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Carta do Editor

EDITORIAL

Carta do Editor

Estive recentemente nos Estados Unidos para a formatura de meu filho e o que mais me impressionou no Dartmouth College foi o valor do fundo para pesquisas, numa universidade com 5000 alunos: U$ 3 bilhões. Todo esse valor foi fruto de doações de ex-alunos. Vi em cada canto dos prédios homenagens àqueles que deixaram fortunas para a escola.

Voltemos um pouco ao passado, para lembrar que, na fundação da Escola de Minas, Gorceix escreveu ao Ministro de Império, José Bento da Cunha e Figueiredo, pedindo auxílio pecuniário para que os alunos pobres pudessem se manter. Ele comenta esse pedido dizendo: O orçamento da Escola para o ano de 1876-7 está estabelecido de tal forma que mesmo com esse acréscimo de despesas ser-me-ia possível realizar economias. Mas, se razões de ordem superior não nos permitirem vir em auxílio desses alunos e, por conseguinte, tornariam impossível a abertura da Escola, eu seria muito feliz e muito glorioso em ser chamado a facilitar a instalação de um estabelecimento que eu tive a honra de organizar. Peço-lhe pois, Sr. Ministro, retirar do meu ordenado a metade da quantia necessária para suprir a manutenção de três alunos na Escola de Minas de Ouro Preto. Solicitando de vossa generosidade o complemento desse socorro.

E Gorceix complementa: Educado na Escola Normal Superior de Paris sob condições análogas, contraí para com meu País uma dívida que, feliz, quitarei no Brasil, onde tenho a honra de estar no serviço que meus mestres me ensinaram a amar seja qual for o país que eu deva servir.

Outro exemplo da luta de Gorceix para preservar sua criação foi a ingerência política na nomeação de funcionários (veja em Notícias), o que aliás foi, e creio que ainda é, enorme problema para algumas universidades brasileiras: "No Brasil, como na França, creio que um estabelecimento como a Escola de Minas de Ouro Preto deve permanecer completamente estranha a todas as lutas políticas. Fiz dessa regra uma lei para mim. Forçaram-me a violá-la nomeando, o ano passado, para o cargo de secretário, um homem que era recomendado..." Forçado a aceitar a colaboração desse empregado, procurou diminuir as dificuldades que ela fazia nascer, mas ele só venceu essa empreitada depois de muitas lutas.

É pena que o exemplo de Gorceix não tenha surtido efeito nos formandos das escolas brasileiras, talvez nossas universidades tivessem um patrimônio que lhe permitiria ter a real liberdade de ação, como acontece em muitas universidades estrangeiras.

Atenciosamente,

Prof. Jório Coelho

Editor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Out 2009
  • Data do Fascículo
    Set 2009
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