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Implicações políticas da semântica familialista nos discursos de amizade contemporâneos

Implicaciones políticas de la semántica familialista en los discursos de amistad contemporáneos

Political implications of familial semantics in contemporary friendship discourses

Resumos

Historicamente, a semântica da amizade tem sido articulada aos ideais de igualdade e fraternidade, caracterizando-se por uma semântica familialista que associa o amigo à figura do irmão; no entanto alguns autores apontam que a semântica familialista pautada na prerrogativa de intimidade e familiaridade privilegia processos de homogeneização e supressão da alteridade, podendo configurar práticas intolerantes, de desumanização e descriminação do outro. Este artigo pretende descrever e discutir alguns resultados de uma pesquisa que buscou investigar a semântica da amizade nos discursos contemporâneos. A semântica familialista da amizade mostrou-se articulada à fragilidade dos laços e à depreciação das habilidades sociais que o encontro com a alteridade requer.

amizade; semântica familialista; fragilidade dos laços


La semántica de la amistad es articulada, históricamente, a los ideales de igualdad-fraternidad, caracterizándose por una semántica familialista que asocia el amigo a la figura del hermano. Sin embargo, algunos autores apuntan que la semántica familialista basada en la prerrogativa de intimidad y familiaridad privilegia procesos de homogeneización y supresión de la alteridad, permitiendo configurar prácticas intolerantes, de deshumanización y despenalización del otro. Este artículo pretende describir y discutir algunos resultados de una investigación que buscó investigar la semántica de la amistad en los discursos contemporáneos. La semántica familialista de la amistad se mostró articulada a la fragilidad de los lazos y a la depreciación de las habilidades sociales que el encuentro con la alteridad requiere.

Amistad; semántica familialista; fragilidad de los lazos


Friendship semantics has been historically articulated to the concepts of equality and fraternity. It has been characterized by a familial semantics that associates friends to brothers. However, several authors show that familial semantics, based on intimacy and familiarity, privileges homogenization processes and suppression of otherness. In fact, it may foreground intolerable practices of debasement and discrimination of the other. Current essay describes and discusses results of a research on friendship semantics in contemporary discourses. Friendship’s familial semantics seems to be associated with fragility of bonds and with the depreciation of social skills which an encounter of the other requires.

Friendship; familial semantic; fragility of bonds


ARTIGOS

Implicações políticas da semântica familialista nos discursos de amizade contemporâneos1 1 Apoio: CNPq.

Political implications of familial semantics in contemporary friendship discourses

Implicaciones políticas de la semántica familialista en los discursos de amistad contemporáneos

Lívia Godinho Nery GomesI; Nelson da Silva JúniorII

IMestre em Psicologia. Doutoranda em Psicologia Social no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo-USP

IIProfessor Livre Docente do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do USP.

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Lívia Godinho Nery Gomes Alameda Ministro Rocha Azevedo, 373, ap. 71B, Cerqueira César CEP 014090001, São Paulo-SP E-mail: liviagng@ig.com.br

RESUMO

Historicamente, a semântica da amizade tem sido articulada aos ideais de igualdade e fraternidade, caracterizando-se por uma semântica familialista que associa o amigo à figura do irmão; no entanto alguns autores apontam que a semântica familialista pautada na prerrogativa de intimidade e familiaridade privilegia processos de homogeneização e supressão da alteridade, podendo configurar práticas intolerantes, de desumanização e descriminação do outro. Este artigo pretende descrever e discutir alguns resultados de uma pesquisa que buscou investigar a semântica da amizade nos discursos contemporâneos. A semântica familialista da amizade mostrou-se articulada à fragilidade dos laços e à depreciação das habilidades sociais que o encontro com a alteridade requer.

Palavras-chave: amizade, semântica familialista, fragilidade dos laços.

ABSTRACT

Friendship semantics has been historically articulated to the concepts of equality and fraternity. It has been characterized by a familial semantics that associates friends to brothers. However, several authors show that familial semantics, based on intimacy and familiarity, privileges homogenization processes and suppression of otherness. In fact, it may foreground intolerable practices of debasement and discrimination of the other. Current essay describes and discusses results of a research on friendship semantics in contemporary discourses. Friendship’s familial semantics seems to be associated with fragility of bonds and with the depreciation of social skills which an encounter of the other requires.

Key words: Friendship, familial semantic, fragility of bonds.

RESUMEN

La semántica de la amistad es articulada, históricamente, a los ideales de igualdad-fraternidad, caracterizándose por una semántica familialista que asocia el amigo a la figura del hermano. Sin embargo, algunos autores apuntan que la semántica familialista basada en la prerrogativa de intimidad y familiaridad privilegia procesos de homogeneización y supresión de la alteridad, permitiendo configurar prácticas intolerantes, de deshumanización y despenalización del otro. Este artículo pretende describir y discutir algunos resultados de una investigación que buscó investigar la semántica de la amistad en los discursos contemporáneos. La semántica familialista de la amistad se mostró articulada a la fragilidad de los lazos y a la depreciación de las habilidades sociales que el encuentro con la alteridad requiere.

Palabras-clave: Amistad, semántica familialista, fragilidad de los lazos.

O modelo e os discursos tradicionais de amizade estão articulados aos ideais de fraternidade, sendo compreendidos em termos familiares. Esta articulação configura uma semântica familialista da amizade, pautada na prerrogativa de intimidade que privilegia processos de homogeneização e supressão das diferenças. Alguns autores atentam para essa associação dos discursos da amizade com os ideais de fraternidade/igualdade, alertando que essa estratégia discursiva pode dissimular práticas excludentes e de anulação das diferenças. Essa ligação dos discursos da amizade com processos de homogeneização, que concebe o amigo como outro eu, numa relação de amizade perfeita, apoiada na concordância em que não há conflitos, produz uma anulação da alteridade, podendo se configurar em práticas totalitárias e intolerantes.

O presente artigo se propõe analisar esta tradição semântica tendo em vista as suas implicações nas configurações de redes de amizades e o impacto político e alcance desta palavra escolhida (irmão), dentre outras palavras possíveis; ou seja, pretende identificar a política implícita nessa linguagem. O artigo pretende ainda discutir e analisar alguns resultados de uma pesquisa de mestrado que investigou as semânticas da amizade nos discursos contemporâneos e a possibilidade de a amizade se configurar como espaço de experimentação política.

SEMÂNTICA FAMILIALISTA DA AMIZADE

A concepção contemporânea de amizade associada a intimidade e familiaridade foi herdada dos tradicionais discursos dominantes de amizade, que desde a Grécia Antiga vinculam a semântica de amizade aos ideais de igualdade e fraternidade.

O clássico discurso de amizade caracteriza-se por uma semântica que qualifica o vínculo de amizade como vínculo de familiaridade ou parentesco, associando o amigo à figura do irmão. O lar (oikeiotès) encontra-se dentro do locus semântico de philia – que é resumido como " em volta da casa" , privilegiando valores de familiaridade, proximidade, igualdade de gostos e opiniões, afinidade, conveniência, fraternidade.

De acordo com Kehl (2000), a igualdade fraternal concebida a partir da figura do irmão implica uma mesma condição política entre os agentes sociais, não havendo espaço para relação de dominação. Kehl (2000) confere à amizade entendida enquanto laços fraternais (amizade como fratria) um espaço de identificações horizontais dotado de poder de contestação e criatividade, configurando-se como lugar de práticas solidárias e de produção de linguagem - portanto, de cultura.

As relações de amizade como fratria, como uma analogia às relações entre irmãos, apontadas por essa autora, são entendidas e ressaltadas como relações horizontais, sem hierarquias de poder entre os sujeitos. Estes se encontram na mesma condição política, sendo possível produzir linguagem e ressignificar o simbólico. Nesse sentido, a semântica familialista da amizade que associa o amigo ao irmão também possui uma dimensão de abertura para experimentação, uma vez que o vínculo com o amigo-irmão se estabelece numa relação horizontal – que constitui a condição de igualdade política da amizade –, o que não é considerado pelos autores que criticam a semântica familialista da amizade. A condição de irmandade, a fratria apontada por Kehl (2000), designa o sentimento de solidariedade entre os que se relacionam horizontalmente; os termos " brother" ou " mano" em referência a essa irmandade são comumente utilizados no Brasil por grupos excluídos que buscam unir forças com os que se encontram em igual condição de escassez de oportunidades.

Kehl (2000) indica essa relação horizontal e de união da fratria que busca reverter a condição de exclusão ao destacar que o tratamento de " mano" entre os rappers da periferia de São Paulo não é gratuito, indica uma intenção de igualdade. " A designação ‘mano’ faz sentido: eles procuram ampliar a grande fratria dos excluídos, fazendo da ‘consciência’ a arma capaz de virar o jogo da marginalização." (Kehl, 2000, p. 212).

Destarte, para Kehl (2000), a fratria constitui uma relação entre iguais, ressaltando a condição de igualdade política entre os sujeitos e não se caracterizando como vínculo entre sujeitos uniformes, coincidentes entre si tal como nos discursos tradicionais da amizade. No entanto, a autora atenta para os perigos do fanatismo e intolerância advindos de campos identitários. Diferentemente de Kehl (2000), Derrida (1997) propõe uma ruptura do apelo ao irmão nos discursos dominantes de amizade, pelo risco de práticas intolerantes, racistas, etnocêntricas, sucedido da padronização de subjetividades ao associar o amigo com um " outro eu" , configurando uma semântica familialista, em torno do " fechado em si mesmo" (intimidade, conhecido, parentesco, uniformidade nos modos de subjetivação-igualdade de crenças, gostos, opiniões etc.) que não considera a dimensão alteridade.

DISCURSO AMIZADE-FRATERNIDADE: UM OLHAR DESNATURALIZANTE

Vários autores, entre eles Derrida (1997), Ortega (1999, 2000), têm alertado para os perigos dessa implicação dos discursos tradicionais de amizade com ideais de homogeneidade nos modos de subjetivação, sendo associados a uma política fraternalista.

Derrida (1997), ao questionar a figura do irmão no centro dos grandes discursos de amizade, aponta as conseqüências desastrosas da concepção do amigo como um irmão (como um " outro eu" ), implicada com valores semânticos de família que, através de discursos de uma equivalência de subjetividades (sujeitos idênticos), podem se configurar nos piores sintomas de práticas nacionalistas, etnocêntricas ou xenófobas.

Derrida (1997) alerta que em nome de fraternidade podem-se excluir as diferenças, em uma lógica violenta que anula a singularidade e reduz o outro ao mesmo, produzindo práticas intolerantes. Suas reflexões se fundam em uma ética de cuidado do outro e se concentram em uma amizade que não pressupõe sujeitos coincidentes, afinidade, intimidade, familiaridade ou relação de parentesco, mas acolhe o outro não como um irmão (lógica narcísica do outro eu e do ideal de amizade perfeita como uma " fusão de almas" ), e sim, como o outro em sua alteridade; em uma amizade em que os sujeitos não sejam idênticos entre si, não se confundam nem se misturem tal como um amálgama - portanto uma amizade voltada não para assimilação, absorção ou reciprocidade e, sim, para assimetria.

Derrida (1997) questiona a supremacia da lógica do si mesmo e não da diferença, presente na semântica familiar da amizade, que associa o amigo ao irmão, compreendendo o vínculo de amizade como uma relação de simbiose, na qual os amigos se fundem como um amálgama.

A própria Kehl (2000), que enfatiza a importância da fratria como grupo de semelhantes capaz de produzir linguagem e ressignificar o simbólico, também atenta para as perigosas conseqüências da não-descoberta da " semelhança na diferença" . " Se a semelhança que une os ‘irmãos’ é afirmada pela exclusão de todo o diferente, a fratria coloca-se fora do laço social e acaba por obter o efeito oposto ao desejado." (Kehl, 2000, p. 237).

Kehl (2000) ressalta que, se a fratria produz campos identificatórios desvinculados do corpo social, se não inclui o semelhante na diferença, há sempre a produção de isolamento entre os grupos, gerando discriminação, podendo a fratria transformar-se em gangue: " A cristalização das fratrias, a tentativa de transformá-las de campo de experimentação em campo de produção de certezas, produzirá fatalmente a segregação e a intolerância, em nome do narcisismo das pequenas diferenças" (Kehl, 2000, p. 45).

Ao contestarem o modelo fraternalista de amizade, Derrida (1997) e Ortega (2000) questionam a ideologia universalista de fraternidade, que, em nome de uma suposta uniformidade, produz a exclusão e desumanização do outro e o caráter agressivo/narcisista da supressão da alteridade, imbuído nos discursos tradicionais de amizade. Eles propõem uma ruptura com a tradicional semântica de amizade em torno de proximidade, do habitual, do consenso, da intimidade, da familiaridade, etc., para pensar uma amizade para além das metáforas familiares e fraternalistas; uma amizade aberta para o outro, que não exclua nem suprima a singularidade - portanto, uma amizade não como uma relação essencialmente hedonista de adaptação e assimilação, mas como uma relação agonística, na qual o encontro com o outro implica um movimento de transformação que requer esforço e dor, incorporando a idéia de desigualdade/conflito.

A proposta de desconstrução da associação amizade-fraternidade, apresentada por Derrida (1997) e Ortega (1999, 2000) implica uma ruptura com a tradicional semântica da amizade baseada na intimidade, familiaridade, uniformidade, etc., para pensá-la como uma relação intersubjetiva (que não suprime as diferenças) de experimentação cuja potência subversiva e de imprevisibilidade aponta para a constituição de novas formas de subjetivação que priorizem a singularidade, a autonomia.

As relações de amizade se expressam de diversas maneiras e possuem diferentes sentidos, articuladas com os diferentes contextos e vicissitudes históricas nos quais se instauram. Visto que os discursos e práticas sociais da amizade não se configuram uniformemente no tempo histórico, este artigo pretende descrever e discutir alguns dos resultados de uma pesquisa que objetivou investigar a semântica dos discursos contemporâneos de amizade e a possibilidade de a relação de amizade se configurar como espaço de experimentação política, como sugerem Arendt (1993), Derrida (1997) e Ortega (1999, 2000).

MÉTODO

Esta pesquisa foi desenvolvida com trabalhadores de cooperativas populares na Universidade de São Paulo. Os dados provêm da participação no cotidiano de três cooperativas durante o período de um ano, registrada em diário de campo, e da análise das sessões de entrevistas sobre as histórias de amizades dos cooperados. Todas as entrevistas foram gravadas, com prévia autorização dos sujeitos, os quais também assinaram termo de consentimento livre informado que garante a não-identificação pessoal dos sujeitos e da instituição. Todos os sujeitos entrevistados têm mais de 20 anos de idade e moram em bairros periféricos de São Paulo.

Na escolha dos interlocutores se optou por trabalhadores de cooperativas, pois o cooperativismo configura uma organização de resistência, que busca desnaturalizar o capitalismo e superar seus graves efeitos sociais - como o desemprego, por exemplo -, sendo fundamentada na economia solidária, a qual, de acordo com Singer (2002), pressupõe uma associação em que há igualdade política – condição que a amizade informa, em vez do contrato entre desiguais, em que há competição e dominação política.

Além da necessidade de igualação política, segundo Singer (2002), a economia solidária também requer a autogestão, ou seja, pressupõe uma administração democrática, num contexto de cooperação, suscitando um espaço dialogante e de solidariedade – condições em que a amizade emana, configurando uma maneira de produção baseada na ajuda mútua, a qual, muitas vezes, pode surgir a partir da iniciativa e união de amigos contra o desemprego, na luta pela sobrevivência e pela dignidade.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que, ao estudar as semânticas da amizade, utilizou como metodologia de pesquisa a " descrição densa" , caracterizada por uma leitura de narrativas buscando um alargamento do universo do discurso humano, conforme propõe Geertz (1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Amigo-Irmão, Irmão-amigo

A tradição da semântica familialista se mantém nos discursos contemporâneos de amizade. O sentido fraternalista da amizade que associa o amigo ao irmão é de grande notoriedade nas narrativas dos sujeitos entrevistados, as quais são permeadas pelas idéias de intimidade e afinidade, além da noção de um ideal de amizade.

Semelhantemente a esses discursos filosóficos tradicionais de amizade, nos discursos contemporâneos aqui relatados podemos perceber que o amigo também é entendido em termos de parentesco, associado ao irmão numa semântica familialista pautada nas noções de proximidade, afinidade, intimidade; não obstante, o amigo-irmão, nos atuais discursos, não pressupõe a superposição de identidades, a perfeita e plena " fusão das almas" (Montaigne) dos discursos tradicionais, nos quais o amigo é um " outro eu" , assimilável, havendo uma completa concordância. O amigo-irmão, nos presentes discursos, é aquele com quem se pode conversar confiando e estabelecer uma relação de apoio e acolhimento, e com o qual se pode contar em qualquer situação; ou seja, o amigo considerado irmão possui a qualidade das condições de parentesco - intimidade, proximidade, confiança - além de ser aquele com quem é possível relacionar-se de forma horizontal, condição de igualdade política apontada por Kehl (2000).

Nesse sentido, os sujeitos desta pesquisa informam que a articulação amigo-irmão que caracteriza a semântica familialista também é imbuída de uma dimensão de experimentação política, pois o amigo-irmão aparece como aquele com quem se estabelece vínculo de confiança e apoio, numa relação horizontal que possibilita a irrupção de laços solidários e de união de forças – condições que se substancializam em movimentos que buscam romper com a exclusão – tal como apontado por Kehl (2000) ao analisar o tratamento de " mano" entre os rappers da periferia de São Paulo. Destarte, o amigo considerado irmão, ou o melhor amigo, é o mais confiável, é o preferido e reconhecido; mas não pressupõe uma plena identificação de gostos e opiniões, com uma completa equivalência e concordância, como o que se vê nos discursos tradicionais do amigo como outro eu:

" [...] aí já se interessa, a gente começa a planejar, começamos a tentar tirar do papel aquilo tudo, entendeu?, e tendo uma amigo do seu lado, um amigo realmente, mesmo assim que você fala " esse daqui é meu amigo, é como irmão" . Acaba se tornando muito mais fácil fazer as coisas dessa maneira" (Gabriel).

" Nós confiamos no outro. Se eu falar pra ela eu sei que ela não fala pra ninguém, entendeu? Ela mexe nas minhas coisas, eu vou na casa dela eu mexo nas coisas dela; meu computador ela sabe a senha do meu arquivo, tipo, minhas coisas, mexe, minha agenda, que ninguém mexe, a estante, minhas coisas lá, só ela que mexe" (Mateus).

" Ah, no sentido de está sempre próximo, entendeu? No sentido de está ali dando uma força, de estar ali tentando fazer você enxergar que algumas coisas estão errada, que você também está errando, entendeu?; mas assim, tudo isso com carinho, tudo isso com respeito, entendeu? Tudo isso sem violência, assim sem agressão de palavras, essas coisas" (Girassol).

Em outras palavras, o amigo-irmão está relacionado às qualidades familiares de intimidade, proximidade, convivência, e não à completa equivalência e identificação entre as partes. Rezende (2002) também ressalta que os discursos contemporâneos sobre a amizade são fortemente marcados pela utilização de termos de parentesco. Segundo a autora, " os amigos que se mostravam mais presentes e mais confiáveis eram tidos como " irmãos" " :

[...] um amigo considerado " irmão" teria as qualidades ideais dessa relação de parentesco: seria confiável e daria apoio em qualquer dificuldade. Além disso, o amigo guardaria em comum com o irmão a simetria e igualdade de posição, ao contrário da relação assimétrica e hierárquica entre pais e filhos. Assim, ser tido " como irmão" era o maior reconhecimento que um amigo podia ter, como se tal relação excluísse a possibilidade de quebra de confiança e falta de apoio (Rezende, 2002, p. 115).

É interessante ressaltar que, além de o amigo aparecer como irmão, também se observou em alguns discursos o movimento inverso, a consideração de alguns parentes como amigos. Este fato denota que a amizade extrapola as qualidades familiares por aquilo que ela em si mesma informa: possibilidade de conversa, diálogo sincero, confiante, como relação de respeito, solidariedade e apoio. Nesse sentido, seria a postura de determinado parente, sua disposição e abertura para uma relação dialogante, que o tornaria um amigo, podendo-se considerar um pai amigo, uma mãe amiga ou um dentre vários irmãos como amigo, como é o caso de Girassol. Ao falar da sua irmã, destaca que ela também é sua amiga, pois sempre teve muita consideração e acreditou nela desde o início da cooperativa, dando apoio, ao contrário do seu irmão.

É também importante destacar que, ao relatarem essa inversão, os informantes da pesquisa revelam o uso polissêmico da palavra amizade, que ora é destacada e privilegiada pela dimensão de familiaridade e intimidade - denotando, portanto, que o amigo tem a qualidade de irmão -, ora aparece desarticulada desse imperativo familiar, já que um irmão pode ser considerado amigo e outro, não. Esse outro sentido da amizade não enfatiza a familiaridade, mas sim, a disposição e abertura para estabelecer uma relação de conversa, de apoio e acolhimento.

" Ah, tem a Violeta também, eu não posso esquecer de falar da minha irmã. Violeta é minha parceira. A gente já brigou muito aqui no trabalho, a gente já teve muitas divergências, entendeu?, mas brigas assim de trabalho, nada assim pessoal, [...] coisas que não ficou mágoa nada, também porque ela é muito amiga minha, [...] E a Violeta foi uma revelação, porque ela me mostrou assim muita consideração, sabe, muita amizade, muito respeito pelas pessoas; é uma pessoa batalhadora, é uma pessoa que luta, é uma pessoa que está disposta, [...] é uma pessoa também aqui desde o começo acreditou em mim. Quando surgiu a cooperativa eu falava sobre a cooperativa com as pessoas, as pessoas achavam que não ia dar certo, muitos preferiam nem estar aqui comigo aqui hoje de mãos dadas, porque achava que não ia dar certo, que precisava de um trabalho assim pra já, entendeu?, e ela não, ela foi uma pessoa que acreditou, porque eu não só convidei ela como também convidei um irmão meu também, ele também não acreditou, achando que não; mas ela veio, entendeu?, ela apostou desde o início quando eu falei ela falou " eu estou com você" , e a gente vai ficar junto pra que der e vier, e a gente está aí [...]" (Girassol).

" Poderia ser qualquer pessoa que você confie. Eu tenho a minha mãe, qualquer assunto que eu queira falar eu falo com a minha mãe, não importa que seja, ela é uma amiga, além de mãe, amiga, e ela a mesma coisa, vice-versa, eu e ela, [...]" (Gabriel)

Percebe-se, nos discursos que a amizade, além dos atributos familiares, representa qualidades que lhe são próprias, algo que informa a sua própria condição. A relação de conversa é sempre destacada como essência da amizade, é sempre abordada como sua qualidade inerente. A mãe amiga é aquela com quem se pode conversar sobre qualquer assunto, com a qual é possível estabelecer um espaço de conversa, de acolhida, de apoio. Amigo é sempre a pessoa com quem se pode conversar abertamente, com quem se pode contar em qualquer situação, ou seja, estabelecer uma relação de conversa na qual a possibilidade de confiar e compartilhar aparece como condição básica da amizade, mais do que a necessidade de afinidades e concordância, a " fusão das almas" dos discursos tradicionais. A afinidade, a qualidade do que é familiar, íntimo, aparece nos discursos; não obstante, o respeito pelas diferenças também é bastante ressaltado: os sujeitos apontam que a amizade pressupõe elementos em comum, mas há lugar para as diferenças. A identificação entre os sujeitos amigos, tão privilegiada nos discursos tradicionais de amizade, não parece ser necessariamente requisito para que exista amizade, podendo haver espaço para as diferenças.

" Amizade por afinidades é você ter alguma coisa que o identifica com a outra pessoa, mas isso não quer dizer que a outra pessoa seja parecida com você, porque normalmente as diferenças que se completam. É claro que assim, um ser pra chamar outro normalmente são as coisas mais parecidas. Tem alguma coisa que você olha ou que você vê ou que você sente que você gosta o que você tem em comum, isso que eu chamo de afinidade; mas normalmente, na minha opinião, acho que as diferenças se completam, mesmo porque se duas pessoas forem iguais é ridículo assim, porque é chato, porque você vai saber tudo que a pessoa pensa, tudo que a pessoa quer, tudo que a pessoa acha, tudo que a pessoa pensa, [...] é como se você tivesse você e você mesma, como se fosse seu reflexo no espelho. Assim, tem que ter algumas coisas semelhantes, é claro, pra poder ter essa afinidade que eu disse, mas tem que ter suas diferenças" (Margarida).

" Posso conviver com uma pessoa que pensa totalmente diferente de mim, entendeu, tipo, que eu sou de uma religião posso ter amigo de outra religião, porque eu gosto de roque eu posso ter amigo pagodeiro, eu posso não compartilhar com o que ele faz, eu posso até ter amigo que usa droga, mas não usar droga [...]" (Mateus)

Diferenças que fazem a diferença

A noção de que as idéias devem coincidir (a idéia dele bate com a minha) e de que existe afinidade e que coisas em comum são compartilhadas aparece como elemento constitutivo da amizade. Não obstante, uma demasiada identificação entre amigos parece caracterizar a relação como " sem graça" , uma vez que, nos discursos, o respeito pelas diferenças é bastante enfatizado e as diferenças de opiniões e de gostos são destacadas de maneira positiva, como possibilidades de estabelecer trocas, configurando um espaço de aprendizagens. Percebemos nos discursos que as diferenças na relação de amizade instauram não somente o respeito, mas também a possibilidade de conflitos e antagonismos, o que permite aquela tensão necessária para o crescimento e deslocamento que o contato com alteridade requer – condição apontada por Derrida (1997, 2003), Arendt (1993) e outros. O vínculo de amizade não configura, portanto, uma relação tranqüila, perfeita, de completa identificação e consenso, como nos discursos tradicionais de amizade. Weil (1996) alertou: " é preciso que as diferenças não diminuam amizade e que a amizade não diminua as diferenças." (p. 62). Os discursos mostram que as relações de amizade não são vividas como um paraíso hedonista, mas como espaço tenso onde é possível haver diferenças, discordâncias, conflitos, discussões, brigas, etc.

" Isso acontece sempre, você tem uma idéia sobre determinado assunto e a pessoa tem outra, aqui mesmo no trabalho. O Mateus é petista, filiado ao PT, eu não sou filiado a partido nenhum, então de vez em quando a gente acaba falando sobre política e acaba tendo aquela discussãozinha, aquela desavença; mas também um olha pra cara do outro ah, vai tomar café, entendeu?" [...] (Gabriel)

" Ah, sim, lógico, porque é até engraçado isso, porque as pessoas não são exatamente como a gente quer, as pessoas têm seu caráter, sua formação, a gente tem que saber respeitar isso também. Tem coisa que dá pra você mudar, uma crítica, você fala " oh, fulano, eu não achei legal isso" , a pessoa muda; mas tem coisas que não. Também nem seria legal, também" (Girassol).

" [...]amigo é aquela coisa que você já com a sua consciência, com seu gostar, com seu raciocínio, com esse ser que você já é formado e você escolhe, escolhe pra brigar, pra discutir, pra conversar, sabe, pra dialogar, [...]" (Margarida).

Como vimos, afinidades e diferenças aparecem nos discursos como atributos da amizade, como na frase do filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson destacada na matéria sobre a ciência da amizade do jornal Folha de São Paulo (Colognese Júnior, 2004): " a amizade requer aquele raro ponto médio entre semelhança e diferença" . Nesse artigo de jornal, o psicanalista Colognese Júnior (2004) acredita que a amizade duradoura e produtiva não acontece com pessoas muito parecidas entre si. Ainda que não se conheça por completo a química da amizade, pode-se notar, nos discursos, essa ambigüidade entre ter coisas em comum e ter também diferenças.

Não obstante, é preciso frisar que, embora os discursos tenham revelado a possibilidade de diferenças na relação de amizade, diferentemente da lógica de " fusão das almas" , do amigo como " outro eu" , presente nos discursos tradicionais de amizade, os relatos aqui referidos ainda se encontram atrelados à semântica familiar que caracteriza os discursos tradicionais de amizade. São as condições familiares de proximidade, intimidade e convivência que caracterizam a semântica da amizade. O amigo aparece sempre como alguém íntimo, próximo, muitas vezes associado à figura do irmão; mais do que a necessidade de afinidades e identificação, a amizade requer um espaço de conversa - sempre destacado como espaço seguro, de intimidade, no qual se compartilham assuntos íntimos, particulares guardados em segredo pelo(a) amigo(a). Essa estreita associação de amizade com proximidade e intimidade dificulta a experimentação da relação de amizade da qual nos falam Arendt (1993), Derrida (1997) e outros autores: a relação que não depende de intimidade e na qual, na escuta e acolhida do outro (não-familiar), é possível vivenciar a irrupção do imprevisto. Perde-se a experiência da emoção, quase sempre sentida, de uma indefinível inquietude ao entrarmos num lugar desconhecido a que se referem Derrida e Dufourmantelle (2003).

" Convivência afastada"

Esta semântica que traduz o amigo como íntimo circunscreve a amizade a um universo familiar, conhecido, habitual. As amizades dos sujeitos entrevistados eram sempre com pessoas que compartilhavam espaços em comum, os(as) amigos(as) relatados(as) eram sempre do mesmo bairro, da vizinhança, da mesma escola, do mesmo local de trabalho, possuindo o mesmo nível socioeconômico. Portanto, essa articulação de amizade com intimidade e proximidade acaba privilegiando as afinidades, e não as diferenças; ou seja, é o que existe em comum, a semelhança, a afinidade que se tornam imperativos, remetendo a uma lógica individualista.

Rezende (2002) ao estudar contemporaneamente os significados da amizade, também ressalta que nos discursos a amizade emerge fortemente marcada por essa noção de " amizade íntima" , sendo as relações estabelecidas entre amigos que convivem em espaços comuns, e em geral, possuem situação socioeconômica semelhante.

Não é novidade que vivemos em um país de exorbitante estratificação social, no qual há uma extrema discrepância entre as classes sociais, sendo classificado entre os países com maiores desigualdades sociais. As relações de amizade estabelecidas, como vimos, no ambiente comum, familiar, reproduzem essa lógica estratificada das classes sociais, pois os amigos relatados são sempre da mesma situação socioeconômica. Ao conversar com Pedro, ele relata em entrevista essa dificuldade de amizade entre pessoas de classes sociais diferentes. Pedro mora num bairro periférico da Zona Oeste de São Paulo e conta com bastante pesar que a imagem do pobre encontra-se " destruída" , segundo ele, porque existe uma generalização do que acontece na periferia, ficando a " convivência afastada" .

" [...] se você tiver uma amizade assim , o cara que é bem-sucedido da vida e um cara que tem um baixo nível assim, é pobre e tal, e você ser amigo de umas pessoas dessas assim, fica muito difícil; mas, eu acredito assim, que tem amizades assim, mas é meio diferente. [...] a gente vê muitos casos hoje em dia que é assim, a sociedade pobre está muito... a imagem está muito destruída por causa do que acontece na periferia, do que acontece com as pessoas pobres. O erro que elas fazem, é, generaliza todo mundo, todo mundo que mora. A classe média muito baixa, então, é que nem eu te falei, a convivência fica afastada, é raro você ver essas amizades hoje em dia, [...]" (Pedro).

As relações de amizade circunscritas em território comum, familiar, e a ênfase discursiva na afinidade e proximidade, lançam luz sobre a maneira como esta semântica da amizade reforça a hierarquia/estratificação social, além de estarem estritamente articuladas com a indelével característica da sociabilidade contemporânea de pavor do contato com estranhos e a subseqüente depreciação das habilidades necessárias para viver com a diferença. Ao comentar esse ímpeto pela " mesmidade" , buscando a segurança contra os riscos que o contato com alteridade inspira, Bauman (2004) afirma:

O impulso na direção de uma " comunidade de semelhança" é um signo de recuo não apenas em relação à alteridade externa, mas também ao compromisso com a interação interna, ao mesmo tempo intensa e turbulenta, revigorante e embaraçosa. A atração de uma ‘comunidade da mesmidade’ é a de segurança contra os riscos de que está repleta a vida cotidiana num mundo polifônico. Ela não reduz os riscos, muito menos os afasta. Como qualquer paliativo, promete apenas um abrigo em relação a alguns dos efeitos mais imediatos e temidos desses riscos (Bauman, 2004, p. 134).

Segundo Bauman (2001), a decomposição do espaço público, terreno natural do político, configura-se por uma decadência do diálogo e da arte de negociar interesses comuns, gerando uma patologia da política fundada na fluidez/fragilidade dos laços humanos que substitui o compromisso mútuo e a comunicação pelo distanciamento do outro, do diferente, do estranho, evitando-se a necessidade de contato e negociação. Essa técnica do desvio, do " não fale com estranhos" , é apontada por Bauman (2001) como marca da precarização política contemporânea e do enfraquecimento dos laços e parcerias, que " tendem a ser vistos e tratados como coisas destinadas a serem consumidas, e não produzidas" (Bauman, 2001, p. 187).

As relações de amizade nesse cenário contemporâneo de debilitação política e de espaço público esvaziado de sentido ainda permanecem articuladas à prerrogativa de familiaridade e intimidade, constituindo-se em espaços públicos, mas não civis, como nos lembra Bauman (2001), como os shoppings centers, cafés, clubes, etc., que se caracterizam pela dispensabilidade de interação, pois são essencialmente espaços de consumo (atividade irremediavelmente solitária), que projetam o sentimento de segurança e conforto da casa/família, num contexto onde o espaço público é visto como extremamente ameaçador.

Pode-se dizer que as relações de amizade no atual contexto de individualismo, em que as relações com os outros (em sua diferença/estranheza) são sentidas com medo e desconfiança, tornam-se espaços destituídos de experimentação do não-familiar, constituindo-se como a essência do que Sennet (1988) chama de " celebração do gueto" .

Configurando-se nessa lógica de " celebração do gueto" , as relações de amizade perdem a beleza da experiência política, apontada por Arendt (1993), de alargamento de opiniões no encontro com o outro, na qual é possível viver o sentimento inquietante e desestabilizador do questionamento de crenças e opiniões familiares, num movimento de " descolamento" do familiar que permite um deslocamento para ver o mundo no lugar dos outros. Segundo Sennett (1988), a " celebração do gueto" visa tornar a experiência humana íntima e local, sobrepujando o desconhecido, apagando as diferenças:

Aquilo que precisamente se perde com essa celebração é a idéia de que as pessoas só podem crescer através de processos de encontro com o desconhecido. Coisas e pessoas que são estranhas podem perturbar idéias familiares e verdades estabelecidas; o terreno não familiar tem uma função positiva na vida de um ser humano. Essa função é a de acostumar o ser humano a correr riscos. O amor pelo gueto, especialmente o gueto de classe média, tira da pessoa a chance de enriquecer as suas percepções, a sua experiência, e de aprender a mais valiosa de todas as lições humanas: a habilidade para colocar em questão as condições já estabelecidas de sua vida (Sennett, 1988, p. 359-360).

A amizade, enquanto espaço imprevisto de experimentação como é apontada por Arendt (1993), Derrida (1997) e Ortega (1999, 2000), traz à tona a discussão da possibilidade de repensar e reinventar as formas de relacionamento e subjetividade num contexto contemporâneo de forte individualismo e fragilidade dos laços públicos, no qual a vida pública encontra-se destituída de sentido e as relações de amizade configuram-se numa condição de liquefação associada ao movimento de desintegração dos laços humanos.

A revitalização da vida política que a amizade instaura representa um convite à alteridade, à consideração dos outros (estranhos); convida-nos a olhar para a cidade com motivações não particulares; convida-nos a olhar o mundo a partir daquele que não é de casa.

Recebido em 24/08/2006

Aceito em 16/06/2007

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  • Endereço para correspondência:
    Lívia Godinho Nery Gomes
    Alameda Ministro Rocha Azevedo, 373, ap. 71B, Cerqueira César
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Ago 2008
    • Data do Fascículo
      Jun 2008

    Histórico

    • Aceito
      16 Jun 2007
    • Recebido
      24 Ago 2006
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