Acessibilidade / Reportar erro

TRÊS DÉCADAS DE PESQUISA EM EMPREENDEDORISMO: UMA REVISÃO DOS PRINCIPAIS PERIÓDICOS INTERNACIONAIS DE EMPREENDEDORISMO

THREE DECADES OF ENTREPRENEURSHIP RESEARCH: A REVIEW OF THE HIGHER STATURE INTERNATIONAL JOURNALS ON ENTREPRENEURSHIP

TRES DÉCADAS DE PESQUISA EN EMPRENDEDURISMO: UNA REVISIÓN DE LOS PRINCIPALES PERIÓDICOS INTERNACIONALES DE EMPRENDEDURISMO

RESUMO

A pesquisa acadêmica em empreendedorismo tem crescido substancialmente durante as últimas três décadas, em parte aplicando teorias e constructos de outras disciplinas, e em parte desenvolvendo sobre o seu próprio objeto de estudo. Neste artigo realizamos um estudo bibliométrico em oito periódicos líderes na pesquisa em empreendedorismo, para captar um panorama geral e estrutural do conhecimento acumulado. Metodologicamente, analisamos autores mais prolíficos e nacionalidades, citações e obras com maior impacto, cocitações para entender a estrutura intelectual do campo e temas pesquisados para entender o foco da pesquisa. As análises incidiram sobre uma amostra de 1.414 artigos publicados ao longo de trinta anos, de 1981 a 2010. Os resultados mostram o crescimento da pesquisa em empreendedorismo, o predomínio claro da academia Norte Americana, que a pesquisa em empreendedorismo é bastante eclética relativamente às teorias e fenômenos examinados, integrando as principais teorias de Administração, e permitem examinar a estrutura intelectual que relaciona trabalhos e teorias. Destaca-se o trabalho de Schumpeter (1934) como o mais citado e cinco principais temas que pesquisados: 'Entrepreneurial process', 'Environmental and external determinants of entrepreneurship', 'Methods, theories and research issues', 'Value creation and performance' e 'Psychological, cognitive and individual characteristics'. Concluímos apontando áreas e tópicos que merecem a atenção de acadêmicos para pesquisa futura.

Palavras-Chave:
estudo bibliométrico; empreendedorismo; revisão literatura; tendências na pesquisa

ABSTRACT

Entrepreneurship research has soared over the last three decades, partly based on applying theories and constructs from other disciplines and partly delving into its own object of study. In this paper we conduct a bibliometric study on eight top ranked journals for entrepreneurship research to capture a broad view and the structure of accumulated knowledge. Methodologically, we analyze most prolific authors and nationalities, citations and works with higher impact, co-citations to understand the intellectual structure of the field, and the themes researched, to understand the focus of research. The analyses used a sample of 1.414 articles published over a thirty years period, from 1981 to 2010. Results show the growth in entrepreneurship research, that North American academy has been prominent, that entrepreneurship research has been largely eclectic concerning the theories and phenomena examined, integrating the main management theories, and permit us examine the intellectual structure binding works and theories. Schumpeter (1934) is the most cited work and five research themes have captured more attention: 'Entrepreneurial process', 'Environmental and external determinants of entrepreneurship', 'Methods, theories and research issues', 'Value creation and performance' e 'Psychological, cognitive and individual characteristics'. We conclude pointing areas and topics that warrant scholars' attention for future research.

Keywords:
bibliometric study; entrepreneurship; literature review; research trends

RESUMEN

La pesquisa académica en emprendedurismo ha crecido substancialmente durante las ultimas tres décadas, en parte aplicando teorías y constructos de otras disciplinas, y en parte desarrollado sobre su propio objeto de estudio. En este articulo hicimos un estudio bibliométrico en ocho periódicos líderes en la pesquisa en emprendedurismo, para captar un panorama general y estructural de conocimiento acumulado. Metodológicamente, analizamos los autores más prolíficos y nacionalidades, citas bibliográficas y obras con mayor impacto, co-citas, para entender la estructura intelectual del campo y temas buscados para entender el objeto de la pesquisa. Las análisis se hicieron sobre una muestra de 1.414 artículos publicados a lo largo de treinta años, de 1981 a 2010. Los resultados indican un crecimiento da pesquisa em emprendedurismo, lo dominio evidente de la academía Estadounidense, que la pesquisa en emprendedurismo es muy ecléctica relativamente a las teorías e fenómenos examinados, integrando las principales teorías de gestión, y permiten examinar la estructura intelectual que conecta trabajos e teorías. Schumpeter (1934) es lo mas citado y cinco temas mas pesquisados: 'Entrepreneurial process', 'Environmental and external determinants of entrepreneurship', 'Methods, theories and research issues', 'Value creation and performance' e 'Psychological, cognitive and individual characteristics'. Concluimos indicando áreas y tópicos que meritan la atención de académicos para pesquisas futuras.

Palabras Clave:
estudio bibliométrico; emprendedurismo; revisión de literatura; tendencias en la pesquisa

INTRODUÇÃO

A pesquisa em empreendedorismo tem aumentado substancialmente nos últimos trinta anos, e em especial desde a revisão do estado do conhecimento por Low e MacMillan (1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.) em que apontaram linhas para pesquisa futura. Apesar do crescente interesse por empreendedorismo, a disciplina, enquanto campo acadêmico, ainda padece das usuais críticas e questionamentos sobre se há realmente uma disciplina específica de empreendedorismo que a distingue de outros estudos em Administração. O fato é que empreendedorismo tem atraído mais atenção, como é revelado no surgimento de novos periódicos acadêmicos dedicados (como o Strategic Entrepreneurship Journal, em 2007, e no Brasil a REGEPE, em 2012), além de artigos e números especiais publicados em periódicos de elevada reputação como o Academy of Management Review, Strategic Management Journal e Academy of Management Executive, dentre outros. Acompanhando o crescente interesse de acadêmicos, a disciplina tem ganho contribuições de diversas áreas e de pesquisadores que trazem novas e diversas perspectivas teóricas, para o estudo de uma diversidade de assuntos específicos ao empreendedorismo (BUSENITZ ET AL., 2003BUSENITZ, L.; WEST, G.; SHEPHERD, D.; NELSON, T.; CHANDLER, G.; ZACHARAKIS, A. Entrepreneurship research in emergence: Past trends and future directions., Journal of Management v. 29, p. 285-308, 2003.; CAMPOS ET AL., 2012CAMPOS, H.; PARELLADA, F.; PALMA, Y. Mapping the intellectual structure of entrepreneurship research: Revisiting the invisible college. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 41-58, 2012.).

Neste artigo, analisamos o histórico da pesquisa em empreendedorismo. Esta revisão do estoque de conhecimento acumulado é importante para o desenvolvimento futuro da pesquisa. Periodicamente, os acadêmicos beneficiam de análises que sintetizam e sumariam o conhecimento existente e, eventualmente, apontam direções de pesquisa futura. No caso da disciplina de empreendedorismo, estes levantamentos periódicos são talvez mais pertinentes pela diversidade que a caracteriza. É possível que esta diversidade conceitual e de objetos de estudo se prendam com a complexidade disciplinar em formar um corpus único e distintivo em empreendedorismo porque confluem desde os recursos humanos, as finanças, as questões técnicas e culturais, até as mais comportamentais, de marketing e, inclusive, de negócios internacionais, no qual ganha corpo o empreendedorismo internacional.

Neste artigo, visamos entender a pesquisa publicada - num conjunto dos melhores periódicos internacionais em empreendedorismo - ao longo dos últimos trinta anos. Com este estudo, ao examinar os principais autores, obras e temas numa comunidade acadêmica, ganhamos uma compreensão da evolução da pesquisa, da sua estrutura social, e entendemos a estrutura das ligações intelectuais que ligam teorias, temas e autores na pesquisa existente (WHITE; MCCAIN, 1998WHITE, D.; MCCAIN, K. Visualizing a discipline: An author co-citation analysis of information science, 1972-1995. Journal of the American Society for Information Science, v. 49, p. 327-355, 1998.; RAMOS-RODRIGUEZ; RUIZ-NAVARRO, 2004RAMOS-RODRIGUEZ, A.; RUÍZ-NAVARRO, J. Changes in the intellectual structure of strategic management research: A bibliometric study of the, Strategic Management Journal 1980-2000., Strategic Management Journal v. 25, n. 10, p. 981-1004, 2004.), a partir da qual podemos discutir pesquisa futura. Compreender a pesquisa já realizada numa área ainda relativamente jovem como é empreendedorismo (LOW, 2001LOW, M. The adolescence of entrepreneurship research: Specification of a purpose., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 17-25, 2001.) é especialmente importante para acadêmicos, e permite não apenas conhecer o que já foi, e como, pesquisado, os principais autores, e como as teorias se relacionam. Este estudo é, também, uma referência para identificar lacunas e rumos para pesquisas futuras (CHABOWSKY ET AL., 2010). É, assim, um documento, especialmente útil para estudantes de Mestrado e Doutorado, e pesquisadores recentemente chegados ao campo de empreendedorismo.

Metodologicamente, realizamos um estudo bibliométrico sobre 1.414 artigos publicados em oito periódicos líderesem empreendedorismo, ao longo de um período de trinta anos - de 1981 a 2010. A seleção dos periódicos foi feita com base na classificação deHarzing (2011HARZING, A-W. Harzing Journal Quality List, thirty-eight edition, 4 February, compiled and edited by Anne-Will Harzing, 2011.), por terem maiores fatores de impacto, e pela sua reputação para a publicação de pesquisa em empreendedorismo (SCHILDT ET AL. 2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.; LANDSTRÖM ET AL. 2012LANDSTRÖM, H.; HARIRCHI, G.; ASTRÖM, F. Entrepreneurship: Exploring the knowledge base. Research Policy, v. 41, n. 1, p. 1154-1181, 2012.; BUSENITZ ET AL. 2014BUSENITZ, L.; PLUMMER, L; KLOTZ, A.; SHAHZAD, A.; RHOADS, K. ntrepreneurship research (1985-2009) and the emergence of opportunities., Entrepreneurship Theory and Practice v. 38, n. 5, p. 981-1000, 2014.). As análises bibliométricas visaram a construção de um panorama descritivo de nacionalidades e autores prolíficos e principais obras. Em seguida, as análises de citações permitiram identificar as principais obras e que, presumivelmente, tiveram maior impacto no campo. As redes de cocitações serviram para identificar a estrutura intelectual, ou seja, como as obras se relacionam. Por fim, classificamos e observamos quais foram os principais temas pesquisados durante as últimas décadas.

A contribuição deste trabalho é iminentemente acadêmica, na medida em que, em essência, revemos literatura. No entanto, usamos os resultados para entender o estado atual da pesquisa realizada, a partir da qual podemos discutir o estado de maturidade da disciplina e extrapolar potenciais pistas para pesquisas futuras. Este tipo de levantamento da literatura é relevante para pesquisadores, por permitir entender a estrutura intelectual da pesquisa na disciplina, identificar os trabalhos com maior influência e como toda a área se interconecta. Este estudo complementa, assim, outras revisões de literatura e estudos bibliométricos e cientométricos existentes (LOW e MACMILLAN, 1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.; CAMPOS ET AL., 2012CAMPOS, H.; PARELLADA, F.; PALMA, Y. Mapping the intellectual structure of entrepreneurship research: Revisiting the invisible college. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 41-58, 2012.; LANDSTRÖM; HARIRCHI e ASTRÖM, 2012LANDSTRÖM, H.; HARIRCHI, G.; ASTRÖM, F. Entrepreneurship: Exploring the knowledge base. Research Policy, v. 41, n. 1, p. 1154-1181, 2012.; FERREIRA ET AL., 2014FERREIRA, M.; MIRANDA, R.; REIS, N.; PINTO, C.; SERRA, F. Pesquisa em empreendedorismo no principal periódico internacional: Um estudo bibliométrico das publicações no Journal of Business Venturing entre 1987 e 2010. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 3, n. 1, p. 56-83, 2014.), ao aplicar técnicas de análises diferenciadas e um período de tempo mais alargado.

O artigo está estruturado em quatro partes. Na primeira parte, revemos o fundamental das fundações conceituais. Na segunda, descrevemos os procedimentos e amostra usados neste estudo. E em seguida os resultados das análises bibliométricas. Concluímos com uma ampla discussão apontando limitações e, fundamentalmente, sintetizando o estoque de conhecimento e vias para pesquisa futura.

1 FUNDAÇÕES CONCEITUAIS DOS ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS

O embasamento conceitual das redes sociais (SMALL, 1973SMALL, H. Co-citation in the scientific literature: A new measure of the relationship between two documents., Journal of the American Society for Information Science and Technology v. 24, p. 265-269, 1973.; WASSERMAN; FAUST, 1994; FREEMAN, 2011FREEMAN, L. The development of social network analysis: With an emphasis on recent events. In J. Scott & P. Carrington (Eds.), The SAGE Handbook of Social Network Analysis (pp. 26-39). Thousand Oaks, CA: SAGE Publications, 2011.) sustenta as principais análises bibliométricas que realizamos, observando-se como se interconectam teorias e temas de pesquisa. Perspectivas baseadas em análises de redes sociais têm sido populares para analisar estruturas sociais e padrões na geração de conhecimento científico (HARGENS, 2000HARGENS, L. Using the literature: Reference networks, reference contexts, and the social structure of scholarship. American Sociological Review, v. 65, n. 6, p. 846-865, 2000.). Observando a produção científica por meio de teoria das redes sociais, as estruturas sociais emergem como redes de trabalhos mais influentes, que se relacionam pelas citações e cocitações. Forma-se, no agregado, o domínio científico do campo, que conseguimos visualizar numa rede. Essa rede é passível de ser analisada olhando e mensurando a composição das redes, a força dos laços e a estrutura, com trabalhos mais centrais e outros mais periféricos, com teorias mais fortemente conectadas e outras com laços mais tênues. A ênfase das análises de redes sociais está em determinar quais e como os trabalhos se relacionam, e como formam laços mais fortes ou mais fracos entre si, ou como formamclusters (CHABOWSLY ET AL., 2010). Na literatura de redes sociais referimo-nos à coesão que é obtida pela análise das redes de cocitações, identificando-se a frequência com que os trabalhos são juntamente citados num outro (MCCAIN, 1986). A força destes laços evidencia uma ligação conceitual mais forte.

Os estudos bibliométricos utilizam uma variedade de fontes documentais para analisar o conhecimento num dado campo, como livros, artigos científicos, teses e dissertações, dentre outros. A vantagem em utilizar apenas os artigos publicados é que estes foram validados pelos pares no usual processo de double bind review (ver RAMOS-RODRIGUEZ e RUÍZ-NAVARRO, 2004RAMOS-RODRIGUEZ, A.; RUÍZ-NAVARRO, J. Changes in the intellectual structure of strategic management research: A bibliometric study of the, Strategic Management Journal 1980-2000., Strategic Management Journal v. 25, n. 10, p. 981-1004, 2004.), sendo considerados conhecimento certificado. As análises bibliométricas assentam em procedimentos estatísticos e matemáticos que viabilizam analisar grandes volumes de dados, não possíveis com observações qualitativas ou de conteúdo. Os estudos bibliométricos, segundo Diodato (1994DIODATO, V. Dictionary of Bibliometrics Binghamton, NY: Haworth Press, 1994.), Daim et al. (2006DAIM, T.; RUEDA, G.; MARTIN, H.; GERDSRI, P. Forecasting emerging technologies: Use of bibliometrics and patent analysis, Technology Forecasting and Social Change, v. 73, n. 8, p. 981-1012, 2006.) e Ferreira (2011FERREIRA, M. A bibliometric study on Ghoshal's managing across borders, Multinational Business Review, v. 19, n. 4, p. 357-375, 2011.) permitem examinar uma variedade de assuntos para ajudar a entender, organizar e explorar o que já foi feito, ou pesquisado. Por exemplo, identificar as relações entre autores da área (CORNELIUS; LANDSTRÖM; PERSSON, 2006CORNELIUS, B.; LANDSTRÖM, H.; PERSSON, O. Entrepreneurial studies: The dynamic research front of a developing social science., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 375-398, 2006.; GARTNER ET AL., 2006GARTNER, W.; DAVIDSSON, P.; ZAHRA, S. Are you talking to me? The nature of community in entrepreneurship scholarship., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 321-331, 2006.), quais os tópicos ou temas chave da área (CULNAN, 1987CULNAN, M. Mapping the intellectual structure of MIS, 1980-1985: A co-citation analysis. MIS Quarterly, v. 11, n. 3, p. 341-353, 1987.; SCHILDT ET AL., 2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.; FURRER; TOMAS; GOUSSEVSKAIA, 2008FURRER, O.; TOMAS, H.; GOUSSEVSKAIA, A. The structure and evolution of the strategic management field: A content analysis of 26 years of strategic management research. International Journal of ManagementReviews, v. 10, n. 1, p. 1-23, 2008.), quais os trabalhos com maior impacto no campo (RATNATUNGA; ROMANO, 1997RATNATUNGA, J.; ROMANO, C. A citation classics' analysis of articles in contemporary small enterprise research., Journal of Business Venturing v.12, n.3, p. 197-212, 1997.; LANDSTRÖM ET AL., 2012) e extrapolar sobre o seu impacto na disciplina, e encontrar relações intelectuais de proximidade entre as obras de maior relevância na área (WHITE; MCCAIN, 1998WHITE, D.; MCCAIN, K. Visualizing a discipline: An author co-citation analysis of information science, 1972-1995. Journal of the American Society for Information Science, v. 49, p. 327-355, 1998.). Segundo Chen (2004), os estudos bibliométricos são úteis não apenas para entender o que tratou a pesquisa realizada, mas também para identificar as suas fronteiras atuais e, segundo Chabowsky et al. (2010), inferir desse levantamento qual a pesquisa futura.

A realização de estudos bibliométricos tem-se tornado mais comum nas diversas disciplinas de Administração (NEDERHOF ET AL., 2005NEDERHOF, A.; ZWAAN, R.; DE BRUIN, R.; DEKKER, P. Assessing the usefulness of bibliometric indicators for the humanities and the social and behavioural sciences: A comparative study., Scientometrics v. 15, p. 423-435, 2005.; CHIU; HO, 2007CHIU, W.; HO, Y. Bibliometric analysis of tsunami research, Scientometrics, v. 73, p. 3-17, 2007.; ANDRES, 2009ANDRES, A. Measuring academic research: How to undertake a bibliometric study Cambridge, UK: Chandos Publishing, 2009.). Por exemplo, em estratégia Phelan, Ferreira e Salvador (2002PHELAN, S.; FERREIRA, M.; SALVADOR, R. The first twenty years of the, Strategic Management Journal, Strategic Management Journal v. 23, n. 12, p. 1161-1168, 2002.) examinaram todo o histórico de publicações no Strategic Management Journal(SMJ) para identificar tipos de artigos, autorias, tempo para publicação e amostras. Ramos-Rodríguez e Ruíz-Navarro (2004) analisaram os artigos publicados no SMJ para identificar a estrutura intelectual da disciplina. Em Negócios Internacionais, Ferreira (2011) e Ferreira et al. (2012) analisaram o impacto de um autor e de uma obra, respectivamente, na investigação realizada, por meio de análises de citações, cocitações e coocorrências. Mas, estudos bibliométricos já foram realizados em diversas outras disciplinas como sistemas de informação (CULNAN, 1987CULNAN, M. Mapping the intellectual structure of MIS, 1980-1985: A co-citation analysis. MIS Quarterly, v. 11, n. 3, p. 341-353, 1987.), pesquisa do consumidor (HOFFMAN; HOLBROOK, 1993HOFFMAN, D.; HOLBROOK, M. The intellectual structure of consumer research: A bibliometric study of author cocitations in the first 15 years of the journal of consumer research. Journal of Consumer Research, v. 19, p. 505-517, 1993.), publicidade (PASADEOS ET AL., 1998PASADEOS, Y.; PHELPS, J.; KIM, B. Disciplinary impact of advertising scholars: temporal comparisons of influential authors, works and research networks. Journal of Advertising, v. 27, n. 4, p. 53-70, 1998.), gestão de operações (PILKINGTON; LISTON-HEYES, 1999PILKINGTON, A.; LISTON-HEYES, C. Is production and operations management a discipline? A citation/co-citation study. International Journal of Operations & Production Management, v. 19, n. 1, p. 7-20, 1999.), gestão do conhecimento (PONZI, 2002PONZI, L. The intellectual structure and interdisciplinary breadth of Knowledge Management: A bibliometric study of its early stage of development, Scientometrics, v. 55, n. 2, p. 259-272, 2002.) e contabilidade (CHUN ET AL., 1992CHUN, K.; PAK, H.; COX, R. Patterns of research output in the accounting literature: A study of the bibliometric distributions. Abacus, v. 28, n. 2, p. 168-185, 1992.). Vários destes estudos assentam em análises de cocitações como forma de esclarecer a estrutura social da pesquisa no campo (RAMOS-RODRIGUEZ; RUIZ-NAVARRO, 2004RAMOS-RODRIGUEZ, A.; RUÍZ-NAVARRO, J. Changes in the intellectual structure of strategic management research: A bibliometric study of the, Strategic Management Journal 1980-2000., Strategic Management Journal v. 25, n. 10, p. 981-1004, 2004.; SMALL; GRIFFITH, 1974SMALL, H.; GRIFFITH, B. The structure of scientific literatures (I) Identifying and graphing specialties. Science Studies, v. 4, n. 1, p. 17-40, 1974.; DÉRY; TOULOUSE, 1996DÉRY, R.; TOULOUSE, J. (1996). Social structuration of the field of entrepreneurship: A case study. Canadian Journal of Administrative Sciences, v. 13, n. 4, p. 285-305, 1996.) e mapear as áreas de pesquisa (WHITE; GRIFFITH, 1981WHITE, H.; GRIFFITH, B. Author co-citation: A literature measure of intellectual structure., Journal of the American Society for Information Science v. 32, p. 163-171, 1981.).

Em empreendedorismo identificamos diversos estudos de revisão da literatura, usando metodologias distintas e com objetivos também diferentes. Shane (1997SHANE, S. Who is publishing the entrepreneurship research?., Journal of Management v. 23, p. 83-95, 1997.) analisou o impacto de autores na pesquisa em empreendedorismo observando o número de publicações em periódicos de alta reputação.Déry e Toulouse (1996DÉRY, R.; TOULOUSE, J. (1996). Social structuration of the field of entrepreneurship: A case study. Canadian Journal of Administrative Sciences, v. 13, n. 4, p. 285-305, 1996.) examinaram os artigos publicados em um único periódico, o Journal of Business Venturing, para identificar a estrutura intelectual da área. Campos et al. (2012CAMPOS, H.; PARELLADA, F.; PALMA, Y. Mapping the intellectual structure of entrepreneurship research: Revisiting the invisible college. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 41-58, 2012.) estudaram uma amostra de artigos para entender quais os temas principais na pesquisa em empreendedorismo e como estes se relacionam. Ratnatunga e Romano (1997RATNATUNGA, J.; ROMANO, C. A citation classics' analysis of articles in contemporary small enterprise research., Journal of Business Venturing v.12, n.3, p. 197-212, 1997.), numa análise dos artigos mais citados observaram os temas pesquisados e concluíram pelo predomínio de estudos sobre as características do empreendedor. Fried (2003FRIED, V. Defining a forum for entrepreneurship scholars., Journal of Business Venturing v. 18, n. 1, p. 1-11, 2003.) identificou os periódicos de maior impacto em empreendedorismo. Grégoire et al. (2006GRÉGOIRE, D.; NOËL, M.; DÉRY, R.; BÉCHARD, J. Is there conceptual convergence in entrepreneurship research? A co-citation analysis of frontiers of entrepreneurship research, 1981-2004., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 333-373, 2006.) examinaram as redes de cocitações concluindo sobre a evolução dos temas de pesquisa ao longo do tempo, entre 1981 e 2004. TambémSchildt et al. (2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.) se debruçaram sobre a identificação de temas de pesquisa. Landström et al. (2012LANDSTRÖM, H.; HARIRCHI, G.; ASTRÖM, F. Entrepreneurship: Exploring the knowledge base. Research Policy, v. 41, n. 1, p. 1154-1181, 2012.), fizeram uma análise bibliométrica usando referências de 12handbooks de empreendedorismo e identificaram os produtores de conhecimento que mais contribuíram para a pesquisa em empreendedorismo, assim como os trabalhos de maior impacto na disciplina.

2 MÉTODO

2.1 Amostra

Os procedimentos para a identificação da amostra envolveram duas etapas. A primeira etapa consistiu na seleção dos periódicos a analisar, para o que recorremos à Journal Quality List, de Ann-Will Harzing, edição 38, de 2011HARZING, A-W. Harzing Journal Quality List, thirty-eight edition, 4 February, compiled and edited by Anne-Will Harzing, 2011., aos fatores de impacto (ver Tabela 1) e à seleção de periódicos inclusos em outros estudos bibliométricos existentes (FRIED, 2003FRIED, V. Defining a forum for entrepreneurship scholars., Journal of Business Venturing v. 18, n. 1, p. 1-11, 2003.; KATZ 2003KATZ, J. The chronology and intellectual trajectory of American entrepreneurship education 1876-1999., Journal of Business Venturing v. 18, n. 2, p. 283-200, 2003.; SCHILDT ET AL. 2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.; LANDSTRÖM ET AL. 2012LANDSTRÖM, H.; HARIRCHI, G.; ASTRÖM, F. Entrepreneurship: Exploring the knowledge base. Research Policy, v. 41, n. 1, p. 1154-1181, 2012.;BUSENITZ ET AL. 2014BUSENITZ, L.; PLUMMER, L; KLOTZ, A.; SHAHZAD, A.; RHOADS, K. ntrepreneurship research (1985-2009) and the emergence of opportunities., Entrepreneurship Theory and Practice v. 38, n. 5, p. 981-1000, 2014., JING ET AL. 2014JING, S.; QINGHUA, Z.; LANDSTRÖM, H. Entrepreneurship research in three regions-the USA, Europe and ChinaInternational Entrepreneurship and Management Journal, (ahead-of-print) 1-30 DOI 10.1007/s11365-014-0315-6, 2014.). Incluímos oStrategic Entrepreneurship JournaI (SEJ), porque embora tenha sido fundado em 2007, e tenha um histórico curto de artigos publicados, já possui um fator de impacto á 5 anos de 3,518, próximo do Journal of Business Venturing (com 3,914), Entrepreneurship Theory and Practice (3,839) e Journal of Product Innovation Management (3,626). Este periódico contribuiu com 61 artigos para o total da nossa amostra. Nota-se que estes periódicos são relativamente recentes, e apenas o Journal of Product Innovation Management existe desde 1984.

Tabela 1
Os periódicos na amostra e fatores de impacto

Os artigos publicados nos periódicos líderes proporcionam a oportunidade para generalizar a pesquisa no campo (CHABOWSKY ET AL., 2010). Presumivelmente, os periódicos mais conceituados publicam a pesquisa com maior potencial de impacto, e são os mais procurados pelos pesquisadores, quer para publicarem os seus artigos, quer para identificarem referências relevantes para citarem nos seus trabalhos. Assim, esses oito periódicos permitem-nos obter uma amostra representativa da pesquisa de maior relevância em empreendedorismo.

A segunda etapa na construção da amostra envolveu a identificação dos artigos naISI Web of Knowledge, no motor de busca Web of Science. Essa base foi usada em diversas pesquisas anteriores (RAMOS-RODRIGUEZ; RUIZ-NAVARRO, 2004RAMOS-RODRIGUEZ, A.; RUÍZ-NAVARRO, J. Changes in the intellectual structure of strategic management research: A bibliometric study of the, Strategic Management Journal 1980-2000., Strategic Management Journal v. 25, n. 10, p. 981-1004, 2004.;SCHILDT ET AL., 2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.; FURRER ET AL., 2008FURRER, O.; TOMAS, H.; GOUSSEVSKAIA, A. The structure and evolution of the strategic management field: A content analysis of 26 years of strategic management research. International Journal of ManagementReviews, v. 10, n. 1, p. 1-23, 2008.; FERREIRA, 2011FERREIRA, M. A bibliometric study on Ghoshal's managing across borders, Multinational Business Review, v. 19, n. 4, p. 357-375, 2011.) e, é reconhecida como de maior prestígio. Na definição das palavras-chave para realizar a busca no ISI web of knowledge, seguimos as indicações de Busenitz et al. (2003BUSENITZ, L.; WEST, G.; SHEPHERD, D.; NELSON, T.; CHANDLER, G.; ZACHARAKIS, A. Entrepreneurship research in emergence: Past trends and future directions., Journal of Management v. 29, p. 285-308, 2003.) sobre os possíveis termos de pesquisa em empreendedorismo. Assim, utilizamos como termos de pesquisa:entrepreneur, entrepreneurial,entrepreneurship, small business, new ventures e founders. Estes termos de pesquisa (usualmente referidos como keywords ou palavras-chave) foram colocados no campo de seleção "Topic" do motor de busca. A amostra final do nosso estudo ficou constituída por 1.414 artigos nos oito periódicos (Tabela 2), no qual se destaca a contribuição de dois periódicos, o JBV (cerca de 30%) e o SBE (23%).

Tabela 2
A composição da amostra por periódico

2.2 Procedimentos de análise

Os procedimentos seguidos foram baseadoss em três tipos de análises fundamentais: análise de citações, de cocitações e dos temas abordados nos artigos. Seguimos a proposta de Schildt, Zahra e Sillanpää (2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.) para analisar a proximidade entre os trabalhos, a partir da qual inferimos a sua ligação intelectual. Também recorremos ao procedimento especificado por Furrer, Tomas e Goussevskaia (2009) sobre como utilizar as palavras-chave fornecidas pelos autores para agregar em grandes áreas temáticas que evidenciam os temas pesquisados. No entanto, para delimitar inicialmente os temas seguimos o trabalho de Schildt et al. (2006).

Análise de citações. A citação a trabalhos existentes é uma norma estabelecida na escrita acadêmica. A racionalidade subjacente à análise de contagem de citações é que, os acadêmicos, na realização das suas pesquisas e escrita de artigos, citam outros documentos que contribuem para o seu próprio trabalho (RAMOS-RODRIGUEZ; RUÍZ-NAVARRO, 2004RAMOS-RODRIGUEZ, A.; RUÍZ-NAVARRO, J. Changes in the intellectual structure of strategic management research: A bibliometric study of the, Strategic Management Journal 1980-2000., Strategic Management Journal v. 25, n. 10, p. 981-1004, 2004.). Assim, a frequência de citações é comumente utilizada como métrica de impacto na área (CULNAN, 1987CULNAN, M. Mapping the intellectual structure of MIS, 1980-1985: A co-citation analysis. MIS Quarterly, v. 11, n. 3, p. 341-353, 1987.; PASADEOS ET AL., 1998PASADEOS, Y.; PHELPS, J.; KIM, B. Disciplinary impact of advertising scholars: temporal comparisons of influential authors, works and research networks. Journal of Advertising, v. 27, n. 4, p. 53-70, 1998.; TAHAI; MEYER, 1999TAHAI, A.; MEYER, M. A revealed preference study of management journals' direct influences., Strategic Management Journal v. 20, p. 279-296, 1999.; RAMOS-RODRIGUEZ; RUÍZ-NAVARRO, 2004).

Análise de cocitações. Esta análise assenta na identificação da frequência com que pares de artigos são citados em conjunto, ou cocitados, em outros trabalhos (CULNAN, 1987CULNAN, M. Mapping the intellectual structure of MIS, 1980-1985: A co-citation analysis. MIS Quarterly, v. 11, n. 3, p. 341-353, 1987.). A análise de cocitações exige que observemos as listas de referências para inferir algum tipo de semelhança, conexão, ou proximidade intelectual (PILKINGTON; LISTON-HEYES, 1999PILKINGTON, A.; LISTON-HEYES, C. Is production and operations management a discipline? A citation/co-citation study. International Journal of Operations & Production Management, v. 19, n. 1, p. 7-20, 1999.; PONZI, 2002PONZI, L. The intellectual structure and interdisciplinary breadth of Knowledge Management: A bibliometric study of its early stage of development, Scientometrics, v. 55, n. 2, p. 259-272, 2002.; ROKAYA ET AL., 2008ROKAYA, M.; ATLAM, E.; FUKETA, M.; DORJI, T.; AOE, J. Ranking of field association terms using co-word analysis, Information Processing and Management, v. 44, n. 2, p. 738-755, 2008.; CHABOWSKI ET AL., 2010CHABOWSKI, B.; HULT, G.; KIYAK, T.; MENA, J. The structure of JIBS's social network and the relevance of intra-country variation: a typology for future research. Journal of International Business Studies, v. 41, n. 5, p. 925-934, 2010.;HOFER ET AL., 2010HOFER, K.; SMEJKAL, A.; BILGIN, F.; WUEHRER, G. (2010). Conference proceedings as a matter of bibliometric studies: The Academy of International Business 2006-2008., Scientometrics v. 84, n. 3, p. 845-862, 2010.), seja de objeto ou conceitual. Assim, temos a assunção que dois artigos que são frequentemente cocitados serão relativamente próximos intelectualmente (WHITE; GRIFFITH, 1981WHITE, H.; GRIFFITH, B. Author co-citation: A literature measure of intellectual structure., Journal of the American Society for Information Science v. 32, p. 163-171, 1981.; WHITE; MCCAIN, 1998; RAMOS-RODRIGUEZ; RUIZ-NAVARRO, 2004RAMOS-RODRIGUEZ, A.; RUÍZ-NAVARRO, J. Changes in the intellectual structure of strategic management research: A bibliometric study of the, Strategic Management Journal 1980-2000., Strategic Management Journal v. 25, n. 10, p. 981-1004, 2004.). Por exemplo, Small e Griffith (1974SMALL, H.; GRIFFITH, B. The structure of scientific literatures (I) Identifying and graphing specialties. Science Studies, v. 4, n. 1, p. 17-40, 1974.) e White e Griffith (1981WHITE, H.; GRIFFITH, B. Author co-citation: A literature measure of intellectual structure., Journal of the American Society for Information Science v. 32, p. 163-171, 1981.) analisaram as cocitações para mapear áreas e temas de pesquisa. Déry e Toulouse (1996DÉRY, R.; TOULOUSE, J. (1996). Social structuration of the field of entrepreneurship: A case study. Canadian Journal of Administrative Sciences, v. 13, n. 4, p. 285-305, 1996.) usaram cocitações para escrutinar a estrutura social da pesquisa numa amostra de trabalhos de empreendedorismo.

Análise dos temas pesquisados. O terceiro procedimento objetivou identificar quais os temas que têm sido pesquisados e sua centralidade relativa na disciplina. Usualmente, a identificação dos temas requer alguma forma, possivelmente subjetiva, de análise de conteúdo, o que seria inviável numa amostra de 1.414 artigos. Assim, para aferir os temas, seguimos a proposta deFurrer et al. (2008FURRER, O.; TOMAS, H.; GOUSSEVSKAIA, A. The structure and evolution of the strategic management field: A content analysis of 26 years of strategic management research. International Journal of ManagementReviews, v. 10, n. 1, p. 1-23, 2008.) assente no agrupamento em categorias mais amplas das palavras-chave fornecidas pelos autores dos artigos. As categorias, divididas em 25 temáticas, foram extraídas de Schildt, Zahra e Sillanpaa (2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.) que definiram um conjunto de áreas fulcrais em empreendedorismo. Em seguida, dois bolsistas, separadamente, supervisionados pelo pesquisador principal, atribuíram cada palavra-chave às 25 categorias previamente estabelecidas (ver Anexo). Esta análise usou 2.791 palavras-chave, porque a ISI Web of Knowledge não contém as palavras-chave dos artigos publicados antes de 1993.

Nas análises usaram-se dois softwares específicos. OBibexcel, para extrair os dados bibliométricos dos artigos na amostra, como: nome do periódico, título, nomes dos autores, afiliações, resumos, palavras-chave e lista de referências. O software de redes sociaisUcinet, para a representação visual das redes, ou mapas relacionais e interconexões entre obras e temas pesquisados. Estes mapas, subsidiados nos dados bibliométricos são baseados em matrizes de coocorrências (BOYACK; BORNER, 2003BOYACK, K.; BÖRNER, K. Indicator-assisted evaluation and funding of research: Visualizing the influence of grants on the number and citation counts of research papers. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 54, n. 5, p. 447-461, 2003.; RAFOLS ET AL., 2010RAFOLS, I.; PORTER, A.; LEYDESDORFF, L. Science overlay maps: a new tool for research policy and library management., Journal of the American Society for Information Science and Technology v. 61, n. 9, p.1871-1887, 2010.). Visualizar os dados bibliométricos como uma rede, permite mais facilmente identificar a estrutura subjacente a um grupo de trabalhos (BOYACK; BORNER, 2003; NEWMAN, 2003NEWMAN, M. The structure and function of complex networks. SIAM Review, v. 45, n. 2, p. 167-256, 2003.).

3 RESULTADOS

3.1 Análise descritiva

A figura 1 revela a tendência de crescimento da pesquisa em empreendedorismo, avaliado pelo número de artigos publicados e, de modo mais acentuado, a partir de 2002. É relevante notar que também tem aumentado o número de periódicos especializados, de pesquisadores, centros de pesquisa, e de programas de pós-graduação voltados para o empreendedorismo. O periódico incluso na ISI há mais tempo é o Journal of Product Innovation Management, desde 1984, seguido pelo Journal of Business Venturing (1987), Small Business Economics (1992), e o Journal of Small Business Management (1995), e os restantes são já da década de 2000, como o Entrepreneurship and Regional Development (2001), Entrepreneurship Theory and Practice (2003), International Small Business Journal (2003) e o mais recente Strategic Entrepreneurship Journal (2007). Essa emergência de novos periódicos evidencia que a disciplina ainda está na adolescência (LOW, 2001LOW, M. The adolescence of entrepreneurship research: Specification of a purpose., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 17-25, 2001.) ou maturação (BUSENITZ ET AL., 2003BUSENITZ, L.; WEST, G.; SHEPHERD, D.; NELSON, T.; CHANDLER, G.; ZACHARAKIS, A. Entrepreneurship research in emergence: Past trends and future directions., Journal of Management v. 29, p. 285-308, 2003.), mas ajuda a explicar o crescimento da pesquisa publicada em anos mais recentes.

Figura 1
Evolução longitudinal das publicações

A tabela 3 mostra as nacionalidades de afiliação dos autores dos artigos. Alguns autores reportam mais que uma afiliação e nacionalidade da instituição. Talvez sem surpresa, os autores Norte-Americanos predominam, com 887 autorias ou coautorias (43,78%), seguidos pelos ingleses (11%) e canadenses (6%). Assim, os países de língua inglesa estão no topo desta lista, o que também pode ser um resultado de autores estrangeiros terem uma desvantagens na língua inglesa, em comparação com os nativos na língua inglesa. Em alternativa, uma explicação plausível prende-se com o tema de empreendedorismo ter maior tradição nas universidades norte-americanas, porventura em virtude da própria cultura nacional, caracterizada pelo foco no sucesso individual (HOFSTEDE, 1980HOFSTEDE, G. Culture's consequences: International differences in work-related valuesBeverly Hills, CA: Sage, 1980.) e população empreendedora. As autorias de países emergentes são escassas, mas a China e Cingapura surgem em posições de topo neste ranking. Uma explicação está nos laços que pesquisadores na academia norte americana têm com acadêmicos nestes países e os elevados números de estudantes de doutorado da China, Cingapura e Coreia do Sul, nas universidades americanas.

Tabela 3
Países com maior volume de publicações

As diferenças de produtividade acadêmica entre autores são consideráveis. A tabela 4, mostra os 50 autores mais prolíficos nestas oito revistas, dentre os 1.966 autores dos 1.414 artigos. No topo estão Wright (26 artigos), Shepherd (25), Zahra (19), Gartner (19), Westhead (17), Thurik e Chrisman (14), Acs e Ucbasaran (13) e Audretsch e Busenitz (12). Estes são autores amplamente reconhecidos na disciplina, e é razoável afirmar que os seus estudos têm um impacto significativo na direção que a pesquisa tem tomado.

Tabela 4
Autores mais prolíficos

3.2 Análise de citações

A análise de citações requer a identificação das obras de maior impacto. A Tabela 5 revela os 40 trabalhos mais citados, identificados entreas 40.789 referências totais utilizadas nos 1.414 artigos. No topo das citações está o trabalho de Joseph Schumpeter, de 1934SCHUMPETER, J. The theory of economic development. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1934., The theory of economic development. Nessa obra Schumpeter fez uma abordagem ao empreendedor e estabeleceu que aquele que empreende é o individuo que incute, de alguma forma, uma inovação. O segundo trabalho mais citado é a revisão de literatura de empreendedorismo, de Shane e Venkataraman (2000SHANE, S. Prior knowledge and the discovery of entrepreneurial opportunities. Organizational Science, v. 11, p. 448-469, 2000.). É interessante notar que o trabalho de Jay Barney, sobre a Visão Baseada nos Recursos (ouResource-based View), de 1991BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991., surge em terceiro lugar, o que é evidência prima facie da penetração da VBR na pesquisa de empreendedorismo. Em seguida autores como Stinchcombe (1965STINCHCOMBE, A. Social structure and organizations. In March, J. (Ed.), Handbook of Organizations, p. 142-193, Chicago: Rand McNally, 1965.), Kirzner (1973KIRZNER, I. Competition and entrepreneurship, Chicago, IL: University of Chicago Press, 1973.), Porter (1980PORTER, M. Competitive strategy. Free Press: New York, 1980.), Venkataraman (1997), Penrose (1959PENROSE, E. The theory of the growth of the firm, New York, NY: John Wiley, 1959.),Storey (1994STOREY, D. Understanding the small business sector, London, Routledge, 1994.) e Low e MacMillan (1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.). No conjunto, a diversidade de temas e teorias desta lista do top 40 é também evidência da multidisciplinaridade e diversidade que convivem na pesquisa em empreendedorismo (Campos et al., 2012CAMPOS, H.; PARELLADA, F.; PALMA, Y. Mapping the intellectual structure of entrepreneurship research: Revisiting the invisible college. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 41-58, 2012.).

Tabela 5
Os 40 trabalhos mais citados

Da tabela observa-se que os trabalhos mais citados tendem a ser mais antigos. Por exemplo, o trabalho de Schumpeter (1934SCHUMPETER, J. The theory of economic development. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1934.) é a principal referência, seguido por outros, como Shane e Venkataraman (2000SHANE, S. Prior knowledge and the discovery of entrepreneurial opportunities. Organizational Science, v. 11, p. 448-469, 2000.), Barney (1991BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991.), Stinchcombe (1965STINCHCOMBE, A. Social structure and organizations. In March, J. (Ed.), Handbook of Organizations, p. 142-193, Chicago: Rand McNally, 1965.), Kirzner (1973KIRZNER, I. Competition and entrepreneurship, Chicago, IL: University of Chicago Press, 1973.), Porter (1980PORTER, M. Competitive strategy. Free Press: New York, 1980.), Venkataraman (1997), Penrose (1959PENROSE, E. The theory of the growth of the firm, New York, NY: John Wiley, 1959.), Storey (1994STOREY, D. Understanding the small business sector, London, Routledge, 1994.) e Low e MacMillan (1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.). Ou seja, a maioria tem mais de duas décadas. Porquanto, é esperado que trabalhos mais antigos tenham mais citações,observa-se também quenão há evidências que trabalhos mais recentes estejam a ganhar proeminência, pelo menos de modo muito substancial.

3.3 Análise de cocitações

A figura 2 representa a rede de cocitações dos 40 artigos. Para ler a figura, note que o software Bibexcel posiciona os artigos na rede de acordo com a sua proximidade de cocitação. Assim, os trabalhos mais cocitados surgem no centro da rede e os menos cocitados são colocados na periferia da rede. Por exemplo, é notório que o trabalho de Schumpeter (1934SCHUMPETER, J. The theory of economic development. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1934.), o mais central e presumivelmente com maior impacto, tem grande proximidade com o de Shane e Venkataraman (2000SHANE, S. Prior knowledge and the discovery of entrepreneurial opportunities. Organizational Science, v. 11, p. 448-469, 2000.), ilustrando que muitos autores usam estes dois trabalhos, simultaneamente, nos seus próprios artigos. Observando outra seção da figura, identificamos, por exemplo, os trabalhos de Shane (2000) contribuindo em aspetos de oportunidades empreendedoras, Knight (1921KNIGHT, F. Risk, uncertainty and profit, New York: Harper, 1921.) sobre a percepção do risco e a incerteza nos novos negócios, eKirzner (1973KIRZNER, I. Competition and entrepreneurship, Chicago, IL: University of Chicago Press, 1973.) aliando o empreendedorismo a aspetos de competitividade. Estes autores estão todos relativamente próximos entre eles significando que os temas de risco, incerteza, oportunidades empreendedoras e competitividade são relativamente próximos na pesquisa existente.

Figura 2
Rede de cocitações dos trabalhos mais citados

Outros trabalhos seminais em diferentes áreas de Administração têm sido referenciados na pesquisa em empreendedorismo, como os trabalhos de Porter (1980PORTER, M. Competitive strategy. Free Press: New York, 1980.), Stinchcombe (1965STINCHCOMBE, A. Social structure and organizations. In March, J. (Ed.), Handbook of Organizations, p. 142-193, Chicago: Rand McNally, 1965.), Penrose (1959PENROSE, E. The theory of the growth of the firm, New York, NY: John Wiley, 1959.), Nelson e Winter (1982NELSON, R.; WINTER, S. An evolutionary theory of economic change. Cambridge, MA: Belknap Press/Harvard University Press, 1982.) e Gartner (1985GARTNER, W. A conceptual framework for describing the phenomenon of new venture creation., Academy of Management Review v. 10, n. 4, p. 696-706, 1985.). A utilização de múltiplas abordagens conceituais pode ser vista como reveladora da relativa juventude da disciplina, que não parece ter ainda desenvolvido um corpo teórico próprio (SHANE; VENKATARAMAN, 2000SHANE, S. Prior knowledge and the discovery of entrepreneurial opportunities. Organizational Science, v. 11, p. 448-469, 2000.). Essa observação concorda com algum debate que ainda existe sobre qual é o domínio de empreendedorismo como disciplina e se há um domínio específico.

3.4 Análise dos temas pesquisados

Finalmente, a análise dos temas de pesquisa foi, como explicado anteriormente, suportada na classificação das palavras-chave em 25 temas, seguindo os procedimentos de Furrer et al.(2008FURRER, O.; TOMAS, H.; GOUSSEVSKAIA, A. The structure and evolution of the strategic management field: A content analysis of 26 years of strategic management research. International Journal of ManagementReviews, v. 10, n. 1, p. 1-23, 2008.), com base nos sub-temas da área de empreendedorismo classificados por Schildt, Zahra e Sillanpaa (2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.). Como alguns artigos não disponibilizavam na base as palavras-chave (ou keywords), essa análise utilizou as 2.791 disponíveis. A figura 3 mostra a rede relacional entre os temas e os seus posicionamentos relativos na rede. A interpretação deste mapa é idêntica à explanada para as cocitações. Com maior centralidade na rede surgem cinco temas mais pesquisados: 'Entrepreneurial process', 'Environmental and external determinants of entrepreneurship', 'Methods, theories and research issues', 'Value creation and performance' e 'Psychological, cognitive and individual characteristics'.

A espessura das linhas unindo os temas indica a frequência de coocorrência, de modo que linhas mais espessas revelam maior frequência. Por exemplo, o tema 'Entrepreneurial process' está mais conectado aos três temas 'Environmental and external determinants of entrepreneurship', 'Methods, theories and research issues' e 'Value creation and performance'. Genericamente, na periferia estão temas comparativamente menos pesquisados e com ligações mais fracas.

Figura 3
Temas pesquisados

4 DISCUSSÃO

Neste artigo visámos entender a estrutura intelectual da pesquisa em empreendedorismo ao longo de um período de tempo de trinta anos, desde início dos anos 80, identificando obras de maior impacto, origem da pesquisa, redes de proximidade intelectual e temas pesquisados. O estudo, diferentemente de outros que se basearam em um período curto de tempo (BUSENITZ ET AL., 2014BUSENITZ, L.; PLUMMER, L; KLOTZ, A.; SHAHZAD, A.; RHOADS, K. ntrepreneurship research (1985-2009) and the emergence of opportunities., Entrepreneurship Theory and Practice v. 38, n. 5, p. 981-1000, 2014.), num só periódico (FERREIRA ET AL., 2014FERREIRA, M.; MIRANDA, R.; REIS, N.; PINTO, C.; SERRA, F. Pesquisa em empreendedorismo no principal periódico internacional: Um estudo bibliométrico das publicações no Journal of Business Venturing entre 1987 e 2010. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 3, n. 1, p. 56-83, 2014.) ou numa geografia delimitada (JING ET AL., 2014JING, S.; QINGHUA, Z.; LANDSTRÖM, H. Entrepreneurship research in three regions-the USA, Europe and ChinaInternational Entrepreneurship and Management Journal, (ahead-of-print) 1-30 DOI 10.1007/s11365-014-0315-6, 2014.), utilizou mais de 1.400 artigos, em oito periódicos internacionais conceituados. Vale salientar que no Brasil há apenas um periódico especializado em empreendedorismo, o REGEPE, fundado em 2011. Este estudo complementa, assim, outros estudos de revisão de literatura sobre empreendedorismo existentes (SHANE, 1997SHANE, S. Who is publishing the entrepreneurship research?., Journal of Management v. 23, p. 83-95, 1997.; DÉRY; TOULOUSE, 1996DÉRY, R.; TOULOUSE, J. (1996). Social structuration of the field of entrepreneurship: A case study. Canadian Journal of Administrative Sciences, v. 13, n. 4, p. 285-305, 1996.; RATNATUNGA; ROMANO, 1997RATNATUNGA, J.; ROMANO, C. A citation classics' analysis of articles in contemporary small enterprise research., Journal of Business Venturing v.12, n.3, p. 197-212, 1997.; FRIED, 2003FRIED, V. Defining a forum for entrepreneurship scholars., Journal of Business Venturing v. 18, n. 1, p. 1-11, 2003.; CAMPOS ET AL., 2012CAMPOS, H.; PARELLADA, F.; PALMA, Y. Mapping the intellectual structure of entrepreneurship research: Revisiting the invisible college. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 41-58, 2012.).

4.1 Consolidação e pistas para o futuro da pesquisa em empreendedorismo

Os dados relativos aos trabalhos mais citados (Tabela 5), à rede de cocitações (Figura 2) e dos temas (Figura 3) são especialmente interessantes ao revelar qual tem sido o foco da pesquisa.

Fundamentos teóricos. Na figura 2, no mapa de cocitações, observamos os trabalhos mais centrais na pesquisa existente denotando-se grande diversidade de abordagens conceituais ou teóricas, desde as redes relacionais (GRANOVETTER, 1973GRANOVETTER, M. The strength of weak ties. American Journal of Sociology, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, 1973., 1985; BURT, 1982; ALDRICH; ZIMMER, 1986ALDRICH, H.; ZIMMER, C. Entrepreneurship through social networks. In Sexton, D. & Smilor, R. (Eds.), The Art and Science of Entrepreneurship, Cambridge, MA: Ballinger, p. 3-23, 1986.), visão baseada em recursos (PENROSE, 1959PENROSE, E. The theory of the growth of the firm, New York, NY: John Wiley, 1959.; BARNEY, 1991BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991.) e dependência de recursos (PFEFFER; SALANCIK, 1978PFEFFER, J.; SALANCIK, G. The external control of organizations: A resource dependence perspective, New York: Harper & Row, 1978.), aprendizagem (COHEN; LEVINTHAL, 1990COHEN, W.; LEVINTHAL, D. Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, v. 35, p. 128-152, 1990.), ecologia populacional e o acesso inicial a recursos (COOPER ET AL., 1994COOPER, A.; GIMENO-GASCON, F.; WOO, C. Initial human and financial capital as predictors of new venture performance., Journal of Business Venturing v. 9, n. 5, p. 371-395, 1994.) e a teoria da agência (JENSEN; MECKLING, 1976JENSEN, M.; MECKLING, W. Theory of the firm: Managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305-360, 1976.).

A emergência da Visão Baseada em Recursos (BARNEY, 1991BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991.) e Teoria da Dependência de Recursos (PFEFFER; SALANCIK, 1978PFEFFER, J.; SALANCIK, G. The external control of organizations: A resource dependence perspective, New York: Harper & Row, 1978.) parece sustentar parte da pesquisa em quais são os recursos necessários ao empreendedor e nova empresa, não apenas complementando a ideia veiculada pela ecologia populacional de que os recursos no momento da fundação são cruciais, mas também mostrando estar na gênese de uma abordagem pela Visão Baseada nos Recursos sobre quais os recursos estratégicos não imitáveis, não substituíveis, valiosos e raros.

As redes relacionais, ou networks, têm sido amplamente examinadas, talvez mais especialmente como geradoras de novas oportunidades e para aceder a recursos, veiculando a relevância de integrar e pensar estrategicamente a rede relacional, face aos objetivos da empresa, ajustados à fase do ciclo de vida em que se encontra. Assim, surgem os trabalhos de Granovetter (1973GRANOVETTER, M. The strength of weak ties. American Journal of Sociology, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, 1973., 1985), Burt (1992BURT, R. Structural holes: The social structure of competition. Harvard University Press, 1992.), Birley (1985BIRLEY, S. The role of networks in the entrepreneurial process. Journal of Business Venturing, v. 1, n. 1, p. 107-117, 1985.) e Aldrich e Zimmer (1986ALDRICH, H.; ZIMMER, C. Entrepreneurship through social networks. In Sexton, D. & Smilor, R. (Eds.), The Art and Science of Entrepreneurship, Cambridge, MA: Ballinger, p. 3-23, 1986.). As redes veiculam uma diversidade de recursos físicos, informacionais e mesmo de reputação e legitimidade. Este é o contexto genérico em que a teoria institucional tem contribuído para os estudos de empreendedorismo.

Em suma, as bases teóricas da disciplina mostram a sua origem, mas também constituem a base sobre a qual a pesquisa é realizada. Segundo Low e MacMillan (1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.) não é clara qual a teoria em empreendedorismo ou qual devia ser. Segundo Gartner (2001GARTNER, W. Is there an elephant in entrepreneurship? Blind assumptions in theory development., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 27-39, 2001.) não há uma teoria capaz de englobar todo o fenômeno que é estudado em empreendedorismo. Esta observação pode explicar que os acadêmicos pesquisem aspectos, ou objetos, específicos e talvez aparentemente desconexos, desde o empreendedorismo corporativo à sucessão em empresas familiares.

Objetos de estudo. Na figura 2 podemos também ver como são salientes preocupações com objetos de estudo. Por exemplo, emergem o foco com aspectos comportamentais do empreendedor (MCCLELLAND, 1961MCCLELLAND, D. The achieving society. Princeton, NJ: Van Nostrand, 1961.; BUSENITZ; BARNEY, 1997BUSENITZ, L.; BARNEY, J. Differences between entrepreneurs and managers in large organizations: Biases and heuristics in strategic decision-making., Journal of Business Venturing v. 12, n. 6, p. 9-30, 1997.), com a orientação empreendedora (MILLER, 1983MILLER, D. The correlates of entrepreneurship in three types of firms. Management Science, v. 29, n. 7, p. 770-791, 1983.; LUPKIN; DESS, 1996), e a inovação (SCHUMPETER, 1934SCHUMPETER, J. The theory of economic development. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1934.) geradora da criação de novas empresas (GARTNER, 1985GARTNER, W. A conceptual framework for describing the phenomenon of new venture creation., Academy of Management Review v. 10, n. 4, p. 696-706, 1985.). Esta análise pode ser complementada com o mapa da figura 3, onde notamos os principais temas e como se interligam na pesquisa existente. Nesta figura, em posição mais central, significando também que são mais comuns, estão os cinco temas relativos ao processo empreendedor, às formas como o ambiente externo determina o empreendedorismo, às questões metodológicas, à criação de valor e desempenho e as caraterísticas individuais e cognitivas. É neste core que se concentra a maioria da pesquisa. O foco nas características do empreendedor e no ambiente já tinha sido identificado por Low e MacMillan (1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.) eRatnatunga e Romano (1997RATNATUNGA, J.; ROMANO, C. A citation classics' analysis of articles in contemporary small enterprise research., Journal of Business Venturing v.12, n.3, p. 197-212, 1997.) como o principal foco da pesquisa.

A análise do ambiente externo ultrapassa a perspectiva da ecologia populacional e levanta assuntos relacionados com todo o quadro institucional, as oportunidades, a disponibilidade de recursos (SHANE; VENKATARAMAN, 2000SHANE, S. Prior knowledge and the discovery of entrepreneurial opportunities. Organizational Science, v. 11, p. 448-469, 2000.). A pesquisa existente já tratou algumas fontes de oportunidades e como os empreendedores conhecem as oportunidades, inclusive por meio da sua rede de relações e em experiências prévias de trabalho. Mas, a influência do ambiente externo é mais ampla que as oportunidades e os recursos (ALDRICH; MARTINEZ, 2001ALDRICH, H.; MARTINEZ, M. Many are called, but few are chosen: An evolutionary perspective for the study of entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 25, n. 4, p. 41-56, 2001.), no entanto, é pouco conhecido como as organizações empreendedoras reagem a alterações ambientais. Flexibilidade e adaptabilidade permanecem como assunções não testadas de resposta das empresas empreendedoras. Curiosamente, os estudos focaram mais o processo e até a gênese das novas empresas empreendedoras, mas são mais escassos os estudos aferindo o desempenho destas empresas.

Outro conjunto de trabalhos, numa segunda linha (olhando a figura de dentro para fora) aborda temas como os fundadores, os recursos necessários, as redes e o empreendedorismo de base tecnológica. Ainda que relativamente menos centrais, estes são temas que foram bastante pesquisados. Algumas destas linhas de pesquisa têm suporte teórico mais notório, como no estudo da importância das redes sociais, as do empreendedor, as formais e informais, como pré-condição para aceder a recursos e como forma de desenvolvimento (BIRLEY, 1985BIRLEY, S. The role of networks in the entrepreneurial process. Journal of Business Venturing, v. 1, n. 1, p. 107-117, 1985.; ALDRICH; ZIMMER, 1986ALDRICH, H.; ZIMMER, C. Entrepreneurship through social networks. In Sexton, D. & Smilor, R. (Eds.), The Art and Science of Entrepreneurship, Cambridge, MA: Ballinger, p. 3-23, 1986.).

No entanto, também identificamos uma diversidade de outros temas na pesquisa em empreendedorismo, com conexões mais tênues, o que foi comparado ao modelo da "garbage can" em disciplinas emergentes (ver, por exemplo,RATNATUNGA & ROMANO, 1997RATNATUNGA, J.; ROMANO, C. A citation classics' analysis of articles in contemporary small enterprise research., Journal of Business Venturing v.12, n.3, p. 197-212, 1997.). A pesquisa tem adotado grande diversidade de ideias, de metodologias, de teorias, sem que pareça emergir uma estrutura coerente e teoria própria. Pelo menos em parte, essa evidência emerge na observação dos temas periféricos (Figura 3), ou seja, os relativamente menos pesquisados e com ligações mais tênues aos restantes, no qual encontramos desde tomada de decisão, aspetos culturais, comercialização e marketing, análise de indústrias, liderança e equipes executivas, etc. Não significa que os temas não são relevantes para o contexto de empreendedorismo. Por exemplo, o empreendedorismo internacional (tema: Entry modes, international, born global) tem sido menos focado pelos acadêmicos (OVIATT; MCDOUGALL, 1994OVIATT, B.; MCDOUGALL, P. Toward a theory of international new ventures., Journal of International Business Studies v. 25, n. 1, p. 45-64, 1994.), tal como as empresas familiares ou a gestão de recursos humanos. No entanto, essa observação não deve ser desligada dos periódicos que incluímos no estudo, e importa referir que é possível que artigos com estes temas sejam publicados em periódicos especializados nas respetivas áreas disciplinares. Por exemplo, sobre empresas familiares em periódicos de family business. Na literatura em empreendedorismo internacional, por exemplo, notamos as ligações tênues com as demais áreas, o que também pode ser evidência que ainda é um tema mais específico a outras disciplinas.

É interessante que embora as previsões econômicas apontem o crescimento de algumas economias emergentes como o Brasil, Rússia, Índia e China, além de outras que incluem o México e Indonésia, a pesquisa em empreendedorismo nestes países é ainda escassa, principalmente no Brasil, Rússia e Índia (BRUTON; AHLSTROM; OBLOJ, 2008BRUTON, G.; AHLSTROM, D.; OBLOJ, K. Entrepreneurship in emerging economies: Where are we today and where should the research go in the future., Entrepreneurship Theory and Practice v. 32, n. 1, p. 1-14, 2008.). Para os pesquisadores brasileiros essa é uma matéria relevante no sentido de desenvolverem estudos para entender como se desenvolve o empreendedorismo nas economias emergentes. É possível, por exemplo, que o atual conhecimento sobre empreendedorismo, que tem um forte viés norte americano e europeu, não seja diretamente aplicável em outras realidades nacionais e institucionais. Se as economias emergentes têm características únicas (por exemplo, o ambiente institucional, a economia, a cultura, a dimensão do país) os fatores contextuais devem ser examinados para entender como impactam realmente a iniciativa empreendedora, o tipo de empreendedorismo gerado, etc., em economias emergentes (BRUTON; AHLSTROM; OBLOJ, 2008) e, assim, contribuir para entender como será o futuro do empreendedorismo nestes paísess.

Assim, identificamos evidência para a crítica que a disciplina se manteve muito baseada no estudo de fenômenos e, pelo menos em parte, mais ateórica. Ainda assim, é interessante para jovens doutorandos examinar os temas em posições periféricas e perscrutar em diferentes abordagens conceituais, como a pesquisa em empreendedorismo pode contribuir teoricamente para estes temas e como os temas podem ser integrados, coerentemente, na disciplina.

Raison d'etre da disciplina. Vários dos artigos identificados na análise de cocitações e nos temas pesquisados debruçam-se sobre a própria disciplina, a suaraison d'etre, ou domínio (GARTNER, 2001GARTNER, W. Is there an elephant in entrepreneurship? Blind assumptions in theory development., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 27-39, 2001.; SHANE; VENKATARAMAN, 2000SHANE, S. Prior knowledge and the discovery of entrepreneurial opportunities. Organizational Science, v. 11, p. 448-469, 2000.; SCHILDT ET AL., 2006SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.). Desde os trabalhos de Schumpeter que associamos o empreendedorismo a um conjunto de fenômenos incluindo a inovação, a competição e flexibilidade em contraste com as grandes empresas, à orientação para pequenos nichos de mercado, às características cognitivas e psicológicas dos empreendedores, à criação de novas empresas, à criação de empregos e, talvez mais genericamente, à atividade econômica e desenvolvimento econômico dos países. No entanto, como é que estes fenômenos e questões definem e delimitam a disciplina é menos certo. Shane e Venkataraman (2000SHANE, S. Prior knowledge and the discovery of entrepreneurial opportunities. Organizational Science, v. 11, p. 448-469, 2000.) argumentam que empreendedorismo se prende com a descoberta e exploração de novas oportunidades, os indivíduos empreendedores e os meios de ação para explorar as oportunidades.Low e MacMillan (1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.) propuseram que empreendedorismo se prende com a criação de novas empresas. Numa perspectiva idêntica, Gartner (2001GARTNER, W. Is there an elephant in entrepreneurship? Blind assumptions in theory development., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 27-39, 2001.) afirmou que empreendedorismo foca a organização dos recursos e criação de novas empresas. Mas, é necessária pesquisa futura delimitadora de um domínio, de um campo teórico comum definido.

Metodologias. Uma revisão por Low e MacMillan (1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.) argumentou a importância de maior rigor metodológico na pesquisa em empreendedorismo. Chandler e Lyon (2000) mostraram que a disciplina de empreendedorismo tem evoluído consideravelmente movendo-se do estudo de casos, indivíduos e análises univariadas para a adoção crescente de técnicas estatísticas multivariadas. A Evidência está na figura 3 na qual encontramos o foco nos aspectos metodológicos, manifesto nas citações frequentes a Nunally (1985), Eisenhardt (1989EISENHARDT, K. (1989) Building theories from case study research. Academy of Management Review, v. 14, n. 4, p. 532-550, 1989.) e Hair et al. (1995HAIR, J.; ANDERSON, R.; TATHAM, R.; BLACK, W. Multivariate data analysis with readings, Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1995.). A sofisticação metodológica previsivelmente será capaz de melhorar a incorporação de teoria na pesquisa e os próprios periódicos exigem que os estudos empíricos sejam baseados em teoria e contenham uma contribuição teórica. A sofisticação empírica também pode contribuir para que as implicações para empreendedores e agências públicas tenham uma base conceitual forte.

Pesquisa futura pode incorporar diferentes fontes de dados, incluindo secundários, que podem permitir ultrapassar problemas de variância de método comum (Common Method Variance) que podem emergir em pesquisas por questionário. A realidade é que haverá desafios em obter dados secundários ideais e estas pesquisas possivelmente enfrentarão dificuldades como a escassez de dados relativos a pequenas e médias empresas e a novas empresas que tendem a ser pequenas e lideradas por um fundador. No entanto, esta é uma questão que também depende do nível de análise na pesquisa, que talvez se possa mover do indivíduo empreendedor para aspectos como o ambiente institucional, as fontes de recursos, as redes, a constituição de novas empresas, capital de risco,spin-offs universitárias, etc., onde há maior acesso a dados e que permitem triangulação. A realização de pesquisa empírica com amostras maiores tem sido uma tendência em Adminsitração (PHELAN ET AL., 2002PHELAN, S.; FERREIRA, M.; SALVADOR, R. The first twenty years of the, Strategic Management Journal, Strategic Management Journal v. 23, n. 12, p. 1161-1168, 2002.) a que o campo de empreendedorismo não é imune.

Ainda que não apenas uma questão de metodologia, a pesquisa em empreendedorismo pode ter maior componente longitudinal (LOW; MACMILLAN, 1988LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.) observando a evolução das novas empresas, o acesso a recursos, a expansão internacional, ou o insucesso no mercado. Uma das dificuldades desta linha de pesquisa prende-se com o acesso continuado à empresa e aos altos níveis de insucesso que são reportados com uma maioria das novas empresas a extinguir-se em até cinco anos após fundação. Sem estes estudos, é possível que, a pesquisa seja enviesada por uma amostra pequena de casos de sucesso e possivelmente em ambientes especialmente férteis, desconhecendo-se o que ocorre em outros casos. Há um espaço amplo de aprendizagem também no insucesso.

4.2 Limitações e pesquisa futura

Outras pesquisas futuras emergem das próprias limitações deste artigo. Por exemplo, restringimos o estudo a oito periódicos especializados em empreendedorismo. Embora estes sejam periódicos líderes, e com maior reputação e maior fator de impacto, não são exaustivos de toda a pesquisa e vários outros periódicos na área de Administração também publicam artigos sobre empreendedorismo. Embora não vejamos motivo para que essa pesquisa seja substancialmente diferente, futuros estudos podem considerar ampliar a análise para outros periódicos. Talvez relevante seja entender o foco disciplinar, distinguindo as diferenças nas orientações teóricas, dos estudos em empreendedorismo nesses outros periódicos. Pese esta limitação subjacente, é mais atrativo o foco nos periódicos líderes, porque são estes que os autores procuram para colocar os seus trabalhos e serão, previsivelmente, os artigos com maior impacto sobre a evolução intelectual da disciplina.

Outra limitação metodológica assenta nos termos pesquisados na base ISI web of knowledge para extrair a amostra. Um leque mais amplo de termos de pesquisa permitirá outras caracterizações pelo que pesquisa futura pode, por exemplo, pesquisar por termos como innovation oudisruptive innovation, termos ligados aos trabalhos de Schumpeter. Uma alternativa seria usar todo o histórico de artigos publicados nestes periódicos, mas isso resultaria numa enorme base de dados de 4.772 artigos - cuja análise seria realisticamente inviável.

Finalmente, temos as limitações de análise. Embora muitos estudos tenham usado análises de citações e cocitações, o método não é imune a críticas e não sabemos qual o motivo que presidiu a uma dada citação - que pode ser para sustentar um argumento, complementar um trabalho ou criticar uma abordagem. As análises de citações podem ser enviesadas para os artigos mais antigos - o fato é que, outros fatores constantes, trabalhos mais antigos tendem a ser mais citados que trabalhos mais recentes. Uma discussão mais aprofundada sobre as assunções das análises de citações está disponível em Cheek, Garnham e Quan (2006CHEEK, J.; GARNHAM, B.; QUAN, J. What's in a number? Issues in providing evidence of impact and quality of research(ers). Qualitative Health Research, v. 16, n. 3, p. 423-435, 2006.). De igual modo não é perfeito o procedimento de inferir conteúdo examinando as palavras-chave fornecidas pelos autores. É um procedimento razoável, dado que os autores escolhem palavras com o propósito de identificar o conteúdo do artigo a potenciais leitores e para fins de indexação, mas não substitui uma análise de conteúdo. Pesquisa futura pode desenvolver métodos alternativos para inferir o conteúdo dos artigos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A disciplina de empreendedorismo tem evoluído substancialmente ao longo das últimas duas décadas. Os progressos notam-se no objeto de estudo, que não se limita às características psicológicas dos empreendedores, na adoção de maior rigor metodológico, na procura por um campo de pesquisa específico com fundamentos teóricos aceites. Os progressos metodológicos são usuais com a maturação das disciplinas, e a evolução de estudos de caso para trabalhos empíricos foi notada porPhelan et al. (2002PHELAN, S.; FERREIRA, M.; SALVADOR, R. The first twenty years of the, Strategic Management Journal, Strategic Management Journal v. 23, n. 12, p. 1161-1168, 2002.) na disciplina de estratégia. Ainda assim, o nosso estudo releva que a disciplina mantêm traços de "garbage can", pautando-se por grande diversidade de objetos de estudo, que se estendem das dinâmicas e caraterísticas regionais promotoras de empreendedorismo, às empresas familiares, à inovação, ao capital de risco, ao empreendedorismo social e à organizações sem fim lucrativo, o impacto de variáveis externas, a internacionalização, dentre outros.

Apesar dos assinaláveis progressos, pelo menos em alguma medida, toda esta pesquisa ainda não parece estar bem enquadrada num domínio delimitado (GARTNER, 2001GARTNER, W. Is there an elephant in entrepreneurship? Blind assumptions in theory development., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 27-39, 2001.) que possamos identificar claramente como uma disciplina madura. Se o nosso objetivo aqui não é questionar a existência da disciplina, ou do campo de estudo, estas considerações emergem da grande diversidade de fenômenos estudados e perspectivas conceituais que identificamos na pesquisa existente. Talvez uma das principais vantagens de ter um domínio bem definido, com uma comunidade acadêmica que se identifica com a disciplina é, como exposto porDavidsson, Low e Wright (2001LOW, M. The adolescence of entrepreneurship research: Specification of a purpose., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 17-25, 2001.), que a pesquisa aumentará e a disciplina capturará o seu lugar inquestionável em Administração.

As disciplinas distinguem-se e definem-se por questões de pesquisa únicas, que estão fora do domínio de outras disciplinas. As disciplinas ganham statusquando os estudos realizados são suportados em metodologias empíricas sofisticadas e em teoria. Uma via possível é absorver teorias de outras disciplinas e contribuir para o desenvolvimento das próprias teorias. Ainda que, não seja evidente uma teoria própria de empreendedorismo, emerge o foco diferenciador no empreendedor, na oportunidade não explorada, na importância dos recursos do empreendedor incluindo os seus recursos sociais, e no papel das redes relacionais do empreendedor. Assim, há um espaço amplo sobre o qual pesquisa futura pode construir, propondo conceitos e teorias.

REFERÊNCIAS

  • ALDRICH, H.; MARTINEZ, M. Many are called, but few are chosen: An evolutionary perspective for the study of entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 25, n. 4, p. 41-56, 2001.
  • ALDRICH, H.; ZIMMER, C. Entrepreneurship through social networks. In Sexton, D. & Smilor, R. (Eds.), The Art and Science of Entrepreneurship, Cambridge, MA: Ballinger, p. 3-23, 1986.
  • ALDRICH, H. Organizations evolving. London; Thousand Oaks, California: Sage, 1999.
  • ANDRES, A. Measuring academic research: How to undertake a bibliometric study Cambridge, UK: Chandos Publishing, 2009.
  • BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991.
  • BIRLEY, S. The role of networks in the entrepreneurial process. Journal of Business Venturing, v. 1, n. 1, p. 107-117, 1985.
  • BOYACK, K.; BÖRNER, K. Indicator-assisted evaluation and funding of research: Visualizing the influence of grants on the number and citation counts of research papers. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 54, n. 5, p. 447-461, 2003.
  • BRUTON, G.; AHLSTROM, D.; OBLOJ, K. Entrepreneurship in emerging economies: Where are we today and where should the research go in the future., Entrepreneurship Theory and Practice v. 32, n. 1, p. 1-14, 2008.
  • BURT, R. Structural holes: The social structure of competition. Harvard University Press, 1992.
  • BUSENITZ, L.; BARNEY, J. Differences between entrepreneurs and managers in large organizations: Biases and heuristics in strategic decision-making., Journal of Business Venturing v. 12, n. 6, p. 9-30, 1997.
  • BUSENITZ, L.; WEST, G.; SHEPHERD, D.; NELSON, T.; CHANDLER, G.; ZACHARAKIS, A. Entrepreneurship research in emergence: Past trends and future directions., Journal of Management v. 29, p. 285-308, 2003.
  • BUSENITZ, L.; PLUMMER, L; KLOTZ, A.; SHAHZAD, A.; RHOADS, K. ntrepreneurship research (1985-2009) and the emergence of opportunities., Entrepreneurship Theory and Practice v. 38, n. 5, p. 981-1000, 2014.
  • CAMPOS, H.; PARELLADA, F.; PALMA, Y. Mapping the intellectual structure of entrepreneurship research: Revisiting the invisible college. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 41-58, 2012.
  • CHABOWSKI, B.; HULT, G.; KIYAK, T.; MENA, J. The structure of JIBS's social network and the relevance of intra-country variation: a typology for future research. Journal of International Business Studies, v. 41, n. 5, p. 925-934, 2010.
  • CHEEK, J.; GARNHAM, B.; QUAN, J. What's in a number? Issues in providing evidence of impact and quality of research(ers). Qualitative Health Research, v. 16, n. 3, p. 423-435, 2006.
  • CHIU, W.; HO, Y. Bibliometric analysis of tsunami research, Scientometrics, v. 73, p. 3-17, 2007.
  • CHUN, K.; PAK, H.; COX, R. Patterns of research output in the accounting literature: A study of the bibliometric distributions. Abacus, v. 28, n. 2, p. 168-185, 1992.
  • COHEN, W.; LEVINTHAL, D. Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, v. 35, p. 128-152, 1990.
  • COOPER, A.; GIMENO-GASCON, F.; WOO, C. Initial human and financial capital as predictors of new venture performance., Journal of Business Venturing v. 9, n. 5, p. 371-395, 1994.
  • CORNELIUS, B.; LANDSTRÖM, H.; PERSSON, O. Entrepreneurial studies: The dynamic research front of a developing social science., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 375-398, 2006.
  • COVIN, J.; SLEVIN, D. Strategic management of small firms in hostile and benign environments. Strategic Management Journal v. 10, n. 1, p. 75-87, 1989.
  • CULNAN, M. Mapping the intellectual structure of MIS, 1980-1985: A co-citation analysis. MIS Quarterly, v. 11, n. 3, p. 341-353, 1987.
  • DAIM, T.; RUEDA, G.; MARTIN, H.; GERDSRI, P. Forecasting emerging technologies: Use of bibliometrics and patent analysis, Technology Forecasting and Social Change, v. 73, n. 8, p. 981-1012, 2006.
  • DAVIDSSON, P.; LOW, M.; WRIGHT, M. Editors'introduction: Low and MacMillan ten years on: Achievements and future directions for entrepreneurship research., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 5, 2001.
  • DÉRY, R.; TOULOUSE, J. (1996). Social structuration of the field of entrepreneurship: A case study. Canadian Journal of Administrative Sciences, v. 13, n. 4, p. 285-305, 1996.
  • DIODATO, V. Dictionary of Bibliometrics Binghamton, NY: Haworth Press, 1994.
  • EISENHARDT, K. (1989) Building theories from case study research. Academy of Management Review, v. 14, n. 4, p. 532-550, 1989.
  • EVANS, D.; JOVANOVIC, B. An estimated model of entrepreneurial choice under liquidity constraints. Journal of Political Economy, v. 97, n. 4, p. 808-827, 1989.
  • EVANS, D.; LEIGHTON, L. The determinants of changes in U.S. self-employment, 1968-1987. Small Business Economics, v. 1, n. 2, p. 111-120, 1989.
  • FERREIRA, M. A bibliometric study on Ghoshal's managing across borders, Multinational Business Review, v. 19, n. 4, p. 357-375, 2011.
  • FERREIRA, M.; MIRANDA, R.; REIS, N.; PINTO, C.; SERRA, F. Pesquisa em empreendedorismo no principal periódico internacional: Um estudo bibliométrico das publicações no Journal of Business Venturing entre 1987 e 2010. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 3, n. 1, p. 56-83, 2014.
  • FREEMAN, L. The development of social network analysis: With an emphasis on recent events. In J. Scott & P. Carrington (Eds.), The SAGE Handbook of Social Network Analysis (pp. 26-39). Thousand Oaks, CA: SAGE Publications, 2011.
  • FRIED, V. Defining a forum for entrepreneurship scholars., Journal of Business Venturing v. 18, n. 1, p. 1-11, 2003.
  • FURRER, O.; TOMAS, H.; GOUSSEVSKAIA, A. The structure and evolution of the strategic management field: A content analysis of 26 years of strategic management research. International Journal of ManagementReviews, v. 10, n. 1, p. 1-23, 2008.
  • GARTNER, B. (1988) Who is an entrepreneur? Is the wrong question. American Journal of Small Business, v. 12, n. 40, p.543- 556, 1988.
  • GARTNER, W. A conceptual framework for describing the phenomenon of new venture creation., Academy of Management Review v. 10, n. 4, p. 696-706, 1985.
  • GARTNER, W. Is there an elephant in entrepreneurship? Blind assumptions in theory development., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 27-39, 2001.
  • GARTNER, W.; DAVIDSSON, P.; ZAHRA, S. Are you talking to me? The nature of community in entrepreneurship scholarship., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 321-331, 2006.
  • GIMENO, J.; FOLTA, T.; COOPER, A.; WOO, C. Survival of the fittest? Entrepreneurial human capital and the persistence of underperforming firms., Administrative Science Quarterly v. 42, p. 750-83, 1997.
  • GRANOVETTER, M. The strength of weak ties. American Journal of Sociology, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, 1973.
  • GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: The problem of embeddedness., American Journal of Sociology v. 91, n. 11, p. 481-510, 1985.
  • GRÉGOIRE, D.; MEYER, G.; DE CASTRO, J. The crystallization of entrepreneurship research DVs and methods in mainstream journals. In Bygrave, W. (Ed.) Frontiers of Entrepreneurship Research 2002, Babson College, 2002.
  • GRÉGOIRE, D.; NOËL, M.; DÉRY, R.; BÉCHARD, J. Is there conceptual convergence in entrepreneurship research? A co-citation analysis of frontiers of entrepreneurship research, 1981-2004., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 333-373, 2006.
  • HAIR, J.; ANDERSON, R.; TATHAM, R.; BLACK, W. Multivariate data analysis with readings, Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1995.
  • HARGENS, L. Using the literature: Reference networks, reference contexts, and the social structure of scholarship. American Sociological Review, v. 65, n. 6, p. 846-865, 2000.
  • HARZING, A-W. Harzing Journal Quality List, thirty-eight edition, 4 February, compiled and edited by Anne-Will Harzing, 2011.
  • HOFER, K.; SMEJKAL, A.; BILGIN, F.; WUEHRER, G. (2010). Conference proceedings as a matter of bibliometric studies: The Academy of International Business 2006-2008., Scientometrics v. 84, n. 3, p. 845-862, 2010.
  • HOFSTEDE, G. Culture's consequences: International differences in work-related valuesBeverly Hills, CA: Sage, 1980.
  • HOFFMAN, D.; HOLBROOK, M. The intellectual structure of consumer research: A bibliometric study of author cocitations in the first 15 years of the journal of consumer research. Journal of Consumer Research, v. 19, p. 505-517, 1993.
  • JENSEN, M.; MECKLING, W. Theory of the firm: Managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305-360, 1976.
  • JING, S.; QINGHUA, Z.; LANDSTRÖM, H. Entrepreneurship research in three regions-the USA, Europe and ChinaInternational Entrepreneurship and Management Journal, (ahead-of-print) 1-30 DOI 10.1007/s11365-014-0315-6, 2014.
  • JOVANOVIC, B. Selection and the evolution of industry. Econometrica, v. 50, p. 649-670, 1982.
  • KATZ, J. The chronology and intellectual trajectory of American entrepreneurship education 1876-1999., Journal of Business Venturing v. 18, n. 2, p. 283-200, 2003.
  • KEUPP, M.; GASSMANN, O. The past and the future of international entrepreneurship: A review and suggestions for developing the field., Journal of Management v. 35, n. 3, p. 600-633, 2009.
  • KIRZNER, I. Competition and entrepreneurship, Chicago, IL: University of Chicago Press, 1973.
  • KNIGHT, F. Risk, uncertainty and profit, New York: Harper, 1921.
  • KRAUS, S. State-of-the-art current research in international entrepreneurship: A citation analysis. African Journal of Business Management v. 5, n. 3, p. 1020-1038, 2011.
  • LANDSTRÖM, H.; HARIRCHI, G.; ASTRÖM, F. Entrepreneurship: Exploring the knowledge base. Research Policy, v. 41, n. 1, p. 1154-1181, 2012.
  • LOW, M.; MACMILLAN, I. Entrepreneurship: Past research and future challenges. Journal of Management v. 14, p. 139-161, 1988.
  • LOW, M. The adolescence of entrepreneurship research: Specification of a purpose., Entrepreneurship Theory and Practice v. 25, n. 4, p. 17-25, 2001.
  • LUMPKIN, G.; DESS, G. Clarifying the entrepreneurial orientation construct and linking it to performance., Academy of Management Review v. 21, n. 1, p. 135-172, 1996.
  • MCCLELLAND, D. The achieving society. Princeton, NJ: Van Nostrand, 1961.
  • MILLER, D. The correlates of entrepreneurship in three types of firms. Management Science, v. 29, n. 7, p. 770-791, 1983.
  • NEDERHOF, A.; ZWAAN, R.; DE BRUIN, R.; DEKKER, P. Assessing the usefulness of bibliometric indicators for the humanities and the social and behavioural sciences: A comparative study., Scientometrics v. 15, p. 423-435, 2005.
  • NELSON, R.; WINTER, S. An evolutionary theory of economic change. Cambridge, MA: Belknap Press/Harvard University Press, 1982.
  • NEWMAN, M. The structure and function of complex networks. SIAM Review, v. 45, n. 2, p. 167-256, 2003.
  • NUNNALLY, J. Psychometric theoryNew York: McGraw Hill, 1978.
  • OVIATT, B.; MCDOUGALL, P. Toward a theory of international new ventures., Journal of International Business Studies v. 25, n. 1, p. 45-64, 1994.
  • PASADEOS, Y.; PHELPS, J.; KIM, B. Disciplinary impact of advertising scholars: temporal comparisons of influential authors, works and research networks. Journal of Advertising, v. 27, n. 4, p. 53-70, 1998.
  • PENROSE, E. The theory of the growth of the firm, New York, NY: John Wiley, 1959.
  • PFEFFER, J.; SALANCIK, G. The external control of organizations: A resource dependence perspective, New York: Harper & Row, 1978.
  • PHELAN, S.; FERREIRA, M.; SALVADOR, R. The first twenty years of the, Strategic Management Journal, Strategic Management Journal v. 23, n. 12, p. 1161-1168, 2002.
  • PILKINGTON, A.; LISTON-HEYES, C. Is production and operations management a discipline? A citation/co-citation study. International Journal of Operations & Production Management, v. 19, n. 1, p. 7-20, 1999.
  • PONZI, L. The intellectual structure and interdisciplinary breadth of Knowledge Management: A bibliometric study of its early stage of development, Scientometrics, v. 55, n. 2, p. 259-272, 2002.
  • PORTER, M. Competitive strategy. Free Press: New York, 1980.
  • RAFOLS, I.; PORTER, A.; LEYDESDORFF, L. Science overlay maps: a new tool for research policy and library management., Journal of the American Society for Information Science and Technology v. 61, n. 9, p.1871-1887, 2010.
  • RAMOS-RODRIGUEZ, A.; RUÍZ-NAVARRO, J. Changes in the intellectual structure of strategic management research: A bibliometric study of the, Strategic Management Journal 1980-2000., Strategic Management Journal v. 25, n. 10, p. 981-1004, 2004.
  • RATNATUNGA, J.; ROMANO, C. A citation classics' analysis of articles in contemporary small enterprise research., Journal of Business Venturing v.12, n.3, p. 197-212, 1997.
  • ROKAYA, M.; ATLAM, E.; FUKETA, M.; DORJI, T.; AOE, J. Ranking of field association terms using co-word analysis, Information Processing and Management, v. 44, n. 2, p. 738-755, 2008.
  • SCHILDT, H.; ZAHRA, S.; SILLANPAA, A. Scholarly communities in entrepreneurship research: A co-citation analysis., Entrepreneurship Theory and Practice v. 30, n. 3, p. 399-415, 2006.
  • SCHUMPETER, J. The theory of economic development. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1934.
  • SCHUMPETER, J. Capitalism, socialism and democracy. Harper & Row, New York, 1942.
  • SHANE, S.; VENKATARAMAN, S. The promise of entrepreneurship as a field of research., Academy of Management Review v. 25, p. 217-26, 2000.
  • SHANE, S. Who is publishing the entrepreneurship research?., Journal of Management v. 23, p. 83-95, 1997.
  • SHANE, S. Prior knowledge and the discovery of entrepreneurial opportunities. Organizational Science, v. 11, p. 448-469, 2000.
  • SMALL, H. Co-citation in the scientific literature: A new measure of the relationship between two documents., Journal of the American Society for Information Science and Technology v. 24, p. 265-269, 1973.
  • SMALL, H.; GRIFFITH, B. The structure of scientific literatures (I) Identifying and graphing specialties. Science Studies, v. 4, n. 1, p. 17-40, 1974.
  • STEVENSON, H.; JARILLO, J. A paradigm of entrepreneurship: Entrepreneurial management., Strategic Management Journal v. 11, p. 17-27, 1990.
  • STINCHCOMBE, A. Social structure and organizations. In March, J. (Ed.), Handbook of Organizations, p. 142-193, Chicago: Rand McNally, 1965.
  • STOREY, D. Understanding the small business sector, London, Routledge, 1994.
  • TAHAI, A.; MEYER, M. A revealed preference study of management journals' direct influences., Strategic Management Journal v. 20, p. 279-296, 1999.
  • VENKATARAMAN, S. The distinctive domain of entrepreneurship research. In Katz, J. (Ed.) Advances in entrepreneurship, firm emergence and growth, Greenwich, CN: JAI Press, v. 3, p. 119-138, 1997.
  • VESPER, K. New venture strategies, Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1990.
  • WASSERMAN, S.; FAUST, K. Social network analysis: Methods and applications. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1997.
  • WHITE, D.; MCCAIN, K. Visualizing a discipline: An author co-citation analysis of information science, 1972-1995. Journal of the American Society for Information Science, v. 49, p. 327-355, 1998.
  • WHITE, H.; GRIFFITH, B. Author co-citation: A literature measure of intellectual structure., Journal of the American Society for Information Science v. 32, p. 163-171, 1981.

Anexo Principais temas de pesquisa: Agrupamento de palavras-chave

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2015
Escola de Administração da UFRGS Escola de Administração da UFRGS, Rua Washington Luis, 855 - 2° Andar, 90010-460 Porto Alegre/RS - Brasil, Fone: (55 51) 3308-3823, Fax: (55 51) 3308 3991 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: read@ea.ufrgs.br