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A propósito da revisão das diretrizes sobre lombalgias e lombociatalgias e a propriedade de dar nome a achados relevantes

EDITORIAL EDITORIAL

A propósito da revisão das diretrizes sobre lombalgias e lombociatalgias e a propriedade de dar nome a achados relevantes

As queixas relacionadas a problemas de coluna vertebral, principalmente da região lombar, constituem motivo de consultas cotidianas e freqüentes. O reumatologista, enquanto médico clínico do aparelho locomotor, necessita manter-se permanentemente atualizado e alerta, cumprindo seu papel para que se concretize um bom diagnóstico e um tratamento adequado, evitando conseqüências que vão desde dificuldades para simples atividades da vida diária até problemas no trabalho, com seqüelas econômicas e sociais. Não são raros os pacientes que recorrem ao reumatologista, após um ou mais episódios que levaram a uma, talvez bem intencionada, mas equivocada intervenção cirúrgica. As espondiloartropatias soro-negativas são um exemplo bem conhecido dessa verdade.

É com muita satisfação, portanto, que, em Suplemento Especial de nossa Revista Brasileira de Reumatologia, apresentamos o texto das Diretrizes sobre Lombalgias e Lombociatalgias, organizado sob a coordenação do professor Hamid Alexandre Cecin e que conta com a opinião segura de representantes de especialidades que contribuem para o melhor entendimento e conduta na presença desses problemas. A todos o nosso agradecimento.

Mas eu não poderia deixar passar a oportunidade, uma obrigação até, para atentar a um detalhe peculiar e histórico. Há no bojo dessas Diretrizes, mais precisamente na Diretriz II, em Diagnóstico Clínico - Exame Físico, a descrição de um assim denominado, sinal X. Esse sinal, uma conjugação simultânea da flexão da coluna lombar com a manobra de Valsalva, citado aí, já fora apresentado no XXI Congresso Brasileiro de Reumatologia, em 1996, e, em um estudo a ser publicado, em 66 pacientes com lombociatalgia aguda, apresenta uma prevalência de positividade de 95,5% nas hérnias discais agudas (22 confirmadas pela tomografia axial computadorizada e 44 pela ressonância magnética). O sinal de Làsegue, na mesma amostra, foi positivo em 81,9%. Em trabalho experimental publicado em 1999, autores estrangeiros (Wilke HJ, Peter Neef, Caimi M, Hoogland T, Claes LE. New In vivo measurements of pressures in the intervertebral disc in daily life. Spine. 1999;24(8):755-62), comprovaram os fundamentos biomecânicos do sinal.

O sinal X, nada mais é do que uma descoberta baseada na observação clínica de um experiente colega, o professor Hamid Alexandre Cecin, responsável pela organização dessa revisão de Diretrizes e por muitos outros trabalhos dedicados ao ensino da reumatologia em nosso país. Com representatividade circunstancial, enquanto presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, mas a perene convicção de que contribuições dessa natureza devem ser valorizadas por sua importância ao conhecimento da arte médica, sugiro que passe a ser denominado, a partir dessa publicação, como "Sinal de Cecin". Estou convicto de que um gesto como esse não tem valor de decreto, nem a intenção de premiar vaidades, apenas o reconhecimento do mérito de um brasileiro, como nós.

Um grande abraço a todos,

Fernando Neubarth

Presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jun 2008
  • Data do Fascículo
    Abr 2008
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