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Carta ao editor

Letter to the editor

CARTA AO EDITOR LETTER TO THE EDITOR

Uberaba, 22 de junho de 2008.

Caros colegas Ricardo Machado Xavier e Francisco Ayrton da Rocha

Editores da Revista Brasileira de Reumatologia

Ao ler o Editorial do último número da Revista Brasileira de Reumatologia, no qual o presidente da SBR, Fernando Neubarth, sugere denominar "Sinal de Cecin" o Sinal "X" como consta no Suplemento 1 de atualização das Diretrizes sobre Lombalgias e Lombociatalgias, fiquei duplamente feliz. Primeiro, pelo reconhecimento da minha luta e do meu trabalho pela valorização da propedêutica clínica, o cerne da nossa especialidade, e, imprescindível para o exercício de nosso mister.

Segundo, porque fui alvo da benevolência, do aguçado senso de justiça, da costumeira cortesia e do equilíbrio multifacetário de Fernando Neubarth. Com este gesto desinteressado - conseqüência de suas profundas convicções éticas e morais, - vem à tona a sua perspicácia de líder societário, que antevê, em seu ato, o reerguimento e a valorização de um dos pilares mais nobres da medicina, o exame clínico, o único e ímpar amálgama da arte com a ciência. Em recente editorial da Revista Temas de Reumatologia Clínica (v. 8, n. 4, dez. 2007, HSPE), afirmei que nós devemos tratar de doentes e não de exames. A arte da medicina, varrida cada vez mais pela força do marketing e pela frieza das máquinas de última geração, reconhecerá na propositura de Fernando Neubarth não um decreto autoritário, mas um estímulo para que as mãos, os olhos, os ouvidos e o raciocínio do médico não se contraponham à tempestade tecnológica que assola a medicina, mas a completem. A clínica, conceituada no seu significado etimológico como a observação do paciente à beira do leito, se completa pelo raciocínio clínico. Este [raciocínio] que nada mais é que o silogismo científico, sobre o qual se apóia o método cartesiano. Observação, raciocínio lógico, método cartesiano - são os atos preliminares que devem preceder e conduzir, de maneira adequada, os recursos da tecnologia na sociedade do século XXI e não por eles ser conduzida.

Isso posto, ao denominar de Sinal de Cecin a manobra semiótica conhecida como Sinal "X" desde 1996, o presidente da SBR expressa a sua convicção no valor da propedêutica e reitera a primazia da clínica no contexto do ato médico.

Ademais, creio que o histórico, e até corajoso gesto de Fernando Neubarth, pode significar uma alternativa para estimular aliados em direção ao exercício de uma medicina plasmada pelo humanismo e pela ética, belas palavras no discurso, e ainda mais belas seriam se a prática médica continuasse a ter no exame clínico o passo mais importante do ato médico.

Hamid Alexandre Cecin

Professor Titular da Disciplina de Reumatologia da

Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

Consultor ad hoc, na área de medicina, do CNPq (1995-2000)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Nov 2008
  • Data do Fascículo
    Ago 2008
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