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Comentário sobre: the iron ores of Brazil

HISTÓRIA DA GEOCIÊNCIAS

Comentário sobre: The iron ores of Brazil

Prof. Haroldo Zeferino Silva

Quadrilátero Ferrífero Minas Gerais

Em 1910, realizou-se o XI Congresso Internacional de Geologia, em Stockolmo, onde foi apresentado o trabalho "The Iron Ores of Brasil" por Orville A. Derby, Diretor do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SGM), que a REM republica, nesse número, devido ao seu centenário.

Esse trabalho, o primeiro no gênero, foi a página inicial de uma seqüência de estudos geológicos empreendidos pelo Serviço Geológico brasileiro, então criado em 1906.

Derby faz, de início, uma retrospectiva da intensa demanda de ferro metálico obtido em forjas diversas e do desconhecimento das matérias-primas, citando as ocorrências das mesmas nos períodos colonial e real.

Historicamente, coube ao Dr. Felippe Gonzaga de Campos, do SGM, esboçar o distrito do minério de ferro (Figura 1 do referido artigo), assim designada a área ferrífera de Minas Gerais, tanto topográfica quanto geologicamente. Diz ser, entretanto, mais um reconhecimento do que um estudo definitivo, incluindo abordagem de algumas mais proeminentes massa de minérios. Tomando como vértice um marco ferroviário, estipulou um retângulo geográfico para o distrito, cujo lado norte-sul era de 90 quilômetros e base de 60 quilômetros. A Figura 1 representa a região que foi mapeada com detalhe, na qual a formação ferrífera cobre uma área de 5.700 quilômetros quadrados. Ressalta que o depósito ferrífero estende-se para fora dos limites do mapa, exemplificando com os depósitos de Itatiaiassu, a cadeia do Espinhaço, Conceição e Serro. Tece, ainda, considerações sobre os tipos de minérios de ferro.


Derby faz as considerações iniciais e finais nesse trabalho, fundamentando as razões siderúrgicas e econômicas para as reservas agora razoavelmente estudadas por Gonzaga de Campos.

A importância desse trabalho conjuga-se com a determinação de D. Pedro II em produzir trilhos, preocupado com o seu alto custo na construção das ferrovias para Minas Gerais e São Paulo.

Segue-se a ele, o estudo do carvão brasileiro por Fleury de Rocha, na Europa, em 1920 a 1922.

Em 1923, o Eng. Luiz Flores de Moraes Rego, do Serviço Geológico e Mineralógico, DNPM, voltando à área estudada por Gonzaga de Campos, publica "As Jazidas de Ferro deMinas Gerais", citando que "É no centro de Minas, no quadrilátero que tem por vértices Belo Horizonte, Santa Bárbara, Congonhas e Mariana, que a série Minas tem maior desenvolvimento". Continua à pág 47: "... área do quadrilátero do centro de Minas", "...quadrilátero central...", pág 59: '... distrito ferrífero de Minas Gerais."

Em 12 de outubro de 1944, o engenheiro Edmundo de Macedo Soares revela, em Ouro Preto, Escola de Minas, todo o programa do "Planejamento Econômico de Volta Redonda", incluindo o nosso carvão mineral.

Em conclusão, as considerações relevantes de DERBY, os números consistentes de GONZAGA DE CAMPOS, o estudo do nosso carvão mineral por FLEURY DA ROCHA, a implantação da siderurgia a coque por MACEDO SOARES resultaram na consolidação das nossas reservas minerais, especialmente a ferrífera, em termos abrangentes da economia nacional.

Em 1957, o Departamento Nacional da Produção Mineral, Divisão de Fomento da Produção Mineral, publicou o AVULSO 81, "REVISÃO DA ESTRA-TIGRAFIA PRÉ-CAMBRIANA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO" por John Van Nostrand Dorr II e outros, traduzido pelo Prof. A. L. M. Barbosa, onde está incluso o "MAPA MOSTRANDO AS QUADRÍCULAS NO QUADRILÁTERO FERRÍFERO". Esse trabalho, autorizado pelo Diretor do U.S. Geological Survey e editado pelo DNPM, é conseqüência de um estudo em conjunto pelos dois órgãos públicos.

Em 1958, no Congresso Brasileiro de Geologia, foi apresentada a Publicação Especial "Esboço Geológico de Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, Brasil, Publicação autorizada de conformidade com o Acordo Intergovernamental de 25 de novembro de 1959". A introdução, à pág 7, foi a nomenclatura do Quadrilátero Ferrífero assim designada por Gonzaga de Campos, provavelmente por ilação. Quanto ao PAPER 641-A, DNPM-USGS,1969, temos, à pág A3 : "The region, an area of about 7,000 square kilometers, takes its name from the abundant occurrence of iron-formation and iron ore."

  • ORVILLE A. DERBY. Alguns aspectos da sua obra. In: LAMEGO. A. R. Rio de Janeiro: DNPM, Div. Geol. Mineralogia, 1951.
  • DERBY O. A. The iron ores of Brazil. In: INTERNATIONAL GEOLOGICAL CONGRESS, 11. 1910, p. 813-822
  • DORR II, J. V. N. Physiographic, stratigraphic and structural development of the Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brasil Geological Survey Profissional Paper 641-A, Preparado em Cooperação com o Dep. Nac. Produção Mineral.
  • DORR II, J. V. N. et al. Revisão da estratigrafia pré-cambriana do Quadrilátero Ferrífero DNPM-DFPM, 1957.
  • FLEURY DA ROCHA, D. Carvão mineral - estudos e experiências efetuadas na Europa Serv. Geol. Mineralógico - Brasil, 1922.
  • GONZAGA DE CAMPOS, F. In: Orville A. Derby. In: INTERN. GEOL. CONGRESS, 11. p. 817a 819.
  • MORAIS REGO, L. F. As jazidas de ferro do centro de Minas Gerais Belo Horizonte: Imprensa Oficial, MG, 1923
  • SOARES, E. M. Um capítulo do planejamento econômico: a engenharia brasileira no projeto de Volta Redonda. REM - Revista da Escola de Minas, n.7, 1944.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Set 2010
  • Data do Fascículo
    Set 2010
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