Acessibilidade / Reportar erro

Aplicação de ozônio e de ozônio + peróxido de hidrogênio para remoção de compostos recalcitrantes em lixiviados de aterros sanitários

Application of ozone and ozone + hydrogen peroxide to remove recalcitrant compounds in landfill leachates

RESUMO

Os lixiviados são efluentes gerados em depósitos de resíduos sólidos por meio da decomposição da matéria orgânica, somados às águas de infiltração e a materiais suspensos. Possuem compostos biodegradáveis e recalcitrantes, de difícil degradação biológica (biodegradação). Esse tipo de efluente necessita de um tratamento antes de ser disposto no meio ambiente. O objetivo deste trabalho foi avaliar o uso de ozônio (O3) e de peróxido de hidrogênio (H2O2) como processo oxidativo avançado (POA), visando à remoção de compostos recalcitrantes em lixiviados de aterros sanitários. Foram utilizados dois lixiviados provenientes do aterro sanitário de São Leopoldo, Rio Grande do Sul: o bruto e o efluente das lagoas de tratamento, os quais foram tratados, nesta pesquisa, apenas com O3 em concentração de 29 mg.L-1 (gerados a partir de processo corona) ou com adição de 1.000 mg.L-1 de H2O2 ao O3. Os ensaios, em escala piloto (reator de 460 L de volume útil), tiveram a duração de 96 horas. O POA deste estudo mostrou-se mais eficiente no tratamento de lixiviados com as menores concentrações iniciais de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO) e carbono orgânico total (COT), independente de ser lixiviado bruto ou tratado. Altas remoções de cor aparente, DQO e COT foram observadas, chegando a 99, 88 e 66%, respectivamente. A maior remoção de carbono inorgânico (CI) foi 23%, porém o grupo que iniciou com a maior concentração desse parâmetro obteve as maiores remoções para todos os outros critérios estudados. A adição de H2O2 aumentou a eficiência de remoção de todos os fatores analisados, porém não de forma significativa. Observou-se necessidade de tratamento complementar ao POA deste estudo.

Palavras-chave:
lixiviado; compostos recalcitrantes; processo oxidativo avançado; ozônio; peróxido de hidrogênio

ABSTRACT

Leachates are wastewaters generated at sites of solid waste disposal through organic matter decomposition, added to infiltration waters and suspended materials. They contain biodegradable and recalcitrant compounds, difficult to biological degradation (biodegradation). This wastewater requires treatment before being disposed in the environment. The aim of this study was to evaluate the use of ozone (O3) and hydrogen peroxide (H2O2) as advanced oxidation process (AOP), in order to remove recalcitrant compounds in landfill leachate. Two leachates from São Leopoldo landfill, in Rio Grande do Sul, were used: raw and treated in pounds, which were treated only with O3 at the concentration of 29 mg.L-1 (generated from the corona process) or with addition of 1,000 mg.L-1 H2O2 to O3. The tests occurred on a pilot scale, treating 460 L of leachate in each test, which lasted 96 hours. AOP of this study was more efficient in the treatment of leachate that had the lowest initial concentrations of biological oxygen demand (BOD), chemical oxygen demand (COD) and total organic carbon (TOC) (both raw and treated leachate) for both of the leachates. High removals of apparent color, COD and TOC were observed, reaching 99, 88 and 66%, respectively. The greater removal of inorganic carbon was 23%, but the group that started with the highest concentration of this parameter achieves the greatest removals for all other parameters studied. The addition of H2O2 increased the efficiency of removal of all parameters, but not significantly. It is necessary additional treatment to the AOP of this study.

Keywords:
leachate; recalcitrant compounds; advanced oxidative process; ozone; hydrogen peroxide

INTRODUÇÃO

O crescimento populacional desencadeou aumento do consumismo e, consequentemente, vem ocasionando impactos ambientais negativos, seja pelo aumento da extração de matérias-primas para suprir o mercado de consumo, seja pela geração de resíduos e efluentes na produção e no pós-consumo.

O aterro sanitário é considerado um método adequado para a disposição dos resíduos sólidos no solo. Ocorrem processos biológicos, físicos e químicos dentro do aterro que estimulam a degradação dos resíduos e resultam na produção de lixiviado e gases.

Os lixiviados de aterro sanitário podem ser definidos como o líquido proveniente da umidade natural e da água de constituição presente na matéria orgânica dos resíduos, dos produtos da degradação biológica dos materiais orgânicos e da água de infiltração na camada de cobertura e interior das células de aterramento, somado a materiais dissolvidos ou suspensos que foram extraídos da massa de resíduos (LANGE; AMARAL, 2009LANGE, L.C.; AMARAL, M.C.S. (2009) Geração e características do lixiviado. In: GOMES, L.P. (Org.). Estudos de caracterização e tratabilidade de lixiviados de aterros sanitários para as condições brasileiras. Rio de Janeiro: ABES . p. 26-59.).

Esse efluente é constituído por compostos inorgânicos e orgânicos biodegradáveis e recalcitrantes. Um composto é biodegradável quando ele é susceptível à decomposição pela ação de micro-organismos, que podem usar esses compostos como fonte de energia ou de carbono. Após ocorrer a biodegradação, a matéria orgânica é transformada em produtos mais simples, como água (H2O), dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). Conforme Ferreira (2009FERREIRA, C.F.A. (2009) Estudo de 1 sistema biológico e físico para o tratamento de lixiviado estabilizado de aterro sanitário. Tese (Doutorado em Engenharia Sanitária e Ambiental) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.) e Lange e Amaral (2009LANGE, L.C.; AMARAL, M.C.S. (2009) Geração e características do lixiviado. In: GOMES, L.P. (Org.). Estudos de caracterização e tratabilidade de lixiviados de aterros sanitários para as condições brasileiras. Rio de Janeiro: ABES . p. 26-59.), os compostos recalcitrantes são aqueles que resistem à biodegradação e tendem a persistir e acumular no ambiente. Tais materiais não são necessariamente tóxicos aos micro-organismos, mas simplesmente são resistentes ao ataque metabólico.

Amorim et al. (2009AMORIM, A.K.B.; LANGE, L.C.; JUCÁ, J.F.T.; MOREIRA, F.A.; MORAVIA W.G.; MORETTO, M.R.D.; SILVA, F.M.S.; LINS, E.A.M. et al. (2009) Tratamento físico-químico de lixiviados: estudos em escala de bancada com precipitação química, coagulação/floculação, adsorção com carvão ativado e reagente de fenton. In: GOMES, L.P. (Org.). Estudos de caracterização e tratabilidade de lixiviados de aterros sanitários para as condições brasileiras. Rio de Janeiro: ABES. p. 97-139.) indicam que quando uma grande parte da fração mais suscetível à degradação é biotransformada por meio dos processos de estabilização desenvolvidos nas células do aterro, resta uma parcela de materiais orgânicos recalcitrantes com alto peso molecular, como ácidos fúlvicos, húmicos e tânicos de difícil degradação biológica. Queiroz et al. (2011QUEIROZ, L.M.; AMARAL, M.S.; MORITA, D.M.; YABROUDIC, S.C.; ALEM SOBRINHO, P. (2011) Aplicação de processos físico-químicos como alternativa de pré e pós-tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 16, p. 403-410.) indicam que uma porção significativa de matéria orgânica recalcitrante corresponde a ácidos húmicos, responsáveis por conferir cor ao lixiviado. Assim, a característica cor aparente fornece subsídio para avaliação indireta da presença da matéria orgânica recalcitrante em lixiviados de aterros sanitários. Felici et al. (2013FELICI, E.M.; KURODA, E.K.; YAMASHITA, F.; SILVA, S.M.C.P. (2013) Remoção de carga orgânica recalcitrante de lixiviado de resíduos sólidos urbanos pré-tratado biologicamente por coagulação química-floculação-sedimentação. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 18, n. 2, p. 177-184. Rio de Janeiro/RS: ABES.) avaliaram essas remoções por meio da determinação de demanda química de oxigênio (DQO) e cor verdadeira.

Os lixiviados caracterizam-se por conter alto potencial poluidor e serem geralmente tóxicos, sendo necessário um tratamento antes de serem dispostos no meio ambiente. Essa etapa é dificultada pela alta recalcitrância orgânica e pela variabilidade, tanto nos volumes produzidos (em função de épocas mais e menos chuvosas) quanto na composição físico-química dos lixiviados. Ainda, Couto, Braga e Lange (2013COUTO, M.C.L.; BRAGA, F.S.; LANGE, L.C. (2013) Tratamento de lixiviado por infiltração rápida como alternativa para cidades de pequeno porte. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 18, n. 3, p. 223-234.) indicam que é grande a variabilidade das características dos contaminantes do lixiviado de um aterro para outro.

Para Castilhos Júnior (2006CASTILHOS JÚNIOR, A.B. (Org.) (2006) Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos com ênfase na proteção de corpos d’água: prevenção, geração e tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Rio de Janeiro: ABES . 91p.), a relação demanda bioquímica de oxigênio (DBO)/DQO do lixiviado sugere o estágio de degradação em que o maciço de resíduos se encontra:

  • DBO/DQO>0,5 indica um aterro novo e instável;

  • 0,1>DBO/DQO>0,5, um aterro moderadamente estável; e

  • DBO/DQO<0,1, um aterro velho e estável.

Essa relação também pode apontar o tipo de tratamento de lixiviado, que se divide em dois grupos: biológicos (aeróbios e anaeróbios) e físico-químicos. Os biológicos são os mais utilizados devido, principalmente, ao seu menor custo e são indicados para lixiviados novos, com DBO/DQO alta. Eles consistem na remoção de poluentes mediante ação de micro-organismos, os quais têm a capacidade de degradar a matéria orgânica a produtos finais estáveis. Porém, com eles não têm sido atingidos os parâmetros legais de lançamento em corpos hídricos. Por isso, torna-se necessária a integração de processos ­físico-químicos aos biológicos.

Os métodos físico-químicos têm sido sugeridos para o tratamento de lixiviados com baixa concentração de matéria orgânica biodegradável e com alta concentração de compostos recalcitrantes (por exemplo, ácido húmico e fúlvico), possuindo baixa DBO/DQO; e/ou compostos indesejáveis (metais pesados, bifenilos policlorados, do inglês polychlorinate biphenyls (PCBs) etc.) (CASTILHOS JÚNIOR, 2006CASTILHOS JÚNIOR, A.B. (Org.) (2006) Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos com ênfase na proteção de corpos d’água: prevenção, geração e tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Rio de Janeiro: ABES . 91p.; CORTEZ et al., 2010CORTEZ, S.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, R.; MOTA, M. (2010) Ozonation as polishing treatment of mature landfill leachate. Journal of Hazardous Materials, v. 182, p. 730-734.; EHRIG; ROBINSON, 2010EHRIG, H.J.; ROBINSON, H. (2010) Landfilling: Leachate Treatment. In: CHRISTENSEN, T.H. (Org.). Solid Waste Technology and Management. United Kingdom: Wiley.; FELICI et al., 2013FELICI, E.M.; KURODA, E.K.; YAMASHITA, F.; SILVA, S.M.C.P. (2013) Remoção de carga orgânica recalcitrante de lixiviado de resíduos sólidos urbanos pré-tratado biologicamente por coagulação química-floculação-sedimentação. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 18, n. 2, p. 177-184. Rio de Janeiro/RS: ABES.; MARTTINEN et al., 2002MARTTINEN, S.K.; KETTUNEN, R.H.; SORMUNEN, K.M.; SOIMASUO, R.M.; RINTALA, J.A. (2002) Screening of physical-chemical methods for removal of organic material, nitrogen and toxicity from low strength landfill leachates. Chemosphere, v. 46, p. 851-858.; RAMIREZ; VELÁSQUEZ, 2004RAMIREZ, I.; VELÁSQUEZ, M. (2004) Removal and transformation of recalcitrant organic matterfrom stabilized saline landfill leachates by coagulation-ozonation coupling process. Water Research, v. 38, p. 2358-2366.). Freire et al. (2000FREIRE, R.S.; PELEGRINI, R.; KUBOTA, L.T.; DURÁN, N.; PERALTA-ZAMORA, P. (2000) Novas tendências para o tratamento de resíduos industriais contendo espécies organocloradas. Química Nova, v. 23, n. 4, p. 504-511.) indicam que os tratamentos químicos são utilizados para aumentar a biodegradabilidade de compostos recalcitrantes e podem diminuir o tempo de tratamento dos tradicionais processos biológicos. Kawahigashi et al. (2014KAWAHIGASHI, F.; MENDES, M.B.; ASSUNÇÃO JÚNIOR, V.G.; GOMES, V.H.; FERNANDES, F.; HIROOKA, E.Y.; KURODA, E.K. (2014) Pós-tratamento de lixiviado de aterro sanitário com carvão ativado. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 19, n. 3, p. 235-244.) relatam que o tratamento físico-químico por coagulação-floculação-sedimentação não é capaz de remover a DQO recalcitrante e outros contaminantes de lixiviados aos níveis exigidos pelos padrões de lançamento, e não adapta sua qualidade de forma a não causar impactos negativos ao meio ambiente. Assim, faz-se necessária a investigação de técnicas ou processos alternativos complementares para o tratamento de lixiviados de aterros sanitários.

O tratamento químico denominado processo oxidativo avançado (POA) envolve a geração de radical hidroxila (OH•), um reativo agente oxidante com potencial de oxidação de 2,8 eV (CRC HANDBOOK, 1985 apudEPA,1998ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). (1998) Handbook of advanced photochemical oxidation processes. Washington, D.C.) que promove a degradação de inúmeros poluentes. Ele pode ser empregado no sentido de aumentar a biodegradabilidade do lixiviado, principalmente quando possui compostos recalcitrantes.

Os radicais livres formados atacam os compostos orgânicos, resultando em sua oxidação completa - produzindo CO2 e H2O - ou em sua oxidação parcial - momento em que pode ocorrer o aumento da biodegradabilidade dos compostos orgânicos, que podem, então, ser removidos por processos biológicos (MORAVIA; LANGE; AMARAL, 2011MORAVIA, W.G.; LANGE, L.C.; AMARAL, M.C.S. (2011) Avaliação de processo oxidativo avançado pelo reagente de fenton em condições otimizadas no tratamento de lixiviado de aterro sanitário com ênfase em parâmetros coletivos e caracterização do lodo gerado. Química Nova, v. 34, n. 8, p. 1370-1377.). O incremento da relação DBO/DQO é um indicativo do aumento da biodegradabilidade do efluente.

O ozônio (O3) pode ser usado como agente oxidante para destruição de compostos orgânicos (APHA; AWWA; WEF, 2012AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA); AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION (AWWA); WATER ENVIRONMENT FEDERATION (WEF). (2012) Standard methods for examination of water and wastewater. 22. ed. Washington, D.C.: APHA.), sendo seu potencial de oxidação de 2,07 eV. Ele pode ser produzido a partir do oxigênio no ar ou puro, por descarga elétrica e pode reagir diretamente com poluentes orgânicos durante a quebra com os radicais (EHRIG; ROBINSON, 2010EHRIG, H.J.; ROBINSON, H. (2010) Landfilling: Leachate Treatment. In: CHRISTENSEN, T.H. (Org.). Solid Waste Technology and Management. United Kingdom: Wiley.). Esse tipo de geração de O3 denomina-se método corona. O peróxido de hidrogênio (H2O2) pode ser usado para aumentar a eficiência do O3, sendo seu potencial de oxidação de 1,77 eV (CRC HANDBOOK, 1985 apudEPA, 1998ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). (1998) Handbook of advanced photochemical oxidation processes. Washington, D.C.).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o uso de O3 e de H2O2 como POA, visando à remoção de compostos recalcitrantes em lixiviados de aterro sanitário.

METODOLOGIA

O lixiviado usado neste estudo foi proveniente do aterro sanitário de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, que recebia 130 toneladas de resíduos sólidos domésticos por dia e gerava, diariamente, 12 m3 de lixiviado (GHESLA; GOMES, 2011GHESLA, P.L.; GOMES, L.P. (2011) Estudo de caso: comparação entre a eficiência de gestão dos resíduos sólidos urbanos nos municípios de São Leopoldo/RS e Zurique/CH. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 26., 2011. Anais... Porto Alegre: ABES.). O aterro possui uma estação de tratamento do lixiviado, denominada ETLix, que recebe lixiviados provenientes de um aterro controlado antigo (10 anos) e das células em operação. Esse sistema é composto por lagoa anaeróbia e lagoas facultativas. Neste estudo, foram utilizados dois tipos de lixiviado: bruto, proveniente da entrada da ETLix; e tratado por lagoas, procedente da saída da ETLix. Assim, pode-se testar a eficiência do sistema de tratamento (O3 e O3+H2O2) como pré e pós-tratamento de lixiviado de aterro sanitário.

No experimento foram tratados 460 L de lixiviado por ensaio. Os ensaios ocorreram de segunda a sexta-feira (tempo de detenção hidráulico - TDH=96 horas) em batelada, a partir da definição de ensaios preliminares. Para a geração do O3 utilizou-se um sistema de geração e transferência de ozônio BRO3-PLUS do fabricante Brasil Ozônio, composto por um concentrador de oxigênio, um gerador de O3 (método corona) e um centro de comando.

A entrada do O3 para o reator de lixiviado ocorreu por meio de uma mangueira conectada na saída do gerador de O3 e no Venturi, utilizando bombas de recirculação de lixiviado que operaram com vazão de 7 m3.h-1. O retorno do lixiviado para o reator, após receber O3, ocorreu por meio de uma tubulação perfurada, permitindo melhor homogeneização do O3 no lixiviado. A concentração de O3 na entrada do Venturi utilizada em todos os ensaios foi de 29 mg O3.L-1, conforme capacidade máxima do equipamento. Não houve medição de O3 na saída do reator porque o método disponível era colorimétrico e a cor escura, característica de lixiviados, impossibilitou as leituras. Com isso, desperdiçou-se a informação de possíveis perdas de O3 para o ambiente (minimizado pelo formato fechado, tampa do reator e ainda porque a injeção do gás era na massa de efluente líquido a tratar). O uso contínuo do motor, com algum aquecimento do sistema, pode também reduzir essa concentração. Para futuros trabalhos essa determinação pode ser interessante, para avaliar a redução da concentração de O3 ao longo do tratamento.

Os ensaios com adição de H2O2 utilizaram uma concentração de 1.000 mg.L-1, referente a melhor delas obtida em ensaios preliminares. Essa concentração foi adotada a partir de trabalhos de Tizaoui et al. (2007TIZAOUI, C.; BOUSELMI, L.; MANSOURI, L.; GHRABI, A. (2007) Landfill leachate treatment with ozone and ozone/hydrogen peroxide systems. Journal of Hazardous Materials, v. 140, p. 316-324.) e Cortez et al. (2010CORTEZ, S.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, R.; MOTA, M. (2010) Ozonation as polishing treatment of mature landfill leachate. Journal of Hazardous Materials, v. 182, p. 730-734.), embora ambos tenham sido realizados em escala de bancada.

A Figura 1 apresenta o fluxograma do delineamento experimental desta investigação. Foram testadas quatro variáveis, intercalando tipo de lixiviado de entrada (bruto e tratado) e tipo de operação (O3 ou O3+H2O2).

Figura 1:
Fluxograma dos ensaios utilizando processo oxidativo avançado (O3 e O3+H2O2) para tratar lixiviado.

Os parâmetros de monitoramento, os métodos e a frequência de análise realizados nas amostras de lixiviado estão descritos no Quadro 1.

Quadro 1:
Parâmetros, métodos de análises e frequência das análises realizadas nas amostras de lixiviado.

Foi realizada estatística descritiva (média, desvio padrão e coeficiente de variação - CV) e variância (ANOVA) utilizando o software Microsoft Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Realizou-se a caracterização inicial dos efluentes utilizados, sendo que a Tabela 1 apresenta as médias, os desvios padrões e o coeficiente de variação (CV) do tempo zero considerando todos os ensaios que usaram lixiviados brutos e, em seguida, todos os que empregaram lixiviados tratados em lagoas.

Tabela 1:
Caracterização dos lixiviados estudados no tempo zero (início dos ensaios).

A variação foi maior entre os lixiviados brutos, chegando a 79% de variação na DQO e cor aparente. Essas diferenças de concentrações ocorreram devido a épocas de seca e de chuva na região, o que contribui para a modificação das características do lixiviado, visto que o mesmo foi coletado em datas diversas. Essa variação não foi verificada naqueles tratados por lagoas, já que o próprio tratamento realizado na ETLix resultou em lixiviados mais uniformes (CV entre 16 e 30%).

Ainda analisando os dados da Tabela 1, pode-se inferir que tanto o lixiviado bruto como o tratado por lagoas possuem características recalcitrantes se analisada a relação DBO/DQO. É possível verificar também que o tratamento realizado na ETLix com lagoas pode não estar sendo eficiente na remoção dos parâmetros analisados. A maior parte da amostra do lixiviado utilizado neste estudo foi proveniente de aterro sanitário de 2 anos e 9 meses de operação, a qual possui um sistema de drenagem de lixiviado executado com colchão de brita e rachões que direcionam o fluxo desse líquido para fora do aterro. Souto e Povinelli (2007SOUTO, G.B.; POVINELLI, J. (2007) Características de lixiviados de aterros sanitários no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 24., 2007. Anais... Belo Horizonte: ABES.) indicam que em função das altas temperaturas em países tropicais e no caso de haver esse sistema drenante, o lixiviado pode adquirir características recalcitrantes dentro de um a dois anos em função do que se denomina pré-tratamento in loco do lixiviado.

O pH do lixiviado bruto variou de 8,0 a 8,8, e no tratado a faixa observada foi de 8,7 a 9,3. Esses valores também demonstram que o lixiviado possui características de aterros antigos, visto que, conforme Iwai (2005IWAI, C.K. (2005) Tratamento de chorume através de percolação em solos empregados como material de cobertura de aterros para resíduos sólidos urbanos. 205 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Industrial) - Faculdade de Engenharia e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru.), na fase ácida, normalmente em aterros novos, ele costuma ter valores mais baixos de pH, que com o passar do tempo tendem a aumentar, sendo que durante a fase metanogênica dos aterros o pH varia entre 6,5 e 7,5.

Para que os ensaios do mesmo grupo fossem considerados semelhantes - por meio da ANOVA e com CV < 20% -, alguns tiveram que ser retirados: 1C, 2A, 3C e 4C, restando uma duplicata deles para cada grupo. Esses ensaios não foram utilizados no comparativo entre os quatro grupos estudados (Figura 1), mas foram considerados na análise geral.

As Figuras 2, 3, 4 e 5 mostram em forma de gráfico o comportamento dos grupos. A Tabela 2 mostra os dados iniciais e finais e a eficiência de remoção para cada parâmetro para cada grupo.

Figura 2:
Comportamento médio dos parâmetros DQO, DBO, STV, COT e CI para o Grupo 1.

Figura 3:
Comportamento médio dos parâmetros DQO, DBO, STV, COT e CI para o Grupo 2.

Figura 4:
Comportamento médio dos parâmetros DQO, DBO, STV, COT e CI para o Grupo 3.

Figura 5:
Comportamento médio dos parâmetros DQO, DBO, STV, COT e CI para o Grupo 4.

Tabela 2:
Concentrações médias iniciais e finais e remoção dos grupos 1, 2, 3 e 4 dos parâmetros DQO, DBO, DBO/DQO, STV, COT, CI, CT e cor aparente.

Os parâmetros iniciais do Grupo 1 correspondem a lixiviado bruto, mesmo a relação DBO/DQO sendo baixa (0,114). O carbono inorgânico (CI) e o COT iniciaram com concentrações próximas nesse grupo, sendo que se obteve maior remoção de COT do que de CI, quando se esperava que a parte inorgânica (CI) tivesse melhores remoções com o uso do O3. A relação DBO/DQO do Grupo 1 aumentou de 0,114 para 0,179, o que indica que o lixiviado continuou com características recalcitrantes.

O Grupo 2, apesar de tratar lixiviado bruto, iniciou com os menores valores para todos os parâmetros. Com essas características, obtiveram-se maiores remoções comparativamente aos outros grupos. Outro resultado observado foi de que a remoção de COT foi maior do que a de CI em 96 horas. A relação DBO/DQO desse grupo aumentou de 0,187 para 0,275.

Já nos grupos 3 e 4 o COT iniciou maior do que o CI, o que não era esperado, visto o lixiviado utilizado nesses grupos ser tratado biologicamente. Além da eficiência de remoção de CI, nos grupos 3 e 4, ser menor do que nos grupos 1 e 2, ela foi muito baixa - 10% para o Grupo 3 e 5% para o Grupo 4 - quando se esperava que fosse alta, visto que o tratamento químico é indicado tanto para lixiviados pré-tratados biologicamente como para remoção de compostos recalcitrantes. A relação DBO/DQO final desses grupos também foi menor do que a dos grupos 1 e 2.

Nos ensaios que utilizaram H2O2 - Grupos 2 e 4 -, não foi detectado H2O2 residual.

O aumento da DBO só foi observado no ensaio 1B, o que é indicativo de que o POA deste estudo pode não ter sido capaz de quebrar os compostos recalcitrantes a ponto de aumentar a biodegradabilidade do lixiviado. Verificou-se que a relação DBO/DQO teve um leve aumento em todos os ensaios, permanecendo abaixo de 0,5 (com exceção do ensaio 1C). Sendo assim, o processo sugere um tratamento posterior químico em vez de biológico. Porém, deve-se considerar que, em todos os grupos, a remoção de DBO foi baixa se comparada a de DQO e COT. A menor remoção de DBO também pode ser interpretada como aumento da biodegradabilidade do lixiviado.

Já o parâmetro cor aparente, indicativo indireto de matéria orgânica recalcitrante (QUEIROZ et al., 2011QUEIROZ, L.M.; AMARAL, M.S.; MORITA, D.M.; YABROUDIC, S.C.; ALEM SOBRINHO, P. (2011) Aplicação de processos físico-químicos como alternativa de pré e pós-tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 16, p. 403-410.), obteve altas remoções: 92% para o Grupo 1; 98% para o Grupo 2; 95% para o Grupo 3; 97% para o Grupo 4; 98% para o ensaio 3C; e 99% para o ensaio 4C. Todas foram acima de 90%, o que está de acordo com Wu et al. (2004WU, J.J.; WU, C.-C.; MA, H.-W.; CHANG, C.-C. (2004) Treatment of landfill leachate by ozone-based advanced oxidation processes. Chemosphere, v. 54, p. 997-1003.), que relatam que os processos de tratamento que utilizam O3 removem, em média, 90% da cor do lixiviado. Contudo, o CI não obteve as remoções esperadas (11, 20, 10 e 5% para os Grupos 1, 2, 3 e 4, respectivamente), apesar de o Grupo 2 ter obtido as maiores remoções tanto para cor aparente como para o CI. Sendo assim, ressalta-se a importância de se analisar outros critérios além da cor aparente para análise de matéria orgânica recalcitrante em lixiviados.

Os resultados obtidos foram semelhantes aos de Ramirez e Velásquez (2004RAMIREZ, I.; VELÁSQUEZ, M. (2004) Removal and transformation of recalcitrant organic matterfrom stabilized saline landfill leachates by coagulation-ozonation coupling process. Water Research, v. 38, p. 2358-2366.), que, com aplicação de 0,3 mgO3.mgDQO-1 em experimento com 1 L de efluente, conseguiram eliminar a cor do lixiviado. Considerando que os resultados de remoção de cor aparente deste estudo foram superiores a 90% e o volume de lixiviado tratado de 460 L, pode-se considerar que o sistema foi eficiente para esse parâmetro. Os mesmos autores, ao aplicar 1,7 mgO3.mgDQO-1, conseguiram uma remoção de 67% de DQO.

Os resultados obtidos para sólidos totais voláteis (STV) acompanharam o comportamento dos demais parâmetros de avaliação de matéria orgânica, sendo verificadas remoções maiores (aproximadamente 10%) nos Grupos 2 e 4, nos quais foi adicionado H2O2 ao O3. Apesar de Wu et al. (2004WU, J.J.; WU, C.-C.; MA, H.-W.; CHANG, C.-C. (2004) Treatment of landfill leachate by ozone-based advanced oxidation processes. Chemosphere, v. 54, p. 997-1003.) relatarem que a remoção de COT é limitada mesmo com altas doses de O3, aplicando 29 mg O3.L-1, as remoções obtidas neste estudo variaram de 29 a 66% para esse parâmetro. Os autores conseguiram remoção de apenas 15% de COT aplicando 1,2 g O3.L-1 e tratando 4 L de lixiviado.

As remoções de DQO encontradas para os grupos foram: 42% para o Grupo 1; 56% para o Grupo 2; 44% para o Grupo 3; e 47% para o Grupo 4. Cabe ressaltar que os ensaios 1C e 2A (não englobados nos grupos pelo comportamento diferente) tiveram as maiores remoções: 88 e 73%, respectivamente. Essas ficaram acima da faixa de remoção de 20-50% indicada por Amokrane, Comel e Veron (1997AMOKRANE, A.; COMEL, C.; VERON, J. (1997) Landfill leachate pretreatment by coagulation-flocculation. Water Research, Grã-Bretanha, v. 31, n. 11, p. 2775-2782.), no caso do uso de oxidantes no tratamento de lixiviados.

Os resultados encontrados também foram maiores que os relatados por Silva, Dezotti e Sant’Anna Jr. (2004SILVA, A.; DEZOTTI, M.; SANT’ANNA JR., G. (2004) Treatment and detoxification of a sanitary landfill leachate. Chemosphere, v. 55, p. 207-214.), sendo que estes autores trataram 100 L de lixiviado por meio de coagulação, floculação e ozonização, e utilizaram uma concentração maior de O3 (3g O3.L-1). As maiores remoções de DQO e cor obtidas foram de 48 e 87%, respectivamente.

Também foram alcançadas remoções de DQO maiores do que as do estudo de Tizaoui et al. (2007TIZAOUI, C.; BOUSELMI, L.; MANSOURI, L.; GHRABI, A. (2007) Landfill leachate treatment with ozone and ozone/hydrogen peroxide systems. Journal of Hazardous Materials, v. 140, p. 316-324.), que observaram aumento da eficiência de O3 ao tratar 150 mL de lixiviado quando H2O2 foi adicionado ao processo (2 g.L-1). Os autores relataram que o uso de O3 (80 g O3.m3.L-1) alcançou uma remoção de DQO de 27% após 60 minutos de ozonização, enquanto a combinação de O3 e H2O2 aumentou a remoção de DQO para 48%.

Comparando este estudo com os ensaios que utilizaram apenas O3, todas as remoções de DQO foram superiores a 27% (Grupos 1 e 3, ensaios 1C e 3C), atingindo até 88%; quanto às remoções com uso de O3 + H2O2, todas foram semelhantes ou maiores que 48% (Grupos 2 e 4, ensaios 2A e 4C), chegando até 73%. Cabe salientar algumas diferenças entre os ensaios de Tizaoui et al. (2007TIZAOUI, C.; BOUSELMI, L.; MANSOURI, L.; GHRABI, A. (2007) Landfill leachate treatment with ozone and ozone/hydrogen peroxide systems. Journal of Hazardous Materials, v. 140, p. 316-324.) e este exame: tempo de detenção hidráulica, de 60 minutos para 96 horas; volume de lixiviado tratado, de 150 mL para 460 L, e concentração de ozônio, de 80 g O3.L-1 para 29 mg O3.L-1, respectivamente.

Os resultados aqui encontrados também foram melhores do que aqueles apresentados por Cortez et al. (2010CORTEZ, S.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, R.; MOTA, M. (2010) Ozonation as polishing treatment of mature landfill leachate. Journal of Hazardous Materials, v. 182, p. 730-734.), que trataram, com uma dose de 112 mg O3.L-1, 1 L de lixiviado já tratado biologicamente (DQO inicial de 743 mg.L-1 e COT inicial de 284 mg.L-1). Houve ajuste de pH para 7 e o tempo de contato foi de 60 minutos. As eficiências máximas de DQO foram de 30% e de COT de 21%, enquanto os Grupos 1 e 3 obtiveram 42 e 44% de remoção de DQO e 29 e 36% de remoção de COT, respectivamente. Nos estudos de Cortez et al. (2010), as concentrações iniciais de DQO e COT eram inferiores às dos lixiviados do presente estudo.

Cortez et al. (2010CORTEZ, S.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, R.; MOTA, M. (2010) Ozonation as polishing treatment of mature landfill leachate. Journal of Hazardous Materials, v. 182, p. 730-734.) também adicionaram H2O2 em concentrações de 200, 400 e 600 mg.L-1 e observaram que as eficiências de remoção aumentaram se comparadas ao uso único de O3. Conforme a concentração de H2O2 aumentou, as remoções também se ampliaram (DQO: 47, 57 e 63%; e COT: 38, 50 e 53%, respectivamente para as concentrações de 200, 400 e 600 mg.L-1). Já essas remoções ficaram próximas às dos Grupos 2 e 4, quando adicionados 1.000 mg.L-1 de H2O2 aos 460 L de lixiviados tratados com 29 mg O3.L-1: 56 e 47% de DQO e 48 e 43% de COT, respectivamente.

As altas remoções de DQO observadas, se comparadas a outros estudos, podem ter ocorrido pelo pH básico (entre 8,0 e 9,5) dos ensaios. Goi, Veressinina e Trapido (2009GOI, A.; VERESSININA, Y.; TRAPIDO, M. (2009) Combination of ozonation and the Fenton processes for landfill leachate treatment: evaluation of treatment efficiency. Ozone: Science & Engineering, v. 31, p, 28-36.) indicam que altas remoções de DQO em meio básico podem ocorrer devido a reações diretas da molécula de O3 com os suscetíveis constituintes presentes no lixiviado e as reações elevadas de radicais de hidroxila reativos que se formam quando o O3 se decompõe em solução. Os autores trataram 0,3 L de lixiviado por 240 minutos com dose de O3 de 42 mg O3.L-1 e variaram o pH inicial de 4,5, 8,1 e 11,0, obtendo remoções de 24, 29 e 41% de DQO respectivamente para cada faixa de pH inicial testado. Utilizando concentração um pouco menor do que esses autores e sem ajuste do pH inicial, obteve-se remoções de DQO superiores a 41% nos ensaios realizados neste estudo.

Para analisar e comparar os resultados, a Tabela 3 mostra todas as eficiências obtidas em 96 horas para os parâmetros DQO, DBO, STV, COT, CI, carbono total (CT) e cor aparente para todos os ensaios. A respectiva média de remoção entre os ensaios também foi calculada e também está apresentada na Tabela 3.

Tabela 3:
Remoção para os parâmetros DQO, DBO, STV, COT, CI, CT e cor aparente para todos os ensaios.

A fim de verificar se houve diferença significativa entre as remoções dos grupos que trataram lixiviado com O3 e dos que adicionaram H2O2 ao O3 no tratamento, uma ANOVA entre as remoções de COT e DQO foi realizada, com os resultados descritos nas Tabelas 4 e 5. Optou-se por fazer ANOVA das remoções e não das concentrações finais dos parâmetros, visto que os ensaios começaram e, consequentemente, terminaram com concentrações diferentes.

Tabela 4:
ANOVA entre os percentuais de remoção de demanda química de oxigênio dos ensaios que trataram lixiviado com ozônio e dos que trataram lixiviado com ozônio e adição de peróxido de hidrogênio.
Tabela 5:
ANOVA entre os percentuais de remoção de carbono orgânico total dos ensaios que trataram lixiviado com ozônio e dos que trataram lixiviado com ozônio e adição de peróxido de hidrogênio.

Analisando a Tabela 3 pode-se observar que a adição de H2O2 ao O3 aumentou a eficiência de remoção para todos os parâmetros analisados. Porém, essa diferença não foi significativa (Fcalc. < Fcrít.) ao nível de significância de 95%, como consta nas Tabelas 4 e 5 (exemplificado aqui pelos parâmetros DQO e COT). Assim, pode-se inferir que não há necessidade de adicionar H2O2 ao tratamento pelo fato de o uso deste reagente acrescentar custos ao sistema de tratamento. Cabe ressaltar que o uso apenas de H2O2 não é possível, visto a necessidade de adição de ativadores para produção da taxa de radical requerida.

Goi, Veressinina e Trapido (2009GOI, A.; VERESSININA, Y.; TRAPIDO, M. (2009) Combination of ozonation and the Fenton processes for landfill leachate treatment: evaluation of treatment efficiency. Ozone: Science & Engineering, v. 31, p, 28-36.) também não indicam a adição de H2O2 ao O3 para tratamento de lixiviado, visto que em seu estudo não houve aumento da remoção de DQO nem da biodegradabilidade do lixiviado. Além disso, o H2O2 também não elevou a mineralização de carbono orgânico.

A Figura 6 apresenta os valores iniciais e finais da relação DBO/DQO em forma de gráfico, dividido entre os ensaios que trataram lixiviado com O3 e os que adicionaram H2O2 ao tratamento.

Figura 6:
Relação DBO/DQO inicial e final para todos os ensaios.

Analisando a Figura 6, observa-se que a relação DBO/DQO não aumentou conforme o esperado para o tratamento químico (POA). Uma relação desse tipo acima de 0,4, que é o valor considerado apropriado para um tratamento biológico, só foi alcançada nos ensaios 1C e 2A, sendo que estes ensaios já começaram com DBO/DQO maior que os demais (0,3) e eram lixiviados diluídos pela chuva.

Cortez et al. (2010CORTEZ, S.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, R.; MOTA, M. (2010) Ozonation as polishing treatment of mature landfill leachate. Journal of Hazardous Materials, v. 182, p. 730-734.) trataram 1 L de lixiviado com características recalcitrantes por meio de processo biológico e POA (O3 e O3+H2O2), e, apesar de um aumento significativo na biodegradabilidade, uma relação DBO/DQO acima de 0,4 também não foi alcançada, o que enfatizou as altas propriedades recalcitrantes do lixiviado estudado. Mesmo assim, os autores conseguiram aumento da DBO de 80%, com 63 mg O3.L-1; 160%, com 74 mg O3.L-1; e 180%, com 112 mg O3.L-1, com consequente aumento da DBO/DQO - de 0,03 para 0,06 na maior concentração de O3. Após acréscimo de H2O2, a relação aumentou, sendo a máxima encontrada de 0,17 com 200 mg.L-1 de H2O2. Mesmo com o leve acréscimo observado na DBO/DQO deste estudo e com a maior concentração de H2O2 utilizado (1.000 mg.L-1), apenas no ensaio 1B foi observada elevação da DBO.

Marttinen et al. (2002MARTTINEN, S.K.; KETTUNEN, R.H.; SORMUNEN, K.M.; SOIMASUO, R.M.; RINTALA, J.A. (2002) Screening of physical-chemical methods for removal of organic material, nitrogen and toxicity from low strength landfill leachates. Chemosphere, v. 46, p. 851-858.) usaram ozonização após tratamento biológico de lixiviados resistentes e concluíram que ela também teve pouco efeito na biodegradabilidade do lixiviado em estudo, sendo que esta não se modificou com as doses de O3 de 0,12 e de 0,38 mg O3.mgDQO-1. A dose de O3 utilizada por Marttinen et al. (2002) pode ter sido considerada baixa para o aumento da biodegradabilidade do lixiviado, podendo ser aplicada a dose usada neste estudo (29 mg O3.L-1), que também foi menor do que as de O3 utilizadas na pesquisa de Cortez et al. (2010CORTEZ, S.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, R.; MOTA, M. (2010) Ozonation as polishing treatment of mature landfill leachate. Journal of Hazardous Materials, v. 182, p. 730-734.).

Apesar disso, diversos trabalhos constataram uma melhora na biodegradabilidade do lixiviado após ozonização, com o consequente aumento da relação DBO/DQO. Ramirez e Velásquez (2004RAMIREZ, I.; VELÁSQUEZ, M. (2004) Removal and transformation of recalcitrant organic matterfrom stabilized saline landfill leachates by coagulation-ozonation coupling process. Water Research, v. 38, p. 2358-2366.) avaliaram a remoção de orgânicos recalcitrantes em lixiviados de aterro sanitário por meio de coagulação seguida por ozonização (1,7 mg O3.mgDQO-1). O volume de lixiviado tratado foi de 1 L. Sua biodegradabilidade melhorou com a ozonização: os valores de DBO aumentaram 265%, e a relação DBO/DQO aumentou de 0,003 para 0,015. Elevações maiores que esta foram alcançadas neste estudo.

Wu et al. (2004WU, J.J.; WU, C.-C.; MA, H.-W.; CHANG, C.-C. (2004) Treatment of landfill leachate by ozone-based advanced oxidation processes. Chemosphere, v. 54, p. 997-1003.), testando diferentes POAs com O3 e tratando 4 L de lixiviado bruto, observaram um aumento significativo na biodegradabilidade do lixiviado por meio da relação DBO/DQO após a ozonização, que aumentou de 0,1 a 0,5 com uma dosagem de O3 de 1,2 g.L-1. Percebe-se aqui que, além do pequeno volume tratado, a concentração de O3 foi maior do que a utilizada nos ensaios deste trabalho, o que pode justificar o grande aumento dessa relação.

Karrer, Ryhiner e Heinzle (1997KARRER, N.J.; RYHINER, G.; HEINZLE, E. (1997) Applicability test for combined biological-chemical treatment of wastewaters containing biorefractory compounds. Water Research, Grã-Betanha, v. 31, n. 5, p. 1013-1020.) estudaram tratamento de lixiviado com substâncias recalcitrantes pela combinação de tratamento químico e biológico, utilizando O3 como oxidante e tratando 1,6 L de lixiviado. Os autores observaram uma melhoria na biodegradabilidade do lixiviado após aplicação de O3 com o aumento da DBO de 30 para 140 mg.L-1 com tempo de contato de 20 minutos e concentração de 90 mg O3.L-1. Porém, após 30 minutos, a DBO diminuiu, chegando a 65 mg.L-1 em 180 minutos.

Bila et al. (2005BILA, D.M.; MONTALVÃO, A.F.; SILVA, A.C.; DEZOTTI, M. (2005) Ozonation of a landfill leachate: evaluation of toxicity removal and biodegradability improvement. Journal of Hazardous Materials, B117, p. 235-242.) estudaram tratamento de lixiviado com baixa biodegradabilidade e alta concentração de compostos recalcitrantes por meio de tratamento físico-químico seguido por ozonização (3 g O3.L-1). Essa também ocasionou aumento da DBO/DQO, de 0,05 para 0,30.

Tizaoui et al. (2007TIZAOUI, C.; BOUSELMI, L.; MANSOURI, L.; GHRABI, A. (2007) Landfill leachate treatment with ozone and ozone/hydrogen peroxide systems. Journal of Hazardous Materials, v. 140, p. 316-324.) trataram 150 mL de lixiviado combinando O3 (80 g O3.m3 .s-1) e H2O2 (2 g H2O2.L-1). Isso ocasionou uma melhora na biodegradabilidade do lixiviado: a relação DBO/DQO passou de 0,1 para 0,7. Cabe ressaltar que, na pesquisa de Tizaoui et al. (2007), tanto a dosagem de O3 como a concentração de H2O2 foram maiores do que as desta pesquisa.

Pode-se verificar, ainda, que os ensaios que tiveram os melhores percentuais de remoção tanto para DBO como para DQO - no caso deste estudo, os ensaios 1C e 2A - foram aqueles que começaram com os maiores valores desta relação e tiveram o maior aumento nessa relação em 96 horas. Porém, esperava-se que o POA fosse mais eficiente em ensaios com menor DBO/DQO inicial. Isso demonstra a necessidade de reavaliar essa relação como indicativo único do tipo de tratamento de lixiviado de aterros sanitários.

Pasqualini (2011PASQUALINI, L.N. (2011) Estudo da oxidação de matéria orgânica de lixiviado de aterro sanitário por meio de tratamento com ozônio, peróxido de hidrogênio e radiação ultravioleta. Dissertação (Mestrado em Engenharia Hidráulica e Saneamento) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento, Universidade de São Paulo, São Carlos.) relata que se deve ter cautela no uso da relação DBO/DQO como indicativo de biodegradabilidade em lixiviados, devido ao fato de que substâncias recalcitrantes e alta toxicidade podem inibir o crescimento bacteriano, subestimando a DBO, e pela possível alteração do valor da DQO no caso de presença de substâncias inorgânicas, que consomem o oxidante usado na determinação, superestimando sua medida.

A fim de verificar se houve diferença entre a relação DBO/DQO inicial e final dos ensaios operados com O3 e com O3 + H2O2, também foi aplicada análise estatística ANOVA (Tabela 6).

Tabela 6:
ANOVA entre os valores de aumento da relação demanda bioquímica de oxigênio e demanda química de oxigênio dos ensaios operados com ozônio e dos operados com ozônio e adição de peróxido de hidrogênio.

Com a Tabela 6 pode-se observar que não houve diferença significativa entre os valores de DBO/DQO iniciais (0 h) e finais (96 h) entre os ensaios que operaram com O3 e com O3 + H2O2 (Fcalc.<Fcrít.) ao nível de confiança de 95%. Apesar de autores como Cortez et al. (2010CORTEZ, S.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, R.; MOTA, M. (2010) Ozonation as polishing treatment of mature landfill leachate. Journal of Hazardous Materials, v. 182, p. 730-734.) e Tizaoui et al. (2007TIZAOUI, C.; BOUSELMI, L.; MANSOURI, L.; GHRABI, A. (2007) Landfill leachate treatment with ozone and ozone/hydrogen peroxide systems. Journal of Hazardous Materials, v. 140, p. 316-324.) terem relatado que a relação DBO/DQO aumentou com a adição de H2O2, com base na Tabela 6, indica-se o uso apenas do oxidante O3, sem acréscimo de H2O2, considerando os custos adicionais que o uso do outro reagente ocasionaria em uma estação de tratamento de lixiviado.

O fato da adição de H2O2 ao O3 não ter modificado significativamente os resultados pode ser devido a dois fatores: os valores de pH e o aumento da temperatura do lixiviado no decorrer dos ensaios.

O pH inicial variou de 8,0 a 9,5 e o final de 8,4 a 9,1, sendo que se manteve alcalino durante todos os tempos dos ensaios. Kuo (1992) apudLange et al. (2006LANGE, L.C.; ALVES, J.F.; AMARAL, M.C.S.; MELO JR., W.R. (2006) Tratamento de lixiviado de aterro sanitário por processo oxidativo avançado empregando reagente de fenton. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 11, n. 2, p. 175-183.) relata que o H2O2 é mais estável em pH ácido, sendo que em pH alcalino ele é instável e pode ser decomposto em oxigênio e água. Assim, o potencial de oxidação do H2O2 pode diminuir. Goi, Veressinina e Trapido (2009GOI, A.; VERESSININA, Y.; TRAPIDO, M. (2009) Combination of ozonation and the Fenton processes for landfill leachate treatment: evaluation of treatment efficiency. Ozone: Science & Engineering, v. 31, p, 28-36.) verificaram aumento da biodegradabilidade após ozonização (42 mg O3.L-1) apenas quando o pH inicial foi ajustado para 11. Isso também pode explicar o baixo aumento da relação DBO/DQO encontrado nos ensaios deste estudo, visto o valor máximo de pH inicial ser de 9,5 no ensaio 4B.

Houve um grande aumento na temperatura do lixiviado, em média 15ºC. Isso pode ter ocorrido por reações exotérmicas, que liberam calor e podem elevar sua temperatura, e também pelo funcionamento da bomba de recirculação de lixiviado instalada no sistema POA. O aumento da temperatura pode ter diminuído a eficiência do uso do H2O2, pois isso acelera sua decomposição em oxigênio e água. Ehrig e Robinson (2010EHRIG, H.J.; ROBINSON, H. (2010) Landfilling: Leachate Treatment. In: CHRISTENSEN, T.H. (Org.). Solid Waste Technology and Management. United Kingdom: Wiley.) afirmam que em temperaturas e pressões normais o H2O2 também pode ser considerado lento para oxidar componentes orgânicos em lixiviados. Já para o O3, esse aumento pode não ter influenciado em sua eficiência, visto que Rodrigues (2004RODRIGUES, F.S.F. (2004) Aplicação da ozonização e do reativo de fenton como pré-tratamento de chorume com os objetivos de redução da toxicidade e do impacto no processo biológico. Tese (Mestrado) - Programa de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.) indica que uma das vantagens dele é justamente a baixa sensibilidade a alterações de temperatura.

CONCLUSÕES

Em todos os ensaios houve baixa remoção de CI e maiores remoções de COT do que de CI, quando o esperado era que a parte inorgânica tivesse melhores remoções com o uso do POA (O3/O3+H2O2). Porém, o grupo que iniciou com a maior concentração de CI obteve as melhores remoções para todos os parâmetros.

O POA (O3/O3+H2O2) foi mais eficiente no tratamento de lixiviados que tiveram as menores concentrações iniciais dos parâmetros, independente de ser bruto ou tratado. Pode não ter ocorrido aumento da biodegradabilidade do lixiviado com a concentração de 29 mg O3.L-1 e a adição de 1.000 mg H2O2.L-1, observado pela remoção da DBO e por um pequeno aumento da relação DBO/DQO, que permaneceu abaixo de 0,5. Isso demonstra que o POA deste estudo pode não ter sido capaz de quebrar os compostos recalcitrantes a ponto de aumentar a biodegradabilidade do lixiviado. Porém, o fato da DBO ter tido baixa eficiência, se comparada ao COT e à DQO, também pode ser interpretado como aumento da biodegradabilidade.

O parâmetro cor aparente, indicativo indireto de matéria orgânica recalcitrante, obteve altas remoções (acima de 90%) para todos os grupos, independente do uso ou não de H2O2 e do lixiviado de entrada. Apenas dois ensaios - 1C e 2A (não englobados nos grupos pelo comportamento diferente) - tiveram as menores concentrações iniciais desse parâmetro, cuja remoção atingiu 48 e 63%, respectivamente. Obteve-se remoções de até 88% de DQO e 66% de COT para o ensaio C1, e 56 e 48% para o Grupo 2, considerando o volume de 460 L de lixiviado tratado e a concentração de 29 mg O3.L-1 usados neste estudo.

A adição de H2O2 aumentou a eficiência de remoção de todos os parâmetros analisados, porém não de forma significativa, segundo análise de variância realizada. O aumento significativo de temperatura e o pH alcalino do lixiviado podem ter diminuído a eficiência do uso de H2O2. Nas condições e com os lixiviados tratados deste estudo não é indicado o uso de H2O2 com O3, pois a eficiência de remoção não melhorou significativamente os resultados a ponto de justificar o aumento nos custos do tratamento com a adição de H2O2.

REFERÊNCIAS

  • AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA); AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION (AWWA); WATER ENVIRONMENT FEDERATION (WEF). (2012) Standard methods for examination of water and wastewater 22. ed. Washington, D.C.: APHA.
  • AMOKRANE, A.; COMEL, C.; VERON, J. (1997) Landfill leachate pretreatment by coagulation-flocculation. Water Research, Grã-Bretanha, v. 31, n. 11, p. 2775-2782.
  • AMORIM, A.K.B.; LANGE, L.C.; JUCÁ, J.F.T.; MOREIRA, F.A.; MORAVIA W.G.; MORETTO, M.R.D.; SILVA, F.M.S.; LINS, E.A.M. et al (2009) Tratamento físico-químico de lixiviados: estudos em escala de bancada com precipitação química, coagulação/floculação, adsorção com carvão ativado e reagente de fenton. In: GOMES, L.P. (Org.). Estudos de caracterização e tratabilidade de lixiviados de aterros sanitários para as condições brasileiras Rio de Janeiro: ABES. p. 97-139.
  • BILA, D.M.; MONTALVÃO, A.F.; SILVA, A.C.; DEZOTTI, M. (2005) Ozonation of a landfill leachate: evaluation of toxicity removal and biodegradability improvement. Journal of Hazardous Materials, B117, p. 235-242.
  • CASTILHOS JÚNIOR, A.B. (Org.) (2006) Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos com ênfase na proteção de corpos d’água: prevenção, geração e tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Rio de Janeiro: ABES . 91p.
  • CORTEZ, S.; TEIXEIRA, P.; OLIVEIRA, R.; MOTA, M. (2010) Ozonation as polishing treatment of mature landfill leachate. Journal of Hazardous Materials, v. 182, p. 730-734.
  • COUTO, M.C.L.; BRAGA, F.S.; LANGE, L.C. (2013) Tratamento de lixiviado por infiltração rápida como alternativa para cidades de pequeno porte. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 18, n. 3, p. 223-234.
  • EHRIG, H.J.; ROBINSON, H. (2010) Landfilling: Leachate Treatment. In: CHRISTENSEN, T.H. (Org.). Solid Waste Technology and Management United Kingdom: Wiley.
  • ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). (1998) Handbook of advanced photochemical oxidation processes Washington, D.C.
  • FELICI, E.M.; KURODA, E.K.; YAMASHITA, F.; SILVA, S.M.C.P. (2013) Remoção de carga orgânica recalcitrante de lixiviado de resíduos sólidos urbanos pré-tratado biologicamente por coagulação química-floculação-sedimentação. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 18, n. 2, p. 177-184. Rio de Janeiro/RS: ABES.
  • FERREIRA, C.F.A. (2009) Estudo de 1 sistema biológico e físico para o tratamento de lixiviado estabilizado de aterro sanitário Tese (Doutorado em Engenharia Sanitária e Ambiental) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
  • FREIRE, R.S.; PELEGRINI, R.; KUBOTA, L.T.; DURÁN, N.; PERALTA-ZAMORA, P. (2000) Novas tendências para o tratamento de resíduos industriais contendo espécies organocloradas. Química Nova, v. 23, n. 4, p. 504-511.
  • GHESLA, P.L.; GOMES, L.P. (2011) Estudo de caso: comparação entre a eficiência de gestão dos resíduos sólidos urbanos nos municípios de São Leopoldo/RS e Zurique/CH. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 26., 2011. Anais.. Porto Alegre: ABES.
  • GOI, A.; VERESSININA, Y.; TRAPIDO, M. (2009) Combination of ozonation and the Fenton processes for landfill leachate treatment: evaluation of treatment efficiency. Ozone: Science & Engineering, v. 31, p, 28-36.
  • IWAI, C.K. (2005) Tratamento de chorume através de percolação em solos empregados como material de cobertura de aterros para resíduos sólidos urbanos 205 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Industrial) - Faculdade de Engenharia e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru.
  • KARRER, N.J.; RYHINER, G.; HEINZLE, E. (1997) Applicability test for combined biological-chemical treatment of wastewaters containing biorefractory compounds. Water Research, Grã-Betanha, v. 31, n. 5, p. 1013-1020.
  • KAWAHIGASHI, F.; MENDES, M.B.; ASSUNÇÃO JÚNIOR, V.G.; GOMES, V.H.; FERNANDES, F.; HIROOKA, E.Y.; KURODA, E.K. (2014) Pós-tratamento de lixiviado de aterro sanitário com carvão ativado. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 19, n. 3, p. 235-244.
  • LANGE, L.C.; ALVES, J.F.; AMARAL, M.C.S.; MELO JR., W.R. (2006) Tratamento de lixiviado de aterro sanitário por processo oxidativo avançado empregando reagente de fenton. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 11, n. 2, p. 175-183.
  • LANGE, L.C.; AMARAL, M.C.S. (2009) Geração e características do lixiviado. In: GOMES, L.P. (Org.). Estudos de caracterização e tratabilidade de lixiviados de aterros sanitários para as condições brasileiras Rio de Janeiro: ABES . p. 26-59.
  • MARTTINEN, S.K.; KETTUNEN, R.H.; SORMUNEN, K.M.; SOIMASUO, R.M.; RINTALA, J.A. (2002) Screening of physical-chemical methods for removal of organic material, nitrogen and toxicity from low strength landfill leachates. Chemosphere, v. 46, p. 851-858.
  • MORAVIA, W.G.; LANGE, L.C.; AMARAL, M.C.S. (2011) Avaliação de processo oxidativo avançado pelo reagente de fenton em condições otimizadas no tratamento de lixiviado de aterro sanitário com ênfase em parâmetros coletivos e caracterização do lodo gerado. Química Nova, v. 34, n. 8, p. 1370-1377.
  • PASQUALINI, L.N. (2011) Estudo da oxidação de matéria orgânica de lixiviado de aterro sanitário por meio de tratamento com ozônio, peróxido de hidrogênio e radiação ultravioleta Dissertação (Mestrado em Engenharia Hidráulica e Saneamento) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento, Universidade de São Paulo, São Carlos.
  • QUEIROZ, L.M.; AMARAL, M.S.; MORITA, D.M.; YABROUDIC, S.C.; ALEM SOBRINHO, P. (2011) Aplicação de processos físico-químicos como alternativa de pré e pós-tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 16, p. 403-410.
  • RAMIREZ, I.; VELÁSQUEZ, M. (2004) Removal and transformation of recalcitrant organic matterfrom stabilized saline landfill leachates by coagulation-ozonation coupling process. Water Research, v. 38, p. 2358-2366.
  • RODRIGUES, F.S.F. (2004) Aplicação da ozonização e do reativo de fenton como pré-tratamento de chorume com os objetivos de redução da toxicidade e do impacto no processo biológico Tese (Mestrado) - Programa de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
  • SAWER, C.N.; MCCARTY, P.L.; PARKIN, G.F. Chemistry for environmental Engineers. 4 ed. New York: McGraw-Hill, 1994. 367p.
  • SILVA, A.; DEZOTTI, M.; SANT’ANNA JR., G. (2004) Treatment and detoxification of a sanitary landfill leachate. Chemosphere, v. 55, p. 207-214.
  • SOUTO, G.B.; POVINELLI, J. (2007) Características de lixiviados de aterros sanitários no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 24., 2007. Anais.. Belo Horizonte: ABES.
  • TIZAOUI, C.; BOUSELMI, L.; MANSOURI, L.; GHRABI, A. (2007) Landfill leachate treatment with ozone and ozone/hydrogen peroxide systems. Journal of Hazardous Materials, v. 140, p. 316-324.
  • WU, J.J.; WU, C.-C.; MA, H.-W.; CHANG, C.-C. (2004) Treatment of landfill leachate by ozone-based advanced oxidation processes. Chemosphere, v. 54, p. 997-1003.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2018

Histórico

  • Recebido
    28 Out 2015
  • Aceito
    03 Jan 2017
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES Av. Beira Mar, 216 - 13º Andar - Castelo, 20021-060 Rio de Janeiro - RJ - Brasil - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: esa@abes-dn.org.br