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A realidade do Acesso Livre (Open-Access) e a busca por estabilidade financeira

EDITORIAL

A realidade do Acesso Livre (Open-Access) e a busca por estabilidade financeira

Com a indexação da Revista Brasileira de Fisioterapia (RBF) nas bases SciELO e, mais recentemente, Medline, os artigos publicados neste periódico ganharam uma grande visibilidade nos cenários nacional e internacional. Além disso, os artigos publicados eletronicamente pela RBF podem ser acessados livremente, sem pagamento por acesso ou assinatura. Se, por um lado, a adoção do sistema de acesso gratuito (acesso livre/open-access) é um passo importante para a divulgação e a citação dos artigos disponibilizados pela RBF, por outro, cria-se uma distorção. Como viabilizar financeiramente uma revista que não cobra pelo acesso de seu produto? A solução para esse problema não é nada trivial, mas necessária para uma revista com a magnitude da RBF.

A literatura disponível em Acesso Livre (AL) é digital, online e gratuita, ou seja, livre de certas restrições impostas por cobrança de taxa e/ou por barreiras referentes à permissão1 (i.e., direitos autorais). Na verdade, esta realidade não-remunerada se estende em cadeia. Os autores de artigos científicos doam seu trabalho e sua produção intelectual para serem disponibilizados em AL. Da mesma forma, os revisores ad-hoc, que analisam e avaliam os artigos submetidos ao periódico científico, trabalham voluntariamente, e os editores destes periódicos assumem responsabilidades e compromissos, também sem qualquer remuneração. Esses trabalhadores voluntários se empenham pela ciência. Certamente, pesquisadores e cientistas recebem um tratamento bastante diferenciado em relação à sua produção, comparados com os de outras áreas, como Música ou Cinema, em que a autoria da produção é fortemente ancorada em regulamentações referentes a direitos autorais.

Apesar do livre acesso, a literatura disponibilizada tem custos de produção e divulgação. A maioria dos periódicos que oferecem artigos online e também em versão impressa contam com infraestrutura administrativa que garante os trâmites de recebimento, processamento e organização da versão impressa e, no Brasil, os custos com tradução são necessários para a qualidade da versão em inglês. Diante deste cenário, a questão que se apresenta é a seguinte: Como pagar a conta?

A RBF tem atingido patamares importantes de indexação, que ampliam a visibilidade de suas publicações. Mas à medida que esta revista cresce, crescem também os custos operacionais para sua manutenção. A RBF conta hoje com o apoio financeiro das agências de fomento CNPq-CAPES e FAPESP e das instituições de ensino UFSCar, UFMG, UNINOVE e USP. Tal apoio é essencial, porém, insuficiente para atender aos custos de pessoal técnico-administrativo e tradutores, produção e divulgação da revista. Mais recentemente, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) aprovou a solicitação de apoio financeiro da RBF, o qual será imprescindível para cumprir com os compromissos referentes às despesas com recursos humanos da infraestrutura de secretaria.

Na tentativa de manter este periódico em circulação, o Conselho Editorial da RBF aprovou, em reunião realizada na Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, em 18/6/2010, a cobrança de uma taxa de processamento a ser paga pelos autores no momento da submissão do artigo, bem como o fim do subsídio da taxa de publicação/tradução, que atualmente é cobrada quando o artigo é aceito para publicação* * Os valores das taxas de processamento e de publicação/tradução estão disponíveis no site www.rbf-bjpt.org.br . Reiteramos que o aumento no valor da taxa de publicação/tradução corresponde, na realidade, ao fim do subsídio que era dado à tradução dos manuscritos publicados, transferindo para os autores dos artigos a responsabilidade integral dos custos de tradução.

A cobrança dessas taxas tem como objetivo permitir que a RBF continue investindo na modernização de sua infraestrutura, garantindo a continuidade do bom desenvolvimento apresentado pela revista nos últimos anos. Apesar dessa cobrança, as fontes de financiamento indicadas acima continuam sendo necessárias para fazer face às nossas despesas. Nós, editores da RBF, continuaremos a nos dedicar voluntariamente às responsabilidades que nos são atribuídas. Aproveitamos a oportunidade para reiterar nossos agradecimentos aos pesquisadores que submetem seus artigos à RBF, ao empenho do corpo editorial, aos esforços do Conselho de Editores, bem como à dedicação dos revisores que também, de forma gratuita, contribuem para que a RBF seja mantida em conformidade com os elevados padrões requeridos pela comunidade.

Marisa Cotta Mancini

Aparecida Maria Catai

Débora Bevilaqua Grossi

Editores

RBF/BJPT

  • 1. Suber P [Internet]. Open Acess Overview. c2004-2006 [atualizado em June 19, 2007; citado em July 7, 2010]. Disponível em: http://www.earlham.edu/~peters/fos/overview.htm
  • *
    Os valores das taxas de processamento e de publicação/tradução estão disponíveis no site
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Dez 2010
    • Data do Fascículo
      Out 2010
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