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Escala de racismo moderno: adaptação ao contexto brasileiro

The modern racism scale: adaptation to Brazilian context

Escala de racismo moderno: adaptación al contexto brasileño

Resumos

O objetivo do presente estudo foi adaptar a Escala de Racismo Moderno ao contexto brasileiro. Pretendeu-se conhecer sua validade de construto (estrutura fatorial) e consistência interna (Alfa de Cronbach, alfa). Contou-se com a participação de 269 sujeitos, com idade média de 21 anos (DP = 4,76; amplitude de 15 a 38), em sua maioria do sexo feminino (73,6%), solteiros (81,8%) e estudantes universitários (74%). Estes responderam a perguntas demográficas e uma bateria de seis medidas, entre as quais a Escala de Racismo Moderno, que teoricamente cobre dois fatores nítidos: negação do preconceito e ameaça aos princípios de igualdade. Coerentemente, a análise fatorial realizada permitiu identificar dois fatores que explicaram conjuntamente 32,4% da variância total, sendo interpretados como negação do preconceito (alfa = 0,71) e afirmação de diferenças (alfa = 0,74). Estes resultados são discutidos à luz de estudos previamente realizados, sugerindo-se a possibilidade de se considerar uma estrutura bifatorial para a medida do preconceito sutil na população estudada.

preconceito; discriminação; afirmação de diferenças


The purpose of this study is to undertake a non-systematic revision of the bibliography dedicated to the perception The objective of the present study was to adapt the Scale of Modern Racism to the Brazilian context. Specifically, it was intended to know its construct validity (factorial structure) and reliability (Cronbach’s Alpha, alpha). It consisted of 269 subjects, average 21 years of age (SD = 4.76; ranging from 15 to 38). Most of them were female (73.6%), single (81.8%), and undergraduate students (74%). They answered demographic questions and a set of six measures. Among them was the Modern Racism Scale, which presents two theoretical factors: negation of prejudice and threat for equality principles. The factor analysis performed suggested two factors that together account for 32.4% of the total variance. Coherently, these factors were named as negation of prejudice (alpha = .71), and affirmation of differences (alpha = .74). These findings are discussed based on previous studies. it is suggested the possibility of consider a two-factors structure for measuring the modern prejudice on the studied population.

Prejudice; discrimination; affirmation of difference


El objetivo del presente estudio fue adaptar la Escala de Racismo Moderno al contexto brasileño. Se pretendió conocer su validez de construto (estructura factorial) y consistencia interna (Alfa de Cronbach, alfa). Se contó con la participación de 269 sujetos, con edad media de 21 años (DP = 4,76; amplitud de 15 a 38), en su mayoría del sexo femenino (73,6%), solteros (81,8%) y estudiantes universitarios (74%). Éstos respondieron a preguntas demográficas y un conjunto de seis medidas, entre las cuales la Escala de Racismo Moderno, que teóricamente cobre dos factores nítidos: negación del prejuicio y amenaza a los principios de igualdad. Coherentemente, el análisis factorial realizado permitió identificar dos factores que explicaron conjuntamente 32,4% de la variancia total, siendo interpretados como negación del prejuicio (alfa = 0,71) y afirmación de diferencias (alfa = 0,74). Estos resultados son discutidos a la luz de estudios previamente realizados, sugiriéndose la posibilidad de considerarse una estructura bifactorial para la medida del prejuicio sutil en la población estudiada.

prejuicio; discriminación; afirmación de diferencias


DOSSIÊ- EDUCAÇÃO

Escala de racismo moderno: adaptação ao contexto brasileiro

The modern racism scale: adaptation to Brazilian context

Escala de racismo moderno: adaptación al contexto brasileño

Walberto Silva dos SantosI; Valdiney V. GouveiaII; María Soledad NavasIII; Carlos Eduardo PimentelIV; Estefânea Élida da Silva GusmãoV

IDoutorando em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba

IIProfessor da Universidade Federal da Paraíba

IIIProfessora da Universidad de Almería – Espanha

IVProfessor da Universidade Tiradentes

VMestre em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Walberto Silva dos Santos. Universidade Federal da Paraíba, CCHLA – Departamento de Psicologia, Programa de Doutorado em Psicologia Social, 58059-900 João Pessoa, PB. E-mail: walberto-santos@hotmail.com

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi adaptar a Escala de Racismo Moderno ao contexto brasileiro. Pretendeu-se conhecer sua validade de construto (estrutura fatorial) e consistência interna (Alfa de Cronbach, a). Contou-se com a participação de 269 sujeitos, com idade média de 21 anos (DP = 4,76; amplitude de 15 a 38), em sua maioria do sexo feminino (73,6%), solteiros (81,8%) e estudantes universitários (74%). Estes responderam a perguntas demográficas e uma bateria de seis medidas, entre as quais a Escala de Racismo Moderno, que teoricamente cobre dois fatores nítidos: negação do preconceito e ameaça aos princípios de igualdade. Coerentemente, a análise fatorial realizada permitiu identificar dois fatores que explicaram conjuntamente 32,4% da variância total, sendo interpretados como negação do preconceito (a = 0,71) e afirmação de diferenças (a = 0,74). Estes resultados são discutidos à luz de estudos previamente realizados, sugerindo-se a possibilidade de se considerar uma estrutura bifatorial para a medida do preconceito sutil na população estudada.

Palavras-chave: preconceito, discriminação, afirmação de diferenças.

ABSTRACT

The purpose of this study is to undertake a non-systematic revision of the bibliography dedicated to the perception The objective of the present study was to adapt the Scale of Modern Racism to the Brazilian context. Specifically, it was intended to know its construct validity (factorial structure) and reliability (Cronbach’s Alpha, a). It consisted of 269 subjects, average 21 years of age (SD = 4.76; ranging from 15 to 38). Most of them were female (73.6%), single (81.8%), and undergraduate students (74%). They answered demographic questions and a set of six measures. Among them was the Modern Racism Scale, which presents two theoretical factors: negation of prejudice and threat for equality principles. The factor analysis performed suggested two factors that together account for 32.4% of the total variance. Coherently, these factors were named as negation of prejudice (a = .71), and affirmation of differences (a = .74). These findings are discussed based on previous studies. it is suggested the possibility of consider a two-factors structure for measuring the modern prejudice on the studied population.

Key words: Prejudice, discrimination, affirmation of difference.

RESUMEN

El objetivo del presente estudio fue adaptar la Escala de Racismo Moderno al contexto brasileño. Se pretendió conocer su validez de construto (estructura factorial) y consistencia interna (Alfa de Cronbach, a). Se contó con la participación de 269 sujetos, con edad media de 21 años (DP = 4,76; amplitud de 15 a 38), en su mayoría del sexo femenino (73,6%), solteros (81,8%) y estudiantes universitarios (74%). Éstos respondieron a preguntas demográficas y un conjunto de seis medidas, entre las cuales la Escala de Racismo Moderno, que teóricamente cobre dos factores nítidos: negación del prejuicio y amenaza a los principios de igualdad. Coherentemente, el análisis factorial realizado permitió identificar dos factores que explicaron conjuntamente 32,4% de la variancia total, siendo interpretados como negación del prejuicio (a = 0,71) y afirmación de diferencias (a = 0,74). Estos resultados son discutidos a la luz de estudios previamente realizados, sugiriéndose la posibilidad de considerarse una estructura bifactorial para la medida del prejuicio sutil en la población estudiada.

Palabras-clave: prejuicio, discriminación, afirmación de diferencias.

O estudo do preconceito floresceu durante a década de 1940, na ocasião em que o fascismo causou muitos danos na Europa (Myers, 1995). Este tópico de estudo se converteu logo em uma das áreas mais importantes da psicologia social aplicada. Atualmente, muito embora se possa pensar numa redução do preconceito, percebe-se na realidade que este fenômeno tem se apresentado em diversos contextos com outra conotação, considerada por alguns autores como sutil ou moderna (McConahay, Hardee & Batts, 1981; Navas, 1998; Pettigrew & Meertens, 1995). Tal fato tem levado esta disciplina a voltar-se uma vez mais para a questão, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento e à adaptação de instrumentos de medida que possam facilitar as atividades de pesquisa e intervenção nesta área (Brauer, Wasel & Niedenthal, 2000).

Tendo-se em vista a importância e necessidade de se contar com medidas válidas acerca das novas formas de preconceito no Brasil, estabeleceu-se como objetivo da presente pesquisa adaptar a Escala de Racismo Moderno (McConahay & cols., 1981) para este contexto, procurando seguir os passos adotados por Navas (1998). No entanto, considerando-se que as modificações percebidas nas formas de expressão do preconceito vêm impulsionando avanços teóricos nesta área de pesquisa, procurar-se-á, antes de apresentar os dados específicos deste estudo, tratar os aspectos conceituais e apontar alguns dos avanços mais recentes sobre as novas formas de expressão do preconceito.

Quando se trata da teorização do preconceito neste campo de estudo, é menção quase obrigatória a já clássica obra The nature of prejudice, publicada por Gordon W. Allport em meados de 1950, a qual apresenta os avanços conceituais empreendidos (Allport, 1954). De acordo com esse autor, é possível mesmo compreender o preconceito na origem etimológica e evolução histórica da palavra:

a palavra preconceito deriva do substantivo latino praejudicium, o que significa para os antigos um precedente, um julgamento baseado em decisões e experiências prévias. Mais tarde, o termo, em inglês, adquire o significado de um julgamento formado antes de exame e consideração direta dos fatos – um julgamento prematuro ou precipitado. Finalmente, o termo adquire também um caráter afetivo presente de favorabilidade ou desfavorabilidade que acompanha um julgamento prévio (p. 6).

Jones (1973) sublinha a presença de dois elementos na interpretação que Allport dá ao preconceito. O primeiro se refere ao preconceito como uma atitude negativa, e o segundo diz respeito à situação de desvantagem – muitas vezes injusta – em que se encontra o objeto do preconceito. Adicionalmente, Allport (1954) afirma que o preconceito étnico é uma antipatia baseada em generalização errada e inflexível, podendo ser sentido ou expresso. Desta forma, o preconceito pode dirigir-se a um grupo como um todo ou a um indivíduo em particular, por ser este membro de tal grupo. No que concerne à conduta grupal, Jacinto e Ortíz (1997) chamam a atenção para a divisão das pessoas em categorias sociais como um fator preponderante para a formação de viés ao nível de estereótipos, atitudes preconceituosas e condutas discriminatórias. Isso serviria para explicar, em parte, a manutenção desses vieses no Brasil, pois os grupos que se segregam não estariam cientes da etnia, mas se dividiriam em categorias em função da cor.

Nesta mesma direção, Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000) mantêm a opinião de que o preconceito é uma atitude intergrupal, sendo o estereótipo sua base cognitiva ou seja, as crenças que se nutrem acerca de grupos e indivíduos, os sentimentos dirigidos a este grupo ou a indivíduos por fazerem parte dele, como o componente afetivo, sendo a discriminação, portanto, o componente conativo, pois predispõe à ação (ver também Pereira, 2002). Sinteticamente, o preconceito se define como"uma atitude hostil ou negativa com relação a um determinado grupo" (Rodrigues & cols. 2000, p. 164). Tajfel (1984) explica que os estereótipos introduzem simplicidade e ordem onde há complexidade e variação quase ao azar, sendo os estereótipos um tipo particular de categorização que, juntamente com a assimilação e a busca de coerência, formaria o "esquema de etiologia cognitiva do preconceito" (p. 165).

No entanto, Huici e Moya (1994) destacam que o modo de se abordar a relação existente entre preconceito, estereótipo e discriminação depende da definição de atitude adotada. Ao assumir uma definição tridimensional, ou dos três componentes (cognição, afeto e comportamento), tratar-se-ia o preconceito como o aspecto afetivo de uma atitude negativa frente a um grupo, ou a membros de um grupo, sendo os estereótipos as crenças acerca de atributos associadas a tal grupo, e a discriminação, por fim, referindo-se à conduta ou ao tratamento dirigido, com base na pertença grupal. Mas, a partir de uma definição unidimensional, considerar-se-ia o estereótipo uma crença ou opinião que se distinguiria do preconceito, tido como uma atitude negativa (afetos negativos) frente a um grupo ou categoria social; sendo, pois, construtos distintos. Modelos atuais, nesse sentido, identificam o preconceito como uma atitude negativa frente a um exogrupo (out-group) ou dirigida aos seus componentes, baseada em percepções de suas características negativas (i.e., estereótipos) e resultante em comportamento discriminatório ou, simplesmente, discriminação (Smith, 1999).

NOVAS FORMAS DE EXPRESSÃO DO PRECONCEITO

No Brasil, nota-se que as raças se misturaram de tal forma que se tornou ingênuo falar em uma raça pura, de modo que se poderia pensar que o problema do preconceito racial está erradicado neste país. Entretanto, Schwarcz (1998), na tentativa de esclarecer esse aparente paradoxo, explica que na realidade ainda se encontram atitudes preconceituosas e condutas discriminatórias em relação aos negros, sendo que atualmente as pessoas expressam estas atitudes de forma indireta para não serem condenadas pelas convenções morais. Disso decorre que cada vez menos as pessoas se confessam preconceituosas com relação aos negros – também outros grupos minoritários, como homossexuais – e a maioria delas tenta rebuçar tal atitude, pois a desejabilidade social se impõe. Como explica a teoria do manejo da impressão: a atitude preconceituosa real e profunda perdura e não tem mudado; porém, dado que na atualidade não resulta socialmente desejável mostrar-se em público como alguém racista ou com preconceitos, as pessoas tendem a inibir respostas abertamente preconceituosas (Morales & Moya, 1996). Adicionalmente, não obstante a miscigenação, a nossa civilização tem conferido especial importância à cor da pele, sendo a pigmentação mais escura desvalorizada em função do preconceito de cor (Comas, Little, Shapiro, Leiris & Lévi-Strauss, 1970).

Vários autores discorrem acerca de formas sutis de preconceito (ver, por exemplo, Beal, O’Neal, Ong & Ruscher, 2000; Myers, 1995; Williams & cols., 1999). Estes apontam, unanimemente, que a preocupação dos estudiosos não reside mais em explicar atitudes e atos discriminatórios praticados de forma aberta e ativa, tendo em vista a mudança na expressão do preconceito; atualmente, os teóricos estão interessados em conhecer as formas sutis que são engendradas pelas normas e pressões sociais. Basicamente, trata-se de compreender como as pessoas, sendo preconceituosas, conseguem conviver em harmonia com os ditames sociais, espelhando-se em estilos comportamentais fundamentados na prática do politicamente correto. Mais precisamente, busca-se conhecer as formas alternativas, disfarçadas ou modernas de ser preconceituoso sem assumir abertamente este posicionamento, como outrora era comum.

Com relação às novas formas de expressão do preconceito, algumas abordagens, no cenário da psicologia social, tentaram aportar uma explicação para este fenômeno. Vejam-se, como exemplo, aquelas do racismo simbólico ou moderno (McConahay & Hough, 1976; Sears & Henry, 2003), racismo aversivo (Gaertner & Dovidio, 1977), racismo ambivalente (Katz & Hass, 1988) e preconceito sutil (Pettigrew & Meertens, 1995). Em suma, estas teorias convergem em indicar que a discriminação aberta – expressa por crenças sobre a inferioridade do grupo minoritário e o distanciamento social em relação a seus membros – vem sendo gradativamente substituída por formas mais sutis no tratamento discriminatório. Diferenciam-se, pois, duas categorias evidentes de preconceito, que, em termos mais didáticos, poderiam ser nomeadas como tradicional e moderna.

A primeira forma é designada por Pettigrew e Meertens (1995) como blatant prejudice, compreendendo um preconceito explícito ou flagrante, que apresenta características de ser caloroso, próximo e direto, tendo sido mais estudado na literatura. Já a segunda forma, denominada de subtle prejudice, traduz-se como um preconceito sutil, considerado uma manifestação fria, distante e indireta de subjugar membros de grupos minoritários. Em finais dos anos 1970 este novo tipo de preconceito começou a despertar a atenção dos pesquisadores, porém é mais recente sua análise e seu estudo no contexto brasileiro (Camino, Silva, Machado & Pereira, 2001; Turra & Venturi, 1995).

Apesar de ser comum contar com diversos instrumentos para medir unicamente o preconceito tradicional, como, por exemplo, aqueles que levam em consideração o contato social e os estereótipos (para uma revisão de tais medidas, ver Brauer & cols., 2000; Martínez, 1996), é mais raro encontrar no Brasil instrumentos psicometricamente adequados que procurem avaliar a dimensão do preconceito moderno. Neste sentido, poderia ser conveniente considerar medidas menos tradicionais de preconceito, assumindo, por exemplo, que as pessoas podem manifestar seu preconceito em relação aos negros de uma forma mais sutil (Brauer & cols., 2000; Navas, 1998; Williams & cols., 1999).

Considerando-se a norma "politicamente correta" (Plant & Devine, 1998) de não expressar ou demonstrar discriminação em relação aos negros, os brancos podem apresentar pontuações mais tendentes a uma avaliação positiva. Além disso, de acordo com McConahay (1986), o racismo moderno abrange quatro concepções principais: 1) a discriminação é considerada uma coisa do passado, pois agora os negros são livres para competir no mercado e possuir as coisas com que podem arcar; 2) os negros estão ocupando, rápida e fortemente, espaços nos quais são indesejados; 3) essas táticas e demandas não são justas; e, 4) conseqüentemente, as conquistas recentes não têm mérito e as instituições sociais estão dando mais importância e prestígio aos negros do que realmente eles merecem.

Nesta perspectiva foi desenvolvido um instrumento para mensurar o componente cognitivo das atitudes raciais sutis, o qual está diretamente relacionado com o afetivo. Trata-se da Escala de Racismo Moderno (McConahay, 1986; McConahay & cols., 1981), que foi adaptada para o contexto espanhol por Navas (1998). Esta versão foi considerada como referência principal no presente estudo, por representar uma adaptação de alguns itens cujo conteúdo reflete mais a cultura brasileira. Segundo McConahay e cols. (1981), quando comparada com medidas convencionais de preconceito, esta escala se mostra menos reativa. Para esses autores, o fato de esta medida cobrir aspectos mais sutis e indiretos do preconceito racial a torna menos susceptível ao viés de resposta denominado como desejabilidade social.

Com o objetivo de adaptar tal instrumento para o contexto espanhol, Navas (1998) realizou um estudo com 263 estudantes universitários, no qual, levando em conta o conjunto de itens, encontrou-se um índice de consistência interna considerado satisfatório (a = 0,83). O resultado da análise fatorial apresentou uma estrutura composta por três fatores, sendo o primeiro representado por quatro itens (F1 = itens 1, 2, 4 e 6), dos dez que compunham a escala, com cargas fatoriais iguais ou superiores a |0,60|; quatro itens com cargas fatoriais iguais ou maiores a |0,61| se localizaram no segundo fator (F2 = itens 5, 7, 8 e 10); e no último fator se agruparam apenas dois itens (F3 =itens 9 e 3), com cargas fatoriais de 0,89 e 0,59, respectivamente. O três fatores explicaram conjuntamente 61,8% da variância total, sendo 42% desta explicação atribuída ao primeiro fator, 11,1% ao segundo e 8,5% ao terceiro. A seguir, no método, são detalhados outros aspectos relacionados a este instrumento.

MÉTODO

Amostra

Considerou-se neste estudo uma amostra não-probabilística. Foram incluídas as pessoas que, contatadas, concordaram em colaborar no estudo. Além disso, fizeram parte do estudo apenas aquelas que, solicitadas a indicar sua raça / grupo étnico, identificaram-se como brancas (grupo majoritário), as quais deveriam responder em relação aos negros (grupo minoritário). Esta amostra foi composta por 269 participantes, com idades compreendidas entre 15 e 38 anos (M = 21,6; DP = 4,76), a maioria do sexo feminino (73,6%), solteiros (81,8%) e estudantes do ensino superior (74%). Uma descrição mais detalhada da amostra pode ser observada na Tabela 1.

Instrumentos

Os participantes responderam a uma bateria composta por seis medidas. Entretanto, considerando-se os propósitos deste artigo, unicamente se descreverá a Escala de Racismo Moderno (McConahay, 1986; McConahay, Hardee & Batts, 1981). Neste caso concreto, tomou-se em conta a versão espanhola proposta por Navas (1998). Nesta, o respondente deve ler os itens indicando quanto concorda ou discorda do conteúdo expressado, utilizando para tanto uma escala de sete pontos, tipo Likert, com os seguintes extremos: 1 = Discordo totalmente e 7 = Concordo totalmente.

A versão inicial deste instrumento estava composta por 10 itens, que indicavam, como antes citado, a presença de três fatores, a saber: ameaça aos princípios de igualdade e justiça (por exemplo,"Eles têm conseguido mais do que merecem";"Eles são muito exigentes em relação aos seus direitos"); negação do preconceito e da discriminação (por exemplo,"Eles nunca estiveram tão bem como agora";"Eles não necessitam de ajuda, apenas devem se esforçar"); e um terceiro fator, que segundo a autora, não se apresentou de forma clara, sendo representado por apenas dois itens ("Suas queixas recebem menos atenção do que as dos demais";"É compreensível estarem descontentes"). Contudo, a esta versão foram acrescentados no presente estudo sete novos itens, incluídos no final da escala (por exemplo,"Estão em moda suas danças pela sensualidade que expressam";"Apresentam melhor desempenho em modalidades esportivas").

Os itens iniciais da escala foram submetidos à tradução para o português, considerando-se a contribuição de um psicólogo bilíngüe que tinha vivido por quatro anos na Espanha. Feita a tradução, realizou-se a validação semântica dos itens originais e daqueles sete que foram inseridos, considerando-se uma amostra de 20 pessoas da população-meta. Nenhuma mudança substancial necessitou ser realizada, tendo sido demonstrado que tanto os itens como as instruções para responder a eles eram perfeitamente compreensíveis.

Uma folha final foi acrescida à bateria de instrumentos, denominada de Caracterização Demográfica. Nela foram solicitadas algumas informações que pretendiam unicamente descrever, caracterizar os participantes do estudo (por exemplo, idade, sexo, estado civil, grupo étnico).

Procedimento

Quatro pessoas se encarregaram de aplicar os questionários. No caso dos alunos universitários, a aplicação foi feita nas salas de aula, em horário cedido pelos professores; os não estudantes eram contatados em lugares públicos (por exemplo, centro da cidade, supermercados), pedindo-se-lhes que colaborassem com uma pesquisa sobre questões sociais. Independentemente da condição do participante, a todos foi dito que se tratava de uma pesquisa com o propósito de conhecer como as pessoas pensam e agem em sua vida cotidiana. Procurou-se assegurar o caráter confidencial de suas respostas e o pesquisador indicava um endereço onde poderiam ter acesso ao relatório final do estudo. Um tempo médio de 20 minutos foi suficiente para concluir sua participação.

Análise dos dados

O SPSS foi empregado para registrar e analisar os dados. Além das estatísticas descritivas (medidas de tendência central e dispersão), foram realizadas análises fatoriais (Componentes Principais, PC) para verificar a dimensionalidade da escala, bem como foi verificada sua consistência interna pelo coeficiente Alfa de Cronbach (a). Finalmente, calcularam-se testes t para amostras emparelhadas, procurando conhecer a natureza e direção do preconceito presumivelmente sustentado pelos participantes do estudo.

RESULTADOS

Antes de proceder à análise fatorial, verificou-se inicialmente a fatorabilidade da matriz de correlações. Os resultados obtidos indicaram a pertinência da realização deste tipo de análise estatística (KMO = 0,75, Teste de Esfericidade de Bartlett = 782,81; p < 0,001; ver Tabachnick & Fidell, 2001). Em seguida, adotando o procedimento descrito por Navas (1998), efetuou-se uma análise de Componentes Principais (PC), estabelecendo a rotação varimax. Fixou-se a extração de três fatores. Os resultados desta análise indicaram, de fato, a presença de três fatores com valores próprios (eigenvalues) iguais ou superiores a 1; no entanto, cabe considerar que a maioria dos itens do instrumento com carga fatorial igual ou superior a |0,40| se saturaram nos dois componentes iniciais (F1 = itens 1, 2, 4, 5, 8, 10, 14 e 15; e F2 = itens 11, 12, 13, 16 e 17), cujos valores próprios foram, respectivamente, 2,89 e 2,58, tendo explicado 17% e 15,2% da variância total. O terceiro fator, semelhante ao estudo realizado por Navas (1998), reuniu apenas dois itens (F3 = itens 3 e 9), com valor próprio de 1,38, explicando 8,4% da variância total.

Considerando-se os valores próprios, a porcentagem de variância total explicada, os índices de consistência interna dos três fatores (a = 0,70, 0,74 e 0,44, respectivamente) e observando-se o Scree Plot (ver Figura 1), parece pertinente considerar para este conjunto de itens uma estrutura bifatorial.


Ademais, no estudo realizado por Navas (1998), como dito antes, verificaram-se dois grandes componentes, representados pela maioria dos itens, e um terceiro componente formado por apenas dois itens. Este fator, segundo esta autora, se mostrou confuso. Portanto, tendo-se em vista estas razões, optou-se por realizar uma nova análise. Neste caso, procedeu-se a uma nova PC, fixando a extração de dois fatores e rotação varimax. Os resultados obtidos se mostraram mais coerentes, como se aprecia na Tabela 2 a seguir.

De acordo com a Tabela 2, os dois fatores apresentaram valores próprios superiores a 2,5, os quais são responsáveis conjuntamente pela explicação de 32,4% da variância total. Adotando-se o critério de carga fatorial igual ou superior a |0,40|, nove itens foram reunidos no primeiro fator. Este conjunto de itens explica 17,4% da variância total, tendo resultado em um a = 0,71. Decidiu-se denominá-lo de negação do preconceito, pois ressalta a idéia de que o preconceito não existe, sendo um artefato que tem beneficiado os negros (por exemplo,"A discriminação não é um problema no Brasil";"Eles não necessitam de ajuda, apenas devem se esforçar"). O segundo fator, nomeado como afirmação de diferenças, agrupou cinco itens (por exemplo,"Estão em moda suas danças pela sensualidade que expressam";"Possuem uma beleza diferente"), evidenciando certa especificidade do coletivo negro, seja por sua aparência seja por habilidades básicas. Esse item contribuiu com a explicação de 15,1% da variância total, apresentando consistência interna satisfatória (a = 0,74). Os itens de número 3, 7 e 9 foram excluídos por apresentarem cargas fatoriais abaixo de |0,40| nos dois fatores. Tais fatores se mostraram diretamente correlacionados entre si (r = 0,23, p < 0,001), o que sugeriu calcular também um Alfa de Cronbach para o conjunto de 14 itens (a = 0,74).

Definida a estrutura fatorial da Escala de Racismo Moderno, parece pertinente conhecer em qual dos fatores os participantes do estudo pontuam mais fortemente, e se estas pontuações indicam maior ou menor grau de preconceito, comparadas com a mediana da escala de resposta. Estes resultados são descritos a seguir.

Em se tratando de comparar as médias das pontuações dos participantes nos fatores de negação do preconceito (M = 2,78, DP = 0,94) e afirmação de diferenças (M = 3,93, DP = 1,21), percebe-se claramente maior endosso das idéias representadas por este segundo fator, isto é, os negros são diferentes, sobretudo em habilidades que demandam menor qualificação profissional (culinária, dança, trabalhos manuais), t (268) = 13,95, p < 0,001.

Como previamente se indicou, as pontuações em cada um destes fatores também foram comparadas com o ponto mediano da escala de resposta (4). Em relação ao primeiro fator, negação do preconceito, a diferença foi de 1,22 (DP = 0,94), indicando que este tipo de preconceito é pouco sustentado pelos participantes do estudo, t (268) = 21,34, p < 0,001. Por outro lado, no caso do segundo fator, afirmação de diferenças, as pontuações dos participantes diferiram muito pouco (diferença de 0,07, DP = 1,21) da mediana da escala de resposta, sugerindo que este tipo de preconceito encontra mais respaldo entre eles, t (268) = 0,95, p > 0,05.

DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo principal conhecer os parâmetros psicométricos da versão brasileira da Escala de Racismo Moderno, que considerou aquela proposta por Navas (1998). Confia-se que este objetivo tenha sido alcançado. As análises estatísticas realizadas permitiram comprovar sua validade de construto. Não obstante, é necessário reconhecer uma provável limitação deste estudo: a natureza da amostra considerada. Embora não tenha sido totalmente constituída do grupo de universitários, o número destes é mais que o dobro daqueles de nível médio e fundamental de instrução. Além disso, houve também uma preponderante participação de pessoas do sexo feminino. Estes dois atributos (maior escolaridade e sexo feminino) têm sido relacionados com orientações axiológicas que são mais condescendentes (por exemplo, universalismo, benevolência), inibindo a manifestação de qualquer preconceito em relação a grupos minoritários (Sagiv & Schwartz, 1995; Vera & Martínez, 1994). Estes aspectos, entretanto, não invalidam os resultados apresentados, embora limitem a conclusão acerca da natureza e direção do preconceito entre os brasileiros. Os resultados são discutidos detalhadamente a seguir.

Quanto aos parâmetros psicométricos desta medida, os achados foram bastante consistentes com aqueles descritos na literatura, mesmo tendo sido acrescidos sete itens na versão brasileira. Dos dez itens que compunham a versão espanhola, Navas (1998) sugeriu a exclusão de dois (3 e 9), os mesmos que não funcionaram na amostra ora considerada. A estrutura bifatorial relatada por essa autora foi também observada no presente estudo. Os dois fatores propostos por ela (ameaça aos princípios de igualdade ou de justiça e negação do preconceito e da discriminação) dizem respeito à percepção de que os negros têm alcançado mais do que merecem em direitos e influência sobre algumas decisões políticas, e à não existência do preconceito, relatando que os grupos minoritários devem enfrentar este problema sem ajuda especial. Todavia, neste estudo ambos aparecem como constituintes de uma única dimensão, nomeada como negação do preconceito. A outra dimensão encontrada no Brasil é caracterizada principalmente por uma afirmação de diferenças entre brancos e negros (afirmação de diferenças), em que os indivíduos tendem a supervalorizar características particulares e que exigem presumivelmente menor qualificação formal (bons dançarinos, ótimos cozinheiros) e generalizá-las aos negros como forma de disfarçar o preconceito. Embora pareça como um elogio, a idéia subjacente é de que brancos e negros são realmente diferentes, correspondendo à noção central de um preconceito disfarçado, sutil ou, simplesmente, moderno.

Embora Navas (1998) não tenha calculado coeficientes de consistência interna (Alfas de Cronbach) para seus dois fatores, ela o fez em relação ao conjunto de itens que os representam. O Alfa encontrado no contexto espanhol (a = 0,83) foi superior ao que aqui se relatou (a = 0,74), porém este pode ser considerado igualmente satisfatório, dada a extensão da escala (14 itens) e a natureza do construto (atitudes) (ver Peterson, 1994). Portanto, no conjunto, estes resultados apóiam a validade de construto da versão brasileira da Escala de Racismo Moderno, que permite contemplar novas facetas do preconceito racial que vêm sendo tratadas na literatura (Beal & cols., 2000; McConahay, 1986; Morales & Moya, 1996; Myers, 1995; Sears & Henry, 2003; Williams & cols., 1999). Pode-se, assim, assumir no contexto brasileiro uma estrutura de dois fatores que permitem expressar este tipo de preconceito.

Apesar da pertinência e justificação de uma pontuação total de preconceito moderno, é preciso reconhecer o valor de se diferenciarem suas dimensões específicas. Quando isso foi feito aqui, percebeu-se que, embora correlacionadas as pontuações em negação do preconceito e afirmação de diferenças, esta última é a forma predominante de manifestação do preconceito em relação aos negros entre os participantes deste estudo. Inicialmente soa como um elogio às habilidades dos negros, mas sutilmente assevera que estes são diferentes naquilo que tradicionalmente tem baixo status social e econômico. Esta forma de subjugar, discriminar e desvalorizar é benevolente apenas na aparência. É mais adequado tratá-lo como ambivalente: é elogiada e ressaltada a fragilidade do outro. Porém, este não é um tipo de resposta discriminatória apenas em relação aos negros; as mulheres também têm sofrido as conseqüências de um sexismo benevolente, que aparentemente as beneficia, mas no fundo não faz outra coisa que torná-las frágeis, tratadas como porcelanas, incapazes de qualquer decisão (Belo, Gouveia, Raymundo & Chaves, 2004).

Finalmente, quanto aos parâmetros psicométricos desta escala, embora tenham sido demonstrados índices que asseguram sua validade de construto, sugere-se em pesquisas futuras comprovar também sua validade convergente e precisão teste-reteste, o que poderia estender a conclusão acerca da adequação desta medida. Em caso de que seja replicado este estudo, será oportuno incluir pessoas da população geral, de outros estados e mesmo negras. Embora esta nova composição da amostra possa não ter efeito direto na configuração da estrutura fatorial do instrumento em pauta, certamente possibilitará conhecer melhor a natureza e direção do preconceito entre os brasileiros. No caso específico dos negros, contribuirá ainda para avaliar em que medida tem sido inculcado nestes o preconceito da maioria branca, resultando no endosso do preconceito em relação ao seu próprio endogrupo.

Recebido em 18/11/2004

Aceito em 16/07/2005

ANEXO – ESCALA DE RACISMO MODERNO

Por favor, leia atentamente cada um dos itens abaixo a respeito dos negros e em seguida, indique seu grau de concordância com cada um deles. Por gentileza responda todos, utilizando a escala abaixo, coloque ao lado de cada item o número que melhor representa sua resposta.

Discordo totalmente 1 2 3 4 5 6 7 Concordo totalmente

_____Eles têm conseguido mais do que merecem

_____Eles recebem muito respeito e consideração

_____Eles são muito exigentes em relação aos seus direitos

_____A discriminação não é um problema do Brasil

_____Eles têm muita influência política

_____Eles não necessitam de ajuda, apenas devem se esforçar

_____Eles devem superar o preconceito sem apoio como aconteceu com outros grupos

_____Eles são mais habilidosos em trabalhos manuais

_____Possuem maior habilidade culinária

_____Estão em moda suas danças pela sensualidade que expressam

_____Tem-se dada demasiada importância aos seus movimentos de protesto

_____Parece pouco prudente dar importância as suas queixas

_____Apresentam melhor desempenho em modalidades esportivas

_____Possuem uma beleza diferente

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  • Endereço para correspondência

    Walberto Silva dos Santos. Universidade Federal da Paraíba, CCHLA – Departamento de Psicologia, Programa de Doutorado em Psicologia Social, 58059-900 João Pessoa, PB.
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Mar 2007
    • Data do Fascículo
      Dez 2006

    Histórico

    • Recebido
      18 Nov 2004
    • Aceito
      16 Jul 2005
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