Acessibilidade / Reportar erro

Estudos sobre estrutura, ciclo de vida e comportamento de Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879), na área entre 22ºs e 28ºs, Brasil: 1. morfologia dos otólitos

Studies on the structure, life cycle and behaviour of Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879), in the region between 22ºS and 28ºS, Brazil: 1. morphology of the otoliths

Resumos

O presente trabalho apresenta os resultados obtidos na análise de 4.751 pares de otólitos de Sardinella brasiliensis coletada na área entre 22ºS (RJ) e 28ºS (SC), com a finalidade de serem utilizadas, estas estruturas, na leitura do número de anéis, e como fonte de subsídios adicionais à caracterizaçao de populações. A estrutura dos otólitos é descrita e as principais dificuldades na interpretação dos anéis são discutidas, mostrando-se que ocorrem anéis não periódicos (TR e TPN), relacionados a eventos ocorridos durante as fases larval e pré-juvenil, e anéis de crescimento bem definidos, que se constituem em indicadores da idade individual. Características morfológicas e morfométricas, principalmente comprimentos no rostro e no anti-rostro e peso dos otólitos em relação ao comprimento total do peixe, corroboram indicações anteriores de que a espécie não homogênea em sua área de ocorrência, auxiliando na identificação de grupos distintos. As distribuições espacial e temporal de otólitos de S. brasiliensis, apresentando características diversas, sugerem haver migrações e mistura de indivíduos dos diferentes grupos.


A total of 4751 pairs of otoliths of Sardinella brasiliensis was colected between 22ºlat S and 28º lat S along and offshore the Brazilian coast. These pairs were studied to ascertain whether otoliths can be used as a reliable character for the assessment of individual age and population characteristics. The morphology of the otoliths is discussed in detail. Both periodic and non periodic rings (Tr and TPN) are shown to occur. TR and TPN are related to events during the larval and juvenile stages. Well defined growth rings are also present and may be used as age indicators. Morphologic and morphometric characters, specially length of rostrum, lenght of anti-rostrum and weight are correlated with total length; the results confirm earlier studies by different methods that suggest that the species, in the region studied, is broken down into different groups imperfectly isolated from one another. In conclusion, the study of details of the otoliths of this species is an useful addition to others as a mean to separate the various groups. Spatial and temporal distribution of specimens with different types of otoliths suggeets a certain degree of mixture among groups through migration of individuals and partial overlapping in space.


ARTIGOS

Estudos sobre estrutura, ciclo de vida e comportamento de Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879), na área entre 22ºS e 28ºS, Brasil: 1. morfologia dos otólitos* * Projeto realizado com apoio financeiro da FAPESP, CNPq e OEA.

Studies on the structure, life cycle and behaviour of Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879), in the region between 22ºS and 28ºS, Brazil: 1. morphology of the otoliths

Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-WongtschowskiI; Anna Emília A. de M. VazzolerI,** ** Atualmente no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. ; Francisco Manoel de Souza BragaII

IInstituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo

IIInstituto de Biociências, UNESP, "Campus" de Rio Claro

RESUMO

O presente trabalho apresenta os resultados obtidos na análise de 4.751 pares de otólitos de Sardinella brasiliensis coletada na área entre 22ºS (RJ) e 28ºS (SC), com a finalidade de serem utilizadas, estas estruturas, na leitura do número de anéis, e como fonte de subsídios adicionais à caracterizaçao de populações. A estrutura dos otólitos é descrita e as principais dificuldades na interpretação dos anéis são discutidas, mostrando-se que ocorrem anéis não periódicos (TR e TPN), relacionados a eventos ocorridos durante as fases larval e pré-juvenil, e anéis de crescimento bem definidos, que se constituem em indicadores da idade individual. Características morfológicas e morfométricas, principalmente comprimentos no rostro e no anti-rostro e peso dos otólitos em relação ao comprimento total do peixe, corroboram indicações anteriores de que a espécie não homogênea em sua área de ocorrência, auxiliando na identificação de grupos distintos. As distribuições espacial e temporal de otólitos de S. brasiliensis, apresentando características diversas, sugerem haver migrações e mistura de indivíduos dos diferentes grupos.

SYNOPSIS

A total of 4751 pairs of otoliths of Sardinella brasiliensis was colected between 22ºlat S and 28º lat S along and offshore the Brazilian coast. These pairs were studied to ascertain whether otoliths can be used as a reliable character for the assessment of individual age and population characteristics. The morphology of the otoliths is discussed in detail. Both periodic and non periodic rings (Tr and TPN) are shown to occur. TR and TPN are related to events during the larval and juvenile stages. Well defined growth rings are also present and may be used as age indicators. Morphologic and morphometric characters, specially length of rostrum, lenght of anti-rostrum and weight are correlated with total length; the results confirm earlier studies by different methods that suggest that the species, in the region studied, is broken down into different groups imperfectly isolated from one another. In conclusion, the study of details of the otoliths of this species is an useful addition to others as a mean to separate the various groups. Spatial and temporal distribution of specimens with different types of otoliths suggeets a certain degree of mixture among groups through migration of individuals and partial overlapping in space.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimentos

Agradecemos a todos os elementos que integraram a equipe que desenvolveu os trabalhos de campo e laboratório, durante a realização do Projeto BIONEC/MEGALOSAR; à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP); ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Organização dos Estados Americanos (OEA), pelo apoio financeiro; à Lie. Dirce de Paula e Silva Mendes, pelo auxílio na tabulação dos dados e elaboraçao dos gráficos; à Bel. Doralice Maria Cella, pelas fotografias.

(Manuscrito recebido em 05/Abr./1982; aceito em 11/Nov./1982)

  • AGUAYO, M. H. 1976. Edad y crecimiento de la anchoveta (Engraulis rigens, Jenyns) dei norte de Chile (Arica-Iquique). Ser. Investigación pesq., Inst. Fomento pesq., Chile, (23):1-52.
  • ______ & SOTO, S. B. 1978. Edad y crecimiento de la sardina comun (Clupea (Strangomera) bentincki) en Coquimbo y Talcahuano. Ser. Investigación pesq., Inst. Fomento pesq., Chile, (28):1-55.
  • ANDREU, B. & FUSTER DE PLAZA, M. L. 1962. Estudio de la edad y crecimiento de la sardina (Sardina pilchardus Walb.) de 1 NW de España. Investigación pesq., (21):49-95.
  • BESNARD, W. 1950. Nota preliminar sobre uma particularidade de Sardinella aurita Cuv. & Val., da costa brasileira. Bolm Inst. paul. Oceanogr., 1(1):69-79.
  • BRAGA, F. M. de S. 1982. Estudo do crescimento relativo de Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879), na área entre Macaé (22ş23'S) e sul da Ilha de Santa Catarina (27ş35'S). Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, Instituto Oceanográfico, 145 p.
  • BRANDHORST, W.; CASTELLO, J. P.; COUSSEAU, M. B. & CAPEZZANI, D. A. 1974. Evaluación de los recursos de anchoita (Engraulís anchoita) frente a la Argentina y Uruguay. VIII. Desove, crecimiento, mortalidad y estructura de la población. Physis., B. Aires, Secc. A, 33(86):37-58.
  • CASTELLO, J. P. & COUSSEAU, M. B. 1969. Estúdios de edad y crecimiento de la anchoita frente a las costas argentinas, uruguayas e sur de Brasil. Resultados de nueve campañas oceanográficas, agosto 1967 -julio 1968. Publnes Proy. Des. pesq., Ser. Infmes téc., Mar del Plata, (14):1-10.
  • ______ 1974. Investigaciones sobre edad en juveniles de anchoita (Engraulis anchoita). Physis, B. Aires, Secc. A, 33(86):59-74.
  • DANNEVIG, A. 1956. The influence of temperature on the formation of zones in scales and otoliths of young cod. FiskDir. Skr., Ser. Havundersøkelser, 11(7):1-16.
  • EINARSSON, H. 1951. Racial analyses of Icelandic herring by means of the otoliths. Rapp. P.-v. Réun. Cons, perm. int. Explor. Mer, 128(2):55-74.
  • GAMBELL, R. & MESSTORFF, J. 1964. Age determination in whiting (Merlangius merlangus (L.)) by means of otoliths. J. Cons. perm. int. Explor. Mer, 28:393-404.
  • GULLAND, J. A. 1958. Age determination of cod by fin rays and otoliths. Spec. Pubis int. Commn NW Atlant. Fish., 1:179-190.
  • HOURSTON, A. S. 1968. Abnormal cessation of growth in a herring otolith. J. Fish. Res. Bd Can., 25(11):2503-2504.
  • ILES, T. D. & JOHNSON, P. O. 1962. The correlation table analysis of a sprat (Clupea sprattus L.) year class to separate two groups differing in growth characteristics. J. Cons. perm, int. Explor. Mer, 27(3):287-303.
  • JEAN, Y. 1956. A study of spring and fall spawning herring (Clupea harengus L.) at Grande Rivière, Bay of Chaleur, Québec. Contr. Dép. Pêch. Queb., (49): 1-76.
  • KANEP, S. V. 1976. Analysis of variability of morphological, meristic and internal characters of whitefishes (Family Coregonidae). J. Ichthyol., 16(4):552-562.
  • KIMURA, M. 1970. Formation of a false annulus on scales of Pacific sardines of known age. Rep. Calif, mar. Res. Commn, CalCOFI, 13:73-75.
  • KONDO, K. 1980. The recovery of the Japanese sardine-the biological basis of stock size fluctuations. Rapp. P.-v. Réun. Cons. perm. int. Explor. Mer, 177:332-354.
  • KRAMER, C. Y. 1956. Extension of multiple range testes to group means with unequal numbers of replications. Biometrics, 12(3): 307-310.
  • LARRAÑETA, M. G. & LOPEZ, J. 1957. El crecimiento de la sardina (Sardina pilchardus Walb.) de las costas de Castellon. Investigación pesq., (6):53-82.
  • LEA, E. 1938. A modification on the formula for calculation of the growth of herring. Rapp. P.-v. Réun. Cons, perm. int. Explor. Mer, 108(3):14-22.
  • LUX, F. E. 1971. Age determination of fishes. Fishery Leafl., Fish. Wildl. Serv. U. S., (488):1-7.
  • MATSUURA, Y. 1971. A study of the life history of Brazilian sardines, Sardinella aurita I. Distribution and abundance of sardine eggs in the region of Ilha Grande, Rio de Janeiro. Bolm Inst, oceanogr., S Paulo, 20(1): 33-60.
  • ______ 1977. O ciclo de vida da sardinha-verdadeira (Introdução à Oceanografia Pesqueira). Publção esp. Inst, oceanogr., S Paulo, (4):1-146.
  • ______ ; AMARAL, J. C.; TAMASSIA, S. T. J. & SATO, G. 1981. Ocorrência de peixes pelágicos e estrutura oceanográfica da região entre Cabo de São Tomé (RJ) e Cananéia (SP) em janeiro-fevereiro de 1979. Sér. Doc. téc., PDP/SUDEPE, (36):1-73.
  • MAY, A. W. 1964. A symmetrical pair of cod otoliths. J. Fish. Res. Bd Can., 21(2):413-414.
  • MUZINIC, R. 1964. The value of sharp rings for the age determination of sardine (Sardina pilchardus Walb.). Stud. Rev. gen. Fish. Coun. Mediterr., (25):1-8.
  • OJAVEER, E. 1962. Herring otolith investigations in the North-Eastern Baltic. Int. Cons. Expl. Mer, (134):1-7 (Herring Committee).
  • PARRISH, B. B. & SHARMAN, D. P. 1958. Some remarks on methods used in herring racial investigations with special reference to otolith studies. Rapp. P.-v. Reun. Cons. perm. int. Explor. Mer, 143(2):66-80.
  • PDP/SUDEPE. 1979. Relatório da reunião do Grupo Permanente de Estudos sobre Sardinha.
  • ______ 1981. Relatório da reunião do Grupo Permanente de Estudos sobre Sardinha.
  • RICHARDSON, I. D.; VAZZOLER, G.; FARIA, A. de & MORAES, M.N. de 1959. Report on sardine investigations in Brazil. Proc. World Sc. meet. Biol. Sardines and Related Species, F. A. O., B, Exp. Paper (13):1051-1079.
  • RODRIGUEZ-RODA, J. & LARRAÑETA, M. G. 1955. El crecimiento de la sardina (Sardina pilchardus Walb.) de las costas de Alicante. Investigación pesq., (2):9-20.
  • ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. D. B. 1977. Estudo das variações da relação peso total/comprimento total em função do ciclo reprodutivo e comportamento de Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) da costa do Brasil entre 23ş e 28şS. Bolm Inst. oceanogr., S Paulo, 26(1):131-180.
  • ______ 1978. Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879): estudo sobre a estrutura da espécie na área entre 23ºS (RJ) e 28ºS (SC), Brasil. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências, 2 v.
  • SAETERSDAL, G. 1958. Use of otoliths and scales of the Arctic haddock. Spec. Pubis int. Commn NW Atlant. Fish., 1:206-209.
  • SNEDECOR, G. W. 1956. Statistical methods. 5Ş ed. Ames, Iowa, Iowa State University Press, 535p.
  • TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M. & KUTNER, M. B. B. 1973. Plankton studies in a mangrove environment. VIII. Further investigations on primary production, standing-stock of phyto and Zooplankton and some environmental factors. Int. Revue ges. Hydrobiol., 58(6):925-940.
  • VARGAS, C. P. 1976. Estudo sobre a diferenciação geográfica de Paralonchurus brasiliensis (Steindachner, 1875) entre as latitudes 23ş30'S (Ubatuba, SP) e 33şS (Albardão, RS). Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, Instituto Oceanográfico, 2 v.
  • VAZZOLER, A. E. A. de M. 1981. Manual de métodos para estudos biológicos de populações de peixes. Reprodução e crescimento. Brasília, CNPq/Programa Nacional de Zoologia, 108 p.
  • ______ & PHAN V. N. 1976. Electrophoretic patterns of eye-lens proteins of Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) off Brazilian coast. Revue Trav. Inst. Pêch. marit., 40(3/4):781-786.
  • ______ & VAZZOLER, G. 1965. Relation between condition factor and sexual development in Sardinella aurita (Cuv. & Val. 1847). Anais Acad. bras. Ciênc., 37(supl.): 353-359.
  • ______ ; ZANETTI-PRADO; E . M.; VAZZOLER, G.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. D. B. & BRAGA, F. M. de S. 1980. Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879): estudos sobre estrutura e comportamento através de métodos bioquímicos e sobre ciclo de vida das populações na área entre 22şS e 28şS, Brasil. Relatório científico apresentado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, agosto de 1980, 164 p. (Proc. 77/0087, 78/0398, 78/1281, 79/1194).
  • WALFORD, L. A. & MOSHER, K. H. 1943a Studies on the Pacific pilchard or sardine (Sardinops caerulea). 2 - Determination of the age of juveniles by scales and otoliths. Spec, scient. Rep. U.S. Fish Wildl. Serv., Fisheries, (20):1-20.
  • ______ 1943b Studies on the Pacific pilchard or sardine (Sardinops caerulea). 3 - Determination of age of adults by scales, and effect of environment on first year's growth as it bears on age determination. Spec, scient. Rep. U.S. Fish Wildl. Serv., Fisheries, (21):1-22.
  • WILLIAMS, I. & BEDFORD, B. C. 1974. The use of otoliths for age determination. In: Bagenal, T. B., ed.- The proceedings of an International Symposium on the Ageing of Fish. The University of Reading, on 19 and 20 July, 1973. Surrey, England, Unwing Brother p. 114-123.
  • YAMAGUTI, N. 1979. Diferenciação geográfica de Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider, 1801), na costa brasileira, entre as latitudes 18ş36'S e 32ş10'S. Etapa I. Bolm Inst, oceanogr., S Paulo, 28(1):53-118.
  • ZAVALA-CAMIN, L. A. 1981. Hábitos alimentares e distribuição dos atuns e afins (Osteichtyes-Teleostei) e suas relações ecológicas com outras espécies pelágicas das regiões sudeste e sul do Brasil. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências, 237 p.
  • *
    Projeto realizado com apoio financeiro da FAPESP, CNPq e OEA.
  • **
    Atualmente no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      04 Jun 2012
    • Data do Fascículo
      1982

    Histórico

    • Recebido
      05 Abr 1982
    • Aceito
      11 Nov 1982
    Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo Praça do Oceanográfico, 191, 05508-120 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 3091 6513, Fax: (55 11) 3032 3092 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: amspires@usp.br