Resumos
Este trabalho tem por objetivo despertar reflexões críticas sobre as ideologias que embasam os princípios teóricos e práticos da Psicologia, princípios que aqui são chamados de matrizes da Psicologia. A partir dessas reflexões, identificamos como a Psicologia tradicional está legitimando as práticas sociais e propomos um rompimento com essas ideologias.
ideologia; liberalismo; Psicologia
The main goal of this text is to awaken critical reflections about the ideologies which serve as bases to theoretical and practical Psychology primordial principles. From these reflections we can identify how the traditional Psychology is legitimating the social relationship and we suggest a breaking up of these ideologies.
ideology; liberalism; Psychology
COMUNICAÇÃO
A ideologia liberal nas matrizes da Psicologia1 1 Comunicação apresentada na Semana de Filosofia da Universidade Estadual de Maringá em Novembro de 2000. Este trabalho faz parte do projeto de ensino "Estudos da História da Psicologia" coordenado pela Profª. Ms. Lenita Gama Canbaúva.
The liberal ideology in the matrices of the Psychology
Orivaldo Ferreira de Sales Filho
Acadêmico do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá, participante do Projeto Estudos da História da Psicologia e do Projeto Fênix
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Av.: Mário Clapier Urbinatti, Nº 460 Zona 7, Jardim Universitário CEP.: 87020-260 Maringá - Paraná Telefone: (44)9102-5539 E-mail: orivaldo@universitário.mailbr.com.br
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo despertar reflexões críticas sobre as ideologias que embasam os princípios teóricos e práticos da Psicologia, princípios que aqui são chamados de matrizes da Psicologia. A partir dessas reflexões, identificamos como a Psicologia tradicional está legitimando as práticas sociais e propomos um rompimento com essas ideologias
Palavras-chave: ideologia, liberalismo, Psicologia.
ABSTRACT
The main goal of this text is to awaken critical reflections about the ideologies which serve as bases to theoretical and practical Psychology primordial principles. From these reflections we can identify how the traditional Psychology is legitimating the social relationship and we suggest a breaking up of these ideologies.
Key words: ideology, liberalism, Psychology.
Se analisarmos a Psicologia com mais profundidade, será possível identificar as ideologias que embasam tanto as matrizes românticas e pós-românticas quanto as cientificistas. Nas duas primeiras, "(...) essas ideologias legitimam o retraimento do sujeito sobre si mesmo (...)" (Figueiredo, 1991, p.38); na ultima, a Psicologia deve ser útil aos esquemas de controle social. Isso significa que, através da Psicologia aplicada na maioria das clinicas tradicionais, estamos ajudando a sustentar a ordem vigente em nossa sociedade.
A partir dessas ideologias, o indivíduo é visto ora como um ser totalmente livre e dono de si, ora como o único responsável pelo seu sucesso, independentemente do contexto social em que está inserido. Dessa forma, " se não é rico e não consegue o que quer, a culpa é dele mesmo, pois não se esforçou para conseguir". Portanto, aderir a esses conceitos de Psicologia significa reafirmar aquela velha mentira do liberalismo, a de que todos são livres e com iguais oportunidades de sucesso, pois "basta querer".
Figueiredo(ibid) chega a afirmar que as ideologias que sustentam as matrizes românticas e pós-românticas são consideradas pararreligiosas e "(...) no altar desta nova religião está colocado o "indivíduo", a "liberdade" e outras imagens do gênero (...)" (p.38). Portanto, os princípios pregados nessa nova "religião" se transformam em dogmas a serem seguidos sem serem questionados.
Essas práticas tornam-se ainda mais alienadas quando as matrizes cientificistas querem mostrar que a Psicologia pode ser útil à ideologia vigente em nossa sociedade. De acordo com Figueiredo (idem) "(...) um dos focos mais antigos e constantes da pesquisa psicológica tem sido a elaboração de técnicas (...)" (p.31), essas, por serem consideradas científicas, justificam o sistema opressor da atualidade.
O mesmo ocorre quando as matrizes românticas e pós-românticas pregam que a própria escravidão é uma opção do sujeito. Portanto, "se tudo depende de mim, eu não preciso mais me preocupar com o outro e com a mudança social", e isso também significa legitimar que a sociedade precisa continuar como está
Essa mesma visão de Psicologia e de Homem é questionada por Ana Bock em seu artigo "Quem é o Homem na Psicologia?" quando afirma que "(...) a ênfase no indivíduo nos leva a perda total de condições de nos compreendermos." (Bock, 1997, p.07).
Portanto, identificar as ideologias presentes nessas matrizes é pressuposto fundamental para enxergarmos além das aparências. No mais, para compreendermos que, muitas vezes, estar aplicando técnicas "fechado em um consultório" não resolverá o problema de nosso paciente, e isso ocorre devido ao problema não estar apenas nele, mas, também, no contexto social em que está inserido. Assim, é preciso "derrubar" as paredes do "consultório do isolamento e do egoísmo", propondo, assim, uma Psicologia comprometida com a transformação social e humana.
- Figueiredo, L. C. M. (1994). Matrizes do Pensamento Psicológico Petrópolis - Rio de Janeiro: Vozes.
- Bock, A. M. B. (1997). Quem é o Homem na Psicologia? Interfaces, 1(1), 7-9.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
10 Mar 2011 -
Data do Fascículo
2000