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Sintomas psiquiátricos em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico: frequência e associação com atividade da doença com o uso do Questionário de Morbidade Psiquiátrica em Adultos

Resumos

INTRODUÇÃO: Enquanto os critérios de neurolúpus estão bem-estabelecidos, manifestações psiquiátricas globais são de frequência variável em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES); suas relações com atividade da doença e prognóstico são desconhecidas. OBJETIVO: Avaliar a frequência de sintomas psiquiátricos no LES utilizando o Questionário de Morbidade Psiquiátrica em Adultos (QMPA); correlacionar alterações no QMPA com atividade da doença e variáveis socioeconômicas. MATERIAIS E MÉTODOS: Este estudo transversal avaliou pacientes com LES ativo ou inativo quanto à prevalência de sintomas psiquiátricos utilizando, pela primeira vez, o QMPA. Oito ou mais respostas afirmativas entre 45 perguntas definiram um QMPA como anormal. Os pacientes foram classificados de acordo com os critérios do American College of Rheumatology de 1997, e o grau de atividade da doença foi mensurado pelo SLEDAI. RESULTADOS: Participaram do estudo 72 pacientes com LES, dos quais 68 eram do sexo feminino (94,4%). A média de idade foi de 46,1 anos (± 12 DP). A frequência de QMPA anormal foi de 89%. Entre os 64 pacientes lúpicos com QMPA alterado, 60 (93,7%) apresentavam distúrbios mentais comuns, a maioria ansiedade e somatização. Não houve correlação de sintomas psiquiátricos com atividade da doença (P = 0,46; rs = 0,09) ou com história de psicose e/ou convulsões atribuíveis ao LES (P = 1,00). Sintomas psiquiátricos também não se correlacionaram com idade de início da doença (rs = -0,16) ou duração da doença (rs = -0,11). Houve associação de QMPA anormal com baixo nível educacional (P=0,02), mas não com renda familiar destinada ao paciente (P = 0,24). CONCLUSÃO: A frequência de sintomas psiquiátricos medidos pelo QMPA foi alta em nossa população com LES. Um QMPA anormal esteve dissociado da atividade do LES, mas se associou com baixo nível educacional.

Lúpus eritematoso sistêmico; Sintomas psiquiátricos; Questionário de Morbidade; Psiquiátrica em Adultos; SLEDAI


INTRODUCTION: While the neurolupus criteria are well-established, global psychiatric manifestations are of variable frequency in patients with systemic lupus erythematosus (SLE); their relation with disease activity is unknown. OBJECTIVE: To evaluate the frequency of psychiatric symptoms in SLE using the Adult Psychiatric Morbidity Questionnaire (APMQ); to correlate APMQ changes with disease activity and socio-economic variables. MATERIALS AND METHODS: This cross-sectional study evaluated patients with active or inactive SLE as to the prevalence of psychiatric symptoms utilizing, for the first time, the APMQ. Eight or more affirmative replies out of 45 questions defined the APMQ as abnormal. Patients were classified according to the American Collge of Rheumatology 1997 criteria, and disease activity was measured by the SLEDAI. RESULTS: Seventy-two SLE patients entered the study, being 68 females (94.4%). Mean age was 46.1 years (± 12 SD). The frequency of abnormal APMQ was of 89%. Out of the 64 SLE patients with altered APMQ, 60 (93.7%) had common mental disorders, mostly anxiety and somatization. There was no correlation of psychiatric symptoms with active disease (rs = 0.09; P = 0.46), or with history of psychosis and/or seizures attributable to SLE (P = 1.00). Psychiatric symptoms also did not correlate with age at disease onset (rs = -0.16) or disease duration (rs = -0.11). There was an association of abnormal APMQ with low education level (P = 0.02), but not with family income allotted to the patient (P = 0.24). CONCLUSION: The frequency of psychiatric symptoms measured by the APMQ was high in our SLE population. An abnormal APMQ was disconnected from SLE activity, but it did associate with low education level.

Systemic lupus erythematosus; Psychiatric symptoms; Adult Psychiatric Morbidity; Questionnaire; SLEDAI


ARTIGO ORIGINAL

Sintomas psiquiátricos em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico: frequência e associação com atividade da doença com o uso do Questionário de Morbidade Psiquiátrica em Adultos

Sônia Maria da Rosa BeltrãoI; Luciana Beltrão GiganteI; Débora Beltrão ZimmerII; Paulo Roberto ZimmermannII; Deonilson SchmoellerII; Fábio BatistellaII; Henrique Luiz StaubII,* * Autor para correspondência. E-mail: henriquestaub@terra.com.br (H.L. Staub).

IClínica Sensorial - Tratamentos Complementares, Porto Alegre, RS, Brasil

IIFaculdade de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

RESUMO

INTRODUÇÃO: Enquanto os critérios de neurolúpus estão bem-estabelecidos, manifestações psiquiátricas globais são de frequência variável em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES); suas relações com atividade da doença e prognóstico são desconhecidas.

OBJETIVO: Avaliar a frequência de sintomas psiquiátricos no LES utilizando o Questionário de Morbidade Psiquiátrica em Adultos (QMPA); correlacionar alterações no QMPA com atividade da doença e variáveis socioeconômicas.

MATERIAIS E MÉTODOS: Este estudo transversal avaliou pacientes com LES ativo ou inativo quanto à prevalência de sintomas psiquiátricos utilizando, pela primeira vez, o QMPA. Oito ou mais respostas afirmativas entre 45 perguntas definiram um QMPA como anormal. Os pacientes foram classificados de acordo com os critérios do American College of Rheumatology de 1997, e o grau de atividade da doença foi mensurado pelo SLEDAI.

RESULTADOS: Participaram do estudo 72 pacientes com LES, dos quais 68 eram do sexo feminino (94,4%). A média de idade foi de 46,1 anos (± 12 DP). A frequência de QMPA anormal foi de 89%. Entre os 64 pacientes lúpicos com QMPA alterado, 60 (93,7%) apresentavam distúrbios mentais comuns, a maioria ansiedade e somatização. Não houve correlação de sintomas psiquiátricos com atividade da doença (P = 0,46; rs = 0,09) ou com história de psicose e/ou convulsões atribuíveis ao LES (P = 1,00). Sintomas psiquiátricos também não se correlacionaram com idade de início da doença (rs = -0,16) ou duração da doença (rs = -0,11). Houve associação de QMPA anormal com baixo nível educacional (P=0,02), mas não com renda familiar destinada ao paciente (P = 0,24).

CONCLUSÃO: A frequência de sintomas psiquiátricos medidos pelo QMPA foi alta em nossa população com LES. Um QMPA anormal esteve dissociado da atividade do LES, mas se associou com baixo nível educacional.

Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico; Sintomas psiquiátricos; Questionário de Morbidade; Psiquiátrica em Adultos; SLEDAI

Introdução

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença multissistêmica crônica de evolução imprevisível. Fatores genéticos, hormonais e ambientais estão envolvidos em sua etiologia. A influência de fatores psicológicos na atividade e no prognóstico da doença é matéria a ser considerada.1

Convulsões e psicose são critérios clássicos para LES neuropsiquiátrico, ocorrendo em até 20% dos casos.2 No geral, manifestações neuropsiquiátricas podem ser vistas em 9 a 80% dos casos.3 Cefaleia é a manifestação neurológica mais frequente, e o acidente vascular cerebral, a mais grave.4 Anticorpos antineuronais,5 assim como anticorpos contra receptores NR2,6 foram associados recentemente a envolvimento cerebral em pacientes com LES. Além de vasculite, as síndromes neuropsiquiátricas complexas do LES podem também ser consequência de isquemia, aterosclerose precoce ou morbidades associadas.7

Enquanto as síndromes orgânicas neuropsiquiátricas são bem-conhecidas nos pacientes com LES, a frequência global de sintomas psiquiátricos nesse pacientes é tema polêmico. Fadiga, fibromialgia, disfunção cognitiva e depressão são todos contribuintes para a baixa qualidade de vida nos pacientes com LES. Esses distúrbios geram consideráveis distorções na avaliação psicológica desses pacientes.7 Uma variedade de instrumentos foram desenvolvidos para avaliar a qualidade de vida dos pacientes com LES; entre eles, o Medical Outcomes Survey Short Form 36 tornou-se o método mais comumente utilizado nesse grupo de pacientes.8

A avaliação psicométrica dos pacientes com LES pode ser obtida com o uso da escala de Wechsler7 e do inventário de sintomas cognitivos.9,10 Os distúrbios mentais comuns (DMC, aqui incluindo transtornos depressivos, de ansiedade e somatoformes) podem, por sua vez, ser avaliados pelo DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition),11 mas também por escalas de depressão, ansiedade e/ou estresse,12 escalas socioeconômicas13 e escalas de personalidade.14 Não há método consensual para avaliar os sintomas psiquiátricos no LES, e tal multiplicidade de abordagens torna complicada a compreensão da morbidade psíquica de tais pacientes.

O questionário de morbidade psiquiátrica do adulto (QMPA), descrito em 1982,15 é um instrumento estruturado em fatores, de modo a caracterizar sintomas de DMC ou psicose. Embora cada fator do QMPA não seja diagnóstico por si próprio, pode representar uma dimensão psicopatológica potencialmente útil no rastreamento de doenças psíquicas.

Até o momento, O QMPA não havia sido utilizado na triagem de morbidade psiquiátrica em pacientes com doença crônica autoimune. Neste estudo, objetivamos utilizar o QMPA na avaliação de sintomas psiquiátricos em pacientes com LES. Em paralelo, procurou-se investigar a correlação de escores do QMPA com atividade de doença, história de psicose e/ou convulsões atribuíveis ao LES, idade de início da doença, duração da doença, nível educacional e renda familiar destinada ao paciente.

Materiais e métodos

Amostra

Este estudo transversal incluiu pacientes com LES em acompanhamento no Ambulatório de LES do Serviço de Reumatologia, Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Arrolamos pacientes durante os dois últimos anos. Os critérios de inclusão foram: a) pacientes com 15 ou mais anos de idade, de ambos os sexos que concordaram em participar do estudo; b) pacientes com no mínimo 4 dos 11 critérios do American College of Rheumatology 1997 para classificação de LES.16 Pacientes com dados clínicos ou laboratoriais insuficientes para a avaliação de atividade da doença foram excluídos.

Os pacientes com LES responderam o questionário psiquiátrico e uma entrevista baseada em dados demográficos. Todos os pacientes autorizaram o uso dos prontuários médicos para determinar o grau de atividade lúpica (Systemic Lupus Erythematosus Disease Index Activity, SLEDAI). Todos os pacientes assinaram um termo de consentimento informado. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital São Lucas da PUCRS (CEP/PUCRS 08/044469).

Medidas

Os dados clínicos e demográficos dos pacientes com LES foram obtidos por entrevista e prontuários médicos. As variáveis demográficas incluíram idade, sexo, raça, perfil socioeconômico e nível educacional.

Os sintomas psiquiátricos foram avaliados utilizando-se os 45 itens do QMPA.17 A escala agrupa sintomas em fatores para distinguir indivíduos com características de ansiedade/somatização ou irritabilidade/depressão (DMC) daqueles com psicose, esta última manifesta por delírio, quadros paranoides e alucinações auditivas. As alternativas de respostas foram "sim" ou "não", às quais foram atribuídos valores 1 ou 0, respectivamente. As primeiras 43 questões dizem respeito a sintomas próprios do indivíduo que está sendo entrevistado, enquanto as últimas duas questões (44 e 45) referem-se a sintomas que poderiam estar presentes em qualquer membro da família.

As 45 questões incluídas no QMPA foram assim procedidas:

Desde o último ano...

1. Tem tido diminuição do apetite?

2. Tem tido dificuldade para dormir?

3. Tem sofrido de zumbido nos ouvidos ou agonia mental?

4. Tem apresentado enxaqueca ou cefaleia?

5. Tem percebido fraqueza nas pernas ou dor nervosa?

6. Tem se tornado agressivo, "explodindo" facilmente?

7. Tem se sentido deprimido ou desmotivado?

8. Tem sentido um nó na garganta, queimação ou plenitude estomacal?

9. Tem percebido tremor ou frio nas mãos?

10. Tem frequentemente surtos de irritabilidade?

11. Tem dificuldade de entendimento, aprendizado ou memória?

12. Tem consumido bebidas alcoólicas?

13. Às vezes fica parado, chorando muito?

14. Considerou cometer suicídio?

15. Percebeu que estava fora de controle, afetado por doença mental?

16. Esteve incapacitado de trabalhar por nervosismos ou doença mental?

17. Percebeu que estava com dificuldade para falar ou enxergar normalmente?

18. Permaneceu trancado em um quarto para evitar se encontrar com qualquer pessoa?

19. Embriagou-se pelo menos uma vez na semana?

20. Bebeu todos os dias?

21. Apresentou palpitação ou aperto cardíaco?

22. Sofreu de ansiedade?

23. Preocupou-se em estar doente?

24. Teve um ataque após susto ou contrariedade?

25.Teve medo de coisas, animais, escuro ou locais fechados?

26. Teve que assegurar que as portas estavam fechadas após as ter trancado?

27. Ouviu vozes ou enxergou coisas que outras pessoas não viram?

28. Falou coisas que não faziam sentido?

29. Falou ou riu sozinho?

30. Sentiu que estivesse sendo seguido? Percebeu que as pessoas lhe desejam má sorte?

31. Sentiu-se controlado telepaticamente por rádio ou espíritos?

32. Assumiu posturas não usuais por um longo período?

33. Sentiu-se muito alegre sem nenhuma razão aparente?

34. Cantou ou falou sem parar?

35. Utilizou medicamentos para dormir ou se acalmar?

36. Sentiu-se incapaz de frequentar a escola?

37. Apresentou episódios de loucura?

38. Apresentou retardo mental?

39. Apresentou mania de limpeza?

40. Foi tratado para doença mental ou ansiedade?

41. Apresentou convulsões caindo ao chão com contraturas musculares?

42. Usou drogas? Quais?

43. Consumiu bebida alcoólica exageradamente? Alguém em sua família...

44. Não sabe como se vestir? Urinou ou evacuou na roupa?

45. Não fala, não caminha ou não reconhece as pessoas?

No rastreamento de psicopatias, questões do QMPA como as de número 3, 4, 5, 7, 8, 9 e 21 agrupam sintomas mais propriamente relacionados ao fator ansiedade/somatização; por sua vez, as questões 6, 7, 10, 13, 14 e 18 congregam sintomas mais atrelados ao fator irritabilidade/depressão. As questões 27, 30 e 31 agrupam sintomas pertinentes a transtornos psicóticos.

O QMPA foi considerado positivo para presença de sintomas psiquiátricos se o paciente apresentou oito ou mais respostas afirmativas.17 O questionário foi aplicado pelo autora ou por dois psicólogos treinados.

A atividade da doença foi avaliada pelo SLEDAI; 24 variáveis clínicas foram estudadas. A pontuação estratificada por peso para nove sistemas orgânicos foi utilizada como segue: 8 para sistema nervoso central e sistema vascular, 4 para renal e musculoesquelético, 2 para seroso, dermatológico, imunológico, e 1 para constitucional e hematológico. Um SLEDAI superior a 4 foi considerado compatível com doença ativa.18 Os dados clínicos e laboratoriais para cálculo do SLEDAI foram obtidos em até 10 dias, no máximo, da avaliação pelo QMPA.

As seguintes variáveis foram também correlacionadas com os escores de QMPA: história prévia de psicose e/ou convulsões atribuídas ao LES de acordo com os dados médicos; idade de início da doença; duração da doença; nível educacional (sendo baixo nível educacional até ensino fundamental, e alto nível educacional o ensino médio ou superior); e renda familiar destinada ao paciente (em salário mínimo brasileiro).

Análise dos dados

Análise estatística quantitativa foi realizada utilizando-se o programa SPSS 13.0, considerando-se o nível de significância em 5%. As variáveis foram descritas por meio de médias e desvio-padrão ou de frequências absolutas ou relativas. A análise estatística incluiu teste t Student e teste de Mann-Whitney para variáveis contínuas, e qui-quadrado ou teste de Fisher para variáveis categóricas. O teste de Spearman foi utilizado para calcular o coeficiente de correlação.

Resultados

A amostra final consistiu de 72 pacientes com LES, 68 (94,4%) mulheres e 60 (83,3%) da etnia branca. A média de idade foi 46,1 anos (DP ± 12). A média de idade de início da doença foi 35 anos, e a duração média da doença foi de 13 anos. Aproximadamente metade dos pacientes apresentava doença por 10 anos ou menos; um terço tinha menos de 5 anos de doença. Em relação ao nível educacional, 47 pacientes (65,2%) não alcançaram o nível médio. Em 80,5% dos casos, a renda familiar destinada ao paciente foi de 1,5 vezes ou menos o salário mínimo brasileiro. A grande maioria dos pacientes (96%) estavam utilizando corticoesteroides. A tabela 1 apresenta as características demográficas e clínicas dos nossos pacientes com LES.

A prevalência total de QMPA alterado foi de 89% em nossa população lúpica (64 pacientes). Sessenta dos 64 pacientes (93,7%) com sintomas psiquiátricos foram classificados como casos de DMC, e 4 (6,3%) como tendo psicose. Entre os 60 pacientes com DMC, 50 (83,3%) apresentavam sintomas de ansiedade/somatização, enquanto 10 pacientes (16,7%) demonstravam irritabilidade ou sintomas de depressão.

Entre todos os pacientes com LES, 27 (37,5%) apresentavam doença ativa (SLEDAI > 4). A tabela 2 mostra a relação dos escores de QMPA com atividade lúpica medida pelo SLEDAI. Sintomas psiquiátricos não se associaram com escores elevados do SLEDAI.

A figura 1 apresenta a distribuição gráfica dos pacientes de acordo com os escores alcançados no QMPA e SLEDAI, considerando-se variáveis quantitativas e o coeficiente de correlação de Spearman (rs). Não houve correlação significativa entre os escores de QMPA e SLEDAI. A linha reta não pôde ser estimada, uma vez que o rs foi inferior a 0,5.


Entre os 72 pacientes com LES, 12 (16,6%) tinham histórico de psicose e/ou convulsões atribuíveis à doença. Não houve associação entre escore elevado de QMPA e esta variável (P = 1,00, teste de Fisher). Sintomas psiquiátricos também não se correlacionaram com idade de início da doença (rs = -0,16; P = 0,2) ou duração da doença (rs = -0,11; P = 0,3).

A associação de sintomas psiquiátricos com nível educacional e renda familiar destinada ao paciente é apresentada na tabela 3. Houve associação significativa entre escore alto de QMPA e baixo nível educacional, mas não com renda familiar destinada ao paciente.

Discussão

O QMPA é um instrumento de triagem para morbidade psiquiátrica descrito há aproximadamente três décadas.15,19 A interdependência das variáveis e as propriedades psicométricas do QMPA, determinadas por análise multivariada, indicaram que os fatores do questionário foram consonantes com as respectivas psicopatias (DMC, psicoses) definidas na prática clínica.15,17,19 Em registros populacionais com ponto de corte 6/7, o método mostrou boa sensibilidade (75% a 93%), especificidade variável (entre 53% e 94%) e um kappa de 0,88.15,17,19

Nos últimos anos, a escala foi utilizada em um amplo contexto: para estudar a relação da saúde mental dos pais com a saúde mental das crianças;19 para acessar o efeito das variáveis socioeconômicas e do ambiente familiar na saúde mental das crianças;20 para avaliar a epidemiologia do uso de psicotrópicos na cidade de São Paulo;21 para estudar a saúde mental de mães de crianças desnutridas;22 para avaliar o impacto de trabalhos informais na saúde mental das mulheres;23 para verificar o efeito de atividades domésticas e do trabalho remunerado nos sintomas psiquiátricos;24 para avaliar os sintomas de depressão e ansiedade entre empregadas domésticas;25 para documentar os efeitos da desigualdade social na prevalência de desordens psiquiátricas na Bahia, Brasil;26 para rastrear morbidade psiquiátrica em gestantes sob uso de bebidas alcoólicas.27 O estudo atual utiliza, pela primeira vez, o QMPA na verificação de sintomas psiquiátricos em pacientes com LES.

Nossos pacientes com LES foram predominantemente mulheres (94,4%) e brancos (83,3%), com média de idade de 46,1 anos. A literatura mostra uma incidência aumentada de LES em mulheres não brancas entre 20-30 anos.28 Nossos dados mostram semelhança com a literatura em relação a predomínio do sexo feminino, mas diferem em relação à raça.28 Em concordância com nossos dados, Chahade et al. documentaram uma incidência aumentada de LES em caucasianos do sudeste do Brasil.29

Aproximadamente dois terços do nosso grupo de pacientes lúpicos iniciaram com a doença entre 20 e 40 anos de idade, achados compatíveis com a literatura americana.30 Aproximadamente um terço apresentava doença com menos de 5 anos de duração. Nossa população lúpica, amplamente dependente do sistema público de saúde, tinha, em termos gerais, um baixo nível educacional: 62,5% dos pacientes não frequentaram o ensino médio. Em 80,5% dos casos a renda familiar destinada ao paciente era 1,5 vezes o salário mínimo ou menos. Resumidamente, esta amostra é representativa de um centro terciário público de uma grande cidade sulina (maioria branca, baixa renda, baixo nível educacional).

A frequência de sintomas psiquiátricos avaliados pelo QMPA foi bastante alta em nossa população com LES (89%). De interesse, a prevalência de distúrbios psiquiátricos pelo QMPA foi previamente avaliada em 6746 indivíduos de três áreas metropolitanas do Brasil (Brasília, São Paulo e Porto Alegre). A frequência de psicopatologia (maioria transtornos de ansiedade) variou de 19% (São Paulo) até 34% (Brasília e Porto Alegre). O relato31 compreende a primeira investigação de doença mental em população urbana, e instigou nosso atual interesse em rastrear morbidade psiquiátrica no LES por meio do QMPA. Como visto, a prevalência de QMPA anormal diferiu amplamente quando uma amostra da população geral31 é comparada, mesmo que indiretamente, com um grupo específico de pacientes com LES.

A prevalência de 89% de QMPA anormal nos nossos pacientes com LES pode estar superestimada. O teste pode ser hipersensível, detectando sintomas de síndromes funcionais (questões 2, 4, 9 e 21, por exemplo) ou queixas orgânicas do LES (questões 1, 41). Em um estudo hospitalar incluindo trinta pacientes com LES, a prevalência de desordens psiquiátricas utilizando-se outro método (Presumptive Stressful Life Event Scale) foi de 50%, de acordo com estudo de 1999.32 Em uma amostra brasileira de pacientes lúpicos avaliada por escalas tradicionais, alterações cognitivas, ansiedade e/ou depressão foram vistos em 75% dos casos, uma frequência semelhante à nossa no que se refere a DMC.33

Entre nossos 64 pacientes com sintomas psiquiátricos, houve uma predominância maciça de DMC (93,7%) em comparação com psicose (6,3%). Entre o grupo das DMC, a maioria dos pacientes (83,3%) se enquadrou no grupo de ansiedade/ somatização, e os restantes na categoria de irritabilidade/depressão. No grande grupo de pacientes com o fator ansiedade/ somatização, sintomas atribuíveis ao LES como fadiga e "fraqueza nas pernas"34 foram também computados em nosso estudo (questão 5 do QMPA); esta sobreposição de sintomas psiquiátricos e orgânicos pode ter gerado um viés de confusão em nossa análise.

Nossos dados não demonstraram correlação dos escores QMPA com atividade de doença medida pelo SLEDAI. De 83 pacientes chilenos com LES avaliados para morbidade psiquiátrica por meio do DSM-IV e escala de sofrimento psicológico, 44,6% apresentaram diagnósticos psiquiátricos, particularmente episódios depressivos maiores. À semelhança de nosso estudo, não houve correlação entre distúrbios psiquiátricos e atividade da doença.35

Três estudos, que também utilizaram outras metodologias que não o QMPA, corroboraram a ausência de associação entre morbidade psiquiátrica e atividade de doença.32,33,36 Esses achados sugerem que o sofrimento psicológico destes pacientes, manifesto principalmente por DMC, poderia ser de etiologia multifatorial, incluindo cronicidade da doença, tratamento e variáveis socioeconômicas. 32,33,36 Alguns relatos brasileiros, de fato, demonstraram piora dos sintomas de LES em decorrência de fatores psicológicos.37-39 De acordo com Toloza et al., os métodos atuais de aferição de atividade de doença e do dano orgânico no LES não são capazes de "capturar" a qualidade de vida relacionada à saúde destes pacientes.40

De grande interesse, também não observamos uma associação de QMPA alterado com história prévia de psicose e/ou convulsões, critérios clássicos de LES.2,41 Poderíamos então inferir que os sintomas psiquiátricos correntemente captados pelo QMPA não estão de forma direta relacionados a histórico de neurolúpus.

A literatura mostra que quanto mais precoce se inicia o LES, mais sérios os achados clínicos tendem a ser.42 Embora esperássemos escores mais altos de QMPA em pacientes com doença precoce, essa correlação não foi encontrada em nosso estudo. Considerando-se dados prévios confirmando um efeito cumulativo de dano cerebral em pacientes com LES,43 uma associação de sintomas psiquiátricos com maior duração de doença seria plausível, mas esta correlação também não foi evidente em nossa casuística.

Uma correlação de morbidade psiquiátrica com baixo nível educacional (inferior ao ensino médio) foi verificada em nosso estudo. Em outras palavras, pacientes com LES e elevado nível educacional foram menos suscetíveis a respostas afirmativas no QMPA. É possível, também, que os indivíduos com menor nível de educação tenham tido mais dificuldades em lidar com a extensão e a complexidade do questionário, resultando em viés de respostas positivas.

Onze pacientes brasileiros com LES foram recentemente avaliados quanto à função neuropsicológica por meio do "mini-mental", inventário neuropsiquiátrico e outros testes. Um definido acometimento das funções cognitivas foi documentado, e estas alterações também se relacionaram a um baixo nível de educação. Digno de nota, sintomas de irritabilidade/ depressão e alucinações foram particularmente frequentes nestes indivíduos.44

Nossos dados não confirmaram uma correlação de QMPA alterado com renda familiar destinada ao paciente com LES. De acordo com estudo recente, doença crônica, baixo nível educacional e baixo poder aquisitivo predispuseram a depressão, ansiedade e distúrbios somatoformes no LES.45 Estas discrepâncias acerca do papel do poder aquisitivo nos transtornos psiquiátricos de pacientes lúpicos devem ser clareadas em estudos futuros.

Embora desprovido de propriedades diagnósticas, o QMPA, com sua ampla estrutura em fatores, pareceu método útil no rastreamento de DMC (que predominaram fortemente em nossa amostra de LES), bem como na diferenciação de DMC com psicoses. Em pacientes com QMPA alterado, diagnósticos psiquiátricos mais específicos podem potencialmente ser obtidos em um futuro estudo longitudinal.

Entretanto, nosso estudo tem limitações que devem ser mencionadas, sendo o delineamento transversal a primeira delas. A ausência de grupo-controle sem LES restringiu a análise estatística. O baixo número de pacientes com psicose não possibilitou análise de subgrupos de pacientes com QMPA alterados. A maioria de nossos pacientes (96%) estava sob uso de corticoides, o que não tornou factível associar estatisticamente sintomas psiquiátricos com o uso destes fármacos.

Sabidamente, o uso de corticosteroides está associado a distúrbios do sono, cognição e comportamento.46 Estratificação para dose de corticoide poderia ter sido efetuada em nosso estudo, uma vez que a dose está relacionada à frequência de sintomas psiquiátricos; entretanto, a dosagem não parece estar associada à severidade ou duração dos achados psiquiátricos.46 Nossos pacientes com LES não foram subdivididos quanto ao uso de psicotrópicos, dada a também alta frequência de uso destes fármacos; além disso, uma grande variedade de psicotrópicos foi utilizada por diferentes pacientes, tornando difícil a estratificação. O fato de termos avaliado uma população específica de LES de centro terciário (no geral com baixo nível de educação escolar e baixa renda) também restringe nossos resultados. Como limitação do QMPA per si, o método avaliou sintomas presentes apenas no último ano.

Em resumo, um QMPA anormal foi altamente frequente em nossos pacientes com LES. O teste pode ser hipersensível; de qualquer modo, esses dados trazem à discussão a necessidade de programas de rastreamentos mais agressivos para distúrbios psicológicos em pacientes com LES. Um QMPA anormal não se correlacionou com doença ativa, e a associação de teste alterado com baixo nível educacional requer elucidação. Estudos complementares são necessários para confirmar a utilidade do QMPA como instrumento rastreador de morbidade psiquiátrica em pacientes com LES.

Recebido em 1 de agosto de 2012

Aceito em 30 de janeiro de 2013

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    Autor para correspondência. E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Nov 2013
    • Data do Fascículo
      Ago 2013

    Histórico

    • Recebido
      01 Ago 2012
    • Aceito
      30 Jan 2013
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