Acessibilidade / Reportar erro

Tradução, adaptação cultural e avaliação das propriedades psicométricas do Falls Risk Awareness Questionnaire (FRAQ): FRAQ-Brasil

Resumos

OBJETIVO:

Traduzir e adaptar culturalmente o Falls Risk Awareness Questionnaire (FRAQ) para a população idosa brasileira e avaliar a consistência interna e a confiabilidade desse instrumento.

MÉTODO:

O estudo utilizou as diretrizes internacionais para adaptação transcultural. Em seguida, o questionário em sua versão final em português foi aplicado em 120 idosos, a fim de se avaliarem as propriedades de medida. Os participantes foram entrevistados duas vezes na primeira avaliação (examinadores 1 e 2, com intervalo de tempo de 30 a 60 minutos) e novamente entre 2 e 7 dias pelo examinador 1. A consistência interna foi estimada pelo coeficiente alfa de Cronbach. Para avaliar a confiabilidade intra e interavaliadores, utilizou-se o coeficiente Kappa para as variáveis categóricas. Já para as variáveis numéricas, utilizou-se o Coeficiente de Correlação Intraclasse(CCI) (modelo 2-way mixed) e seus respectivos intervalos de confiança de 95%, além do teste de concordância de Bland e Altman.

RESULTADOS:

A versão brasileira do FRAQ foi adquirida mantendo-se as equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual. A consistência interna foi de α=0,95, já a confiabilidade intraexaminador obteve CCI (3,1)=0,91, Kappa de 0,89 e Bland e Altman, por meio da diferença da média (viés)=-0,52. Quanto à confiabilidade interexaminador, CCI=0,78, Kappa=0,76 e viés=0,12.

CONCLUSÕES:

A tradução e a adaptação cultural do FRAQ para a população idosa brasileira foi realizada com sucesso. O instrumento demonstrou excelente confiabilidade e consistência interna, tornando assim útil para avaliação da percepção do risco de queda entre os idosos brasileiros.

questionários; tradução; reprodutibilidade dos testes; acidentes por quedas; fisioterapia


OBJECTIVE:

This study aimed to translate and culturally adapt the Falls Risk Awareness Questionnaire (FRAQ) for the elderly Brazilian population as well as to evaluate the internal consistency and reliability of this instrument.

METHOD:

The study used internationally accepted guidelines for the cross-cultural adaptation process. The questionnaire in its final Portuguese version was then applied to 120 elderly people to assess the measurement properties. The participants were interviewed twice in the first assessment (examiners 1 and 2 at an interval of 30to60minutes) and again after 2 to 7 days by examiner 1. The internal consistency was assessed with Cronbach' s alpha coefficient. To evaluate the reliability of the intra- and inter-evaluators, the Kappa coefficient for categorical variables was used; for numeric variables, the intra-class correlation coefficient (2-way mixed model) and the respective 95% confidence intervals were used in addition to the concordance test of Bland and Altman.

RESULTS:

The Brazilian version of the FRAQ was obtained while maintaining a semantic, idiomatic, cultural and conceptual equivalence. The internal consistency was α=0.95, while for intra-examiner reliability, an intrarater correlation coefficient (ICC-3,1) of 0.91 was obtained with an intra-class correlation Kappa coefficient of 0.89 and a Bland and Altman mean difference (bias) of -0.52. Regarding the inter-examiner reliability, the ICC=0.78, Kappa=0.76 and bias=0.12.

CONCLUSIONS:

The translation and cultural adaptation of the FRAQ for the elderly Brazilian population was successfully performed. The instrument demonstrated excellent reliability and internal consistency, thus making it useful for assessing the perception of the risk of a fall among elderly Brazilians.

questionnaires; translations; reproducibility of results; accidental falls; physical therapy


Introdução

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, entretanto a população brasileira de idosos vem aumentando num ritmo mais acelerado do que nos países desenvolvidos. Há uma estimativa de que, em 2025, o Brasil terá a sexta maior população de idosos do mundo11. Siqueira FV, Facchini LA, Piccini RX, Tomasi E, Thumé E, Silveira DS, e tal . Prevalência de quedas em idosos e fatores associados. Rev Saúde Pública.2007;41(5):749-56. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000500009
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910200...

2. Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saúde Pública.2009;43(3):548-54. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009005000025
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009...
- 33. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE. Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, Diretoria de Pesquisa;2002.. O aumento da expectativa de vida está relacionado à elevada taxa de comorbidades44. Almeida MF, Barata RB, Montero CV. Prevalência de doenças crônicas auto-referidas e utilização de serviços de saúde, PNAD/1998, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva.2002;7(4):743-756. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232002000400011
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232002...
; nesse contexto, as quedas e instabilidades fazem parte das síndromes geriátricas que englobam as alterações de saúde mais frequentes nas pessoas idosas.

As quedas e as consequentes lesões resultantes constituem um problema de saúde pública de grande impacto social, enfrentado hoje por todos os países com expressivo envelhecimento populacional55. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia-SBGG. Projeto Diretrizes. Quedas em idosos: prevenção [Internet]. [cited2012 Aug]. São Paulo: Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Available from: http://www.projetodiretrizes.org.br/livro.php.
Available from: http://www.projetodiretr...
, 66. Brasil. Ministério da Saúde. Quedas de idosos: SUS gasta quase R$81 milhões com fraturas em idosos em2009 [Internet]. [cited2011 Nov]. Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_ texto.cfm?idtxt=33674&janela=1.
Available from: http://portal.saude.gov....
. Essa realidade se deve não somente às altas prevalências de quedas ao ano, que no Brasil estão entre 27% e 35%11. Siqueira FV, Facchini LA, Piccini RX, Tomasi E, Thumé E, Silveira DS, e tal . Prevalência de quedas em idosos e fatores associados. Rev Saúde Pública.2007;41(5):749-56. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000500009
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910200...
, 77. Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública.2002;36(6):709-16. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000700008
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002...
, 88. Siqueira FV, Facchini LA, Silveira DS, Piccini RX, Tomasi E, Thumé E, e tal . Prevalence of falls in elderly in Brazil: a countrywide analysis. Cad Saúde Pública.2011;27(9):1819-1826. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011000900015
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011...
, mas também à morbidade e mortalidade daí advindas e ao elevado custo social e econômico decorrentes das lesões subsequentes. Ao mesmo tempo, é um evento possível de se prevenir a partir de fatores modificáveis11. Siqueira FV, Facchini LA, Piccini RX, Tomasi E, Thumé E, Silveira DS, e tal . Prevalência de quedas em idosos e fatores associados. Rev Saúde Pública.2007;41(5):749-56. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000500009
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910200...
, 99. Fabrício SCC, Rodrigues RAP, Costa ML Jr. Causas e consequências de quedas de idosos atendidos em hospital público. Rev Saúde Pública.2004;38(1):93-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000100013
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004...
, 1010. Riera R, Trevisani VFM, Ribeiro JPN. Osteoporose: a importância da prevenção de quedas. Rev Bras Reumatol.2003;43(6):364-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042003000600008
http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042003...
.

A queda é o mais sério e frequente acidente doméstico com os idosos e a principal etiologia de morte acidental em pessoas acima de 65 anos1111. Fuller GF. Falls in the elderly. Am Fam Physician.2000;61:2159-68. PMid:10779256.. Além disso, ela é responsável pelo declínio da capacidade funcional, maior dependência, baixa qualidade de vida e aumento do risco de institucionalização77. Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública.2002;36(6):709-16. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000700008
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002...
, 99. Fabrício SCC, Rodrigues RAP, Costa ML Jr. Causas e consequências de quedas de idosos atendidos em hospital público. Rev Saúde Pública.2004;38(1):93-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000100013
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004...
, além de altíssimos custos aos sistemas de saúde66. Brasil. Ministério da Saúde. Quedas de idosos: SUS gasta quase R$81 milhões com fraturas em idosos em2009 [Internet]. [cited2011 Nov]. Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_ texto.cfm?idtxt=33674&janela=1.
Available from: http://portal.saude.gov....
.

Nesse contexto, muitas pesquisas estão sendo realizadas objetivando a prevenção de quedas entre os idosos1212. Rubenstein LZ. Falls in older people: epidemiology, risk factors and strategies for prevention. Age Ageing.2006;35(2):37-41.

13. Gusi N, Carmelo Adsuar J, Corzo H, Del Pozo-Cruz B, Olivares PR, Parraca JA. Balance training reduces fear of falling and improves dynamic balance and isometric strength in institutionalised older people: a randomised trial. J Physiother.2012;58(2):97-104. http://dx.doi.org/10.1016/S1836-9553(12)70089-9
http://dx.doi.org/10.1016/S1836-9553(12)...

14. Sherrington C, Tiedemann A, Fairhall N, Close JC, Lord SR. Exercise to prevent falls in older adults: an updated meta-analysis and best practice recommendations. NSW Public Health Bull.2011;22(3-4):78-83. PMid:21632004. http://dx.doi.org/10.1071/NB10056
http://dx.doi.org/10.1071/NB10056...

15. Leung DP, Chan CK, Tsang HW, Tsang WW, Jones AY. Tai chi as an intervention to improve balance and reduce falls in older adults: A systematic and meta-analytical review. Altern Ther Health Med.2011;17(1):40-8. PMid:21614943.
- 1616. Hanley A, Silke C, Murphy J. Community-based health efforts for prevention of falls in the elderly. Clin Interv Aging.2011;6:19-25. PMid:21472088 PMCid:PMC3066249., permitindo que algumas organizações, como a American Geriatrics Society, British Geriatrics Society 1717. American Geriatrics Society, British Geriatrics Society, American Academy of Orthopaedic Surgeons Panel on Falls Prevention. Guideline for the prevention of falls in older persons. J Am Geriatr Soc.2001;49(5):664-72. http://dx.doi.org/10.1046/j.1532-5415.2001.49115.x
http://dx.doi.org/10.1046/j.1532-5415.20...
, 1818. Panel on Prevention of Falls in Older Persons, American Geriatrics Society and British Geriatrics Society (2011), Summary of the Updated American Geriatrics Society/British Geriatrics Society Clinical Practice Guideline for Prevention of Falls in Older Persons. J Am Geriatr Soc.2011;59(1):148-157. PMid:21226685. http://dx.doi.org/10.1111/j.1532-5415.2010.03234.x
http://dx.doi.org/10.1111/j.1532-5415.20...
e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia77. Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública.2002;36(6):709-16. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000700008
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002...
, desenvolvam diretrizes com estratégias baseadas em evidências científicas para prevenção de quedas.

Embora já existam vários fatores de risco identificados e comprovados, há dificuldade em se estruturar um instrumento único que prediga a queda, provavelmente devido à sua etiologia multifatorial, ou seja, deriva da combinação de fatores intrínsecos, comportamentais, relacionados às atividades e ambientais55. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia-SBGG. Projeto Diretrizes. Quedas em idosos: prevenção [Internet]. [cited2012 Aug]. São Paulo: Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Available from: http://www.projetodiretrizes.org.br/livro.php.
Available from: http://www.projetodiretr...
, 77. Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública.2002;36(6):709-16. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000700008
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002...
, 1717. American Geriatrics Society, British Geriatrics Society, American Academy of Orthopaedic Surgeons Panel on Falls Prevention. Guideline for the prevention of falls in older persons. J Am Geriatr Soc.2001;49(5):664-72. http://dx.doi.org/10.1046/j.1532-5415.2001.49115.x
http://dx.doi.org/10.1046/j.1532-5415.20...
, requerendo, assim, uma avaliação também multifatorial.

Além de se avaliarem os fatores de risco de quedas que um idoso apresenta, é fundamental conhececer o grau de percepção ou conhecimento desse indivíduo sobre tais riscos, pois não se podem fazer modificações preventivas, a menos que se esteja ciente das possibilidades.

O Falls Risk Awareness Questionnaire (FRAQ) é um questionário que objetiva avaliar a percepção de risco de queda em indivíduos acima de 65anos de idade. O instrumento foi desenvolvido na Universidade de Alberta, Canadá, e contém 26questões fechadas de múltipla escolha e duas questões abertas, divididas em duas partes. A primeira, com três questões, a ser aplicada pelo entrevistador, e a segunda parte, com 25 questões, a ser respondida individualmente pelo próprio entrevistado.

Todas as 26 questões de múltipla escolha apresentam apenas uma alternativa correta. Devido a uma questão sobre medicamentos conter oito respostas corretas e uma questão não incluir gabarito, o escore do questionário varia de 0 a 32 pontos, sendo que, quanto maior o número de pontos, melhor é a percepção dos riscos de queda daquele idoso. O instrumento apresenta validade de constructo1919. Wiens CA, Koleba T, Jones CA, Feeny DH. The Falls Risk Awareness Questionnaire: Development and Validation for use with older adults. J Gerontol Nurs.2006;32(8):43-50. PMid:16915745. e razoável confiabilidade teste-reteste2020. Sadowski C, Nguyen V, Jones CA, Feeny D. Fall risk awareness questionnaire in community-dwelling older adults. In: The American Geriatrics Society Annual Scientific Meeting: Proceedings of the American Geriatrics Society Annual Scientific Meeting;2010 May12-15; Florida. J Am Geriatr Soc.2010;4suppl:S48.. Além do Brasil, há solicitação de tradução do FRAQ para o chinês, o que está em andamento.

Esta pesquisa teve como objetivos traduzir e adaptar culturalmente o Falls Risk Awareness Questionnaire (FRAQ) para a população idosa brasileira e avaliar a consistência interna e a confiabilidade desse instrumento. No sentido de colaborar com futuras revisões sistemáticas de estudos sobre confiabilidade, este trabalho foi redigido conforme as diretrizes para relatórios de estudos de confiabilidade e concordância propostas por Kottner e tal .2121. Kottner J, Audigé L, Brorson S, Donner A, Gajeweski BJ, Hróbjartsson A, e tal . Guidelines for reporting reliability and agreement studies (GRRAS) were proposed. J Clin Epidemiol.2011;64(1):96-106. PMid:21130355. http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2010.03.002
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.201...
em 2011.

A utilização do FRAQ-Brasil permitirá conhecer a percepção que os idosos têm a respeito dos fatores de riscos de queda, possibilitando o desenvolvimento de programas educativos que melhorem a compreensão desse tema prioritário, otimizando uma abordagem preventiva. Essa tradução também possibilitará comparações entre populações de idosos de diferentes países.

Método

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo metodológico de corte transversal de adaptação transcultural e avaliação das propriedades psicométricas, o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR (Parecer 009/2012, CAAE 0346.0.268.000-11) e autorizado pelos autores do FRAQ original.

População e amostra

Foi realizado cálculo do tamanho da amostra segundo a fórmula [n total=(Zα/2)22. Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saúde Pública.2009;43(3):548-54. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009005000025
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009...
× p(1-p)/e22. Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saúde Pública.2009;43(3):548-54. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009005000025
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009...
]2222. Rosner B. Fundamentals of biostatistics. Pacific Grove: Duxbury Thomson Learning;2000.; considerando uma prevalência (p) esperada de aproximadamente 7,4% da população acima de 65anos de idade no Brasil, segundo o Censo 20102323. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE [Internet]. Censo Demográfico2010. [cited2011 Dec]. Available from: www.ibge.gov.br.
Available from: www.ibge.gov.br...
, intervalo de confiança (Zα/2=1,96) e margem de erro considerada aceitável de 5% (e=0,05), obteve-se um n=105,3. Considerando possíveis perdas, optou-se por uma amostra 10% superior, dessa forma, trabalhou-se no final com 120 idosos.

Foram incluídos no estudo indivíduos com idade de 65 anos ou mais, de ambos os gêneros, que estavam cadastrados no Programa Saúde da Família (PSF) da cidade de Londrina, Paraná, Brasil, que apresentavam condições cognitivas suficientes avaliadas por meio do Miniexame do Estado Mental (MEEM) e que aceitaram participar da pesquisa, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido após explicação dos objetivos e método do estudo pelo pesquisador.

Segundo muitos autores2424. Tombaugh TN, McIntyre NJ. The mini-mental state examination: a comprehensive review. J Am Geriatr Soc.1992;40:922-35. PMid:1512391.

25. Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr.2003;61(3B):777-81. PMid:14595482. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2003000500014
http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2003...
- 2626. Lourenço RA, Veras RP. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em idosos ambulatoriais. Rev Saúde Pública.2006;4(4):712-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000500023
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006...
, a escolaridade deve ser considerada para a adoção do ponto de corte mais adequado no MEEM, sendo assim, com base no estudo de Lourenço e Veras2626. Lourenço RA, Veras RP. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em idosos ambulatoriais. Rev Saúde Pública.2006;4(4):712-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000500023
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006...
, consideramos ponto de corte de 19 para analfabetos e 25 para aqueles com instrução escolar (com mais de quatro anos de estudo).

Foram excluídos idosos que não atingiram o escore mínimo no MEEM, idosos com deficiência auditiva e/ou visual, identificada no momento da entrevista, indivíduos com doença de Alzheimer ou qualquer outro déficit neurológico que comprometesse a cognição, além dos que não desejaram participar da pesquisa no momento da visita.

Procedimentos

Os procedimentos metodológicos para tradução e adaptação cultural do FRAQ foram desenvolvidos segundo as diretrizes propostas por Beaton e tal .2727. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa1976).2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014
http://dx.doi.org/10.1097/00007632-20001...
, normas internacionais para manter a equivalência entre as versões original e de destino. A proposta compreende seis etapas, que serão descritas a seguir.

Etapa I e II: Tradução inicial para o idioma português e síntese

A primeira fase foi a tradução do instrumento do inglês para o português falado no Brasil. Para esse fim, dois tradutores bilíngues, sendo a língua materna o português, fizeram duas traduções independentes (T1 e T2). Apenas um deles era juramentado e foi informado sobre os conceitos envolvidos na pesquisa, enquanto o outro não tinha conhecimento de tais conceitos. Os tradutores desenvolveram relatórios por escrito sobre as dificuldades e justificativas das escolhas na tradução.

Uma reunião dos tradutores com a pesquisadora foi realizada com o objetivo de conseguir uma versão comum da tradução (T12), a versão síntese, a partir da análise das traduções independentes, na qual se buscou consenso entre os tradutores ao invés da opinião pessoal. Também foi realizado um relatório por escrito para documentação de todo o processo da versão síntese.

Etapa III: Retrotradução (back-translation)

Após a obtenção da tradução e versão síntese em português, o instrumento foi convertido novamente para o inglês por outro tradutor de língua materna inglesa e com fluência no português. Esse tradutor não teve nenhum conhecimento sobre os conceitos envolvidos na pesquisa e também produziu relatório por escrito sobre as dificuldades e justificativas de escolhas no processo da tradução reversa ou back-translation (BT).

Etapa IV: Revisão por um comitê de especialistas

Foi organizado um comitê de especialistas composto por uma fisioterapeuta, uma enfermeira, uma farmacêutica, uma psicóloga, uma assistente social e um educador físico. Todos esses profissionais são doutores e possuem atuação na área da Gerontologia. Participaram também uma professora fisioterapeuta doutoranda com atuação em Saúde Coletiva e Gerontologia e a própria autora responsável pela pesquisa. No dia da reunião, todos tinham acesso às traduções, à versão síntese e à versão original do questionário para análise e discussão.

Nas duas reuniões realizadas, buscou-se atender às quatro equivalências sugeridas por Beaton e tal .2727. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa1976).2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014
http://dx.doi.org/10.1097/00007632-20001...
, quais sejam: equivalências semântica, idiomática, experimental e conceitual. O papel do comitê de especialistas foi consolidar todas as versões do questionário e desenvolver a versão pré-final para testes de campo na chamada fase pré-teste.

Etapa V: Pré-teste

O pré-teste foi aplicado em 30 idosos (≥65 anos de idade), selecionados por conveniência, que atenderam aos critérios de inclusão da pesquisa. Os idosos foram entrevistados individualmente com a versão pré-teste do FRAQ e, em seguida, foram questionados quanto às dificuldades no entendimento dos itens, incompreensão de palavras e/ou clareza nas opções de respostas. Foi solicitado feedback para melhorias na versão final do instrumento. As questões que não foram compreendidas por 15% ou mais dos participantes foram reformuladas.

Etapa VI: Envio da documentação aos autores

A última fase, a etapa VI, foi o envio de toda documentação do processo de tradução e adaptação para a apreciação dos autores do questionário original.

Avaliação das propriedades psicométricas do FRAQ-Brasil

Para avaliar a confiabilidade do FRAQ-Brasil, foram entrevistadas 120 pessoas com 65 anos ou mais, cadastradas no Programa Saúde da Família (PSF) da cidade de Londrina, PR, Brasil, selecionadas de modo aleatório pelo cadastro dos agentes comunitários de saúde. As informações sociodemográficas dos participantes foram coletadas em questionário próprio.

O FRAQ foi aplicado por dois entrevistadores independentes e treinados previamente, com atuação na área da Fisioterapia (examinador 1 e 2), no mesmo dia, com intervalo de 30 a 60 minutos entre as avaliações a fim de se avaliar a confiabilidade interexaminadores. Após 2 a 7 dias, o examinador 1 reaplicou o questionário com o objetivo de se avaliar a confiabilidade intraexaminador. Todas as três entrevistas foram realizadas nas residências dos idosos.

Os dois examinadores conheciam a metodologia do estudo, porém não podiam se comunicar. Além disso, para não existir influência nos examinadores, as pontuações de cada questionário só foram realizadas no final de toda a coleta de dados, ou seja, após a terceira entrevista.

Análise dos dados

A consistência interna foi estimada pelo coeficiente alfa de Cronbach, considerando-se α≥0,9 excelente; 0,8≤α<0,9 boa; 0,7≤α<0,8 aceitável; 0,6≤α<0,7 questionável; 0,5≤α<0,6 pobre e α<0,5 inaceitável2828. George D, Mallery P. SPSS for Windows step by step: A simple guide and reference. 11.0 update.4thed. Boston: Allyn & Bacon;2003.. Para avaliar a confiabilidade intra e interexaminadores, utilizou-se o coeficiente Kappa para as variáveis categóricas nominais. Foi considerada confiabilidade pobre os valores de 0-0,20; razoável de 0,21-0,40; moderada de 0,41-0,60; substancial de 0,61-0,80 e valores maiores que 0,81 excelente ou quase perfeito2929. Cicchetti D, Bronen R, Spencer S, Haut S, Berg A, Oliver P, e tal . Rating scales, scales of measurement, issues of reliability. J Nerv Ment Dis.2006;194(8):557-64. PMid:16909062. http://dx.doi.org/10.1097/01.nmd.0000230392.83607.c5
http://dx.doi.org/10.1097/01.nmd.0000230...
.

Já para as variáveis numéricas, utilizou-se o Coeficiente de Correlação Intraclasse-CCI (modelo 2-way mixed)3030. Krebs DE. Declare your ICC type. Phys Ther.1986;66(9):1431. PMid:3749277.

31. Shrout PE, Fleiss JL. Intraclass correlations: uses in assessing rater reliability. Psychol Bull.1979;86(2):420-428. http://dx.doi.org/10.1037/0033-2909.86.2.420
http://dx.doi.org/10.1037/0033-2909.86.2...
- 3232. Weir JP. Quantifying test-retest reliability using the intraclass correlation coefficient and the SEM. J Strength Cond Res.2005;19(1):231-40. PMid:15705040. e seus respectivos intervalos de confiança de 95% para cada valor do CCI. Consideraram-se valores de CCI<0,40 como pobre; 0,40≤CCI<0,75 razoável a boa e CCI≥0,75 excelente confiabilidade3131. Shrout PE, Fleiss JL. Intraclass correlations: uses in assessing rater reliability. Psychol Bull.1979;86(2):420-428. http://dx.doi.org/10.1037/0033-2909.86.2.420
http://dx.doi.org/10.1037/0033-2909.86.2...
, 3232. Weir JP. Quantifying test-retest reliability using the intraclass correlation coefficient and the SEM. J Strength Cond Res.2005;19(1):231-40. PMid:15705040.. Também foi utilizado o teste de concordância de Bland e Altman, conforme orientações de seus autores3333. Bland JM, Altman DG. Statistical methods for assessing agreement between two methods of clinical measurements. Lancet.1986;1:307-10. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(86)90837-8
http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(86)...
, o que permite visualizar a diferença média entre as medidas e seus respectivos intervalos de confiança de 95%, os limites extremos de concordância e o desvio padrão da diferença da média.

A significância estatística foi estipulada em 5% (p<0,05) em todos os testes. As análises foram realizadas no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences, versão 15.0) e Graphpad Prism 5.0.

Resultados

O processo de tradução e adaptação cultural produziu a versão brasileira do FRAQ (Anexo1 Anexo 1 Continuação... ). As versões T1 e T2 apresentaram poucas divergências, que foram resolvidas na síntese T12 (Tabela 1), priorizando-se a utilização de termos e expressões de maior familiaridade para a população brasileira. Na versão back-translation ou retrotradução, houve muita similaridade com o original, e foram necessárias apenas pequenas alterações em estruturas gramaticais.

Tabela 1
Modificações realizadas no estágio de tradução.

Os resultados da adaptação cultural realizada pelo comitê de especialistas estão demonstrados na Tabela 2. O trabalho do comitê foi fundamental na aquisição das equivalências semântica, idiomática, conceitual e experimental, obtendo-se assim a versão pré-teste a partir do consenso entre a equipe. Alguns termos foram substituídos por outros similares pelo fato de os itens originais não se enquadrarem nas atividades habitualmente realizadas pela população brasileira como, por exemplo, andar na neve e tomar banho de banheira. Apesar de o FRAQ ser autoaplicável, decidiu-se por unanimidade que a melhor forma de utilizá-lo no Brasil seria por entrevista.

Tabela 2
Modificações sugeridas pelo comitê de especialistas para a versão pré-teste.

Decidiu-se mudar a ordem da questão número 21 para 15 devido ao seu propósito de "confundir" ou impedir a indução de apenas respostas positivas. Já na questão 16, que continha exemplos de medicamentos com nomes comerciais, optou-se por retirar todos os títulos devido ao fato de não corresponderem aos utilizados no Brasil e, também, para o participante não se limitar apenas aos medicamentos citados.

Na aplicação da versão pré-teste com 30 idosos, não houve necessidade de reformulações, pois todos os idosos compreenderam as questões. As características sociodemográficas dos 120 idosos que participaram da avaliação das propriedades psicométricas estão descritas na Tabela 3. A maioria era do gênero feminino (74,2%), com média de idade de 75 anos. O coeficiente alfa de Cronbach demonstrou excelente consistência interna α=0,95.

Tabela 3
Características sociodemográficas da amostra.

Na avaliação da confiabilidade intraexaminador, o coeficiente de Kappa demonstrou-se excelente, enquanto o Kappa interexaminadores obteve substancial confiabilidade, segundo a classificação de Cicchetti e tal .2929. Cicchetti D, Bronen R, Spencer S, Haut S, Berg A, Oliver P, e tal . Rating scales, scales of measurement, issues of reliability. J Nerv Ment Dis.2006;194(8):557-64. PMid:16909062. http://dx.doi.org/10.1097/01.nmd.0000230392.83607.c5
http://dx.doi.org/10.1097/01.nmd.0000230...
. Já com as variáveis numéricas, a confiabilidade teste-reteste intraexaminador e interexaminador foram consideradas excelentes3131. Shrout PE, Fleiss JL. Intraclass correlations: uses in assessing rater reliability. Psychol Bull.1979;86(2):420-428. http://dx.doi.org/10.1037/0033-2909.86.2.420
http://dx.doi.org/10.1037/0033-2909.86.2...
, 3232. Weir JP. Quantifying test-retest reliability using the intraclass correlation coefficient and the SEM. J Strength Cond Res.2005;19(1):231-40. PMid:15705040., com CCI (3,1)=0,91 e CCI (3,1)=0,78, respectivamente. Todos os valores tiveram p<0,0001, demonstrando resultados estatisticamente significantes (Tabela 4).

Tabela 4
Testes de confiabilidade: coeficiente de Kappa e Coeficiente de Correlação Intraclasse.

As diferenças médias, os desvios padrões da diferença da média e os limites extremos de concordância são demonstrados na plotagem em diagrama de dispersão de Bland e Altman (Figura 1).

Figura 1
Diagrama de Bland & Altman (A=intraexaminador; B=interexaminador). DP=Desvio Padrão; LCS=Limite de Concordância Superior; LCI=Limite de Concordância Inferior.

Discussão

Há uma grande preocupação da comunidade científica em desenvolver questionários que avaliem estados de saúde. Apesar do número crescente de escalas e instrumentos desenvolvidos e utilizados, nem todos estão disponíveis em diferentes países e idiomas3434. Duarte PS, Miyazaki MCOS, Ciconelli RM, Sesso R. Tradução e adaptação cultural do instrumento de avaliação de qualidade de vida para pacientes renais crônicos (KDQOL-SFTM). Rev Assoc Med Bras.2003;49:375-81. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302003000400027
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302003...
. Geralmente esses instrumentos são encontrados na língua inglesa, o que requer um processo de tradução e adaptação transcultural, além da necessidade de análise das suas propriedades de medida3535. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol.1993;46:1417-32. http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-N
http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)9...
, 3636. Terwee CB, Bot SD, De Boer MR, Van der Windt DA, Knol DL, Dekker J, e tal . Quality criteria were proposed for measurement properties of health status questionnaires. J Clin Epidemiol.2007;60(1):34-42. PMid:17161752. http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2006.03.012
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.200...
.

Cruz e tal .3737. Cruz LN, Polanczyk CA, Camey SA, Hoffmann JF, Fleck MP. Quality of life in Brazil: normative values for the Whoqol-bref in a southern general population sample. Qual Life Res.2011;20(7):1123-9. PMid:21279448. http://dx.doi.org/10.1007/s11136-011-9845-3
http://dx.doi.org/10.1007/s11136-011-984...
descrevem sobre a existência de instrumentos internacionais que não estão disponíveis para os pesquisadores brasileiros, fato que demonstra a necessidade de adaptação/validação de novas escalas. Vale ressaltar que não há, na literatura brasileira, instrumento com o mesmo objetivo do FRAQ, ou seja, avaliar a percepção dos riscos de queda em idosos.

Porém, existem disponíveis, aos pesquisadores e clínicos, testes específicos de equilíbrio e controle postural que possibilitam identificar parâmetros clínicos preditores do risco de queda em idosos, como é o caso do Teste de Alcance Funcional (TAF)3838. Lopes KT, Costa DF, Santos LF, Castro DP, Bastone AC. Prevalence of fear of falling among a population of older adults and its correlation with mobility, dynamic balance, risk and history of falls. Rev Bras Fisioter.2009;13(3):223-9. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009005000026
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009...
, a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB)3939. Santos GM, Souza ACS, Virtuoso JF, Tavares GMS, Mazo GZ. Predictive values at risk of falling in physically active and no active elderly with Berg Balance Scale. Rev Bras Fisioter.2011;15(2):95-101. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552011000200003
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552011...
, 4040. Gonçalves DFF, Ricci NA, Coimbra AMV. Functional balance among community-dwelling older adults: a comparison of their history of falls. Rev Bras Fisioter.2009;13(4):316-323. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009005000044
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009...
, o teste "Time Up and Go" (TUG)4040. Gonçalves DFF, Ricci NA, Coimbra AMV. Functional balance among community-dwelling older adults: a comparison of their history of falls. Rev Bras Fisioter.2009;13(4):316-323. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009005000044
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009...
e o teste de equilíbrio de Tinetti (Performance Oriented Mobility Assessment-POMA)4141. Tinetti ME. Performance-oriented assessment of mobility problems in elderly patients. J Am Geriatr Soc.1986;34(2):119-26. PMid:3944402.. Nesse contexto, um destaque deve ser feito à Falls Efficacy Scale-Internacional, já adaptada para o Brasil (FES-I-Brasil)4242. Camargos FFO, Dias RC, Dias JMD, Freire MTF. Cross-cultural adaptation and evaluation of the psychometric properties of the Falls Efficacy Scale-International Among Elderly Brazilians (FES-I-BRAZIL). Rev Bras Fisioter.2010;14(3):237-43. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010000300010
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010...
e de excelentes propriedades psicométricas, a qual avalia a autoeficácia relacionada às quedas, sendo útil para entender os motivos pelos quais os idosos desenvolvem medo de cair, podendo assim identificar idosos com maior suscetibilidade de cair.

Alguns estudos foram realizados no sentido de se apresentarem algumas das principais questões metodológicas e problemas associados com a tradução de questionários para uso em pesquisa transcultural de maneira relevante para os profissionais de saúde4343. Sperber AD. Translation and validation of study instruments for cross-cultural research. Gastroenterology.2004;126(Suppl1):S124-8. PMid:14978648. http://dx.doi.org/10.1053/j.gastro.2003.10.016
http://dx.doi.org/10.1053/j.gastro.2003....
, 4444. Peters M, Passchier J. Translating instruments for cross-cultural studies in headache research. Headache.2006;46(1):82-91. PMid:16412155. http://dx.doi.org/10.1111/j.1526-4610.2006.00298.x
http://dx.doi.org/10.1111/j.1526-4610.20...
. Apesar da existência de diferentes métodos4545. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural adaptation of HRQoL instruments: the universalist approach. Qual Life Res.1998;7:323-35. http://dx.doi.org/10.1023/A:1008846618880
http://dx.doi.org/10.1023/A:100884661888...
, 4646. Hilton A, Strutkowiski M. Translating instruments into other languages: development and testing processes. Cancer Nurs.2002;25:1-7. http://dx.doi.org/10.1097/00002820-200202000-00001
http://dx.doi.org/10.1097/00002820-20020...
, alguns instrumentos possuem protocolos específicos para sua tradução e adaptação, como é o caso do SF-364747. Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev Bras Reumatol.1999;39(3):143-50., WORC4848. Lopes AD, Stadniky SP, Masiero D, Carrera EF, Ciconelli RM, Griffin S. Tradução e adaptação cultural do WORC: um questionário de qualidade de vida para alterações do manguito rotador. Rev Bras Fisioter.2006;10(3):309-15. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552006000300010
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552006...
e o MFM4949. Iwabe C, Miranda-Pfeilsticker BH, Nucci A. Motor function measure scale: portuguese version and reliability analysis. Rev Bras Fisioter.2008;12(5):417-24. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552008000500012
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552008...
, entre outros. Optou-se, neste estudo, pelo método de Beaton e tal .2727. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa1976).2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014
http://dx.doi.org/10.1097/00007632-20001...
devido ao fato de ser completo, ter excelente qualidade, ser o mais aceito e utilizado internacionalmente e ser o método de avaliação utilizado em recentes revisões sistemáticas de estudos sobre adaptações transculturais e avaliação das propriedades de medidas5050. Costa LCM, Maher CG, McAuley JH, Costa LO. Systematic review of cross-cultural adaptations of McGill Pain Questionnaire reveals a paucity of clinimetric testing. J Clin Epidemiol.2009;62(9):934-43. PMid:19595572. http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2009.03.019
http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.200...

51. Puga VOO, Lopes AD, Costa LOP. Assessment of cross-cultural adaptations and measurement properties of self-report outcome measures relevant to shoulder disability in Portuguese: a systematic review. Rev Bras Fisioter.2012;16(2):85-93. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552012005000012
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552012...

52. Hiratuka E, Matsukura TS, Pfeifer LI. Cross-cultural adaptation of the Gross Motor Function Classification System into Brazilian-Portuguese (GMFCS). Rev Bras Fisioter.2010;14(6):537-44. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010000600013
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010...
- 5353. Martins J, Napoles BV, Hoffman CB, Oliveira AS. The Brazilian version of Shoulder Pain and Disability Index: translation, cultural adaptation and reliability. Rev Bras Fisioter.2010;14(6):527-536..

Cada sociedade tem suas próprias crenças, atitudes, costumes, comportamentos e hábitos sociais. Essas características dão às pessoas uma orientação de quem são, como devem comportar-se e o que devem ou não fazer. Essas regras ou conceitos refletem a cultura de um país e também o diferenciam de outros4747. Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev Bras Reumatol.1999;39(3):143-50.. Os itens de um questionário devem não apenas ser bem traduzidos linguisticamente, mas também devem ser adaptados culturalmente para manter a validade de conteúdo do instrumento3535. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol.1993;46:1417-32. http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-N
http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)9...
. No processo de adaptação do FRAQ, o papel do comitê de especialistas foi fundamental nesse sentido, garantindo a equivalência experimental, pois hábitos como tomar banho de banheira e andar sobre a neve foram substituídos devido ao fato de não condizer com a realidade brasileira.

Outra adaptação necessária foi no item Knitted slippers, traduzido pelo T1 como "pantufas de tricô" e pelo T2 como "chinelos de tricô", ficando na versão final com os ajustes do comitê de especialistas "chinelo de borracha, tecido ou lã", pois, no Brasil, é comum o uso de chinelo pelo idoso, portanto foi considerado relevante esse calçado estar entre as opções de respostas.

Na equivalência semântica, ou seja, na avaliação gramatical e de vocabulário, as palavras que não possuem uma tradução literal com significado semelhante devem ser traduzidas para os termos em português que apresentam equivalência de significado5454. Luft CDB, Sanches SO, Mazo GZ, Andrade, A. Versão brasileira da Escala de Estresse Percebido: tradução e validação para idosos. Rev Saúde Pública.2007;41(4):606-615. PMid:17589759. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000400015
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007...
. Nesse contexto, o item com maior complexidade de tradução no FRAQ foi lace up walking shoe, que, na versão síntese, ficou "sapato de caminhada com cadarço" e, após discussão pelo comitê, ficou "tênis". Outro tópico adaptado foi nursing home traduzido por "casa de repouso", que, na versão final acrescentou-se o vocábulo asilo, termo mais utilizado no Brasil, ficando "asilo ou casa de repouso".

Beaton e tal .2727. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa1976).2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014
http://dx.doi.org/10.1097/00007632-20001...
relataram que a equivalência idiomática trata das dificuldades em traduzir expressões coloquiais de um determinado idioma, buscando-se uma equivalência na versão de destino. A expressão stubbing toe, que foi traduzida por "topar o dedo do pé", precisou ser adaptada para melhor compreensão e clareza para "dedo do pé machucado/batido".

Não houve dificuldades na equivalência conceitual do FRAQ, pois todos os itens utilizados apresentaram os mesmos conceitos. Muitas vezes palavras têm conceitos ou significados diferentes entre as culturas, por exemplo, o sentido de "ver a sua família tanto quanto você gostaria" seria diferente entre as culturas com conceitos diferentes sobre o que é "família"2727. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa1976).2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014
http://dx.doi.org/10.1097/00007632-20001...
.

Quanto à decisão no processo de transformação do FRAQ originalmente autoaplicável para o formato em entrevista, ela baseou-se na baixa escolaridade ainda presente entre os idosos no Brasil. Para Orfale e tal .5555. Orfale AG, Araújo PMP, Ferraz MB, Natour J. Translation into Brazilian Portuguese, cultural adaptation and evaluation of the reliability of The Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand questionnaire. Braz J Med Biol Res.2005;38:293-302. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-879X2005000200018
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-879X2005...
, muitos questionários brasileiros são aplicados em forma de entrevista ou fornecem algumas instruções para seu preenchimento devido à falta de costume dos pacientes em preencher questionários autoaplicáveis e/ou pela escolaridade insuficiente, processo já observado em outros questionários traduzidos para o português do Brasil4747. Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev Bras Reumatol.1999;39(3):143-50. , 5656. Pimenta CAM, Teixeira MJ. Questionário de dor McGill: proposta de adaptação para a Língua Portuguesa. Rev Esc Enf USP.1996;30:473-83. PMid:9016160. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62341996000300009
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62341996...
.

O coeficiente alfa de Cronbach foi apresentado por Cronbach5757. Cronbach LJ. Coefficient alpha and the internal structure of tests. Psychometrika.1951;16(3):297-334. http://dx.doi.org/10.1007/BF02310555
http://dx.doi.org/10.1007/BF02310555...
em 1951 como uma forma de estimar a confiabilidade de um questionário aplicado em uma pesquisa. O alfa mede a correlação entre respostas em um questionário por meio da análise das respostas dadas pelos respondentes. Dado que todos os itens de um questionário utilizam a mesma escala de medição, o coeficiente α é calculado a partir da variância dos itens individuais e da variância da soma dos itens de cada avaliador5858. Hora HRM, Monteiro GTR, Arica J. Confiabilidade em Questionários para Qualidade: Um Estudo com o Coeficiente Alfa de Cronbach. Produto & Produção.2010;11(2):85-103.. A consistência interna da versão brasileira do FRAQ apresentou valor α=0,95, isso assegura que as adaptações realizadas mantiveram a homogeneidade dos componentes do instrumento.

Os questionários de avaliação devem ser reprodutíveis através do tempo, ou seja, devem produzir resultados iguais ou semelhantes em duas ou mais administrações para o mesmo paciente, considerando que seu estado clínico não tenha sido alterado5959. Jenkinson C. Evaluating the efficacy of medical treatment: possibilities and limitations. Soc Sci Med.1995;41:1395-401. http://dx.doi.org/10.1016/0277-9536(95)00119-R
http://dx.doi.org/10.1016/0277-9536(95)0...
. Analisando a reprodutibilidade intra e interexaminador do FRAQ, obtiveram-se resultados excelentes por meio do CCI. Outro dado que demonstrou excelente e substancial confiabilidade foi o coeficiente de Kappa de 0,89 (intraexaminador) e de 0,76 (interexaminador) para as variáveis categóricas.

Apesar de muitos estudos de confiabilidade apresentarem apenas o CCI, ele sozinho não fornece informações suficientes para este tipo de estudo, recomendando-se também o uso do método de Bland e Altman5252. Hiratuka E, Matsukura TS, Pfeifer LI. Cross-cultural adaptation of the Gross Motor Function Classification System into Brazilian-Portuguese (GMFCS). Rev Bras Fisioter.2010;14(6):537-44. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010000600013
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010...
. O teste de Bland e Altman fornece uma figurana qual o tamanho e a amplitude das diferenças nas medidas e os erros ou outliers podem ser interpretados facilmente, além disso, esse método apresenta os valores do intervalo de confiança para a diferença da média e os limites de concordância6060.Rankin G, Stokes M. Reliability of assessment tools in rehabilitation: an illustration of appropriate statistical analyses. Clin Rehabil.1998;12:187-99. http://dx.doi.org/10.1191/026921598672178340
http://dx.doi.org/10.1191/02692159867217...
, sendo este último aquele que embasa a decisão clínica. Na análise do FRAQ, os dados demonstraram uma boa concordância, uma vez que o viés próximo de zero e limites de concordância pequenos foram observados.

Devido ao FRAQ ainda não ter sido traduzido e adaptado para outros países e idiomas, não houve a possibilidade de se compararem as dificuldades encontradas no processo de tradução, adaptação e as propriedades de medidas com outras culturas. Quanto à avaliação da responsividade, por se tratar de um questionário sobre percepção/conhecimento, pretende-se, em futuro próximo, desenvolver um ensaio clínico em educação em saúde, que permitirá medir esse atributo e contribuir para o aumento da percepção dos riscos de queda entre os idosos.

Pode-se afirmar que o primeiro passo para se reduzir o número de quedas entre os idosos é a conscientização quanto aos fatores de risco. Nesse sentido, a aplicação do FRAQ permitirá identificar tal falta de conhecimento e, a partir desse diagnóstico, ciente dos riscos que são ignorados pelos participantes, poder-se-á direcionar programas de prevenção mais eficientes. Recomenda-se, também, sua utilização na saúde pública pelos profissionais mais próximos dos idosos, como, por exemplo, os agentes comunitários de saúde, que poderão ser treinados quanto aos fatores de risco de quedas e, desse modo, prestar uma assistência mais qualificada, contribuindo expressivamente para a redução do número de quedas entre os idosos.

Considerações finais

O processo de tradução do Falls Risk Awareness Questionnaire (FRAQ) para a língua portuguesa e seu processo de adaptação cultural para a população idosa brasileira foi realizado com sucesso, seguindo as normas metodológicas internacionalmente aceitas. A versão brasileira do FRAQ manteve as equivalências semântica, idiomática, cultural, e conceitual e demonstrou excelente confiabilidade e consistência interna, tornando-o, assim, um instrumento útil para avaliação da percepção do risco de queda entre os idosos brasileiros.

Agradecimentos

A todos os idosos e profissionais que participaram deste estudo e colaboraram com ele.

Anexo 1 Continuação...

References

  • 1
    Siqueira FV, Facchini LA, Piccini RX, Tomasi E, Thumé E, Silveira DS, e tal . Prevalência de quedas em idosos e fatores associados. Rev Saúde Pública.2007;41(5):749-56. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000500009
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000500009
  • 2
    Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saúde Pública.2009;43(3):548-54. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009005000025
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009005000025
  • 3
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE. Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, Diretoria de Pesquisa;2002.
  • 4
    Almeida MF, Barata RB, Montero CV. Prevalência de doenças crônicas auto-referidas e utilização de serviços de saúde, PNAD/1998, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva.2002;7(4):743-756. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232002000400011
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232002000400011
  • 5
    Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia-SBGG. Projeto Diretrizes. Quedas em idosos: prevenção [Internet]. [cited2012 Aug]. São Paulo: Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Available from: http://www.projetodiretrizes.org.br/livro.php.
    » Available from: http://www.projetodiretrizes.org.br/livro.php
  • 6
    Brasil. Ministério da Saúde. Quedas de idosos: SUS gasta quase R$81 milhões com fraturas em idosos em2009 [Internet]. [cited2011 Nov]. Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_ texto.cfm?idtxt=33674&janela=1.
    » Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_ texto.cfm?idtxt=33674&janela=1.
  • 7
    Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública.2002;36(6):709-16. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000700008
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000700008
  • 8
    Siqueira FV, Facchini LA, Silveira DS, Piccini RX, Tomasi E, Thumé E, e tal . Prevalence of falls in elderly in Brazil: a countrywide analysis. Cad Saúde Pública.2011;27(9):1819-1826. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011000900015
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011000900015
  • 9
    Fabrício SCC, Rodrigues RAP, Costa ML Jr. Causas e consequências de quedas de idosos atendidos em hospital público. Rev Saúde Pública.2004;38(1):93-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000100013
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000100013
  • 10
    Riera R, Trevisani VFM, Ribeiro JPN. Osteoporose: a importância da prevenção de quedas. Rev Bras Reumatol.2003;43(6):364-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042003000600008
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042003000600008
  • 11
    Fuller GF. Falls in the elderly. Am Fam Physician.2000;61:2159-68. PMid:10779256.
  • 12
    Rubenstein LZ. Falls in older people: epidemiology, risk factors and strategies for prevention. Age Ageing.2006;35(2):37-41.
  • 13
    Gusi N, Carmelo Adsuar J, Corzo H, Del Pozo-Cruz B, Olivares PR, Parraca JA. Balance training reduces fear of falling and improves dynamic balance and isometric strength in institutionalised older people: a randomised trial. J Physiother.2012;58(2):97-104. http://dx.doi.org/10.1016/S1836-9553(12)70089-9
    » http://dx.doi.org/10.1016/S1836-9553(12)70089-9
  • 14
    Sherrington C, Tiedemann A, Fairhall N, Close JC, Lord SR. Exercise to prevent falls in older adults: an updated meta-analysis and best practice recommendations. NSW Public Health Bull.2011;22(3-4):78-83. PMid:21632004. http://dx.doi.org/10.1071/NB10056
    » http://dx.doi.org/10.1071/NB10056
  • 15
    Leung DP, Chan CK, Tsang HW, Tsang WW, Jones AY. Tai chi as an intervention to improve balance and reduce falls in older adults: A systematic and meta-analytical review. Altern Ther Health Med.2011;17(1):40-8. PMid:21614943.
  • 16
    Hanley A, Silke C, Murphy J. Community-based health efforts for prevention of falls in the elderly. Clin Interv Aging.2011;6:19-25. PMid:21472088 PMCid:PMC3066249.
  • 17
    American Geriatrics Society, British Geriatrics Society, American Academy of Orthopaedic Surgeons Panel on Falls Prevention. Guideline for the prevention of falls in older persons. J Am Geriatr Soc.2001;49(5):664-72. http://dx.doi.org/10.1046/j.1532-5415.2001.49115.x
    » http://dx.doi.org/10.1046/j.1532-5415.2001.49115.x
  • 18
    Panel on Prevention of Falls in Older Persons, American Geriatrics Society and British Geriatrics Society (2011), Summary of the Updated American Geriatrics Society/British Geriatrics Society Clinical Practice Guideline for Prevention of Falls in Older Persons. J Am Geriatr Soc.2011;59(1):148-157. PMid:21226685. http://dx.doi.org/10.1111/j.1532-5415.2010.03234.x
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1532-5415.2010.03234.x
  • 19
    Wiens CA, Koleba T, Jones CA, Feeny DH. The Falls Risk Awareness Questionnaire: Development and Validation for use with older adults. J Gerontol Nurs.2006;32(8):43-50. PMid:16915745.
  • 20
    Sadowski C, Nguyen V, Jones CA, Feeny D. Fall risk awareness questionnaire in community-dwelling older adults. In: The American Geriatrics Society Annual Scientific Meeting: Proceedings of the American Geriatrics Society Annual Scientific Meeting;2010 May12-15; Florida. J Am Geriatr Soc.2010;4suppl:S48.
  • 21
    Kottner J, Audigé L, Brorson S, Donner A, Gajeweski BJ, Hróbjartsson A, e tal . Guidelines for reporting reliability and agreement studies (GRRAS) were proposed. J Clin Epidemiol.2011;64(1):96-106. PMid:21130355. http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2010.03.002
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2010.03.002
  • 22
    Rosner B. Fundamentals of biostatistics. Pacific Grove: Duxbury Thomson Learning;2000.
  • 23
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE [Internet]. Censo Demográfico2010. [cited2011 Dec]. Available from: www.ibge.gov.br.
    » Available from: www.ibge.gov.br
  • 24
    Tombaugh TN, McIntyre NJ. The mini-mental state examination: a comprehensive review. J Am Geriatr Soc.1992;40:922-35. PMid:1512391.
  • 25
    Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr.2003;61(3B):777-81. PMid:14595482. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2003000500014
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2003000500014
  • 26
    Lourenço RA, Veras RP. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em idosos ambulatoriais. Rev Saúde Pública.2006;4(4):712-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000500023
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000500023
  • 27
    Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa1976).2000;25(24):3186-91. http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014
    » http://dx.doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014
  • 28
    George D, Mallery P. SPSS for Windows step by step: A simple guide and reference. 11.0 update.4thed. Boston: Allyn & Bacon;2003.
  • 29
    Cicchetti D, Bronen R, Spencer S, Haut S, Berg A, Oliver P, e tal . Rating scales, scales of measurement, issues of reliability. J Nerv Ment Dis.2006;194(8):557-64. PMid:16909062. http://dx.doi.org/10.1097/01.nmd.0000230392.83607.c5
    » http://dx.doi.org/10.1097/01.nmd.0000230392.83607.c5
  • 30
    Krebs DE. Declare your ICC type. Phys Ther.1986;66(9):1431. PMid:3749277.
  • 31
    Shrout PE, Fleiss JL. Intraclass correlations: uses in assessing rater reliability. Psychol Bull.1979;86(2):420-428. http://dx.doi.org/10.1037/0033-2909.86.2.420
    » http://dx.doi.org/10.1037/0033-2909.86.2.420
  • 32
    Weir JP. Quantifying test-retest reliability using the intraclass correlation coefficient and the SEM. J Strength Cond Res.2005;19(1):231-40. PMid:15705040.
  • 33
    Bland JM, Altman DG. Statistical methods for assessing agreement between two methods of clinical measurements. Lancet.1986;1:307-10. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(86)90837-8
    » http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(86)90837-8
  • 34
    Duarte PS, Miyazaki MCOS, Ciconelli RM, Sesso R. Tradução e adaptação cultural do instrumento de avaliação de qualidade de vida para pacientes renais crônicos (KDQOL-SFTM). Rev Assoc Med Bras.2003;49:375-81. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302003000400027
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302003000400027
  • 35
    Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol.1993;46:1417-32. http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-N
    » http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-N
  • 36
    Terwee CB, Bot SD, De Boer MR, Van der Windt DA, Knol DL, Dekker J, e tal . Quality criteria were proposed for measurement properties of health status questionnaires. J Clin Epidemiol.2007;60(1):34-42. PMid:17161752. http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2006.03.012
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2006.03.012
  • 37
    Cruz LN, Polanczyk CA, Camey SA, Hoffmann JF, Fleck MP. Quality of life in Brazil: normative values for the Whoqol-bref in a southern general population sample. Qual Life Res.2011;20(7):1123-9. PMid:21279448. http://dx.doi.org/10.1007/s11136-011-9845-3
    » http://dx.doi.org/10.1007/s11136-011-9845-3
  • 38
    Lopes KT, Costa DF, Santos LF, Castro DP, Bastone AC. Prevalence of fear of falling among a population of older adults and its correlation with mobility, dynamic balance, risk and history of falls. Rev Bras Fisioter.2009;13(3):223-9. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009005000026
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009005000026
  • 39
    Santos GM, Souza ACS, Virtuoso JF, Tavares GMS, Mazo GZ. Predictive values at risk of falling in physically active and no active elderly with Berg Balance Scale. Rev Bras Fisioter.2011;15(2):95-101. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552011000200003
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552011000200003
  • 40
    Gonçalves DFF, Ricci NA, Coimbra AMV. Functional balance among community-dwelling older adults: a comparison of their history of falls. Rev Bras Fisioter.2009;13(4):316-323. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009005000044
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552009005000044
  • 41
    Tinetti ME. Performance-oriented assessment of mobility problems in elderly patients. J Am Geriatr Soc.1986;34(2):119-26. PMid:3944402.
  • 42
    Camargos FFO, Dias RC, Dias JMD, Freire MTF. Cross-cultural adaptation and evaluation of the psychometric properties of the Falls Efficacy Scale-International Among Elderly Brazilians (FES-I-BRAZIL). Rev Bras Fisioter.2010;14(3):237-43. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010000300010
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010000300010
  • 43
    Sperber AD. Translation and validation of study instruments for cross-cultural research. Gastroenterology.2004;126(Suppl1):S124-8. PMid:14978648. http://dx.doi.org/10.1053/j.gastro.2003.10.016
    » http://dx.doi.org/10.1053/j.gastro.2003.10.016
  • 44
    Peters M, Passchier J. Translating instruments for cross-cultural studies in headache research. Headache.2006;46(1):82-91. PMid:16412155. http://dx.doi.org/10.1111/j.1526-4610.2006.00298.x
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1526-4610.2006.00298.x
  • 45
    Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural adaptation of HRQoL instruments: the universalist approach. Qual Life Res.1998;7:323-35. http://dx.doi.org/10.1023/A:1008846618880
    » http://dx.doi.org/10.1023/A:1008846618880
  • 46
    Hilton A, Strutkowiski M. Translating instruments into other languages: development and testing processes. Cancer Nurs.2002;25:1-7. http://dx.doi.org/10.1097/00002820-200202000-00001
    » http://dx.doi.org/10.1097/00002820-200202000-00001
  • 47
    Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev Bras Reumatol.1999;39(3):143-50.
  • 48
    Lopes AD, Stadniky SP, Masiero D, Carrera EF, Ciconelli RM, Griffin S. Tradução e adaptação cultural do WORC: um questionário de qualidade de vida para alterações do manguito rotador. Rev Bras Fisioter.2006;10(3):309-15. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552006000300010
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552006000300010
  • 49
    Iwabe C, Miranda-Pfeilsticker BH, Nucci A. Motor function measure scale: portuguese version and reliability analysis. Rev Bras Fisioter.2008;12(5):417-24. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552008000500012
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552008000500012
  • 50
    Costa LCM, Maher CG, McAuley JH, Costa LO. Systematic review of cross-cultural adaptations of McGill Pain Questionnaire reveals a paucity of clinimetric testing. J Clin Epidemiol.2009;62(9):934-43. PMid:19595572. http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2009.03.019
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.jclinepi.2009.03.019
  • 51
    Puga VOO, Lopes AD, Costa LOP. Assessment of cross-cultural adaptations and measurement properties of self-report outcome measures relevant to shoulder disability in Portuguese: a systematic review. Rev Bras Fisioter.2012;16(2):85-93. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552012005000012
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552012005000012
  • 52
    Hiratuka E, Matsukura TS, Pfeifer LI. Cross-cultural adaptation of the Gross Motor Function Classification System into Brazilian-Portuguese (GMFCS). Rev Bras Fisioter.2010;14(6):537-44. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010000600013
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552010000600013
  • 53
    Martins J, Napoles BV, Hoffman CB, Oliveira AS. The Brazilian version of Shoulder Pain and Disability Index: translation, cultural adaptation and reliability. Rev Bras Fisioter.2010;14(6):527-536.
  • 54
    Luft CDB, Sanches SO, Mazo GZ, Andrade, A. Versão brasileira da Escala de Estresse Percebido: tradução e validação para idosos. Rev Saúde Pública.2007;41(4):606-615. PMid:17589759. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000400015
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000400015
  • 55
    Orfale AG, Araújo PMP, Ferraz MB, Natour J. Translation into Brazilian Portuguese, cultural adaptation and evaluation of the reliability of The Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand questionnaire. Braz J Med Biol Res.2005;38:293-302. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-879X2005000200018
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0100-879X2005000200018
  • 56
    Pimenta CAM, Teixeira MJ. Questionário de dor McGill: proposta de adaptação para a Língua Portuguesa. Rev Esc Enf USP.1996;30:473-83. PMid:9016160. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62341996000300009
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62341996000300009
  • 57
    Cronbach LJ. Coefficient alpha and the internal structure of tests. Psychometrika.1951;16(3):297-334. http://dx.doi.org/10.1007/BF02310555
    » http://dx.doi.org/10.1007/BF02310555
  • 58
    Hora HRM, Monteiro GTR, Arica J. Confiabilidade em Questionários para Qualidade: Um Estudo com o Coeficiente Alfa de Cronbach. Produto & Produção.2010;11(2):85-103.
  • 59
    Jenkinson C. Evaluating the efficacy of medical treatment: possibilities and limitations. Soc Sci Med.1995;41:1395-401. http://dx.doi.org/10.1016/0277-9536(95)00119-R
    » http://dx.doi.org/10.1016/0277-9536(95)00119-R
  • 60
    Rankin G, Stokes M. Reliability of assessment tools in rehabilitation: an illustration of appropriate statistical analyses. Clin Rehabil.1998;12:187-99. http://dx.doi.org/10.1191/026921598672178340
    » http://dx.doi.org/10.1191/026921598672178340

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2013

Histórico

  • Recebido
    10 Fev 2013
  • Revisado
    10 Jun 2013
  • Aceito
    05 Jul 2013
Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Fisioterapia Rod. Washington Luís, Km 235, Caixa Postal 676, CEP 13565-905 - São Carlos, SP - Brasil, Tel./Fax: 55 16 3351 8755 - São Carlos - SP - Brazil
E-mail: contato@rbf-bjpt.org.br