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Editorial

EDITORIAL

A composição de um número de um periódico depende de dois parâmetros: a disponibilidade de artigos e o conjunto que se pode obter com eles. A disponibilidade resulta de uma rotina: recebimento de textos; obtenção de pareceres; aprovação, não raro após reformulações exigidas ou recomendadas; revisão dos originais, com idas e vindas para resolver dúvidas com os autores. O conjunto não é uma simples reunião de artigos: inicialmente, de acordo com o perfil do periódico, exige equilíbrio entre artigos derivados de pesquisa e entre as temáticas abordadas; deve-se cuidar, sobretudo, para que se constitua em real contribuição ao debate de temáticas contempladas; e devem ser considerados ainda os lugares e as instituições de origem dos autores, para que sejam mantidas as dimensões nacional e internacional do periódico.

A Revista Brasileira de Educação tem conseguido ter, nos últimos anos, um razoável número de artigos disponíveis, provindos das apresentações feitas nas reuniões anuais da ANPEd, do recebimento de originais pela secretaria, obtidos em contatos individuais com pesquisadores etc. Na verdade, tem crescido muito o recebimento de textos, o que tem acarretado maior demanda de pareceres. O processo de análise e de aprovação deles, no entanto, tem sido muito lento, reflexo do acúmulo de trabalho dos professores e pesquisadores nas instituições a que estão vinculados e da abusiva solicitação de pareceres em projetos de pesquisa, textos a serem encaminhados a seminários e congressos, artigos para vários periódicos etc. Muitos colegas justificam a real impossibilidade de atender aos pedidos da secretaria da revista, o que se entende e se aceita.

Por sua vez, o conjunto depende fundamentalmente dessa disponibilidade, pois raramente tem-se excesso de artigos, e se constitui em um arranjo que, no fundo, é arbitrário. O que melhor representa essa arbitrariedade é a própria ordenação dos textos, que normalmente passa por vários ensaios. E, não raro, depois de definida e mesmo após estar impressa, volta a ser questionada. Mas é uma arbitrariedade criativa, que tem como objetivo manter o nível do periódico, apresentá-lo bem, provocar o leitor para apreciá-lo. Claro, sabemos que um leitor não se detém, habitualmente, em todos os artigos de um número; procura os de sua preferência. Mas pretende-se que ele pelo menos tome conhecimento do referido conjunto, mesmo que apenas pelo sumário.

Vale uma palavra sobre as fotos das capas. A princípio, pretende-se que elas ilustrem o artigo colocado em primeiro lugar, ou o subconjunto de artigos que abordem a temática central apresentada em determinado número. Às vezes, pode significar apenas uma chamada para determinado artigo. Mas nem sempre é fácil alcançar isto, como também não é fácil obter um ótimo resultado de uma foto às vezes conseguida com bastante esforço. Nesse ponto, a arbitrariedade criativa revela-se por inteiro, independente até do resultado final: em alguns números, a alegria de uma bonita capa; em outros, fica valendo o esforço.

Dito isto, passamos a apresentar o conteúdo do presente número. Em primeiro lugar, observamos ser rico em artigos derivados de pesquisas. Os três primeiros, de Sérgio Haddad, Luiz Carlos Gil Esteves e Dolores B. Kappel, têm uma forte base empírica; os de Miriam Waidenfeld Chaves, Vivian Batista da Silva, de Lucia Reily, Jane Soares de Almeida, apresenta forte base histórica e documental; o assinado coletivamente por Suzana Burnier, Regina Mara Ribeiro Cruz, Marina Nunes Durães, Mônica Lana Paz, Adriana Netto Silva e Ivone Maria Mendes Silva, explora a história de vida de professores que atuam na área de formação profissional; e Sônia Pereira analisa, na perspectiva sociológica, o tema do significado da educação ofertada a jovens e adultos, no meio rural, como efetivo direito e fonte para a participação e a construção da cidadania.

Os demais artigos, na forma de ensaio, não são menos importantes: Ivor Goodson retoma as origens dos estudos sobre currículo e propõe novas perspectivas para a área; Marcus Vinicius da Cunha e Leonardo Freitas Sacramento revelam as matrizes do pensamento grego na obra de John Dewey; Rosa Maria Bueno Fischer discute a necessária e urgente relação entre as tecnologias de informação e comunicação e as práticas pedagógicas; Sinésio Ferraz Bueno, com base em Adorno, analisa manifestação dos elementos da "semiformação" ou da "semicultura" por meio da indústria cultural, tomando como exemplo a revista Nova Escola.

Acreditamos que essa variedade de artigos atenda a algumas necessidades da área e satisfaça o apetite cultural de nossos leitores.

A Comissão Editorial

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Set 2007
  • Data do Fascículo
    Ago 2007
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