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Pulsión, afecto y pasión: psicoanálisis y semiótica

Drive, affect and passion: psychoanalysis and semiotics

Resumos

Este artigo apresenta um estudo das premissas e hipóteses liminares, como também as dificuldades de uma pesquisa mais ampla a respeito, que se elabora na interface teórica entre a metapsicologia freudiana (pulsão e afeto) e a semiótica (das paixões). A proposta global é estabelecer uma teoria da paixão de cunho semiótico-psicanalítico, sob a égide do conceito de pulsão, e levar o conceito de paixão e pulsão a ganhar pertinência perante os demais conceitos psicanalíticos e semióticos respectivamente. A tarefa só pode obter legitimidade se as paixões puderem ser teorizadas e descritas como resultantes de conversões da pulsão (por recalcamento, denegação, sublimação, identificação…).

pulsão; afeto; paixão


Este artículo presenta un estudio de las premisas e hipótesis liminares, como también las dificultades de una investigación más amplia a respecto, que se elabora en la interfaz teórica entre la metapsicología freudiana (pulsión y afecto) y la semiótica (de las pasiones). La propuesta global es establecer una teoría de la pasión de cuño semiótico-psicoanalítico, bajo la égida del concepto de pulsión, y llevar el concepto de pasión y pulsión a ganar pertinencia ante los demás conceptos psicoanalíticos y semióticos respectivamente. La tarea sólo puede obtener legitimidad si las pasiones pueden ser teorizadas y descritas como resultantes de conversiones de la pulsión (por resentimiento, denegación, sublimación, identificación...).

pulsión; afecto; pasión


The current article presents and discusses the results of a research about the relation between Ethics and Clinic in the context of the This article presents both, a study in relation to preliminary propositions and hypothesis, as well as, the difficulties of performing a further research regarding the elaboration of a theoretical interface between Freudian meta-psychology (drive and affect) and the semiotics of passions. The global proposal is to establish a 'theory of passion' on semiotics bases, under the concept of 'drive', thus, leading concepts such as 'passion and drive' to get a pertinence and be as significant as the other psychoanalytic and semiotic concepts. This task can only be legitimated if 'passions' could be theorized and described as ' drive conversions resultants' by denial, repression, sublimation, identification and so on.

Drive; affect; passion


ARTIGOS

Pulsão, afeto e paixão: psicanálise e semiótica1 1 Apoio: CNPq.

Drive, affect and passion: psychoanalysis and semiotics

Pulsión, afecto y pasión: psicoanálisis y semiótica

Waldir Beividas

Doutor. Professor do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica – Instituto de Psicologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro–UFRJ

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Waldir Beividas. Rua 8 de dezembro 642 ap. 305, Vila Isabel, CEP 20550-200, Rio de Janeiro-RJ. E-mail: waldirbeividas@yahoo.com.br

RESUMO

Este artigo apresenta um estudo das premissas e hipóteses liminares, como também as dificuldades de uma pesquisa mais ampla a respeito, que se elabora na interface teórica entre a metapsicologia freudiana (pulsão e afeto) e a semiótica (das paixões). A proposta global é estabelecer uma teoria da paixão de cunho semiótico-psicanalítico, sob a égide do conceito de pulsão, e levar o conceito de paixão e pulsão a ganhar pertinência perante os demais conceitos psicanalíticos e semióticos respectivamente. A tarefa só pode obter legitimidade se as paixões puderem ser teorizadas e descritas como resultantes de conversões da pulsão (por recalcamento, denegação, sublimação, identificação ).

Palavras-chave: pulsão, afeto, paixão.

ABSTRACT

The current article presents and discusses the results of a research about the relation between Ethics and Clinic in the context of the This article presents both, a study in relation to preliminary propositions and hypothesis, as well as, the difficulties of performing a further research regarding the elaboration of a theoretical interface between Freudian meta-psychology (drive and affect) and the semiotics of passions. The global proposal is to establish a 'theory of passion' on semiotics bases, under the concept of 'drive', thus, leading concepts such as 'passion and drive' to get a pertinence and be as significant as the other psychoanalytic and semiotic concepts. This task can only be legitimated if 'passions' could be theorized and described as ' drive conversions resultants' by denial, repression, sublimation, identification and so on.

Key words: Drive, affect, passion.

RESUMEN

Este artículo presenta un estudio de las premisas e hipótesis liminares, como también las dificultades de una investigación más amplia a respecto, que se elabora en la interfaz teórica entre la metapsicología freudiana (pulsión y afecto) y la semiótica (de las pasiones). La propuesta global es establecer una teoría de la pasión de cuño semiótico-psicoanalítico, bajo la égida del concepto de pulsión, y llevar el concepto de pasión y pulsión a ganar pertinencia ante los demás conceptos psicoanalíticos y semióticos respectivamente. La tarea sólo puede obtener legitimidad si las pasiones pueden ser teorizadas y descritas como resultantes de conversiones de la pulsión (por resentimiento, denegación, sublimación, identificación...).

Palabras-clave: pulsión, afecto, pasión.

Um pesquisador em psicanálise que se depara com formulações tais como: "a pulsão é uma comichão, uma cócega que, vira-e-mexe, faz balancê", ou "a neurose é a captura da subjetividade pelo enigma tornado voragem", pelas quais um psicanalista, não importa quem, queira dar seu contributo à reflexão sobre as questões da psicanálise, logo percebe que elas ilustram um estilo literário que, com maior ou menor felicidade no gênio e pena de uns ou outros, impera maciçamente na psicanálise em geral, mormente a pós-lacaniana, no Brasil. Concordemos ou não com sua forma e conteúdo, apreciemos ou não as soluções poéticas encontradas, o direito à existência seguramente lhe é garantido, quando entendemos de boa vontade que toda pesquisa não se constrói senão pela pressão dos discursos concretos que são feitos num determinado campo.

Não obstante, a presente pesquisa, aqui noticiada nas suas premissas e hipóteses de partida, dados os limites do espaço disponível, segue outra via, menos literária, mais científica. É certo que as pulsões ou as paixões parecem constituir região psíquica escorregadia, arredia, em que tensões, forças, direções, intensidades ou energia, são de tal ordem intrincadas e evanescentes, que a princípio parecem desobedecer a quaisquer leis, navegar à deriva e ao mais completo acaso. Parecem difíceis de ser operadas pelo discurso da ciência, parecem constituir um imenso quebra-cabeça de enigmas que escapa à inteligibilidade e à descrição científica. Mesmo assim, considero válida uma aventura cognitiva que tente montar – não com as frases de efeito do poeta, mas com a paciente bricolagem do artesão – um modo de disposição desse quebra-cabeça, um modo ou estilo que chamo de "científico" (logo adiante apresento meu entendimento dele). De outro modo, trata-se de roubar do "acaso" tanto quanto possível um pouco da "necessidade", para usar expressões famosas de Monod (1970), talvez o otimismo científico de querer o acaso vencido peça por peça ou, nas palavras mais justas de Mallarmé (1945): o acaso vencido palavra por palavra (le hasard vaincu mot à mot).

PSICANÁLISE E SEMIÓTICA: RAZÕES DE UM ENCONTRO

O título do presente artigo já delimita o espaço cognitivo em que atua. Com referência à psicanálise, o estudo incide sobre o campo das pulsões, no interior do pensamento freudiano, mas toma como base teórica a reflexão lacaniana, que, de modo global, curvou a psicanálise para o terreno da chamada "episteme" da linguagem, sobretudo na fase estruturalista de sua teoria. Com o termo episteme, a partir de reflexões de Foucault (1966), quero significar o conjunto do saber do crer (modalidades epistêmicas, segundo a Semiótica) num campo de pesquisa: o pesquisador "crê-poder-saber" (sobre o inconsciente em geral) considerando-o sob a pertinência da linguagem (do Simbólico).

Não me escapam os riscos e as dificuldades da interface do estudo, no contexto geral das pesquisas em psicanálise pós-lacaniana. A primeira logo surge: trata-se da imensa dificuldade em fazer o campo psicanalítico pós-lacaniano estar suficientemente aberto a alguns conceitos novos, novos ângulos de enfoque, ou mesmo, por vezes, a retificações de conceitos que não estejam desde sempre na boca de Freud ou então nos famosos « significantes » de Lacan. O regime fiduciário que, via de regra, comanda o desenvolvimento do pensamento psicanalítico, desde Freud, acentuou-se drasticamente com Lacan; e depois deste, resultou em excesso de transferência para com ele, na pesquisa, como uma espécie de pânico transferencial, em que toda crítica aos fundadores é sempre suspeita, toda retificação de envergadura é desnecessária, toda hipótese que se queira nova vem barrada por um veto, porque não extraída do dixit Freud, corrigida ou referendada pelo dixit Lacan (Beividas, 1999a/b). Para limitar-me às convicções mais diretas neste quesito, entendo que toda pesquisa em psicanálise, sobretudo lacaniana, justamente porque atravessada por esse regime excessivamente transferencial, ou se atreve a um risco maior ou se torna uma repetição menor.

Uma segunda dificuldade vem do fato de que as teses linguageiras de Lacan perderam ultimamente seu elã. Como decorrência do que se convencionou chamar de súbita morte do estruturalismo, difunde-se a última etapa do ensino lacaniano, depois dos anos 70 de seu século, como se tivesse se afastado das questões de linguagem, do sentido, da estrutura, enfim, do registro do Simbólico, em prol do Real. A letra, o sintoma, o gozo, vêm postulados, desde então, como além da linguagem, da representação, ou como fora-sentido. São teses da leitura de seu genro, Miller (2001 a 2003), sobre as quais não cabe propriamente aqui fazer matéria de discussão (Beividas, 2004). Para contornar de pronto a dificuldade, bastaria apenas dizer que, assim como o retorno a Freud fez Lacan privilegiar o gênio do fundador nos textos do primeiro Freud, nada impede que acionemos legitimamente um retorno ao Lacan da linguagem.

Frente a essas, as dificuldades maiores são, no entanto, menos circunstanciais, mais epistemológicas. Sendo que uma justificativa mais extensa disso constitui já uma das etapas do trabalho global, indico aqui, liminar e brevemente, o que me leva a essa opção teórica, dentro do campo freudiano.

Sabemos que a definição mínima para as pulsões, no pensamento freudiano, situa-as num limiar entre o orgânico e o psíquico. Limiar fortemente problemático, pois, ao invés de permitir criar uma dócil passagem entre "corpo" e "espírito", toda tentativa de sua apreensão, descrição ou interpretação acaba, na verdade, atolando-se num fosso contraditório. Pessoalmente considero estar aí o aspecto mais dramático da episteme freudiana, entre um Freud que escreve seu Projeto (1895b/1973), calcado neurologicamente, esquece-o, não o publica, quer destruí-lo, e reescreve uma segunda metapsicologia onde, com dificuldades imensas, tenta mitigar o vestígio biológico em prol do registro do sentido ("psicológico" como postulava então), ou então os coloca lado a lado numa concomitância de difícil casamento. O sonho da injeção em Irma é emblemático da pressão contraditória desses dois registros e da luta íntima de Freud ao hesitar sobre a prevalência do sentido sobre o corpo, do psicólogo sobre o médico, do verbo sobre a carne, ou vice-versa. Uma citação de Freud, na abertura das investigações de seu livro-mor, a Interpretação dos sonhos (1900/1973), revela toda a propriedade dessa luta, e também a lucidez da sua posição:

Incluso donde lo psíquico se revela en la investigación como la causa primera de un fenómeno, conseguirá alguna vez un más penetrante estudio hallar la continuación del camino que conduce hasta el fundamento orgánico de lo anímico. Mas cuando lo psíquico haya de significar la estación límite de nuestro conocimiento actual, no veo por qué no reconocerlo así (1900/1973, p. 374).

Não obstante, o gesto teórico de inscrever a psicanálise cabalmente no paradigma do Simbólico, na episteme da linguagem, não foi um gesto freudiano propriamente dito. Ainda que admitamos tudo já ter-se intuído no pensamento do vienense, lacanianos ou não, a bem da verdade, não podemos negar ao psicanalista francês a ousadia de arriscar o passo: condicionar o inconsciente à linguagem. Interessa-me na ousadia o fato de que tal gesto é capaz de abrir a psicanálise a uma heurística externa. Interessa-me na tese lacaniana o fato de poder suportar o encargo de uma descrição, apreensão ou interpretação das pulsões, afetos e paixões, se não inteiramente homogênea, ao menos disciplinada epistemológica e metodologicamente. Basta que para isso a entendamos liberada do vírus do precursor – em acordo com a reflexão de um Canguilhem (1968/1981) – isto é, liberada de um dixit Freud ou dixit Lacan. Basta que não nos percamos no fascínio das tantas frases de efeito do estilo Lacan, não obstante seu valor e gênio. E nisso nada diferente do que ele próprio admitia: "Mas não é questão aqui de imitá-lo. Para reencontrar o efeito da palavra de Freud, não é a seus termos que recorremos, mas aos princípios que a governam" é como Lacan abre seu posicionamento, no cenário psicanalítico, quando de um famoso texto, hoje mais conhecido como discurso de Roma (1966, p. 292).

Situar a reflexão sobre pulsões, afetos e paixões, em psicanálise, no registro do sentido, não significa, porém, que esteja negada a parte que cabe ao corpo. Significa colocar a linguagem, o simbólico, como a sua « causa ». Não para responder a causalismos deterministas das ciências físicas, que se prolongam nas ciências neuronais de hoje. Significa indagar por que motivação ou causa (simbólica) se embatem pulsões, afetos e paixões quando habitam o corpo, e tentar levar isso adiante, às últimas conseqüências teóricas, até mesmo ao limite em que porventura, na jusante da pesquisa, tenhamos de reconhecer, para retomar uma aguda reflexão freudiana, termos contribuído para construir uma teoria bela, que os fatos covardemente terão assassinado depois.

A teoria que serve de interface ao presente estudo se introduz aqui como decorrência natural. A teoria semiótica tem como proposta metodológica de base a descrição do modo de construção da significação, da sua captação ou interpretação nos discursos em geral (verbais e não verbais). Por Semiótica entenda-se aqui não a teoria de Peirce, fundada na filosofia e na lógica, mas a corrente européia, construída a partir da lingüística de Saussure, e com os contributos teóricos de Hjelmslev, Jakobson, Benveniste, Lévi-Strauss (entre outros) por A. J. Greimas. A bibliografia ao final, no que se refere à semiótica, se enquadra nessa corrente.

Não é uma lingüística stricto sensu. Definindo a pertinência de seu campo de indagação totalmente circunscrita no registro do sentido, para ela uma descrição da física do corpo (nervos e músculos) constitui uma forma científica de descrição (neurológica, anatômica, fisiológica) que foge à sua pertinência, voltada eminentemente à forma semiótica (isto é, à significação múltipla do corpo ao sujeito). Com um nervo e um músculo não se constrói um espírito, tal como propunham votos demiúrgicos de uma famosa frase de Piéron (citado por Japiassu, 1976). Ela se alia a Valéry (citado por Zilberberg, 1988), para quem as palavras fazem parte de nós mais do que os nervos (les mots font partie de nous plus que les nerfs). O registro do sentido é para a semiótica - assim como o fora o registro do Simbólico para a psicanálise do Lacan (1966) estruturalista - um lugar privilegiado de descrição do campo passional (e pulsional), descrição passível, a meu ver, de ganhar maior coerência e rigor científico e melhor conseqüência nos seus resultados.

Pode parecer contra-senso evocar hoje no campo da psicanálise uma preocupação científica – justamente num ambiente onde a ciência passou a ser malvista – ou convocar, ao modo de heurística externa para a psicanálise, uma teoria semiótica que se propõe como um projeto de ciência, num ambiente onde quase toda a euforia atual pende para o literário, o poético. Mas quando se tem uma convicção forte, justamente por se poder apresentar sua singularidade no campo, não se pode abandoná-la ao primeiro sinal de empecilho. Mesmo porque toda a crítica à cientificidade no campo psicanalítico que me foi dado conhecer toma por parâmetro a episteme cartesiana, a positivista ou a neopositivista, a chamada ciência dura, das físicas e das matemáticas e, mais perto de nós, das neurociências. O campo psicanalítico reluta em se informar, via de regra, sobre a cientificidade inaugurada pela lingüística do século, cujo critério forte não é a descrição experimentalista e quantificadora dos dados, mas a da coerência da descrição, a da sua exaustividade no exame das mais finas articulações dos seus objetos conceptuais, e a da sua simplicidade, isto é, da elegância teórica dos modelos de descrição, nessa ordem de hierarquia (Hjelmslev, 1976).

O AFETO COMO PAIXÃO

Agora, o que se deve julgar é se minha idéia de que o inconsciente está estruturado como uma linguagem permite verificar mais seriamente o afeto.

(Lacan, 1974).

A hipótese inicial que move a orientação do presente estudo pode ser formulada brevemente da seguinte forma. Freud concebe as pulsões como a base do advento do psiquismo, um ab quo do inconsciente, de onde tudo começa para o inconsciente, isto é, a estaca de origem de tudo o que de normal a patológico vai se grafar no corpo e no psiquismo do sujeito. A pulsão deixa-se ver como matéria "mítica", espécie de barro adâmico com que sua teoria procurou esculpir o sujeito e seu inconsciente. Noutras palavras, o modo de seu desmembramento em pulsões de vida e pulsão de morte vai impingir a cada sujeito, como matriz de seu próprio ser, a sua singular estrutura psíquica (histeria, psicose, obsessão, perversão...). Por sua vez, cada sujeito herdará das trocas simbólicas da sua história íntima – e não direta e exclusivamente de predisposição orgânica – um modo particular de resolver suas pulsões sob a forma dessas matrizes. Estas canalizariam toda uma espécie de PATHOS de fundo, e a eficácia da sua clínica seria estimada por vir a atenuar o excesso patético em um infortúnio comum: "...pero ya se convencerá usted de que adelantamos mucho si conseguimos transformar su miseria histérica en un infortúnio corriente" (Freud, 1973/1895, p.168).

Freud não se cansou de confessar a obscuridade da matéria pulsional, a dificuldade da sua apreensão, e a psicanálise pós-freudiana e lacaniana procura hoje, mais que ontem, enfrentar o desafio de entendê-la. A dificuldade de conceptualização das pulsões advém do seu estatuto 'ôntico' frágil, porque situada num espaço estreito entre o orgânico e o psíquico, entre um irredutível ao instintual do imaginário etológico e um ainda-não-representável no registro anímico ou simbólico. Toda pressão de teorizar as pulsões para um lado ou para o outro, ou as faz retroceder ao biológico da matéria simples e 'estúpida', em cifras quantificadas, ou progredir no simbólico da mente complexa e inteligente, em discursos articulados, sendo, portanto, o maior desafio o de entendê-las nessa tensão.

Não obstante, a dificuldade não impediu Freud de dar às pulsões o encargo de se postarem como motores da construção da cultura, mormente através dos destinos da elaboração que elas, como força constante e endógena, exigem do psiquismo (como recalque, denegação, reversão, sublimação...). É sem dúvida uma premissa forte, que alça ao estatuto de paradigmática (Kuhn, 2003), porque rivaliza com a episteme behaviorista que estipula nos estímulos externos a mola exclusiva de ação do indivíduo e de construção da cultura.

Entenda-se bem, a premissa não exclui a pressão externa no regime pulsional, mesmo porque a "elaboração", teorizada por Freud, é guiada pelo que, nos termos de Lacan, ficou mais bem precisado como "demanda do Outro", isto é, guiada pelas inúmeras coerções que a ordem simbólica (regras profundas da linguagem, mas também o discurso microfamiliar, religioso, profissional, político, escolar...) impõe ao regime anárquico das energias pulsionais. Sua novidade paradigmática é, portanto, que ela inclui no conjunto das forças motrizes da cultura a demanda constante da excitação interna, a força constante das pulsões.

Por sua vez, na formulação sobre o conjunto das elaborações por que ela passa, um dos destinos da pulsão, o recalque, imprime ao seu quantum de afeto (destacado da representação) uma "transposição" particular, em angústia, concebida numa primeira teorização (até por volta de 1917) como o lugar de um excesso libidinal, não escoado adequadamente, e gerador-mor de somatizações sintomais (neuroses de angústia...). Mas Freud dá-nos também a indicação preciosa de um segundo tipo de transposição do quantum de afeto, que vê sob a forma de um afeto dotado de uma coloração qualitativa qualquer (Freud, 1915/1973).

Ora, sabemos que a psicanálise pós-freudiana e lacaniana vem dedicando muita atenção à angústia, tentando harmonizar sua definição primeira de efeito do recalque para causa do recalque, conforme se depreende da segunda teoria freudiana da angústia, com o acréscimo da reflexão lacaniana a defender a angústia como afeto por excelência, no seu estado bruto de um mutismo irrepresentável ou não-simbolizável enquanto tal. No entanto, salvo déficit de leitura pessoal, a mesma atenção ainda não contemplou o que seria uma conceptualização mais satisfatória do que Freud nomeou como afetos de coloração qualitativa; de modo que o presente estudo investiga a hipótese de conceber essa coloração qualitativa como tantos matizes tímicos (do grego TIMÉ @ sentimento) que compõem o imenso universo chamado das paixões.

O universo das paixões é um terreno de longa tradição no campo filosófico. Mesmo que saibamos nunca ter sido propriamente um lugar muito privilegiado nos sistemas de pensamento dos filósofos (na grande filosofia foi sempre a razão e sua crítica que esteve no centro do palco), ao menos testemunha que o homem sempre sofreu, mesmo antes de Freud. A psicanálise ainda não nascida, coube então em primeira mão à filosofia fazer um rastreamento desse sofrimento, na forma de várias teorias passionais locais: cólera, ódio, rancor, admiração, obstinação, avareza, paciência, tédio, inveja, gratidão, nostalgia, teimosia, desespero, indiferença, honra (para elencar poucas) compunham o universo passional erigido pela filosofia.

Por sua vez, no advento da psicologia como ciência autônoma, o conceito de paixão logo mergulhou num aglomerado terminológico confuso, no qual teve de disputar espaço com afeto, tendência, sentimento, emoção, inclinação, temperamento, sensibilidade, humor, etc. A situação semântica confusa, originada disso, aliada ao fato de que em psicanálise o conceito de paixão ainda recebe uma atenção muito aquém do que pode representar frente à pulsão, tudo isso nos obriga a procurar uma estratégia de entrada na arena da paixão. Tudo obriga a estabelecer um viés coerente para a integração do conceito de paixão no campo freudiano e o conceito de pulsão no campo semiótico.

As perguntas logo se impõem: pulsões e paixões pertencem a um mesmo universo? Será possível fazer dialogarem as matrizes patológicas da psicanálise freudiana com a configuração semiótica das paixões? Haverá chance de compatibilizar pulsão e paixão, ou de descobrir alguma simpatia mútua de origem e de percurso psíquico entre o pulsional e o passional? (Ressalto que os termos em itálico pedem para ser estimados não na sua poética de homofonia mas na direta etimologia do radical (PATHOS) e dos prefixos ("com" e "sim"), elementos de composição culta (latim e grego) que significam "junção, comunidade...").

No âmbito específico e restrito à psicanálise freudo-lacaniana, a procura de respostas parece à primeira vista bastante desconfortável, até mesmo desanimadora. A palavra paixão é um termo praticamente ausente do texto freudiano, e não tem direito nem à entrada como verbete num famoso vocabulário da psicanálise (Laplanche & Pontalis, 1988). Por sua vez, Lacan passou a vida pugnando veementemente para corrigir o equívoco da tradução do Trieb freudiano em instinto. Passou a vida teorizando o Trieb como pulsão e dedicando-lhe o encargo de suportar a dialética do desejo, constitutiva da subjetividade humana (1966, p.793-827). No entanto, mesmo tão próximo do seu ensino de então, outro eminente psicanalista, A. Green, entende poder dizer, com igual veemência, que a psicanálise lacaniana teria sido fundeada numa "exclusão" do afeto, no seu explícito banimento, ou até mesmo na "aversão" de Lacan pelo afeto (Green, 1982, p. 8, 120-1). O leitor interessado só pode ser levado a pensar que, para Green, pulsões e afetos seriam dois capítulos distintos e heterogêneos da psicanálise.

Mesmo se me coloco com os devidos resguardos – porque se trata de pesquisa em andamento – entendo que Lacan está em déficit com o afeto (paixão) não por qualquer aversão – injúria um tanto selvagem da divergência cognitiva de Green – mas sim, porque sua psicanálise não teria encontrado um modo de integrá-lo na pertinência linguageira do inconsciente, como articulado em linguagem2 2 E ainda sob as devidas reservas de um estudo inicial, entendo que, justamente por negar à estrutura de linguagem a prioridade sobre o campo do inconsciente, a Teoria do Afeto de Green corre o risco, salvo melhor juízo, de fazer o afeto retornar à instância "energética", exaurida do texto freudiano – o que não constituiria o delicado da questão – mas sem uma clara âncora descritiva (física, matemática, neurológica ?). Isto me impede – ao menos provisoriamente – de utilizar mais diretamente a teoria de Green nesta pesquisa em andamento. . Essa tarefa, ao que eu saiba, ainda não foi levada a bom termo no campo psicanalítico lacaniano ou pós, constituindo-se, antes, num desafio que o presente trabalho procura enfrentar. A epígrafe a este item me parece ajustar-se bem, ao mesmo tempo como registro desse déficit e como demanda de engajamento na indicação lacaniana, como estímulo à pesquisa.

SEMIOTIZAR A PULSÃO, O AFETO E A PAIXÃO.

Mesmo admitindo de bom grado o que alguns autores defendem como "a incrível riqueza das conceptualizações filosóficas concernentes às paixões e ao affekt" (Parret, 1987, p.167-9), o presente estudo não leva em conta o tratamento filosófico das paixões, por dois motivos básicos e decisivos: primeiro, a acuidade da reflexão filosófica, sem prejuízo do seu valor e do gênio, funda-se mormente na introspecção um tanto 'solipsista' do filósofo, atenta mas circunscrita no registro da consciência, da razão, da crítica da razão e seus desdobramentos: segundo, falta à introspecção especulativa da filosofia – não obstante movida por aguda intuição – o que entendemos como a empiria do discurso, isto é, a interpretação empírica e concreta da fala do outro, na qual a psicanálise de Freud praticamente fundeou a construção da maioria dos conceitos em psicanálise.

A psicologia também não se ajusta à estratégia pretendida, porquanto a elaboração da sua teoria passional se apóia, na maioria das vezes, numa caracterologia de disposições inatas, humores congênitos, temperamentos mais ou menos hereditários, ou seja, atributos prévios à trama simbólica, a qual, tanto para a semiótica como para a psicanálise do Lacan estruturalista, decide o ser do ser, decide o ser do sujeito: "O homem fala, portanto, mas é porque o símbolo o fez homem" diz uma das tantas frases diretivas de Lacan, num texto que tem todas as aparências de verdadeiro "manifesto" de chamada da psicanálise à ordem da episteme da linguagem, nos anos 50 do seu século, isto é, o já referido Discurso de Roma (1966, p. 276).

Desse modo, tanto o trabalho teórico de justificar epistemologicamente a introdução da paixão no campo psicanalítico, como o de integrá-la no pressuposto da estrutura linguageira do inconsciente, serão levados a efeito com o recurso metodológico da teoria semiótica, para criar o espaço de uma teoria passional de base psicanalítica, isto é, uma descrição das paixões que se elabore subordinada ao registro pulsional da psicanálise de Freud. Tento explicar.

A teoria semiótica se dedicou durante a vintena dos anos 60 e 70 do século findo a descrever o modo de construção da significação dos discursos em geral, (a) numa perspectiva narrativa – isto é, procurando extrair os microssemantismos que constroem a performance do sujeito-em-discurso (semiótica da ação) – e (b) numa perspectiva modal – isto é reconstruindo as diversas modalidades pelas quais se monta a competência (um querer-poder-dever-saber/ser ou fazer) do sujeito, em meio às mais variadas formas de "manipulações" e "contramanipulações" cognitivas entre sujeito e Destinador (@ Outro) (semiótica da manipulação e da sanção ). Atravessado esse ciclo, cuja incidência teórica maior focalizou o regime do enunciado, ela se voltou, desde fins da década de 70 do século passado, à instância da enunciação. Procurou pistas para descrever toda a sutileza semântica emaranhada que constitui a existência modal do sujeito, anterior à sua competência e à sua performance. Procurou descrever como o sujeito se sente, isto é, o sentir como primeiro ato de captação pré-cognitiva pelo qual se elaboram os simulacros passionais, pelos quais o sujeito se percebe e pelos quais vê o outro, na relação intersubjetiva que o define como sujeito. O empreendimento de uma semiótica das paixões vem procurando ultimamente interceptar a construção do sujeito numa instância anterior àquelas, isto é, onde seu sentir (seu afeto, sua paixão) encontra-se ainda num estágio fluido de pressentimentos, de primeiras tensões, direções, forias (euforia/disforia), forças ou energias, etapa preliminar de sua entrada na instância modal, onde essas tensões tomarão o curso de um querer-dever-poder-saber/ser ou fazer, sobremodalizados pelo CRER3 3 A bibliografia desses estudos é já bastante extensa. Por economia cito apenas Greimas & Fontanille (1991/1993) e Fontanille & Zilberberg (1998/2001) que congregam com mais propriedade as direções teóricas em semiótica atual. .

É impossível mostrar a economia dessa estratégia de descrição nos limites estreitos que aqui se impõem. Para ir rápido e direto ao fundo de minhas intenções nesta pesquisa, diria que três instâncias compõem o percurso gerativo da significação que a teoria semiótica estipula para qualquer discurso – (a) a instância, chamemos "ondular", da tensividade fórica; (b) a instância "modal", articulada nas modalidades do querer-dever... e (c) a instância discursiva "passional", onde se instauram o tempo (antes/ agora/ depois), o aspecto (incoativo/ durativo/ terminativo) e o espaço (aqui, aí, lá) que montarão a configuração passional do sujeito. Essas três instâncias podem ser homologadas ao que quero defender como um percurso gerativo do psiquismo inconsciente, constituído, em ordem de pressuposição, de três instâncias ou níveis de profundidade: (a) uma instância fundamental, "pulsional" (das moções pulsionais de Freud), que evoluiria para uma instância intermediária (b), "patológica" (das matrizes clínicas da histeria, obsessão...), que por sua vez culminaria na (c) instância "passional" (instância da paixão e do afeto a ser integrada na psicanálise lacaniana).

Sendo tudo isso a proposta de uma aventura cognitiva, desnecessário se faz estender-me sobre sua natureza hipotética. Nada mais se trata do que procurar levar adiante a tese-mor de Lacan: saturar – no sentido do termo em física, isto é, de ocupar todas as valências de um átomo – até o limite do possível a estrutura linguageira do inconsciente.

OBSERVAÇÕES FINAIS

Mesmo estando bastante ciente das dificuldades, no contexto intelectual presente do campo psicanalítico, em trabalhar numa região interdisciplinar, essa estratégia me parece defensável. Não apenas no nível pessoal, da convicção de que a ética da pesquisa não se alimenta de uma facilidade do presente, mas num alento do futuro. Do ponto de vista teórico, convocar uma teoria como a semiótica para o exame das pulsões e paixões significa, a meu ver, poder apresentar à psicanálise uma nova retomada de diálogo com outras teorias que igualmente apostam no registro do sentido, do simbólico, ou da linguagem, para a apreensão dos fenômenos psíquicos. Noutros termos, significa querer retomar uma época em que a psicanálise realmente se enriqueceu de conceitos e de rigor, a época dos anos 50 e 60 do século findo, com a abertura que Lacan proporcionou à psicanálise freudiana para a lingüística, para a filosofia, antropologia, matemática, topologia (para citar o mais significativo), período de grandes conquistas conceptuais.

Isto me parece salutar justamente porque ultimamente, a partir da morte de Lacan, a psicanálise herdada voltou a correr o mesmo risco de solipsismo, de enclausuramento, de auto-suficiência que caracterizou os discípulos de Freud até os anos cinqüenta. Ela começa novamente hoje a se ressentir dos embaraços das meras repetições, de mimetismos ou paráfrases menores do texto de Freud e, sobretudo, de Lacan. Não consegue efetivar um diálogo mais conseqüente com a comunidade científica, em que os conceitos tenderiam a perder, na discussão crítica, o ranço do esotérico. Parece correr o risco apontado pelo grande epistemólogo francês, G. Bachelard (1977), nas suas reflexões sobre a "formação do espírito científico" para quem todo o método, tornado hábito, perderia suas virtudes.

Por essas razões, o tipo de discurso ou de (meta)linguagem de descrição do universo pulsional e passional, importado do método semiótico pode-se apresentar como uma alternativa ao hábito imperante de cognição no campo psicanalítico, qual seja, o discurso eminentemente "estilístico", povoado de metáforas, de aforismos, que se presume autorizado pelo ensino de Lacan. Sem contestar a metáfora ou o poético como legítimos instrumentos de captação e de formulação dos fenômenos sutis da linguagem e, portanto, do psiquismo, apenas a sua proliferação, sem o lastro de uma demonstração consistente, pode até confortar uma ou outra veleidade poética, mas não otimiza a produção nem a transmissão da teoria.

Por fim, não será supérfluo, ou mesmo contra-senso, querer trazer para a psicanálise um novo campo de embaraços, o campo até hoje filosófico das paixões? Para seu foro íntimo (teoria e clínica) já não lhe bastam as agruras dos meandros histéricos, psicóticos, obsessivos ou perversos? Será necessário para sua clínica saber escutar a diferença entre a "indiferença" de um melancólico ou de um narcisista? Haverá alguma necessidade de distinguir o "desespero" quando se manifesta no discurso de um histérico ou de um psicótico ? Penso suficiente como resposta a mesma que um dia Freud deu a quem lhe insinuava se o seu cachimbo não trairia algo recôndito do seu erotismo (oral/homossexual), visto ter sido enquadrado por ele como objeto fálico – cito de memória – quando então o psicanalista fumante respondeu: por vezes um cachimbo não é mais que um cachimbo.

Quero dizer com isso que a estrutura psíquica de um sujeito é um intrincado nó górdio, em que por vezes uma manifestação aparentemente patológica pode eventualmente não ser algo além do que o estado mais "leve", conquanto de extrema sensibilidade, de uma manifestação passional. A escuta flutuante que dirige a clínica freudiana não pode ser limitada ao hábito de contentar-se em demarcar as matrizes patológicas, já clássicas do campo, e hipertrofiar para um lado ou outro a escuta do discurso do paciente. Pode correr o risco de cortar o nó a golpes de espada, como na lenda. Ao contrário, ela deve ser vista como instrumento de contínua abertura e acuidade que detecte no discurso do paciente uma "estereoscopia" cada vez mais fina da sua subjetividade. A própria entrada de Lacan (1975) no cenário psicanalítico de sua época, nos seus primeiros seminários, começou por pleitear isso:

Trata-se para nós de estabelecer uma perspectiva, uma percepção em profundidade de vários planos. Noções como o id e o ego, que nos habituamos por certos manejos a colocar de modo compacto, talvez não sejam um par contrastado. É necessário dispor aí em degraus uma estereoscopia um pouco mais complexa (p. 53).

Só assim se conseguirá ler nesse discurso as "duas mil" possibilidades de subjetividade, multiplicidade admissível que Lacan (1966) sugeriu poder ir tão longe quanto os modos pelos quais o sujeito permanece preso à sua "álgebra" singular (p. 816).

Recebido em 24/08/2005

Aceito em 12/03/2006

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  • Endereço para correspondência:

    Waldir Beividas. Rua 8 de dezembro 642 ap. 305, Vila Isabel, CEP 20550-200, Rio de Janeiro-RJ.
    E-mail:
  • 1
    Apoio: CNPq.
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    E ainda sob as devidas reservas de um estudo inicial, entendo que, justamente por negar à estrutura de linguagem a prioridade sobre o campo do inconsciente, a Teoria do Afeto de Green corre o risco, salvo melhor juízo, de fazer o afeto retornar à instância "energética", exaurida do texto freudiano – o que não constituiria o delicado da questão – mas sem uma clara âncora descritiva (física, matemática, neurológica ?). Isto me impede – ao menos provisoriamente – de utilizar mais diretamente a teoria de Green nesta pesquisa em andamento.
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    A bibliografia desses estudos é já bastante extensa. Por economia cito apenas Greimas & Fontanille (1991/1993) e Fontanille & Zilberberg (1998/2001) que congregam com mais propriedade as direções teóricas em semiótica atual.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Dez 2006
    • Data do Fascículo
      Ago 2006

    Histórico

    • Aceito
      12 Mar 2006
    • Recebido
      24 Ago 2005
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