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Gestão estratégica do saneamento

LIVROS

Gestão estratégica do saneamento

Ary Haro dos Anjos Júnior

Como fazer escolhas, como enfrentar os dilemas na aplicação de recursos que podem, ou não, salvar muitas vidas e melhorar as cidades do país? Essas e outras questões são abordadas pelo professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da UFPR, Ary Haro dos Anjos Júnior, no livro Gestão Estratégica do Saneamento. A obra, destinada à capacitação de gestores, também é uma referência inovadora para planejadores urbanos, profissionais da área ambiental e executivos em geral, dos setores público e privado.

A publicação oferece ferramentas, ou técnicas de análises para tomadas de decisão, expostas de uma forma didática e interdisciplinar, com exercícios de aplicação. O lançamento do livro é oportuno para o contexto brasileiro. Segundo o autor, no Brasil, milhões de pessoas ainda padecem da falta de acesso aos serviços básicos de água, esgoto, coleta e tratamento de lixo. Muitos sofrem, e muitos até perdem a vida, vitimados pelas inundações e pelas repetidas tragédias urbanas. Por outro lado, o Governo Federal não consegue aplicar os recursos financeiros destinados ao saneamento urbano.

Desafio

O desafio estratégico maior que se coloca no horizonte dos gestores do setor do saneamento no Brasil, para o autor, não é o da falta de recursos financeiros para investimentos. O recurso mais em falta, atualmente, é o da capacidade gerencial na aplicação eficiente dos recursos disponíveis. Conforme dados apontados na obra, durante o período compreendido de 2003 a 2008, por exemplo, o setor do saneamento conseguiu gastar apenas um de cada três reais disponibilizados pelo FGTS. E gastou apenas um de cada doze reais que o orçamento da União destinou para o saneamento no país. Em números totais, o setor conseguiu investir 2,9 bilhões de reais entre 2003 e 2008, o que é pouco, comparado aos 11 bilhões de reais contratados e empenhados no período, para os projetos do saneamento. Para agravar ainda mais esse quadro, de pouca capacidade de realização, o autor admite que pelo menos uma parte dos investimentos efetivamente realizados ainda corre o risco de se transformar em desperdício, na forma de obras abandonadas, atrasadas, ou mal dimensionadas - exatamente por deficiências de gerenciamento dos empreendimentos.

Conhecimento

O livro aponta que o Brasil dispõe de uma boa base de conhecimentos técnicos e de especialistas competentes, nos mais diversos campos do conhecimento. Mas a articulação desses saberes no contexto da vida urbana ainda é uma deficiência - a qual se torna ainda mais evidente no caso dos projetos de saneamento. Os gestores do setor tomam decisões que afetam, simultaneamente, a saúde pública, o planejamento urbano, o meio ambiente, e a realidade social. Além disso, suas decisões provocam impactos tanto em longo prazo, da ordem de décadas, como em curto prazo, 24 horas, ou até menos tempo. O "apagão da água" é uma ameaça sempre presente, por exemplo. Conforme afirma o autor, os responsáveis pela área necessitam compreender, antes de tudo, a multidisciplinaridade da sua missão, das suas tarefas, e dos seus resultados. E precisam de ferramentas adequadas para definir essa missão, executar as tarefas e medir os resultados das suas decisões.

Diante das necessidades expostas, o livro proporciona aos gestores interessados uma abordagem didática da gestão estratégica aplicada: discute conceitos teóricos em termos multidisciplinares e interdisciplinares, apresenta exemplos, oferece ferramentas e explica como construir políticas e estratégias, na forma de escolhas feitas sobre uma base conceitual consistente, como mecanismos para alcançar objetivos claros, bem definidos.

Estrutura

O livro é composto por 12 capítulos, assim distribuídos:

Capítulo 1 - Conceitos básicos;

Capítulo 2 - Gestão econômica e financeira de projetos;

Capítulo 3 - Gestão da demanda;

Capítulo 4 - Gestão de custos de sistemas de saneamento;

Capítulo 5 - Gestão de investimentos em capacidade instalada;

Capítulo 6 - Gestão da política tarifária;

Capítulo 7 - Gestão social dos serviços de saneamento;

Capítulo 8 - Gestão do conhecimento e dos recursos humanos;

Capítulo 9 - Gestão ambiental dos serviços de saneamento;

Capítulo 10 - Políticas de gestão e planejamento estratégico;

Capítulo 11 - Gestão e Regulação dos Serviços;

Capítulo 12 - Apêndice: conceitos e aplicação de matemática financeira.

Percurso

A obra é resultado da experiência do autor como professor da UFPR, em cursos de pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas (FGV), como engenheiro civil, formado na UFPR, mestre em Administração pelo Baldwin-Wallace College de Ohio, Estados Unidos, coordenador de projetos e superintendente na Sanepar. Atuou também em consultorias do Banco Mundial, da ONU, e da Organização Mundial da Saúde (OMS), em diversos países. São de sua autoria várias publicações sobre gestão estratégica de sistemas de saneamento, políticas tarifárias, otimização de investimentos em saúde, saneamento e meio ambiente.

Mais informações podem ser obtidas no site da obra: www.manole.com.br/seriesustentabilidade

Comentário elaborado por Miguel Mansur Aisse, da Universidade Federal do Paraná.

A sessão "Livros", que a cada edição traz resumos comentados sobre livros de interesse na área, tem como principal objetivo permitir que o leitor, de forma rápida, se atualize e conheça o que há disponível no mercado editorial. As contribuições deverão ser encaminhadas para: resa@abes-dn.org.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Out 2011
  • Data do Fascículo
    Set 2011
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