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O papel do parecer dos revisores para o crescimento da Revista Brasileira de Fisioterapia

EDITORIAL

O papel do parecer dos revisores para o crescimento da Revista Brasileira de Fisioterapia

Revista Brasileira de Fisioterapia/Brazilian Journal Physical Therapy (RBF/BJPT) vem demonstrando um grande crescimento nos últimos anos, tanto no número de artigos submetidos quanto na qualidade dos artigos publicados. Dentre as várias pessoas que têm contribuído para esse crescimento, é importante destacar o papel dos revisores das submissões. Sem a contribuição voluntária dessas pessoas que dedicam seu tempo para a RBF/BJPT seria praticamente impossível produzir um periódico científico de alto nível. Entretanto, com o aumento do número de submissões, um maior número de revisores tem sido necessário para efetuar as análises dos artigos submetidos. Essa demanda crescente no número de revisores é um grande desafio para o bom desenvolvimento da RBF/BJPT, uma vez que, sem a contribuição generosa dos nossos revisores, não teríamos como atingir ou, principalmente, manter a qualidade dos artigos publicados.

A demanda de revisores é determinada pelo número de artigos submetidos a cada ano. Para 2009, temos uma projeção de 420 submissões, sendo que 80% delas deverão ser em português. Para cada artigo submetido, necessitamos de pelo menos três revisores. Dessa forma, aproximadamente 1.000 revisores deveriam contribuir anualmente para a revista, caso cada revisor fizesse parecer para apenas um artigo por ano. Considerando que, de acordo com os critérios da RBF/BJPT, um mesmo revisor pode realizar de duas a três revisões anuais, o número de revisores necessário se reduz para aproximadamente 400 por ano. Esse número excessivo se torna ainda maior devido às constantes recusas de convites e, principalmente, à demora em proceder as revisões (com frequente ausência de resposta aos nossos contatos), o que requer a substituição dos revisores.

A primeira medida tomada pela RBF/BJPT para reduzir essa demanda foi dar poderes aos Editores de Área para recusar o envio do manuscrito para revisão, caso o mesmo não contemple alguns pontos específicos durante sua análise. No processo de revisão inicial, os editores são solicitados a responder aos seguintes questionamentos: O manuscrito é pertinente à Fisioterapia (escopo da Revista)? O manuscrito traz nova contribuição para a área? O manuscrito tem mérito científico? Somente os artigos que recebem avaliações positivas nessas perguntas são encaminhados para os revisores. Dessa forma, mesmo artigos com boa qualidade metodológica podem ser recusados, caso não tenham relação com o escopo da revista ou apresentem apenas resultados já bem estabelecidos na literatura.

Mesmo com os novos critérios para aceitação e envio do manuscrito para revisão por pares, um grande número de revisores ainda é necessário. Dessa forma, pesquisadores de diversas áreas (Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Educação Física, Medicina, Enfermagem, entre outros) são convidados para contribuir nesse processo. Convites feitos a revisores com níveis de experiência diferentes têm produzido uma certa falta de uniformidade na avaliação dos artigos. Por exemplo, artigos com decisões de serem aceitos com pequenas modificações ou aceitos com grandes modificações recebem, frequentemente, a mesma quantidade e nível de críticas. No sentido de reduzir essa diversidade nos pareceres, a RBF/BJPT modificou seu formulário para direcionar melhor o processo de revisão. Além disso, os revisores estão recebendo instruções detalhadas sobre como emitir o parecer. Dessa forma, é importante esclarecer os leitores, os quais são potenciais revisores, sobre essas instruções.

Para aceitar um manuscrito para publicação, a RBF/BJPT espera que o mesmo seja original e possua resultados válidos. Além disso, é esperado que ele reveja e sintetize adequadamente a literatura, seja claramente escrito, seja relevante para a fisioterapia ou reabilitação e tenha o potencial de produzir impacto no corpo de conhecimentos da área. Os manuscritos que atendam a vários dos atributos acima, mas que não foquem temas diretamente relevantes para a área, devem ser qualificados como fora do escopo e indicados para uma outra revista. Por outro lado, a decisão de aceitar um manuscrito com pequenas modificações, sem necessidade de nova revisão, indica que o mesmo requer apenas o acréscimo de pequenos comentários ou referências, que poderiam melhorar o texto. Além disso, erros ortográficos e gramaticais, erros de formatação (texto ou figuras) ou duplicação de informação no texto podem ser facilmente corrigidos pelo autor sem necessidade de uma nova análise pelo revisor.

A aceitação condicional de um manuscrito, com necessidade de grandes modificações e nova revisão, geralmente deve ser feita quando há a necessidade de inclusão de novas informações teóricas ou experimentais que são necessárias para que o manuscrito cumpra o objetivo proposto. Solicitação de correção de falhas metodológicas identificadas, as quais não invalidem o estudo, ou de grande redução ou reorganização do manuscrito também indicam a necessidade de nova revisão. Textos com dificuldades na leitura, que tenham problemas na apresentação e na clareza de conceitos discutidos, que necessitem de um maior detalhamento sobre procedimentos do estudo, equipamentos e/ou análises realizadas, mas que possam contribuir de maneira importante para o conhecimento da área, estão na categoria de aceitação com grande revisão. Por outro lado, a decisão de rejeitar um manuscrito com a possibilidade de que os autores façam uma grande revisão do texto e submetam o mesmo como um novo manuscrito deve ser baseada na necessidade de novas análises ou coletas que possam alterar os resultados e/ou a discussão do manuscrito. Além disso, caso um manuscrito potencialmente relevante para área necessite de correções em aspectos que podem resultar em alteração substancial da introdução, discussão e/ou conclusão do estudo, o mesmo deve ser rejeitado com a possibilidade de nova submissão após a correção dos problemas apontados.

Algumas justificativas plausíveis (não necessariamente todas) para uma rejeição incluem a detecção de falha metodológica que não pode ser reparada, a identificação de que o trabalho é uma duplicação (não apenas repetição confirmatória) de outro previamente publicado ou de que o manuscrito não apresenta novas informações em comparação com a qualidade de outras contribuições recentes na área. Outros fatores que podem indicar a necessidade de recusa são a identificação de que o manuscrito possui natureza comercial ou a identificação de resultados contraditórios não explicados pelo autor ou não explicáveis em relação ao conhecimento estabelecido. A RBF/BJPT considera que é extremamente importante que a rejeição não seja fundamentada puramente em diferenças de opiniões ou posições teóricas. Essas diferenças, quando não correspondem a falhas fundamentais do estudo, devem ser ressaltadas para os editores, mas não constituem razões de recusa. Quando a decisão do revisor for de recusar o manuscrito, esperamos que o parecer seja escrito de modo diplomático e suficientemente documentado. O parecer de uma recusa deve ser escrito da forma como gostaríamos de receber caso o nosso próprio manuscrito fosse rejeitado.

A RBF/BJPT publica, preferencialmente, relatos originais de pesquisas relacionadas à Fisioterapia e ao seu campo de atuação profissional, veiculando estudos básicos sobre a motricidade humana e investigações clínicas sobre a prevenção, o tratamento e a reabilitação das disfunções do movimento. Devido aos nossos propósitos de internacionalização da revista, esperamos, cada vez mais, que os artigos publicados tenham possibilidade de citação internacional. Para isso, contamos com a colaboração voluntária e essencial dos nossos revisores. Assim, esperamos que eles tenham a sensibilidade e o cuidado de garantir que bons trabalhos sejam preservados, e aqueles sem mérito para publicação recebam pareceres educativos que permitam o crescimento científico dos autores que desejam publicar seus trabalhos de pesquisa.

Sérgio Teixeira Fonseca

Editor da RBF/BJPT

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2009
  • Data do Fascículo
    Ago 2009
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