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Relação entre Criatividade e Altas Habilidades/Superdotação: uma Análise Crítica das Produções de 2005 a 2015

Relationship Between Creativity and Giftedness: a Critical Analysis of Literary Productions from 2005 To 2015

RESUMO:

alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD), embora sejam parte do público-alvo contemplado pela Educação Especial brasileira, muitas vezes não recebem a mesma atenção que alunos com deficiência. Uma das características de alunos com AH/SD é a criatividade, que deve ser estimulada a fim de ser desenvolvida. Nesse contexto, este artigo apresenta uma revisão de literatura elaborada a partir de artigos produzidos entre 2005 e 2015 visando a descrever a relação entre os constructos criatividade e altas habilidades/superdotação e verificar como tem ocorrido o estímulo da criatividade a tal público. Uma busca nas bases de dados Web of Science e Dialnet com os unitermos "giftedness" e "creativity" foi realizada e obtidos 20 artigos que abordavam a inter-relação dos temas apresentados. Eles foram classificados em: estudos teóricos (4); revisão de literatura (4); e estudos experimentais (12). Após a leitura dos textos encontrados, verificou-se que a temática que mais se repetiu foi a comparação da criatividade em alunos com e sem AH/SD, especialmente tendo alunos do Ensino Fundamental como público-alvo. Os diferentes resultados encontrados também revelam uma preocupação quanto à confiabilidade de resultados obtidos por meio de testes, especialmente quanto à sua influência sobre o emocional dos participantes e à falta de padronização entre os instrumentos, o que dificulta uma análise precisa da relação entre AH/SD e criatividade. A falta de publicação a respeito de programas de enriquecimento da criatividade a alunos com AH/SD revela que há maior preocupação em mensurar do que desenvolver a criatividade nesse público.

PALAVRAS-CHAVE:
Educação Especial; Criatividade; Altas Habilidades; Superdotação

ABSTRACT:

Gifted students are part of the audience contemplated by Brazilian Special Education, they do not often receive the same attention given to students with disabilities, though. One of the characteristics of students with giftedness is creativity, which should be stimulated in order to be developed. In this context, this article presents a literature review from articles produced between 2005 and 2015 aiming to describe the relationship between creativity and giftedness, and to verify how creativity stimulation in this population is occurring. Searches in the Web of Science and Dialnet databases with the uniterms giftedness and creativity were carried out and 20 articles addressing the interrelationship of the presented issues were obtained. They were classified as: theoretical studies (4); literature review (4), and experimental studies (12). After reading the articles, it was found that the most frequent theme was the comparison of creativity in students with and without giftedness, especially with elementary school students as audience. Different results also reveal a concern about the reliability of results obtained through tests, especially regarding to its influence on participants' emotional factors, and also the lack of standardization among the instruments, which impair accurate analysis of the relationship between giftedness and creativity. The lack of articles about creativity enrichment programs for students with giftedness indicates that there is greater concern in measuring than developing creativity in this population.

KEYWORDS:
Special Education; Creativity; Giftedness

1 Introdução

Diferentes definições para AH/SD podem ser encontradas atualmente, como desenvolvimento intelectual inicial maior em comparação com pessoas da mesma idade e grande capacidade em relação a um ou mais aspectos de inteligência (MOSQUERA; STOBAUS; FREITAS, 2014MOSQUERA, J.J.M.; STOBAUS, C.D.; FREITAS, S.N. Altas habilidades/superdotação no transcurso da vida: da infância à adultez. In: VIRGOLIM, A. M. R.; KONKIEWITZ, E. C. (Org.). Altas habilidades/superdotação, inteligência e criatividade. Campinas: Papirus, 2014. p.265-283.), habilidade demonstrada por meio de realizações (BURNS, 2014BURNS, D.E. Altas habilidades/superdotação. Manual para guiar o aluno desde a definição de um problema até o produto final. Curitiba: Juruá, 2014.), distintas capacidades com variações nas expressões de capacidade, habilidade, atributo personalístico e nível superior de desempenho (PEREIRA, 2014PEREIRA, V.L.P. Superdotação e currículo escolar: potenciais superiores e seus desafios da perspectiva da educação inclusiva. In: VIRGOLIM, A.M.R.; KONKIEWITZ, E.C. (Org.). Altas habilidades/superdotação, inteligência e criatividade. Campinas: Papirus, 2014. p.373-388.), desempenho excepcional ligado a componente genético (GAGNÉ, 1999GAGNÉ, F. My convictions about the nature of abilities, gifts and talents. Journal for the education of gifted, v.22, n.2, p.109-136, 1999.) e presença de três características interlaçadas: habilidade acima da média, comprometimento com uma tarefa e criatividade (RENZULLI; REIS, 1997RENZULLI, J.S.; REIS, S.M. The schoolwide enrichment model: a how-to guide for educational excellence. Connecticut: Creative Learning Press, 1997.).

Em relação à questão biológica da criança com superdotação, Geake (2003)GEAKE, J. Neuroimagem des cérebro superdotado. In: ALONSO, J.A.; RENZULLI, J.S.; BENITO, Y. (Org.). Manual internacional de superdotados: manual para profesores y padres. Madrid: Fundamentos Pedagógicos, 2003. aponta que as áreas frontais do cérebro desta são mais ativas do que o de crianças sem essa característica. Além disso, outro aspecto importante apontado pelas autoras Silva e Fleith (2008)SILVA, P.V.C.; FLEITH, D.S. A influência da família no desenvolvimento da superdotação - A família e o indivíduo superdotado. Revista semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, v.12, n.2, p.337-346, 2008. é a influência da família no estímulo às AH/SD, provendo o suporte necessário e desafios que promovam o desenvolvimento da identidade desses indivíduos.

Os alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) são considerados público-alvo da educação especial assim como as pessoas com deficiência e com transtornos globais do desenvolvimento, portanto, têm direito, segundo as diretrizes do Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2001 (BRASIL, 2001BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2001.), ao atendimento educacional especializado necessário, com vistas a facilitar sua efetiva educação, e a medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem seu desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena.

No entanto, Chacon e Martins (2014)CHACON, M.C.M.; MARTINS, B.A. A produção acadêmico-científica do Brasil na área das altas habilidades/superdotação no período de 1987 a 2011. Revista Educação Especial, Santa Maria, v.27, n.49, p.353-372, 2014., ao analisarem a produção brasileira entre 1987 e 2011 desse campo de estudo, destacam que "[...] a Educação brasileira não alcançou, ainda, as condições adequadas ao desenvolvimento máximo do potencial daqueles alunos, condições essas já bastante reconhecidas e oferecidas aos alunos com deficiência" (CHACON; MARTINS, 2014CHACON, M.C.M.; MARTINS, B.A. A produção acadêmico-científica do Brasil na área das altas habilidades/superdotação no período de 1987 a 2011. Revista Educação Especial, Santa Maria, v.27, n.49, p.353-372, 2014.), visão corroborada por Pérez e Freitas (2011)PÉREZ, S.G.P.B.; FREITAS, S.N. Encaminhamentos pedagógicos com alunos com altas habilidades/superdotação na educação básica: o cenário brasileiro. Educar em Revista, n.41, p.109-124, 2011., que afirmam que alunos com AH/SD permanecem sem reconhecimento ou atendimento às suas necessidades específicas durante todo seu período de escolarização.

Por este motivo, Carneiro (2015)CARNEIRO, L.B. Características e avaliação de programas brasileiros de atendimento educacional ao superdotado. Tese (Doutorado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde) - Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Brasília, DF, 2015. aponta que a educação direcionada a alunos com AH/SD ainda apresenta muitos desafios e complementa que a construção de um atendimento inclusivo está relacionada à definição de politicas públicas que valorizem o ensino e respeitem a diferença de cada um. Neste sentido, ao avaliar o papel da educação do século XXI a alunos com tais características, Renzulli (2012)RENZULLI, J.S. Reexamining the role of gifted education and talent development for the 21st century: A four-part theoretical approach. Gifted Child Quarterly, v.56, n.3, p.150-159, 2012. afirma que seria sábio que programas e serviços ampliassem a capacidade criativa dos estudantes, não apenas a aquisição de conteúdo.

Ao avaliar a relação entre AH/SD e criatividade, Gonçalves (2010)GONÇALVES, F.C. Estudo comparativo entre alunos superdotados e não-superdotados em relação à criatividade, inteligência e percepção de clima de sala de aula para criatividade. 2010. 91f. Dissertação (mestrado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2010. observou que dentre 48 alunos de 6º ano com e sem AH/SD não houve relação entre inteligência e criatividade em ambos os grupos; porém, os alunos do primeiro apresentaram escores superiores quanto à originalidade verbal e figurativa.

Além de a criatividade ser considerada uma característica de pessoas com AH/SD, ela pode ser educável e desenvolvida (MERCEDES et al., 2015MERCEDES, F. et al. Estratégias para incentivar a criatividade na educação infantil. In: MORAIS, M.F.; MIRANDA, L.C. de; WECHSLER, S.M. (Org.). Criatividade: aplicações práticas em contextos internacionais. São Paulo: Vetor, 2015. p.155-180.); no entanto, apenas 12 trabalhos, entre teses e dissertações brasileiras, abordam a interação entre criatividade e altas habilidades/superdotação atualmente (ZAVITOSKI, 2015ZAVITOSKI, P. Superdotação e criatividade: análise de dissertações e teses brasileiras. 2015. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências, Bauru, 2015.).

Braga e Fleith (2016)BRAGA, N.P.; FLEITH, D.S. Análise da produção científica brasileira sobre criatividade e docência na educação superior. CONGRESSO INTERNACIONAL ANEIS, Sobredotação: saberes consolidados e desenvolvimentos promissores, Coimbra, 2016. Livro de resumos... Coimbra: 2016. p.36-37., consultando a produção brasileira na área de criatividade entre 2005 e 2015 por meio de artigos disponíveis nas plataformas CAPES, SCIELO e PEPSIC, analisaram 156 resumos e encontraram apenas 8 estudos empíricos, obtendo, como resultado, a dificuldade que professores ainda encontram para desenvolver tal constructo em sala de aula devido a barreiras emocionais, sociais e culturais.

A compreensão do termo criatividade também é complexa, visto que diferentes autores definem o termo de maneiras diversas, como a capacidade de remoldar o mundo ao qual se pertence (VEGAN, 2009VERGAN, T. A criatividade como destino: transdisciplinaridade, cultura e educação. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2009.), paradoxo - pois, muitas vezes, nem mesmo os inventores, cientistas e artistas sabem de onde suas ideias originais surgem (BODEN, 1999BODEN, A.M. Dimensões da criatividade. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999.), a mais alta expressão da subjetividade (CAMARGO, 2013CAMARGO, D. Imaginação, criatividade e escola. In: PISKE, F.H.R.; BAHIA, S. (Org.). Criatividade na escola: o desenvolvimento de potencialidades, altas habilidades/superdotação (AH/SD) e talentos. Curitiba: Jaruá, 2013. p.131-140.) e resolução de problemas, modelagem de produtos ou levantamento de novas questões em determinado campo de forma considerada incomum e que depois passa a ser aceita por pelo menos um grupo cultural (GARDNER, 1999GARDNER, H. Os padrões dos criadores. In: BODEN, A.M. (Org.). Dimensões da criatividade. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999. p.149-164.).

Gonçalves e Fleith (2015)GONÇALVES; F.C.; FLEITH, D.S. Proposta de intervenção de estimulo à criatividade no contexto escolar e familiar. In: MORAIS, M.F.; MIRANDA, L.C. de; WECHSLER, S.M. (Org.). Criatividade: aplicações práticas em contextos internacionais. São Paulo: Vetor, 2015. p.181-209. descrevem que diversos programas de treinamento em criatividade, especialmente os que estão voltados para o contexto educacional, foram elaborados nos últimos quarenta anos e apresentaram resultados positivos. Dentre eles, a maioria prioriza os aspectos cognitivos em detrimento dos afetivos. Pesquisas experimentais também vêm sendo desenvolvidas a fim de ampliar a criatividade de participantes ou de estimular pessoas com AH/SD a desenvolverem plenamente suas capacidades, como os programas "Odisseia" e "Mais", de Portugal, que têm o autor Renzulli como embasamento teórico (MIRANDA; ANTUNES; ALMEIRA, 2015MIRANDA; L.C.; ANTUNES; A.P.; ALMEIDA, L.S. Enriquecimento criativo para sobredotados: programas Odisseia e Mais. In: MORAIS, M.F.; MIRANDA, L.C. de; WECHSLER, S.M. (Org.). Criatividade: aplicações práticas em contextos internacionais. São Paulo: Vetor, 2015. p.211-228.).

Porém, Kaufman, Plucker e Russel (2012)KAUFMAN, J.C.; PLUCKER, J.A.; RUSSELL, C.M. Identifying and assessing creativity as a component of giftedness. Journal of psychoeducational assessment, v.30. p.60-73, 2012. apontam que as avaliações da criatividade ainda são um trabalho em andamento, pois consideram que sabemos muito menos a respeito desse tema do que gostaríamos. Tais autores acrescentam ainda que, embora existam outros testes, o Teste de Torrance ainda é o mais utilizado, sendo muito recorrente em estudos eficazes e meta-análises a respeito do impacto da criatividade em programas de treinamento.

A fim de se aprofundar o conhecimento entre a relação dos constructos "criatividade" e "altas habilidades/superdotação", ter maior compreensão sobre a avaliação e a comparação da criatividade em alunos com e sem AH/SD, bem como verificar se há programas de enriquecimento voltados a desenvolver a criatividade desse público, realizou-se esta revisão de literatura a partir de artigos publicados, nacional e internacionalmente, entre 2005 e 2015.

2 Desenvolvimento

Nesta revisão de literatura, optou-se por utilizar as seguintes bases de dados: Web of Science e Dialnet. A escolha da primeira fonte citada está relacionada à grande quantidade de periódicos que ela disponibiliza (9.200 títulos de acordo com o tutorial da biblioteca da Escola de Engenharia da UFRGS5 4 Nesta pesquisa, adotou-se o termo altas habilidades/superdotação (AH/SD) com base na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), optando-se por traduzir a terminologia dos artigos estrangeiros analisados desta maneira, mas preservando-se a escolha dos termos empregados por autores brasileiros que fizeram parte dos artigos selecionados para esta revisão de literatura a fim de evitar distorção de sentido. ), o que permite uma pesquisa de alta qualidade em periódicos de diversas áreas do conhecimento. A segunda base de dados foi escolhida por ter sido considerada o segundo portal de conteúdo bibliográfico do mundo pelo Laboratório da Cibermetria do Conselho Superior de Investigação Científica do Ministério da Economia e Competitividade do Governo da Espanha (Universidade de La Rioja, Espanha)6 5 Tutorial disponível no link: http://www.ufrgs.br/bibeng/wp-content/uploads/2014/02/WEB_OF_SCIENCE.pdf. .

A busca preliminar, com os unitermos "giftedness" e "creativity", foi realizada em janeiro de 2016 e teve como critério encontrar artigos que possuíssem tais descritores em seus títulos ou resumos. O resultado obtido foi um total de 24 artigos na Web of Science e 10 na Dialnet e, dentre eles, três estavam disponíveis em ambas as bases de dados. O segundo passo foi a realização da leitura minuciosa de todos os resumos dos artigos obtidos a fim de verificar se os unitermos selecionados possuíam alguma inter-relação.

Após tal leitura, 20 artigos foram selecionados para esta revisão por se encontrarem nos critérios estabelecidos, sendo 11 provenientes da Web of Science, 6 da Dianet e 3 que estavam em ambas as bases de busca. Estes foram lidos na íntegra e agrupados em estudos teóricos (quatro artigos), estudos de revisão de literatura (quatro artigos) e estudos experimentais (12 artigos) e seus tópicos considerados mais relevantes foram apresentados em quadros para facilitar a visualização dos dados obtidos.

Os quatro artigos com estudos teóricos apresentados nesta revisão de literatura são provenientes de regiões distintas (Coréia, Estados Unidos, Espanha e Macedônia - Grécia) e foram publicados entre 2008 e 2015 por diferentes autores, conforme apresentado no Quadro 1.

Quadro 1
Estudos teóricos que relacionam os unitermos Criatividade e Altas habilidades/superdotação.

Destaca-se que a temática de cada um dos textos apresentados, embora relacione AH/SD e criatividade, apresenta uma perspectiva diferente sobre os tópicos em estudo, conforme apresentado a seguir.

Observa-se que Dai e Renzulli (2008)DAI, D.Y.; RENZULLI, J.S. Snowflakes, living systems, and the mystery of giftedness. Gifted child quarterly, v.52, p.114-130, 2008. preocupam-se com a relação de um ambiente específico e as trajetórias únicas de cada indivíduo com AH/SD, que influenciarão o desenvolvimento de seu potencial criativo, apontando, também, que a afinidade seletiva, o controle máximo e o "estar à beira do caos", considerados como as "três facetas dinâmicas", são a gênese dos talentos e levam ao desenvolvimento de competências e do potencial criativo. García et al. (2010)GARCÍA, M.R.B. et al. Revista electrónica interuniversitaria de formación del profesorado, v. 13, n. 1, p. 97-109, 2010. têm como foco de pesquisa os temas criatividade e superdotação no contexto escolar e buscam apresentar ferramentas e estratégias para o desenvolvimento de ambos os elementos no ambiente citado com base em pesquisas e estudos desenvolvidos por outros pesquisadores.

O artigo de Stankovska et al. (2013)STANKOVSKA, G.N. et al. Psychological aspects of gifted children. International Journal of Cognitive Research in Science, v.1, n.2, 2013, p. 129-134 tem como tópico principal as AH/SD, vista como um fenômeno multidimensional, ressaltando a criatividade como uma de suas características. Neste sentido, os referidos autores postulam que o desenvolvimento e a manifestação de tal característica em crianças com AH/SD dependem de seu comportamento cognitivo, da sua personalidade e de motivação. Já Gallagher (2015)GALLAGHER, S.A. The role of problem-based learning in developing creative expertise. Asia pacific education review, v.16, p.225-235, 2015. aborda, em seu texto, a relação do pensamento criativo com a aprendizagem por projetos que envolvam resolução de situações-problema, as quais, de acordo com o autor, podem se constituir como evidências na identificação do indivíduo com superdotação.

Quanto a artigos que se dedicaram a apresentar uma revisão de literatura sobre esta temática, também foram encontrados quatro com tais características nesta busca. Os autores, a data, o local de publicação, a metodologia utilizada em cada busca e as conclusões de cada um dos trabalhos são apresentados no Quadro 2.

Quadro 2
Estudos de Revisão de Literatura que relacionam os unitermos Criatividade e Altas Habilidades/Superdotação.

Observa-se que primeiro artigo encontrado é de 2011, dos autores Dai, Swanson e Cheng, publicado nos Estados Unidos com o auxílio de pesquisadores chineses. Tal estudo aborda o período de 1998 até abril de 2010 e foi realizado por meio de unitermos (creativity/creatively gifted, achievement/underachievement, identification, talent development) consultados na base de dados PsycINFO. A conclusão do trabalho é que há uma predominância de pesquisas comparativas e correlacionais, assim como que a prática escolar aliada a constructos psicológicos é apresentada em um pequeno número de estudos. Os autores apontam que ainda é possível encontrar lacunas entre teoria e prática e sugerem que maior número de pesquisas aplicadas sejam realizadas.

Os pesquisadores Kaufman, Plucker e Russell, vinculados a universidades americanas, publicaram, em 2012, um artigo que apresenta a visão de diferentes autores (como Guilford, Torrance, Getzels e Jackson, Wallach e Kogan, entre outros) a respeito de inteligência, criatividade, aplicação de testes e utilização de check lists que se propõem a medir o pensamento, avaliar as AH/SD e a criatividade (considerando desde testes de pensamento divergente, como o Torrance Tests of Creative Thinking, a técnicas consensuais de avaliação de escalas classificatórias e autoavaliação). Após a revisão de tais instrumentos disponíveis na literatura, os autores concluíram que, embora os testes de criatividade ainda apresentem limitações, é importante incluí-los na avaliação de alunos com AH/SD, visto que testes de QI, de rendimento e de comportamento não são capazes de fornecer, sozinhos, um mapeamento completo do indivíduo.

O foco do trabalho de Borgstede e Hoogeveen (2014)BORGSTEDE, S.; HOOGEVEEN, L. Una mirada creativa hacia la superdotación: posibilidades y dificultades en la identificación de la creatividad. Revista de Psicología, v.31, n.1, p.157-179, 2014., vinculados a uma universidade holandesa, foi a identificação de alunos com AH/SD, relacionando-a à melhor maneira de se medir a criatividade. Embasados na visão de Hoogeveen, Torrance, Sauders e Ward, Sternberg, Lubart, Guilford, entre outros, os autores do artigo classificaram a operacionalização da criatividade em categorias e apresentaram as possibilidades e dificuldades de alguns testes que avaliam tal constructo. Concluíram que a criatividade é considerada um fator determinante no processo de diagnóstico de alunos com AH/SD; porém, os resultados de testes de criatividade tendem a ser sensíveis a motivação, determinação e autoconfiança da criança, portanto, tanto esta quanto seus produtos devem ser avaliados em contextos diversos e por profissionais que conheça os instrumentos de maneira aprofundada.

O último estudo de revisão encontrado também é de um pesquisador americano, Matthews, que publicou, em 2015, uma pesquisa realizada por meio da utilização de termos como Creative giftedness, Leadership giftedness, Creativity, Leadership no site de busca Google visando a encontrar páginas de distritos americanos que tivessem programas voltados ao público com AH/SD. O resultado obtido revela que os programas de educação para esse público oferecidos nos Estados Unidos tendem a estar mais relacionados a interesses de professores do que a programas específicos vinculados aos distritos. O autor aponta ainda que, curiosamente, há maior interesse na criatividade voltada à educação de alunos com AH/SD fora de seu país; devido a isto, ele lança o questionamento a respeito de continuar a se incluir criatividade e liderança nas definições de altas habilidades/superdotação.

Por meio da conclusão dos quatro trabalhos apresentados, importantes questionamentos foram lançados quanto à melhor maneira de se identificar e trabalhar com alunos com AH/SD, quanto ao distanciamento entre teoria e prática, bem como a limitação de testes, especialmente os de criatividade. A partir de tal visão, outros 12 estudos envolvendo experimentos encontrados nesta busca são apresentados a seguir, verificando se também abordam tais problemáticas.

O Quadro 3 tem como objetivo apresentar os estudos que realizaram algum tipo de experimento, destacando seus autores, data de publicação, local da pesquisa, objetivo do estudo e tipo de desenho do experimento.

Quadro 3
Estudos experimentais que relacionam os unitermos Criatividade e Altas Habilidades/Superdotação.

Por meio da observação do quadro, nota-se que diferentes países estão preocupados com a temática também investigada nesta pesquisa, como Alemanha, Brasil, Estados Unidos (com dois artigos cada), Espanha e Ilhas Canárias (juntos também possuem dois artigos) e Arábia Saudita, China, Coréia e Portugal (um artigo cada).

A quantidade de artigos publicados nos anos selecionados para esta busca ainda é baixa, sendo dois artigos em 2005, um em 2006, um em 2007, dois em 2008, dois em 2009, nenhum em 2010, um em 2012 e 2013, dois em 2014 e nenhum artigo desta natureza havia sido publicado em 2015 até o período em que a busca foi realizada.

Quanto aos objetivos dos estudos encontrados, pode-se agrupá-los da seguinte forma a partir da temática que apresentam: indivíduo com AH/SD versus indivíduo sem tal característica (cinco artigos), AH/SD e ambiente familiar (três artigos), autoavaliação de alunos com AH/SD e/ou avaliação por seus professores (dois artigos), alunos com superdotação versus alunos com superdotação e baixo rendimento escolar (um artigo), comparação entre alunos com superdotação, com hiperatividade e com ambas as características (um artigo).

As metodologias utilizadas nos experimentos foram estudo longitudinal (dois artigos) e estudo transversal quantitativo (dez artigos) e suas principais contribuições foram as seguintes:

Estudos longitudinais:Runco e Albert (2005)RUNCO, M.A.; ALBERT, R.S. Parents' personality and the creative potential of exceptionally gifted boys. Creativity research journal, v.17, p.355-367, 2005. avaliaram o potencial criativo de adolescentes (de doze e treze anos) com AH/SD por meio de testes de pensamento divergente (Divergent Test) e os compararam a resultados obtidos por seus pais com o propósito de avaliar características genéticas e ambientais. Obteve-se, como resultado, que diferentes tipos de excepcionalidades cognitivas estão relacionados a diferentes padrões de experiências familiares, uma vez que estes são transportados por traços de personalidade dos pais. Curiosamente, o estudo destacou que os adolescentes avaliados apresentaram apenas cognição excepcional, mas suas outras características foram medianas no California Psychological Inventory.

O estudo de Sparfeldt, Wirthwein e Rost (2009)SPARFELDT, J. R.; WIRTHWEIN, L; ROST, D.H. Gifted and not creative? On the creativity of intellectually gifted children and adolescents. Zeitschrift fur padagogische psychologie, v.23, p.31-39, 2009. foi desenvolvido com alunos do 4º ano do ensino fundamental e com os mesmo alunos cinco anos depois, aplicando-se teste de criatividade (com tarefas figurais) com o intuito de verificar se haveria alguma mudança significativa longitudinalmente. Observou-se que não houve diferença entre meninos e meninas, nem variação significativa ao longo dos anos, ou seja, o nível de criatividade se manteve estável em ambos os grupos, sendo que o grupo com superdotação apresentou maiores resultados que o grupo sem superdotação em ambas as avaliações.

Estudos transversais quantitativos: o artigo de Ourofino e Fleith (2005)OUROFINO, V.T.A.T.; FLEITH, D.S. Um estudo comparativo sobre a dupla excepcionalidade superdotação/hiperatividade. Avaliação Psicológica, v.4, n.2, p.165-182, 2005. teve alunos entre cinco e oito anos como público-alvo, divididos em três grupos - superdotação, hiperatividade e ambas as características. O teste utilizado para avaliar a criatividade foi o Teste Torrance de Pensamento Criativo (Torrance Test of Creative Thinking - TTCT), versão brasileira, que não mostrou diferenças significativas entre os grupos, fato explicado pelas autoras devido à criatividade também ser um fator inerente ao TDAH, assim como à superdotação.

Preckel, Holling e Wiese (2006)PRECKEL, F; HOLLING, H; WIESE, M. Relationship of intelligence and creativity in gifted and non-gifted students: An investigation of threshold theory. Personality and individual differences, v.40, p.159-170, 2006. também avaliaram a criatividade (por meio do teste BIS-HB, que avalia pensamento divergente) de dois grupos de alunos alemães, com e sem AH/SD, com idade entre doze e dezesseis anos. Os autores obtiveram correlação positiva significativa entre resultados dos testes de inteligência e criatividade, com maior correlação para criatividade verbal. Concluíram, no entanto, que não se pode sustentar uma relação fatorial entre os grupos com alta e baixa habilidade avaliados e, nesse sentido, sugerem que sejam desenvolvidos instrumentos para avaliar qualitativamente tal diferença.

Outro estudo que visou comparar alunos com e sem AH/SD foi o de Jimenez et al. (2008)JIMENEZ, J.E. et al. Creativity and intelligence: Two twin-inseparable sisters? Revista espanola de pedagogia, v.66, p.261-282, 2008., que teve como público-alvo 634 alunos de 1º a 6º anos. Os instrumentos utilizados foram Battery of Differential and General Aptitudes, Test of Creative Thought of Torrance e Test of Evaluation of the Verbal Creativity e obtiveram como resultado que alunos com superdotação e com talentos criativos foram caracterizados por uma criatividade maior em comparação aos que não apresentaram altas habilidades. Verificou-se, também, que a dimensão figurativa da criatividade foi mais associada ao perfil de superdotação, enquanto o talento criativo foi associado à criatividade verbal. Os autores concluíram que, quando criatividade e inteligência coexistem, a primeira parece implicar nos aspectos sintéticos (geração de ideias), analíticos (avaliar qualidade das ideias) e práticos (comunicar as ideias de modo adequado) da segunda.

O estudo espanhol de Sastre-Riba e Pascual-Sufrate (2013) contou com 41 alunos, de seis a catorze anos, participantes do programa de enriquecimento extracurricular UR-ARNAC da Universidad de La Rioja, os quais tiveram sua criatividade e pensamento divergente também avaliados pelo TTCT e seu pensamento convergente por Test de Aptitudes Diferenciales. Os alunos foram classificados em diferentes perfis: talento (pensamento convergente ou divergente) e superdotação (pensamento divergente). Os resultados obtidos apontaram que houve um crescimento na pontuação entre os participantes de seis a onze anos, especialmente em relação à originalidade, mas um decrescimento significativo nos alunos com perfil de talento divergente e superdotação entre doze e catorze anos. Destaca-se, ainda, que os alunos com perfil de talento convergente apresentaram menor pontuação do que os outros dois grupos, especialmente em relação à fluidez e originalidade.

Ainda comparando grupos sem e com AH/SD, o estudo coreano de Kim, Shim e Hull (2009)KIM, K.H.; SHIM, J.Y.; HULL, M. Korean concepts of giftedness and the self-perceived characteristics of students selected for gifted programs. Psychology of aesthetics creativity and the arts, v.3, p.104-111, 2009. avaliou estudantes de programas de superdotação em ciências biológicas, programas de superdotação em ciências humanas e alunos regulares (sem AH/SD e não pertencentes a nenhum programa de enriquecimento). Destaca-se que os alunos desses programas citados já haviam sido avaliados por meio de teste de inteligência (QI), rendimento acadêmico (GPA), de criatividade (creative problem-solving) e questões específicas de cada área. No estudo em questão, 1.015 alunos responderam a um questionário, elaborado pelos próprios autores, com 77 perguntas relacionadas a comportamento, e foram submetidos a uma análise de seis fatores - inteligência, criatividade, comprometimento com a tarefa, relacionamento interpessoal, sentido moral e talento artístico. Os resultados obtidos em relação à inteligência apontaram que os alunos do programa de superdotação em ciências biológicas apresentaram melhores resultados, seguidos pelos alunos do grupo de superdotação em ciências humanas, enquanto os alunos regulares apresentaram o menor escore. Os alunos do programa de ciências humanas tiveram melhor desempenho do que os outros dois grupos em relação ao comprometimento com a tarefa. Porém, quanto a criatividade e talento artístico, não houve diferença entre os grupos.

Ao avaliar alunos de um programa de enriquecimento com participantes de idade entre 5 e 15 anos e seus pais, Tieso (2007)TIESO, C.L. Patterns of over excitabilities in identified gifted students and their parents - A hierarchical model. Gifted child quarterly, v.51, p.11-22, 2007. buscou relacionar as características de overexcitabilities7 7 Optou-se por manter a expressão como citada no original em inglês. De acordo com a autora, o termo se remete a tipos de aumento da excitabilidade psíquica, relacionada a características genéticas que determinam qual o nível de desenvolvimento moral de uma pessoa (TIESO, 2007). , por meio do teste OEQII (Overexcitability Questionnaire II) em alunos com AH/SD e seus familiares. Foi observada uma diferença significativa entre crianças e adultos nos escores médios relacionados à imaginação (Imaginational OE), o que sugere que os adultos tendem a perder o seu sentido de infantilidade do saber e a imaginação vívida quando se submetem a responsabilidades de adultos. Uma limitação apresentada pela autora é a falta de uma avaliação de um grupo de crianças sem AH/SD para se comparar o resultado obtido.

Hein et al. (2014)HEIN, S. et al. Characteristics of the home context for the nurturing of gifted children in Saudi Arabia. High ability studies, v.25, p.23-33, 2014. trabalharam com alunos considerados com AH/SD a partir de seu resultado em teste de inteligência. A pesquisa contou com 294 crianças da Arábia Saudita que frequentavam do 4º ao 7º ano, cujas famílias seguiam os princípios do islamismo. Como resultados, verificou-se que as meninas atingiram maior resultado no teste de criatividade (Aurora-a) do que os meninos. Observou-se, ainda, que o contexto educacional das mães dos participantes foi um fator importante, especialmente quanto às habilidades criativas, havendo diferenças significativas na pontuação dos filhos cujas mães haviam cursado até ensino médio e daqueles com mães que haviam se graduado em universidades.

Uma interessante classificação foi realizada por Chan (2008)CHAN, D.W. Giftedness of chinese students in Hong Kong - Perspectives from different conceptions of intelligences. Gifted child quarterly, v.52, p.40-54, 2008., que aplicou quatro instrumentos voltados a avaliar a percepção de inteligências múltiplas de alunos com indicativo de AH/SD (indicação feita por professores e não instrumentos) tendo como público-alvo 498 chineses, com idade entre sete e dezoito anos e participantes de diferentes programas para alunos com AH/SD, e seus professores. O artigo categorizou as crianças e adolescentes em quatro grupos: supersmart, socioemotionally gifted, artistically gifted e modest gifted e apresentou, como resultado, que o grupo supersmart comprometeu-se mais do que os outros com liderança e criatividade e o grupo modest gifted, menos. O grupo socioemotionally gifted mostrou-se o mais envolvido em atividades de liderança e o artistically gifted, nas atividades de criatividade. Assim, o autor concluiu que professores e pais deveriam oferecer diferentes estímulos e incentivos aos participantes de cada um dos grupos mencionados.

Outra classificação entre grupos de alunos, de ensino fundamental I e II, foi avaliada por Tentes e Fleith (2014)TENTES, V.T.A.T.; FLEITH, D.S. Características pessoais, familiares e escolares: estudo comparativo entre superdotados e superdotados underachievers. Avaliação Psicológica, v.13, n.1, p.77-85., que buscaram fazer uma comparação entre 53 crianças brasileiras com superdotação e 43 com superdotação e baixo rendimento escolar (underachievers). Para avaliar a criatividade dos alunos em questão, aplicou-se o TTCT e o resultado obtido foi que não houve diferença significativa em relação ao gênero dos participantes, mas sim entre os grupos, em favor dos alunos com superdotação nas medidas de criatividade geral. Segundo as autoras, estudos retrospectivos com tal público-alvo seriam relevantes a fim de verificar sua trajetória e o impacto de tal condição em sua vida, assim como os esforços cognitivos e comportamentais que realizaram.

A avaliação de Almeida e Miranda (2012)ALMEIDA, L.S.; MIRANDA, L. Sinalização de alunos sobredotados e talentosos: perfil de desempenho em provas psicológicas e percepção dos professores. AMAzônica, v.10, n.3, p.146-164, 2012. foi realizada com 75 alunos de 5º e 6º anos com alto desempenho escolar e seus professores. Os professores foram submetidos à Escala de Avaliação do Professor: Habilidade Cognitiva/ Aprendizagem e, as crianças, à Bateria de Provas Raciocínio, Piers-Haris Children's Self-Concept Scale e ao TTCT. No teste de criatividade, evidenciou-se maior valor na produção criativa das meninas e que os alunos do 6º ano obtiveram maiores valores que os do 5º ano. Quanto à percepção dos professores, as correlações mais altas encontradas foram em relação ao rendimento escolar dos alunos.

Os resultados obtidos nos artigos foram categorizados e agrupados em quatro tópicos com o propósito de direcionar a discussão desta pesquisa. São eles:

Família e ambiente como determinantes importantes ao desenvolvimento de crianças com AH/SD: além das diferenças cerebrais de crianças com superdotação apontadas por Geake (2003)GEAKE, J. Neuroimagem des cérebro superdotado. In: ALONSO, J.A.; RENZULLI, J.S.; BENITO, Y. (Org.). Manual internacional de superdotados: manual para profesores y padres. Madrid: Fundamentos Pedagógicos, 2003. e da importância de personalidade e motivação, mencionados por Stankovska et al. (2013)STANKOVSKA, G.N. et al. Psychological aspects of gifted children. International Journal of Cognitive Research in Science, v.1, n.2, 2013, p. 129-134, outros aspectos relevantes foram encontrados nos estudos analisados, como a importância do ambiente específico e das trajetórias de cada indivíduo com superdotação para o desenvolvimento de seu potencial criativo, abordados por Dai e Renzulli (2008)DAI, D.Y.; RENZULLI, J.S. Snowflakes, living systems, and the mystery of giftedness. Gifted child quarterly, v.52, p.114-130, 2008., e a relação entre tipos de excepcionalidades cognitivas e diferentes padrões de experiências familiares, considerados por Runco e Albert (2005)RUNCO, M.A.; ALBERT, R.S. Parents' personality and the creative potential of exceptionally gifted boys. Creativity research journal, v.17, p.355-367, 2005., o que também pode ser verificado no estudo de Hein et al. (2014)HEIN, S. et al. Characteristics of the home context for the nurturing of gifted children in Saudi Arabia. High ability studies, v.25, p.23-33, 2014. - o qual aponta que crianças com mães com maior graduação acadêmica tentem a ser mais criativos, corroborando os achados de Silva e Fleith (2008)SILVA, P.V.C.; FLEITH, D.S. A influência da família no desenvolvimento da superdotação - A família e o indivíduo superdotado. Revista semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, v.12, n.2, p.337-346, 2008..

Criatividade em indivíduos com e sem AH/SD:Jimenez et al. (2008)JIMENEZ, J.E. et al. Creativity and intelligence: Two twin-inseparable sisters? Revista espanola de pedagogia, v.66, p.261-282, 2008. e Sparfeldt, Wirthwein e Rost (2009)SPARFELDT, J. R.; WIRTHWEIN, L; ROST, D.H. Gifted and not creative? On the creativity of intellectually gifted children and adolescents. Zeitschrift fur padagogische psychologie, v.23, p.31-39, 2009. verificaram que alunos com AH/SD foram caracterizados por uma criatividade maior em comparação aos que não apresentaram altas habilidades, reafirmando a teoria de Renzulli e Reis (1997)RENZULLI, J.S.; REIS, S.M. The schoolwide enrichment model: a how-to guide for educational excellence. Connecticut: Creative Learning Press, 1997., que por sua vez não pode ser confirmada pelo estudo de Kim, Shim e Hull (2009)KIM, K.H.; SHIM, J.Y.; HULL, M. Korean concepts of giftedness and the self-perceived characteristics of students selected for gifted programs. Psychology of aesthetics creativity and the arts, v.3, p.104-111, 2009., os quais verificaram maior inteligência e comprometimento com a tarefa em alunos com AH/SD, mas criatividade regular. Tais resultados também diferem dos de Gonçalves (2010)GONÇALVES, F.C. Estudo comparativo entre alunos superdotados e não-superdotados em relação à criatividade, inteligência e percepção de clima de sala de aula para criatividade. 2010. 91f. Dissertação (mestrado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2010. , que encontrou maior criatividade no grupo de alunos com AH/SD para algumas medidas do TTCT, mas não encontrou diferença em outras, levantando a questão de que tipos de altas habildades ou diferentes instrumentos podem influenciar os divergentes resultados da criatividade.

Quanto à comparação entre crianças e jovens com AH/SD e seus pais, Tieso (2007)TIESO, C.L. Patterns of over excitabilities in identified gifted students and their parents - A hierarchical model. Gifted child quarterly, v.51, p.11-22, 2007. não deixa claro se os pais desses alunos também haviam sido identificados com tal característica, o que pode ser outra medida influenciadora nos índices da criatividade revelados pelo teste. Por isto, um estudo longitudinal com alunos com AS/SD é sugerido, procurando identificar se seus resultados no teste apresentariam ou não variação de criatividade ao longo dos anos, replicando o estudo de Sparfeldt, Wirthwein e Rost, D. H. (2009)SPARFELDT, J. R.; WIRTHWEIN, L; ROST, D.H. Gifted and not creative? On the creativity of intellectually gifted children and adolescents. Zeitschrift fur padagogische psychologie, v.23, p.31-39, 2009., cujo resultado difere do de Almeida e Miranda (2012)ALMEIDA, L.S.; MIRANDA, L. Sinalização de alunos sobredotados e talentosos: perfil de desempenho em provas psicológicas e percepção dos professores. AMAzônica, v.10, n.3, p.146-164, 2012.. Este, embora não tenha realizado o teste com os mesmos alunos (longitudinalmente), verificou que os do 6º ano se saíram melhor do que alunos do 5º ano. Destaca-se que se o estudo de Almeida e Miranda (2012)ALMEIDA, L.S.; MIRANDA, L. Sinalização de alunos sobredotados e talentosos: perfil de desempenho em provas psicológicas e percepção dos professores. AMAzônica, v.10, n.3, p.146-164, 2012. tivesse apresentado continuidade, teria sido possível compará-lo aos achados de Sastre-Riba e Pascual-Sufrate (2013)SASTRE-RIBA, S; PASCUAL-SUFRATE, M.T. High intellectual capacity, problem-solving and creativity. Revista de neurologia, v.56, p.S67-S76, 2013. quanto ao aumento da criatividade em alunos com superdotação até os doze anos e seu decréscimo a partir de então.

Possíveis limitações de instrumentos avaliativos: grande parte dos trabalhos encontrados avaliou a criatividade dos participantes pelo TTCT, confirmando os achados de Kaufman, Plucker e Russel (2012)KAUFMAN, J.C.; PLUCKER, J.A.; RUSSELL, C.M. Identifying and assessing creativity as a component of giftedness. Journal of psychoeducational assessment, v.30. p.60-73, 2012.; entretanto, o instrumento não é o único utilizado atualmente para avaliar pensamento divergente, conforme apresentado nesta revisão de literatura. Como uma importante limitação da aplicação de testes em geral, Preckel, Holling e Wiese (2006)PRECKEL, F; HOLLING, H; WIESE, M. Relationship of intelligence and creativity in gifted and non-gifted students: An investigation of threshold theory. Personality and individual differences, v.40, p.159-170, 2006. apontaram a questão do tempo imposto para execução das tarefas, que pode influenciar variáveis de personalidade, como a ansiedade ou nível de estresse, os quais afetam as realizações criativas, corroborando, assim, a visão de Borgstede e Hoogeveen (2014)BORGSTEDE, S.; HOOGEVEEN, L. Una mirada creativa hacia la superdotación: posibilidades y dificultades en la identificación de la creatividad. Revista de Psicología, v.31, n.1, p.157-179, 2014.. Sugere-se que mais pesquisas sejam realizadas a respeito da confiabilidade dos instrumentos utilizados e que sejam consideradas outras maneiras de se avaliar a criatividade, como qualitativamente, visto que, conforme apontado por Kaufman, Plucker e Russell (2012)KAUFMAN, J.C.; PLUCKER, J.A.; RUSSELL, C.M. Identifying and assessing creativity as a component of giftedness. Journal of psychoeducational assessment, v.30. p.60-73, 2012., mesmo com as falhas encontradas, é importante se inserir a medida de criatividade na identificação de alunos com AH/SD.

Programas de enriquecimento: os dados obtidos na busca de Matthews (2015)MATTHEWS, M S. Creativity and leadership's role in gifted identification and programming in the USA: a pilot study. Asia Pacific Educ. Rev., v.16, p.247-256, 2015., realizada partir de bases não científicas, revela a pouca preocupação de se inserir o trabalho com a criatividade em programas de enriquecimento a alunos com AH/SD nos Estados Unidos, corroborando a baixa quantidade de trabalhos encontrada nesta revisão. Sugere-se que novas buscas, tanto em base de dados confiáveis quanto a campo, sejam realizadas a fim de verificar se as conclusões realmente se estendem à maioria de programas de enriquecimento. Também seria importante que os programas de enriquecimento pudessem compartilhar suas pesquisas e resultados com o objetivo de diminuir a discrepância entre instrumentos utilizados e teoria e prática, encontrada por Dai, Swanson e Cheng (2011)DAI, D.Y.; SWANSON, J.A.; CHENG, H.Y. State of research on giftedness and gifted education: A survey of empirical studies published during 1998-2010 (April). Gifted child quarterly, v.55, p.126-138, 2011., bem como avaliar se as categorias de Chan (2008)CHAN, D.W. Giftedness of chinese students in Hong Kong - Perspectives from different conceptions of intelligences. Gifted child quarterly, v.52, p.40-54, 2008. devem ser aplicadas a todos os alunos avaliados e identificados com AH/SD para melhor nortear o trabalho com esse público.

3 Conclusão

Nesta revisão de literatura, foram encontrados poucos artigos abordando a interação entre criatividade e AH/SD no período de 2005 a 2015 nas bases de dados consultadas. Por meio das publicações obtidas, verificou-se que a maior parte corresponde a pesquisas empíricas, tendo, em sua maioria, alunos de ensino fundamental como público-alvo. Observou-se, também, que os artigos encontrados apresentavam maior preocupação em mensurar a criatividade de crianças e jovens do que estimulá-la, o que representa a falta de programas de enriquecimento dessa natureza destinada a alunos com AH/SD.

Um fator importante que a análise dos artigos desta revisão revela é que alunos com tal AH/SD são identificados por meio de diversos testes e critérios por diferentes países, assim como não há padronização na avaliação da criatividade. Tal fato pode explicar os destoantes resultados apresentados quanto à criatividade de alunos com e sem AH/SD, o que dificulta uma conclusão precisa a respeito da interação entre os constructos. Por isto, sugere-se que uma padronização seja avaliada, assim como sejam discutidos e elaborados novos instrumentos que avaliem a criatividade qualitativa e longitudinalmente.

  • 4
    Nesta pesquisa, adotou-se o termo altas habilidades/superdotação (AH/SD) com base na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008BRASIL. Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília, DF, 2008.), optando-se por traduzir a terminologia dos artigos estrangeiros analisados desta maneira, mas preservando-se a escolha dos termos empregados por autores brasileiros que fizeram parte dos artigos selecionados para esta revisão de literatura a fim de evitar distorção de sentido.
  • 5
  • 6
    Conforme apontado pela RBNE, disponível em: http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/announcement/view/1.
  • 7
    Optou-se por manter a expressão como citada no original em inglês. De acordo com a autora, o termo se remete a tipos de aumento da excitabilidade psíquica, relacionada a características genéticas que determinam qual o nível de desenvolvimento moral de uma pessoa (TIESO, 2007TIESO, C.L. Patterns of over excitabilities in identified gifted students and their parents - A hierarchical model. Gifted child quarterly, v.51, p.11-22, 2007.).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2017

Histórico

  • Recebido
    03 Set 2016
  • Revisado
    30 Mar 2017
  • Aceito
    30 Mar 2017
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