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O bebê imaginado na gestação: aspectos teóricos e empíricos

The imagined baby during pregnancy: theoretical an empirical aspects

El bebé imaginado en el embarazo: aspectos teóricos y empíricos

Resumos

Com base na literatura, discute-se neste artigo a construção do bebê imaginado feita pela mãe durante a gestação. São apresentados relatos de quatro gestantes que no início do estudo se encontravam no terceiro trimestre gestacional. Elas foram entrevistadas, no final da gestação e no terceiro e oitavo mês de vida do bebê. Nestas entrevistas abordavam-se os sentimentos e expectativas sobre a maternidade e sobre o bebê. A partir da teorização psicanalítica analisaram-se os relatos das gestantes sobre o bebê imaginado no qual a mãe investe a sua libido no intuito de constituir espaço subjetivo para receber o bebê da realidade. A partir deste estudo sugere-se que o bebê imaginado tem um importante impacto para a futura interação mãe-bebê.

bebê imaginado; gestação; interação mãe-bebê


Based on the literature, the mother's construction of the imagined baby during pregnancy is discussed. Reports of pregnant women who were in the third trimester of pregnancy at the beginning of the study are presented. They were interviewed at the end of pregnancy and in the baby's third and eighth month. In these interviews the feelings and expectations concerning motherhood and the baby were explored. Based on psychoanalytic theory we analyzed the pregnant women's reports concerning the imagined baby in whom the mother invests her libido in order to constitute a subjective space to receive the baby of reality. From this study it is suggested that the imagined baby has an important impact on the future mother-infant interaction.

Imagined baby; pregnancy; mother-infant interaction


Con base en la literatura, se discute en este artículo la construcción del bebé imaginado hecha por la madre durante el embarazo. Se presentan relatos de cuatro embarazadas que al inicio del estudio estaban en el tercer trimestre gestacional. Las entrevistas se hicieron al final del embarazo, en el tercer y octavo mes de vida del bebé. En estas entrevistas se abordaban los sentimientos y expectativas sobre la maternidad y sobre el bebé. A partir de la teoría psicoanalítica, se analizaron los relatos de las embarazadas sobre el bebé imaginado, en el que la madre invierte su libido con el objetivo de constituir un espacio subjetivo para recibir al bebé de la realidad. A partir de este estudio se sugiere que el bebé imaginado tiene un impacto importante para la futura interacción madre-bebé.

bebé imaginado; embarazo; interacción madre-bebé


ARTIGOS

O bebê imaginado na gestação: aspectos teóricos e empíricos

The imagined baby during pregnancy: theoretical an empirical aspects

El bebé imaginado en el embarazo: aspectos teóricos y empíricos

Andrea Gabriela FerrariI; Cesar A. PiccininiII; Rita Sobreira LopesIII

IPsicóloga Clínica e Psicanalista. Doutora em Psicologia do Desenvolvimento. Professora do curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional do UNILASALLE

IIPós-doutor. Professor Assistente do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

IIIDoutora. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Andrea Gabriela Ferrari Rua Mostardeiro 333, ap. 313 CEP: 90430-001, Porto Alegre-RS. E-mail: ferrari.ag@hotmail.com

RESUMO

Com base na literatura, discute-se neste artigo a construção do bebê imaginado feita pela mãe durante a gestação. São apresentados relatos de quatro gestantes que no início do estudo se encontravam no terceiro trimestre gestacional. Elas foram entrevistadas, no final da gestação e no terceiro e oitavo mês de vida do bebê. Nestas entrevistas abordavam-se os sentimentos e expectativas sobre a maternidade e sobre o bebê. A partir da teorização psicanalítica analisaram-se os relatos das gestantes sobre o bebê imaginado no qual a mãe investe a sua libido no intuito de constituir espaço subjetivo para receber o bebê da realidade. A partir deste estudo sugere-se que o bebê imaginado tem um importante impacto para a futura interação mãe-bebê.

Palavras-chave: bebê imaginado, gestação, interação mãe-bebê.

ABSTRACT

Based on the literature, the mother's construction of the imagined baby during pregnancy is discussed. Reports of pregnant women who were in the third trimester of pregnancy at the beginning of the study are presented. They were interviewed at the end of pregnancy and in the baby's third and eighth month. In these interviews the feelings and expectations concerning motherhood and the baby were explored. Based on psychoanalytic theory we analyzed the pregnant women's reports concerning the imagined baby in whom the mother invests her libido in order to constitute a subjective space to receive the baby of reality. From this study it is suggested that the imagined baby has an important impact on the future mother-infant interaction.

Key words: Imagined baby, pregnancy, mother-infant interaction.

RESUMEN

Con base en la literatura, se discute en este artículo la construcción del bebé imaginado hecha por la madre durante el embarazo. Se presentan relatos de cuatro embarazadas que al inicio del estudio estaban en el tercer trimestre gestacional. Las entrevistas se hicieron al final del embarazo, en el tercer y octavo mes de vida del bebé. En estas entrevistas se abordaban los sentimientos y expectativas sobre la maternidad y sobre el bebé. A partir de la teoría psicoanalítica, se analizaron los relatos de las embarazadas sobre el bebé imaginado, en el que la madre invierte su libido con el objetivo de constituir un espacio subjetivo para recibir al bebé de la realidad. A partir de este estudio se sugiere que el bebé imaginado tiene un impacto importante para la futura interacción madre-bebé.

Palabras-clave: bebé imaginado, embarazo, interacción madre-bebé.

Este estudo buscou investigar a construção do bebê imaginado feita pela mãe durante a gestação e o impacto dessa construção imaginativa para a futura interação mãe-bebê. As falas apresentadas ao logo do texto referem-se a cinco estudos de casos examinados em profundidade e na tese de doutorado da primeira autora do presente artigo (Ferrari, 2003). Os casos faziam parte do Estudo Longitudinal de Porto Alegre: Da Gestação à Escola (Piccinini, Tudge, Lopes & Sperb, 1998). Todas as participantes foram entrevistadas em três momentos diferentes, no final da gestação, no terceiro e oitavo mês de vida do bebê. Nestas entrevistas se abordavam longamente os sentimentos e expectativas sobre a maternidade, paternidade de seu marido/companheiro, sobre o bebê e futuro do filho desde a descoberta da gravidez. No terceiro e oitavo mês de vida do bebê, além daqueles aspectos, abordava-se, também, a experiência da maternidade naquele momento. Cabe ressaltar que todos os nomes são fictícios e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFRGS (Proc. 98/293).

Especificamente, para fins deste artigo, foram escolhidas algumas vinhetas dos relatos das gestantes entrevistadas que dessem conta do processo de construção do bebê imaginado feita pela gestante e seu impacto para a futura interação mãe-bebê. As entrevistadas foram denominadas ficticiamente de Silvia, Roberta, Diana, Joana e Maria. Silvia tinha na época da entrevista 32 anos, estava casada fazia quatro anos, tinha o ensino médio, trabalhava no comércio da família e era de Nível Sócio Econômico médio. Roberta, 30 anos, era casada há dois anos, secretária executiva, tinha curso superior e era de Nível Sócio Econômico médio. Diana, 28 anos, era vendedora, tinha curso superior incompleto, quando engravidou morava ainda com os pais mas, meses depois, foi morar com o namorado, pai do bebê, tendo Nível Sócio Econômico médio. Joana, 23 anos, tinha ensino fundamental, era dona de casa, morava com o companheiro há um ano, e era de Nível Sócio Econômico médio-baixo. Por fim, Maria, também com 23 anos, morava na casa dos pais do companheiro fazia dois anos e no momento da entrevista não trabalhava, sendo de Nível Sócio Econômico baixo.

Este artigo está dividido em três tópicos que facilitam a leitura, a saber – Aspectos subjetivos da gestação e a construção do bebê imaginado; O bebê imaginado e O bebê imaginado e o narcisismo materno.

ASPECTOS SUBJETIVOS DA GESTAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO BEBÊ IMAGINADO

A gravidez é considerada um período de expectativas e ensaios para o que está por vir e, além disso, é tida como uma fase na qual relacionamentos anteriores são re-elaborados, onde há um constante confronto entre a satisfação dos desejos e a possibilidade de reconhecer a nova realidade (Horstein, 1994). Além do corpo da gestante encarregar-se do crescimento físico do feto, acontece, no seu psiquismo, a formação da idéia de ser mãe e a construção de uma imagem mental do bebê (Stern, 1997). Para Stern, Stern-Bruschweiler e Freeland (1999) é como se ocorressem três gestações ao mesmo tempo: o desenvolvimento físico do feto no útero, uma atitude de mãe no psiquismo materno e a formação do bebê imaginado na sua mente. Cabe ressaltar que, na bibliografia psicanalítica não há, ainda, uma concordância entre os autores na denominação do fenômeno de imaginação de um bebê que ocorre durante a gestação. Lebovici (1987) diferencia um bebê imaginário (produto do sonho diurno) de um bebê edípico (herdeiro do complexo de Édipo materno), Aulagnier (1990) trabalha com o conceito de corpo imaginado que seria a possibilidade de representar o feto psiquicamente. Para fins deste trabalho, resolvemos utilizar o termo bebê imaginado pois daria conta dos processos conscientes e inconscientes colocados em jogo quando de uma gestação

Para Aulagnier (1990), a gestação deveria ser considerada em dois níveis – o biológico e o da relação de objeto. O plano biológico refere-se à lenta transformação da célula em ser humano. Quanto à relação de objeto, essa célula é representada, desde o seu princípio, pelo corpo imaginado que precede e acompanha a criança. Assim, na medida em que a gestação se desenvolve, vai se processando, no psiquismo da mãe, uma preparação para entrar em relação com a criança que está para nascer (Aulagnier, 1994; Lebovici, 1987; Stern, 1997, Stern & cols., 1999).

Em geral, as mulheres quando confirmam a gravidez têm sentimentos ambivalentes que, muitas vezes, geram-lhe conflitos, pois são interpretados como rejeição da gravidez e, conseqüentemente, do bebê (Soifer, 1973; Szejer, 1999). Esta ambivalência estaria relacionada, em grande parte, a esse movimento subjetivo a ser feito, de mudança de posição – de filha para mãe. Nesse sentido, podemos pensar que um luto da posição infantil se faz necessário, o que possibilita o acesso ao lugar materno a partir das identificações infantis (Debray, 1988; Ferrari, Picinini & Lopes, 2005). Para exemplificar este aspecto, podemos evocar uma frase enunciada por uma das entrevistadas do presente estudo, a gestante Silvia, que era primípara e estava no oitavo mês gestacional.

Silvia queria muitos filhos, mas quando engravidou:

"Meio que fiquei, não sei, me deu um tipo de depressão, não fiquei meio contente com a gravidez [quando pegou o resultado do exame de gravidez] voltei bem triste para casa, é que eu queria e ao mesmo tempo acho que fiquei meio que com medo, responsabilidade, não dava para voltar atrás. Mas fiquei contente cheia de planos".

Mas nem sempre o sentimento ambivalente se revela de forma tão clara e o movimento subjetivo para a maternidade se apresenta num estado de surpresa e deslumbramento, como pode ser visto em outra gestante investigada, Roberta:

"Como é que pode isso, um ser dentro de ti?! E a gente olha as ecos assim, a primeira vez que eu vi me lavei chorando (...) o primeiro mês porque ele é um embrião, uma coisa de nada e aparecia só uma bolinha de nada e mais nada. Então todo mundo chamava ele de feijão, era o feijão, depois foi subindo para soldadinho de chumbo, daí o da segunda, já bem formado (...) maravilhoso, lindo! (...) eu choro, choro de emoção (...) antes não era assim, porque eu tô gerando um bebê(...) então eu fico muito mais emocionada, mais sensível (...)".

Percebe-se como, apesar de Roberta se encontrar no final da gestação, ainda fala da sua experiência com certo deslumbramento, como se esse lugar materno ainda estivesse em construção, caracterizando esta fase como um momento privilegiado e cheio de surpresas. O fato de gerar um bebê dentro de seu próprio corpo é um fato extremamente valorizado, deixando-a em uma posição privilegiada frente às outras pessoas.

Outra gestante entrevistada, Diana, evocou a seguinte frase que dá conta do movimento subjetivo da passagem do ser filha para o ser mãe. Falando a respeito de uma discussão que teve com sua própria mãe refere:

"(...) daí começou aquelas coisas de mãe, não eu, a minha mãe (...) acha que o filho ia ser dela (...) e eu comecei a não gostar muito (...) essas coisas que a gente quer fazer para o filho da gente (...) daí eu resolvi que eu ia sair de casa (...)".

Neste caso, tratava-se de uma gestante, também primípara, que ainda morava com seus pais, apesar de ter independência financeira. A gravidez tinha acontecido por acaso e foi o fato de a sua mãe tentar se adonar do neto que a levou a oficializar o relacionamento com o namorado constituindo outra família. A passagem subjetiva do lugar de filha para o lugar materno parece ter acontecido para garantir a posse do filho. A avó era caracterizada como uma mãe invasiva que queria determinar como ela tinha que organizar a vida e cuidar do filho. Para impor um limite, foi necessário retomar o relacionamento com o namorado (pai do bebê) e passar a morar em outra casa.

O BEBÊ IMAGINADO

Diversos autores têm enfatizado que a relação da mãe com o bebê existe desde antes da gravidez, nas fantasias da mulher relacionadas com a possibilidade de ter um filho. Lebovici (1987) denominou esse processo de vinculação de bebê imaginário. Brazelton e Cramer (1992) afirmaram que, a mãe, personificando o feto e atribuindo-lhe características e personalidade, começa a relacionar-se com ele. Geralmente, as futuras características da criança estão relacionadas com o jeito de ser dos pais ou de algum parente próximo que ocupa um lugar privilegiado para eles. As gestantes demonstram necessidade de inserir o bebê em uma linhagem da qual elas também fazem parte, caracterizando o bebê a partir de semelhanças a um dos pais ou no casal (Piccinini, Ferrari, Levandowski, Lopes & Nardi, 2003). Por exemplo, Silvia descreveu o filho como: "eu acho que vai ser calmo, porque eu sou bem calma e meu marido também".

O bebê imaginado permitiria à mãe inseri-lo dentro de uma ordem de coisas da qual ela também faz parte (Horstein, 1994). Para Szejer e Stewart (1997), durante a gravidez a mãe antecipa o nascimento do filho, a partir das marcas deixadas pela sua própria história. Aulagnier (1994) menciona ainda que nesta relação imaginária estabelecida desde o início da gravidez, o feto não é enxergado como tal, mas é representado como um bebê com um corpo completo e unificado. A autora denominou essa imagem de corpo imaginado, na qual a libido materna passa a ser despejada. Para Horstein (1994), é fundamental que o processo de imaginar o bebê se inicie assim que a mulher confirma a sua gravidez. É isso que possibilitará que o feto mude de estatuto para o ser criança. Se isso ocorre, a criança, desde a sua concepção, estará inserida no mesmo mundo simbólico dos pais e fará parte dele (Aulagnier, 1990). É esse corpo imaginado que permitirá que a futura mãe invista libidinalmente no seu bebê, reconhecendo-o como um corpo separado do dela. Frases evocadas ainda na gravidez dão conta de que o feto que está sendo gestado será um novo sujeito, com características próprias a serem descobertas pela mãe. Por exemplo, em Roberta este fenômeno aparece como um sentimento de insegurança no cuidado do bebê:

"Eu tenho medo que ele chore e não saiba o que fazer. Porque eu não tenho mãe, porque ela não vai estar perto de mim para me dar conselho e me ajudar".

Apesar de esta frase se referir à ausência da própria mãe para lhe ensinar a ser mãe ela também dá conta de que o bebê será um outro sujeito dotado de sentimentos e emoções e, que ela, no papel de mãe, terá que decodificar suas necessidades para satisfazê-lo. Se sua própria mãe estivesse presente, poderia lhe oferecer certas pistas e parâmetros necessários para a interpretação das necessidades do bebê. Nesse sentido, apesar de ainda grávida, Roberta oferece ao bebê um lugar de sujeito com suas próprias necessidades. Outra mãe, Diana, refere que:

"O meu filho, eu tenho certeza, vai ser muito mais grudado no pai do que comigo, não sei porque (...) o A. [marido] chegou e falou com ele essa criança começou a pular e a chutar, fica enlouquecido, numa felicidade!".

Ela própria se diz mais apegada ao pai do que a mãe, sendo esta a expectativa lançada para o filho. Nestes movimentos imaginativos a respeito do filho encontra-se a possibilidade de tomá-lo como sujeito diferenciado e não apenas uma extensão do próprio corpo, vislumbrando a constituição de um outro sujeito. Mesmo vislumbrando ali um outro ser, percebe-se que as características a ele oferecidas não se distanciam muito do que lhes é familiar, conhecido. Assim, somente pode se caracterizar o filho a partir das marcas deixadas pela própria vida.

Já para Lebovici (1995), haveria três bebês na mente materna. Um bebê edípico, resultante da própria história edípica infantil da mãe, o qual é considerado o mais inconsciente de todos e acompanhado dos desejos infantis dessa mulher. Esse seria o bebê da fantasia, o desejo de ter tido um filho com seu pai que foi reprimido quando da dissolução do Complexo de Édipo. O outro bebê, segundo o autor, seria o bebê imaginário, construído durante a gestação, o bebê dos sonhos diurnos e das expectativas, o produto do desejo de maternidade. Por fim, o terceiro seria o bebê propriamente dito, aquele que a mulher segurará nos braços no dia do nascimento.

Todo o trabalho imaginativo sobre o futuro bebê durante a gravidez se apóia nas modificações corporais progressivas das gestantes, reforçando as fantasias presentes desde antes da concepção (Debray, 1988). Esse movimento imaginativo permite que aconteça manifestações fantasmáticas muito ricas ao redor do bebê imaginado. Caberia aqui lembrar a idéia freudiana sobre a necessidade que os movimentos representativos têm de se apoiar, num primeiro momento, nas funções corporais (Freud, 1905/1990).

Isto parece retratado na fala de uma das mães do nosso estudo, Silvia, que se sentiu deprimida durante os primeiros meses da gestação e saiu da tristeza depois que começou a perceber o filho se mexer: "Eu pra mim, se mexendo, é um sinal de vida".

Assim, a possibilidade de pensar um corpo para o seu filho ocorre, também, pela capacidade de a mãe representar as suas modificações corporais e dar-lhes um sentido para além do entendimento concreto. Pareceu-nos ser um movimento fundamental, pois, havendo uma capacidade de a mãe simbolizar as modificações físicas em função de uma produção subjetiva, haveria a garantia, desde o início, de o bebê se inserir em uma cadeia geracional. Sendo portador de uma história, o bebê teria ao seu encargo a montagem de um futuro, a partir das pistas oferecidas pela mãe, que lhe diga respeito.

Nesse sentido, cabe citar novamente a teorização de Aulagnier (1994), a qual afirma que um sujeito é constituído pela linguagem. Nesse aspecto, frases evocadas por mulheres grávidas sobre os movimentos fetais tendem a dar forma e sentido ao que é percebido. Certamente, esta percepção está relacionada aos aspectos subjetivos e históricos dessa mulher. Assim, falas como as de Joana "Acho que vai ser jogador de futebol porque ele está sempre chutando" ou de Maria "Acho que ela quer nascer logo, se espreguiça o tempo inteiro, as vezes consigo sentir o pezinho dela aqui" dão conta da capacidade representativa materna que insere o feto em uma cadeia geracional, posicionando-o como sujeito diferenciado.

Stern (1997) acredita que o desenvolvimento do feto e o da representação do bebê feita pela mãe (bebê imaginado) não ocorreriam paralelamente. O autor afirma que, no quarto mês de gestação, há uma intensificação por parte da mãe da representação do seu feto como bebê imaginado e que essa representação atingiria seu topo por volta do sétimo mês da mesma. Segundo Stern (1997), no final da gravidez haveria uma escassez ou anulação de representações, porque a mãe precisa preparar-se para a chegada do bebê real e preservar-se da discordância entre o bebê imaginado e o bebê da realidade.

Geralmente, é a partir do terceiro mês de gestação que a futura mãe se permitiria iniciar o processo de imaginar seu bebê (Stern & cols., 1999). Isso coincide com o término do período mais propenso a abortos espontâneos e o momento no qual a gravidez entra numa fase relativamente segura. No quarto mês de gestação, a experiência com o feto da realidade se antepõe à construção da imagem do bebê. Isso ocorre não somente pelos exames de ultrassonografia, mas, também, pela possibilidade de sentir os movimentos fetais. A mãe começa a fazer leituras desses movimentos que, com certeza, têm relação com seus desejos a respeito desse filho. A realidade dos movimentos fetais e das ultrassonografias proporciona mais dados para serem acrescentados ao bebê imaginado. O período entre o quarto e o sétimo mês é quando a imaginação das futuras mães estaria mais fecunda, e no sétimo ou no oitavo mês de gestação o bebê está bem definido na mente materna. Entre o oitavo e o nono mês da gravidez, acontece uma inibição do processo imaginativo relacionado ao bebê. Esse processo ocorre em função da proximidade do parto, momento no qual se encontrarão o bebê imaginado e o bebê real. Se até o sétimo mês da gravidez a mãe tomava traços emprestados de familiares e do marido para montar o seu bebê imaginado, no final da gravidez aconteceria um processo de apoderar-se desse ser que está para nascer e começar a perceber-se como sendo aquela que terá mais importância na vida do mesmo, apresentando uma sensação de propriedade em relação a ele.

O BEBÊ IMAGINADO E O NARCISISMO MATERNO

Então o bebê imaginado possibilita à mãe entrar em relação com seu filho muito antes de ele nascer (Brazelton & Cramer, 1992). Nessa construção, a mãe vai personificando o feto para que, no momento do nascimento, ela não se encontre com alguém completamente estranho. Essa personificação do feto vai acontecendo à medida que os pais escolhem o nome do bebê, suas roupas e, também, modificam a casa. Ao dar características aos movimentos fetais, personificar esses movimentos, dizendo o que esse filho será, acaba atribuindo uma personalidade ao feto. Em geral, as mães atribuem características físicas e psíquica ao bebê que o familiariza, fazendo parte desde o início daquela família em particular. A frase evocada por uma das gestantes (Diana) de sete meses dá conta deste aspecto. Acreditava que o filho seria:

(...) tipo polaco, com umas bochechas vermelhas, gordinho, com o narizinho empinadinho (...) os olhos não consigo decifrar, porque a cor dos olhos é uma coisa que eu quero saber muito (...).

Descrevendo as características físicas do bebê, parecia que estava falando do marido, sendo que os olhos, característica importante de valorização física, pareceria ter receio de tecer alguma hipótese (o marido tinha olhos azuis muito claros que ela valorizava muito).

Neste sentido, Brazelton e Cramer (1992) colocam que o movimento imaginativo possibilita acionar o que eles denominaram de apego primordial. Segundo eles, os desejos narcisistas dos pais são fundamentais para a construção do bebê imaginado. São esses desejos narcisistas colocados no bebê imaginado que preparam a mãe para se vincular a seu futuro bebê, acreditando que o mesmo é a coisa mais importante e preciosa de toda a sua vida. Isso possibilita que a mãe suporte as demandas constantes do recém-nascido, em função desse deslocamento do narcisismo que aconteceu na gravidez. Podemos exemplificar esse aspecto narcísico, já salientado por Ferrari e cols. (2005) a partir da fala de Roberta:

"Ricardo, para mim, vai ser um grande homem, um presidente, não presidente do Brasil, mas presidente de uma grande empresa, assim, vai ser uma pessoa muito importante. É o que eu quero. E um esportista também, eu quero que ele seja, eu quero que goste muito de esportes, seja estudioso. O pai quer que ele use óculos e que saiba todas as constelações, que seja daqueles guris bem malucos, que use óculos e fique sério. Eu disse - ‘não senhor, vai falar nome feio, vai fazer de tudo esse guri!' E a história do esporte eu acho bem legal, assim, eu gosto muito de esporte, as minhas irmãs, as duas são atletas. E eu acho que o esporte tem que estar na vida da gente."

Na construção do bebê imaginado por esta gestante percebe-se o quanto o bebê está no lugar daquele que virá superar as frustrações que ela e o marido passaram e estão passando. O marido desta gestante ocupava um cargo executivo em uma multinacional e tinha perdido o emprego no mesmo mês em que ela engravidou. Até o momento da entrevista (oitavo mês da gestação) ele não tinha conseguido outro trabalho, sendo que estava vivendo de trabalhos de free-lancer a empresas. A questão do esporte encontra um lugar privilegiado para ela, pois faria com que se retomasse um vínculo com sua família de origem. Ela não estava se sentindo amparada e valorizada pelas irmãs e, nesse aspecto, a vinculação do filho ao esporte faria com que ela retomasse um lugar de reconhecimento perante essas irmãs, afetivamente afastadas do convívio. O aspecto do estudo entra em cena, visto que, apesar de ela ter feito uma graduação, trabalhava em outra área bastante diferente daquela em que se formou, não precisando para seu exercício de curso superior. Além desse aspecto, o marido se encontrava às voltas com o término da faculdade, com bastante dificuldade, pela angústia gerada pela perda do emprego e a proximidade do nascimento do filho.

Na gestação, a futura mãe vai tomando o bebê como objeto, o que lhe permite a montagem de um bebê imaginado, e é nesse objeto que a mãe investe a sua libido, investimento este narcisista, já que, aparentemente, visa à própria pessoa (Aulagnier, 1994, 1979; Horstein, 1994). À medida que a gravidez acontece, esse investimento narcisista vai se intensificando, sendo, conforme Bydlowski (2000a), comparado ao enamoramento (conforme Freud, 1921/1990). A diferença encontrada pela autora é que, no enamoramento, o objeto difere do eu, o que não acontece na gravidez, na qual o objeto não é diferente do eu materno, mas dele faz parte. Aulagnier (1990) considerou esse processo como um investimento libidinal, mas que não ocorre por um desinvestimento do narcisismo materno em função do bebê, havendo um "...sobreinvestimento narcisista daquilo que é sentido como uma produção endógena, como algo que vem acrescentar-se ao próprio corpo" (p. 18). Estes aspectos teóricos podem ser exemplificados em falas de gestantes a respeito de potência e completude. Na fala de Roberta, a capacidade de gerar um bebê é vista como um milagre "Como pode isso dentro de ti, do teu corpo?! Tenho a sensação de poder tudo, de estar vivenciando uma situação milagrosa!". Para Aparecida, "Eu me sinto tri-forte, sabe".

Nesse sentido, pensamos que o que é colocado nesse investimento libidinal na gestação é a possibilidade de sentir-se extasiada pela possibilidade de - investindo aparentemente em um outro ser – acabar, na verdade, com uma montagem narcísica de completude e não castração. Esta montagem narcísica lhe oferece a ilusão de satisfazer, através desse outro, que ao mesmo tempo é ela mesma, as frustrações impostas pela vida.

O narcisismo da infância permitiria fazer um movimento de torção do objeto real em objeto fantasiado (Nasio, 1997). Partindo disso, pensamos que, no movimento da gestação em relação ao objeto, a gestante partiria do oposto, ou seja, de um objeto fantasiado que possibilita que um objeto real surja como privilegiado. Para Nasio (1997), o narcisismo é um estado particular do eu que objetiva incorporar o objeto real para transformá-lo em fantasia, passando a ter um lugar de objeto sexual que se faz amar e desejar pela pulsão sexual. Na gestação, pareceu-nos que o narcisismo materno parte do objeto fantasiado, possibilitando que o objeto real surja como separado do seu eu. O objeto que partiu da fantasia pode se deixar amar e desejar pelo eu que o criou.

Para Freud (1917/1990), as produções artísticas podem ser consideradas um caminho privilegiado para retornar da fantasia à realidade, pela sublimação. Podemos pensar que, talvez, o movimento sublimatório entre em jogo na construção da maternidade, visto a necessidade do forte investimento pulsional, feito pela mãe, para a sobrevivência do bebê. Porém, como foi relatado anteriormente, o investimento pulsional materno não implica esvaziamento narcísico, mas, sim, muitas vezes, uma inflação narcísica. Isso nos fez pensar na possibilidade de interligar o narcisismo materno com uma capacidade sublimatória, ou seja, a meta da pulsão materna dirigida ao bebê poderia não objetivar uma meta de satisfação sexual. Talvez esteja nesse movimento de partida da fantasia à realidade, de forma sublimada, a importância da montagem do bebê imaginado na apropriação do corpo do bebê como objeto privilegiado do desejo materno.

Considerando esses aspectos, pode-se pensar, na diferença entre o enamoramento pelo bebê durante a gestação (Aulagnier, 1990; Bydlowski, 2000a) e a proposta de enamoramento freudiana (Freud 1921/1990, 1914/1990). Freud refere que no enamoramento haveria um esvaziamento narcísico pelo investimento no outro. Já Bydlowski (2000a) e Aulagnier (1990) referem que no enamoramento em relação ao bebê durante a gestação, não haveria um esvaziamento do narcisismo materno, pois o bebê se constituiria numa produção eminentemente narcísica. Assim, não ocorreria uma deflação do eu pela vinculação do bebê imaginado a esse eu que o imagina. Então, podemos concluir, como Aulagnier (1979), que a mãe, na relação com o bebê, pode vivenciar seu próprio passado sem os conflitos com os quais ela teve que lidar. Além de ter, ilusoriamente, a possibilidade de vivenciar esta relação de forma pacífica, vivencia a experiência passada de forma invertida, experiência essa que diz respeito ao surgimento do desejo dos seus pais por ela e, agora, dela pelo filho. Nesse momento original do desejo, pode-se dizer que há uma conformidade muito grande entre a mãe e o bebê. Dessa forma, Violante (2001) afirma que, "...a imagem do bebê que a mãe constrói durante sua gestação, a qualidade e intensidade do investimento nesta imagem serão função da imagem e do investimento que ela poderá ou não preservar na criança que foi" (p. 46).

Bydlowski (2000b) referiu que, sendo um investimento quase absolutamente narcísico em relação a um objeto que faz parte de si, é comum que as grávidas fiquem sensibilizadas com questões que digam respeito à gravidez, assim como que relembrem fatos aparentemente esquecidos de sua história. Isso faz com que a gravidez seja um momento privilegiado para o ressurgimento das neuroses infantis ou mesmo de experiências do início da sua vida. Segundo Bydlowski (2000b), essas representações ou fantasias podem adquirir vida na relação com o bebê a partir do seu nascimento, sendo que o bebê está investido, desde a gravidez, de um papel reparador no imaginário materno. Mesmo antes do seu nascimento, ele é pensado pela mãe como aquele que realizará e reparará tudo aquilo que foi não realizado e não reparado por ela, pelos irmãos ou até mesmo pelos avós. Nesse aspecto, para essa autora, o desejo da mãe em relação à criança é, num primeiro momento, muito menos pela criança em si do que em função das realizações que a criança lhe trará. E é essa pretensão materna que faz com que a criança se torne o seu objeto privilegiado. Assim, pode-se retomar a frase de Roberta, mencionada anteriormente, que constrói para o filho um futuro que ela gostaria de ter no presente, uma multinacional para o marido e um relacionamento privilegiado com as irmãs que são desportistas. Nesta passagem, o lugar de ideal oferecido ao bebê relaciona-se basicamente ao lugar no qual ela própria gostaria de se encontrar.

O bebê imaginado se constitui em fonte de muitos momentos de vida psíquica da gestante (Aulagnier, 1994, 1979; Bydlowski, 2000a, 2000b). É ele que alimenta seus sonhos, pois quando a gestante sonha ou imagina dificilmente o faz com o feto, mas com o personagem de um bebê já constituído. É neste bebê imaginado, que possibilita a personificação do feto, que a libido da mãe é despejada (Aulagnier, 1990). Então, pode-se conceber o bebê imaginado como uma primeira inserção da criança no mundo imaginário da mãe. Imaginar um corpo para seu futuro bebê é o que dá a possibilidade de libidinizar esse corpo enquanto separado do próprio. A mãe se organiza desde a gestação em torno de um sujeito que, mesmo completamente dependente dela, não pode ser considerado somente uma extensão de seu próprio corpo. O bebê imaginado permite à futura mãe ter a dimensão de que esse bebê está inserido na mesma ordem humana da qual ela faz parte, sendo regido pelas mesmas leis que a regem (Aulagnier, 1990, 1994). É o bebê imaginado que dará o substrato psíquico para a mãe entrar em relação com o bebê da realidade, já que, como foi visto anteriormente, o bebê imaginado é aquele ideal, aquele que se antecipou ao bebê da realidade para poder lhe dar vida. O bebê imaginado é a personificação dos desejos e fantasias maternas, e são estes desejos e fantasias que farão com que a mãe, depositando sua libido nesse corpo, torne-o um sujeito digno de uma história pessoal e particular.

Então, durante a gestação, o feto é pensado como um corpo imaginado, coberto de atributos e enunciados relativos a um bebê formado (Horstein, 1994). Quando o bebê da realidade entrar em cena, essa imagem será mais ou menos confirmada, fazendo com que a mãe se desiluda em relação ao poder do seu discurso, pois a realidade do corpo da criança precisa se impor, fazendo com que a mãe tenha que interpretar e adivinhar suas necessidades. Mannoni (1971) referiu que a chegada de um bebê nunca corresponde completamente a àquilo que a mãe esperava. Por outro lado, Szejer (1999) referiu-se à possibilidade de a criança imaginada poder coabitar com a da realidade, não havendo necessidade de a mãe fazer seu luto. O luto a ser feito é o do feto e o da gravidez, sendo necessário substituí-los por uma relação mãe-bebê que tem que ter a referência no pai da criança e no seu nome.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os aspectos abordados acima não se relacionam com as modificações físicas acontecidas na gravidez e no parto, mas, sim, como elas são significadas, afetiva ou psiquicamente, pelas parturientes. Como pode ser visto, a construção de um bebê imaginado possibilita que a mãe ofereça um lugar para o bebê da realidade ocupar. Ao mesmo tempo, esse movimento, considerado fundamental, faz com que a mãe se perceba como alguém que colocará outro ser no mundo, permitindo-lhe o crescimento. Nesse processo, pensamos que a mãe atualiza a relação de sua "narcisização" infantil para a construção do bebê. O bebê imaginado corporifica desejos e fantasias da mãe relacionadas ao próprio narcisismo (Ferrari & cols., 2005). Esta construção imaginativa materna somente pode ser feita desde que se tome essa criança que está por nascer como sendo aquela na qual serão despejados os anseios e desejos mais precoces, a partir da qual, essa mãe passará a viver. É fundamental que a mãe tome esse corpo que está por nascer como objeto privilegiado para despejar toda sua libido na constituição desse novo sujeito. Assim sendo, podemos pensar que, na gestação, trata-se, então, da construção do objeto (para a mãe) e de um eu (para o bebê). A importância da montagem de um bebê imaginado refere-se à capacidade de a mãe partir do seu próprio narcisismo para a produção de um corpo que será tomado como objeto privilegiado do seu desejo.

Contudo, quando o bebê nasce, a mãe precisa manter algo do bebê imaginado até então, mas precisa fazer algumas reestruturações de acordo com as características com as quais o bebê nasce. Esta reestruturação do bebê imaginado, quando do nascimento do bebê, se faz fundamental para a interação mãe-bebê. Pode parecer paradoxal, mas se durante a gestação é fundamental a construção de um bebê imaginado que será tomado como objeto privilegiado, por outro, no momento do nascimento, as discrepâncias entre o bebê imaginado e aquele da realidade têm que ser reestruturadas. É certo que é o bebê imaginado que guiará a mãe nas interpretações das necessidades do bebê mas, também, a mãe precisa deixar um espaço para o imprevisível, já que será nesse espaço que o bebê surgirá como sujeito diferenciado daquela que o criou. Se isto não acontecer, podem surgir psicopatologias precoces advindas dessa cegueira da mãe em relação às particularidades do bebê. Como refere Rodulfo (1989), os pais esperam do filho além do que eles conseguiram, abrindo caminho para o imprevisível. Mas, se os pais esperam do filho aquilo que eles determinaram, o espaço para o imprevisível encontra-se fechado. Rodulfo (1989) refere que este mandato pode ocasionar psicopatologias graves como a psicose infantil.

A importância da investigação sobre o bebê imaginado reside na possibilidade que sua análise nos oferece para pensar como determinada gestação e, conseqüentemente, a interação, está sendo constituída. O modo subjetivo como a mãe vai se posicionar frente a esta produção imaginativa oferece pistas para os profissionais que trabalham com gestação e primeira infância poderem pensar em formas de intervenção precoce visando prevenção de psicopatologias da infância.

Recebido em 13/10/2005

Aceito em 21/06/2006

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  • Endereço para correspondência:

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Out 2007
    • Data do Fascículo
      Ago 2007

    Histórico

    • Recebido
      13 Out 2005
    • Aceito
      21 Jun 2006
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