyge sp: 11, Megalopyge albicolis: nove; Megalopyge lanata: oito, Podalia sp: três; Automeris sp (família Saturnidae): dois; Automeris aurantica: um; Automeris illustres: um; Dirphia multicolor: dois; família Papilonidae: um.11 Os acidentes são mais comuns em crianças.11

As cerdas que existem nas lagartas funcionam como um mecanismo biológico de defesa contra predadores naturais; com os seres humanos os contatos são acidentais ou por motivos profissionais. O formato dos pêlos ou cerdas permite o reconhecimento das duas principais famílias de mariposas envolvidas com acidentes: a família Megalopigidae apresenta cerdas finas e abundantes em todo o corpo enquanto a família Saturnidae apresenta menos cerdas, que têm o formato de pequenos pinheiros (Figuras 3, 4 e 5).


As propriedades urticantes ocorrem pela presença de pêlos ocos em cujo interior se encontra líquido urticante secretado por células situadas na base do mesmo, denominadas células tricógenas. Quando a cerda penetra a pele e se quebra, o líquido exerce sua ação irritante.1,2,10,11

Em geral, as toxinas de todas as espécies são constituídas de proteínas termolábeis. Algumas espécies possuem enzimas proteolíticas, e outras ativam o plasminogênio e têm atividade semelhante à da tripsina e quimiotripsina.11 Valle et al.20 demonstraram a presença de histamina na secreção de alguns gêneros: Dirphia e, em quantidades mínimas, Megalopyge. Recentes trabalhos com várias espécies de Euproctis dos Estados Unidos, Europa e Ásia demonstraram uma serina estearase semelhante à calicreína nas cerdas. Esses compostos ativariam a seqüência das cininas.3 Por esses achados verifica-se que não há uma toxina única.

Os acidentes se manifestam por dor intensa imediata, eritema, edema, vesículas, bolhas, erosões, petéquias, necrose superficial cutânea, ulcerações e linfangite (Figuras 3, 5 e 6 ). O comprometimento ocular pode levar a conjuntivites, ceratites e iridociclites.1,2,10,11 A presença de sensibilização pode causar rinite e asma. Em raras ocasiões os contatos podem resultar em problemas mais sérios, como arritmias, dor torácica, dispnéia, distúrbios hemorrágicos, neuropatias periféricas, choque, paralisia de membros e convulsões.10,11 Os principais sinais e sintomas em 90% dos envenenamentos são dor intensa e edema e eritema locais, que não são proporcionais à dor observada.

Os aspectos histopatológicos da dermatite induzida ou natural consistem em espongiose, degeneração hidrópica, edema da derme superior e infiltrado linfoplasmocitário.3,21 (Figura 7).


SÍNDROMES HEMORRÁGICAS POR CONTATO COM LAGARTAS

Registra-se no Brasil ocorrência de acidentes hemorrágicos graves pelo contato com lagartas do gênero Lonomia que parasitam seringueiras (Hevea brasiliensis). As espécies peçonhentas são a Lonomia achelous, que parasita os seringais do Amapá e da Ilha de Marajó, e a Lonomia obliqua encontrada parasitando árvores frutíferas como o pessegueiro, o abacateiro e a ameixeira nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná,10,11 mas presente em toda a Região Sudeste (Figura 8). Os trabalhadores rurais são as principais vítimas desse agravo. Nos estados citados, a lagarta é responsável por acidentes seriados, mas em qualquer estado das regiões Sudeste e Sul é possível acontecerem acidentes isolados.


O gênero Lonomia foi identificado como responsável por acidentes hemorrágicos na década de 1960, na Venezuela. A partir de 1989, no entanto, os acidentes por Lonomia obliqua assumiram proporções epidêmicas no oeste de Santa Catarina, norte do Rio Grande do Sul, principalmente nas regiões próximas às cidades de Chapecó e Passo Fundo, respectivamente. Tem ocorrido aumento do número de casos, até nos estados do Paraná e de São Paulo.22-26

As áreas de ocorrência da lagarta possuem clima temperado com temperatura média anual de 17,5°C. Provavelmente o desmatamento e alterações ecológicas têm contribuído para o aumento do numero de acidentes.

Ainda não se esclareceu totalmente a fisiopatologia do envenenamento por Lomomia. Dependendo da composição química da toxina, que parece variar em função da idade das larvas, pode ocorrer fibrinólise primária ou secundária, e a gravidade do quadro varia em função da intensidade do contato. Podem ocorrer desde equimoses até hemorragias intensas, choque e insuficiência renal aguda (Figura 8). O óbito pode ocorrer por sangramento intracerebral. Nesses pacientes, a hemostasia encontra-se alterada. O veneno da Lonomia achelous causa intensa ação fibrinolítica e quadro semelhante ao da coagulação intravascular disseminada, que provocaria níveis muito baixos de fibrinogênio, plasminogênio e outros fatores de coagulação. Nos estudos in vitro com a peçonha da L. obliqua, verifica-se ação procoagulante, dose-dependente e potencializada pelo cálcio, que iniciaria a formação de trombina por ativação de fatores da coagulação. Há também ativação do sistema complemento, e, além da ação dessas substâncias, a participação de mediadores inflamatórios justificaria as alterações que ocorrem no envenenamento humano.22-26

Em 29 casos observados no Norte do Brasil, no período de 1978 a 1982, a letalidade chegou a mais de 38%, e nos 60 casos estudados no Sul, entre 1989 e 1991, quatro foram fatais.

PARARAMOSE

Pararama é o nome vulgar de uma lagarta urticante encontrada nos seringais artificiais do Pará, estágio larvar da mariposa Premolis semirufa. O contato acidental com as pequenas cerdas das lagartas ou com as dos casulos provoca reação inflamatória crônica nas articulações interfalangeanas que conduzem a uma anquilose.27-30 O quadro mórbido afeta principalmente seringueiros, catalogando-se como doença profissional.

Segundo Dias,27-30 em Belterra, 72,7% dos acidentes observados foram na mão direita, 51,7% atingiram o dedo médio, e 62% localizaram-se na terceira articulação. Nas observações de Rodrigues, 73,60% afetaram a mão direita com 43,31% localizados no dedo médio. A explicação para esse quadro está no fato de que os seringueiros, ao recolherem o látex coagulado nas cuias, passam os dedos para facilitar a colheita e entram em contato com as cerdas deixadas pelas lagartas.9 O contato com as larvas da pararama também desendadeia eritema, edema e prurido no local atingido, com remissão dos sintomas em horas ou dias.29

No estudo histopatológico de uma biópsia de tecido periarticular e sinovial de lesão crônica, observam-se densa fibrose e hialinização.29 Dias e Azevedo29 estudaram a lagarta e nela observaram cerdas de vários tamanhos, que classificaram como grandes, médias e pequenas. Realizando experiências com camundongos, esses autores verificaram que nas lesões biopsiadas após 24 e 48 horas havia edema com infiltração leucocitária aguda e a presença das cerdas. Nas lesões tardias, porém, havia infiltração histiocitária, células gigantes e granulomas envolvendo as cerdas com fibrose variável. Foram detectadas lesões dérmicas, periarticulares e sinoviais.

TRATAMENTO

O tratamento para os quadros de lepidopterismo e erucismo é sintomático, existindo orientação terapêutica variável na literatura médica. Os acidentes por Hylesia podem causar quadro eritêmato-papuloso muito pruriginoso e devem ser controlados com anti-histamínicos por via oral e corticosteróides tópicos. Em casos extremos, pode ser necessário utilizar corticosteróides sistêmicos para controle do quadro.11 Nos acidentes provocados por lagartas, segundo Rosen,3 o uso de anti-histaminicos é desapontador, sendo que este sugere o uso de acetonida de triancinolona por via intramuscular e corticoesteróides tópicos de alta potência. Cardoso4,5 recomenda bloqueio troncular com anestésico local (4ml de lidocaína para adultos), corticoesteróides tópicos e compressas com água fria. Na pararamose é primordial o uso de corticoesteróides por via sistêmica. É provável que o uso intra-articular de corticoesteróides seja benéfico. Nos acidentes hemorrágicos, o tratamento deverá ser feito com soro antilonômico desenvolvido e produzido pelo Instituto Butantã. Haddad Jr11 tem utilizado dipirona intramuscular para controle da dor e aplicação tópica da associação de lidocaína 2,5mg com prilocaína 2,5mg. O efeito começa em 30 minutos e permanece por algumas horas.10,11 Caso a dor retorne, até três novas aplicações podem ser feitas até o controle do quadro.

AGRADECIMENTOS

Ao Doutor João Luiz Costa Cardoso, pelos dados enviados e cessão de imagens.

Recebido em 25.07.2005.

Aprovado pelo Conselho Editorial e aceito para publicação em 30.10.2005.

Questões e Resultados das Questões

1. As lagartas de mariposas estão envolvidas com acidentes em humanos. Por que nome esses acidentes são conhecidos?

a) lepidopterismo

b) pederismo

c) erucismo

d) foneutrismo

2. Os acidentes causados por Hylesia se manifestam por:

a) necroses cutâneas severas

b) edema e eritema intensos em forma de placas urticariformes

c) quadro bolhoso generalizado

d) pápulas pruriginosas em áreas expostas

3. As cerdas peçonhentas das lagartas da família Saturnidae são:

a) finas e em pequeno número

b) arboriformes e abundantes

c) arboriformes e em pequeno número

d) finas e abundantes

4. As células produtoras de peçonha das lagartas são denominadas:

a) tricógenas

b) secretoras

c) excretoras

d) tricófitas

5. O principal sintoma acompanhante do erucismo é:

a) prurido intenso

b) mialgia generalizada

c) dor intensa local

d) cefaléia severa

6. O exame dermatológico de um paciente acidentado por lagarta mostra:

a) eritema e edema intensos e de grande extensão

b) necrose cutânea profunda

c) bolhas de distribuição zosteriforme

d) sinais inflamatórios discretos, não compatíveis com o quadro álgico

7. O exame histopatológico de um acidente recente causado por lagarta se assemelha a:

a) urticária

b) pênfigo foliáceo

c) lúpus eritematoso discóide

d) eritema multiforme

8. O contato com lagartas geralmente se manifesta por dor intensa. Se um paciente relatar esse fato ocorrido há cerca de um dia e estiver apresentando equimoses disseminadas, sua suspeita será de:

a) acidente por Hylesia

b) acidente por Lonomia

c) acidente botrópico e contato com lagarta simultâneos

d) pararamose

9. Em que estado brasileiro não ocorrem síndromes hemorrágicas associados a acidentes por Lonomia?

a) São Paulo

b) Minas Gerais

c) Santa Catarina

d) os acidentes podem ocorrer em todos os estados do Sudeste e Sul

10. Qual dos acidentes abaixo não tem relação com enfermidades profissionais?

a) síndrome hemorrágica por Lonomia

b) pararamose

c) dermatite papulosa por Hylesia

d) nda

11. A principal causa de óbito nos envenenamentos por Lonomia é:

a) insuficiência renal

b) edema agudo pulmonar

c) arritmia cardíaca grave

d) sangramento intracerebral

12. A lagarta responsável pela pararamose é:

a) Podalia sp

b) Lonomia obliqua

c) Automeris sp

d) Premolis semirufa

13. Em que região anatômica a pararamose ocorre com mais freqüência?

a) mãos

b) pés

c) face

d) tórax anterior

14. As alterações histopatológicas na derme e articulações causadas pelas cerdas da pararama são:

a) espongiose e necrose fibrinóide

b) granulomas e fibrose

c) necrose de queratinócitos

d) acantólise

15. Os acidentes por lagartas das famílias Saturnidae e Megalopygidae (com exceção da Lonomia) são mais comuns em:

a) trabalhadores rurais

b) trabalhadores urbanos

c) crianças

d) paramédicos

16. A dor é o principal sintoma do erucismo. A conduta para controlá-la é:

a) uso imediato de soro antiveneno

b) uso de anti-histamínicos por via oral

c) anestesia geral

d) anestesia local troncular

17. Os anti-histamínicos são úteis no tratamento do acidente por:

a) Lonomia

b) Hylesia

c) Pararama

d) Megalopyge

18. Os corticosteróides por via sistêmica são indicação absoluta em:

a) síndromes hemorrágicas por Lonomia

b) quadros papulosos e pruriginosos causados por Hylesia

c) artropatias e dermites por cerdas de pararama

d) dor intensa causada por Saturnidae

19. O soro antiveneno só é produzido para tratamento dos acidentes causados por:

a) pararama

b) lagartas da família Megalopygidae

c) Lonomia

d) Hylesia sp

20. O bloqueio troncular geralmente controla a dor dos acidentes por lagartas. Se a dor retornar, a conduta é:

a) repetir o bloqueio troncular até três vezes

b) infiltração de corticosteróides

c) imersão da extremidade comprometida em água quente por 30 minutos

d) uso de banhos de vinagre a cada quatro horas, para inativação do veneno

GABARITO

Processos linfoproliferativos da pele. Parte 1: Linfomas cutâneos de células B. 2005;80(5):461-71.

1. C

11. A

2. C

12. A

3. D

13. D

4. A

14. B

5. D

15. C

6. B

16. B

7. A

17. A

8. C

18. B

9. D

19. D

10. C

20. B

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    Alberto Eduardo Cox Cardoso
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    Trabalho realizado nos serviços de Dermatologia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, Universidade Federal de Alagoas - (AL), Brasil e do Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista - São Paulo (SP), Brasil.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Mar 2006
    • Data do Fascículo
      Dez 2005

    Histórico

    • Aceito
      30 Out 2005
    • Recebido
      25 Jul 2005
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