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Implicações emocionais da chegada de um irmão para o primogênito: uma revisão da literatura

Emotional implications of the arrival of a sibling for the firstborn: a literature review

Repercusiones emocionales del nacimento del segundo hijo en el primogénito: una revision de la literatura

Resumos

O nascimento do segundo filho é uma fase específica do ciclo vital familiar, que acarreta mudanças, especialmente para o primogênito. O presente artigo examina questões teóricas e estudos empíricos acerca das implicações emocionais da chegada de um irmão para o primogênito. Os estudos sugerem que este momento é especial tanto para a mãe, que precisa cuidar de dois filhos, quanto para o primogênito, que deixa de ser filho único e precisa compartilhar os cuidados maternos. A literatura que tem se dedicado ao impacto do nascimento de um segundo filho no primogênito apresenta resultados contraditórios: se, por um lado, aponta mais comportamentos regressivos, de dependência, do primogênito, por outro, indica maior independência. A literatura ainda considera os comportamentos regressivos como "negativos", enquanto os de independência como "positivos" e de crescimento. Torna-se fundamental identificar momentos de transição na família, passíveis de mudanças, a fim de ajudar os pais a compreenderem que a criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento rumo à independência e pode apresentar comportamentos mais regressivos nos momentos de transição.

Segundo filho; relação mãe-primogênito; primogênito


The birth of a second child is a specific phase of the family life cycle, which brings changes, especially for the firstborn. The present article examines some theoretical questions and empirical studies concerning the emotional implications of the birth of a second child for the firstborn. The studies suggest that this is a special moment both for mothers, who need to take care of two children, and for the firstborn who is no longer an only child and needs to share maternal care. The literature on the impact of the birth of a second child on the firstborn has presented contradictory results. If, on the one hand, it has highlighted the firstborn's greater dependence and regressive behaviours, on the other, it has indicated more independent behaviours. Moreover, the literature considers dependence behaviours as "negative", while independence behaviours are seen as "positive" and a sign of growth. It is fundamental to identify transition points in the family cycle, so as to help parents to understand that the child follows its own rhythm of development towards independence, and may present more regressive behaviours in moments of transition.

Second child; mother-firstborn relationship; firstborn


El nacimiento del segundo hijo se caracteriza por ser una etapa específica del ciclo vital familiar, generando cambios, en especial al primogénito. El presente artículo examina algunas cuestiones teóricas y estudios empíricos acerca de las repercusiones emocionales con la llegada de un hermano para el primogénito. Los resultados sugieren que ese momento es especial tanto para la madre, que necesita cuidar de la maternidad de sus dos hijos, cuanto para el niño que deja de ser su único hijo y necesita compartir los cuidados maternos. Específicamente cuanto al primogénito, la literatura presenta resultados contradictorios. Si, por un lado, apunta mayor dependencia, por otro lado, indica mayor independencia. La literatura aún considera los comportamientos regresivos como "negativos", en cuanto los de independencia como "positivos" y de crecimiento. Se torna fundamental identificar los puntos de transición en la familia, pasibles de cambios, con el objetivo de ayudar a los padres a comprender que el niño sigue su propio ritmo de desarrollo rumbo a su independencia, siendo, por tanto, posible que el niño venga a presentar comportamientos más regresivos.

Segundo hijo; relación madre-primogénito; primogénito


ARTIGOS

Implicações emocionais da chegada de um irmão para o primogênito: uma revisão da literatura

Emotional implications of the arrival of a sibling for the firstborn: a literature review

Repercusiones emocionales del nacimento del segundo hijo en el primogénito: una revision de la literatura

Débora Silva de OliveiraI; Rita de Cássia Sobreira LopesII

IMestre e Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

IIDoutora em Psicologia, Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Débora S. de Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia, Sala 108 Rua Ramiro Barcelos, 2600, CEP 90035-003, Porto Alegre-RS, Brasil E-mail: debora_deoli@yahoo.com.br

RESUMO

O nascimento do segundo filho é uma fase específica do ciclo vital familiar, que acarreta mudanças, especialmente para o primogênito. O presente artigo examina questões teóricas e estudos empíricos acerca das implicações emocionais da chegada de um irmão para o primogênito. Os estudos sugerem que este momento é especial tanto para a mãe, que precisa cuidar de dois filhos, quanto para o primogênito, que deixa de ser filho único e precisa compartilhar os cuidados maternos. A literatura que tem se dedicado ao impacto do nascimento de um segundo filho no primogênito apresenta resultados contraditórios: se, por um lado, aponta mais comportamentos regressivos, de dependência, do primogênito, por outro, indica maior independência. A literatura ainda considera os comportamentos regressivos como "negativos", enquanto os de independência como "positivos" e de crescimento. Torna-se fundamental identificar momentos de transição na família, passíveis de mudanças, a fim de ajudar os pais a compreenderem que a criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento rumo à independência e pode apresentar comportamentos mais regressivos nos momentos de transição.

Palavras-chave: Segundo filho; relação mãe-primogênito; primogênito.

ABSTRACT

The birth of a second child is a specific phase of the family life cycle, which brings changes, especially for the firstborn. The present article examines some theoretical questions and empirical studies concerning the emotional implications of the birth of a second child for the firstborn. The studies suggest that this is a special moment both for mothers, who need to take care of two children, and for the firstborn who is no longer an only child and needs to share maternal care. The literature on the impact of the birth of a second child on the firstborn has presented contradictory results. If, on the one hand, it has highlighted the firstborn's greater dependence and regressive behaviours, on the other, it has indicated more independent behaviours. Moreover, the literature considers dependence behaviours as "negative", while independence behaviours are seen as "positive" and a sign of growth. It is fundamental to identify transition points in the family cycle, so as to help parents to understand that the child follows its own rhythm of development towards independence, and may present more regressive behaviours in moments of transition.

Key words: Second child; mother-firstborn relationship; firstborn.

RESUMEN

El nacimiento del segundo hijo se caracteriza por ser una etapa específica del ciclo vital familiar, generando cambios, en especial al primogénito. El presente artículo examina algunas cuestiones teóricas y estudios empíricos acerca de las repercusiones emocionales con la llegada de un hermano para el primogénito. Los resultados sugieren que ese momento es especial tanto para la madre, que necesita cuidar de la maternidad de sus dos hijos, cuanto para el niño que deja de ser su único hijo y necesita compartir los cuidados maternos. Específicamente cuanto al primogénito, la literatura presenta resultados contradictorios. Si, por un lado, apunta mayor dependencia, por otro lado, indica mayor independencia. La literatura aún considera los comportamientos regresivos como "negativos", en cuanto los de independencia como "positivos" y de crecimiento. Se torna fundamental identificar los puntos de transición en la familia, pasibles de cambios, con el objetivo de ayudar a los padres a comprender que el niño sigue su propio ritmo de desarrollo rumbo a su independencia, siendo, por tanto, posible que el niño venga a presentar comportamientos más regresivos.

Palabras-clave: Segundo hijo; relación madre-primogénito; primogénito.

A inclusão de membros no sistema familiar, especialmente a chegada de uma segunda criança, é caracterizada como um período de ajustamento, que pode ter implicações emocionais tanto para o primogênito quanto para seus pais (Baydar, Hyle & Brooks-Gunn, 1997b; Dessen, 1997; Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004; Stewart, Mobley, Tuyl & Salvador, 1987; Volling, 2005). Esse momento de transição acarreta consequências diretas na interação pai-mãe-criança e, sobretudo, na rotina de cuidados que a mãe destina ao filho, bem como no desenvolvimento cognitivo e socioemocional infantil (Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004; Oliveira & Lopes, 2008).

As mudanças decorrentes do nascimento do segundo filho podem sofrer ajustes de maneiras distintas, antes, durante e depois da chegada deste, e estão relacionadas ao interjogo de diferentes fatores – pessoais, situacionais e relacionais (Kreppner, Paulsen & Schuetze, 1982; Volling, 2005), à harmonia conjugal e ao nível socioeconômico familiar (Teti, Sakin, Kucera, Corns & Eiden, 1996), bem como ao apoio parental que o primogênito experiencia já antes do nascimento do irmão (Gottlieb & Mendelson, 1990). A chegada de uma segunda criança acarreta tanto implicações estruturais e de organização social e econômica, como emocionais para cada um de seus membros, especialmente para o primogênito, uma vez que modifica as trocas afetivas e de interações familiares (Dunn & Kendrick, 1980; Kreppner et al., 1982).

Considerando-se que o curso do desenvolvimento emocional pode ser resultado de um conjunto de rearranjos das relações familiares, bem como das próprias características do desenvolvimento individual infantil, é plausível supor que a chegada de uma nova criança tenha implicações emocionais para cada um de seus membros, especialmente para o primogênito (Dessen, 1994; Kreppner et al., 1982). Embora estudos tenham apontado que o nascimento do segundo filho pode acarretar alterações no ambiente familiar, nos comportamentos do primogênito e em sua interação com os pais, chamam a atenção as poucas pesquisas atuais sobre o assunto (Volling, 2005) e, especialmente, sobre as implicações emocionais para o filho mais velho. Percebe-se ainda, nos estudos que referem alterações de comportamento do primogênito, uma tendência a qualificá-las como positivas ou negativas. A literatura considera comportamentos de independência como sinais de crescimento e de mudanças positivas, desqualificando comportamentos mais regressivos, de dependência. Sendo assim, torna-se relevante dar continuidade a pesquisas sobre o assunto, uma vez que a investigação e a exploração das especificidades desse importante momento de transição podem contribuir para uma reflexão e compreensão das implicações emocionais da chegada de um irmão para o primogênito. Neste sentido, o artigo objetiva revisar os achados da literatura nacional e internacional sobre o impacto do nascimento do segundo filho nas relações familiares, especialmente na relação mãe-primogênito, e nos comportamentos do primogênito, problematizando em que medida o filho mais velho é afetado pela chegada de um irmão. Além disso, discute as implicações emocionais de tornar-se irmão para o primogênito.

Implicações emocionais da chegada de um segundo filho para a relação mãe-primogênito

O principal impacto do nascimento de um segundo filho parece recair sobre a família nuclear, trazendo, sobretudo, implicações emocionais para a estrutura familiar e para as diferentes relações, de modo especial para aquelas entre os genitores e o primogênito. Muitos estudos têm destacado a influência do primeiro filho na transição para a maternidade e na vida do casal e da família como um todo. No que tange à chegada de uma segunda criança, observa-se que tal tema não tem sido amplamente explorado. Em uma extensa pesquisa realizada nos bancos de dados (PsycInfo, Social Sciences Full Text, Bireme, LILACS, Scielo, Index Psi, Medline), a partir dos termos second born, second child, two children, second pregnancy e firstborn foram encontrados poucos artigos recentes publicados que abordaram o nascimento de um segundo filho, o primogênito e as mudanças nas relações familiares (Dessen & Braz, 2000; Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004; Pereira & Piccinini, 2007; Volling, 2005). A maioria dos estudos data da década de 1990 (Baydar, Greek & Brooks-Gunn, 1997a; Kramer & Gottman, 1992; Teti et al., 1996) e da década de 1980 (Dessen & Mettel, 1984; Dunn, Kendrick & MacNamee, 1981). Outros estudos recentes também foram encontrados, porém abordam a relação entre os irmãos após o nascimento do segundo filho, não contemplando as implicações emocionais para o primogênito, foco de interesse do presente artigo. No Brasil, somente alguns pesquisadores se dedicaram à temática (Dessen, 1994; Dessen, 1997; Dessen & Mettel, 1984). Recentemente, este assunto vem sendo retomado por pesquisadores brasileiros, no sentido de dar continuidade aos estudos sobre família e sobre o impacto de uma segunda criança no ambiente familiar, especialmente no primogênito (Oliveira & Lopes, 2008; Pereira & Piccinini, 2007).

Parece existir uma crença popular de que ser pai de um segundo filho é "mais fácil" do que ser do primeiro, em função de já se ter experiência com os cuidados de um bebê, conforme apontam reflexões de Pereira e Piccinini (2007). No entanto, tal crença parece não considerar o impacto expressivo da chegada de uma nova criança no sistema familiar, merecendo particular atenção no campo científico (Kreppner, 1988), por se tratar de um evento complexo, que exige adaptações de todos os membros e de uma constelação de mudanças nas diferentes interações (Dessen, 1997; Walz & Rich, 1983).

Tornar-se pai de dois filhos é qualitativamente diferente do período de transição para a parentalidade no contexto de nascimento do primeiro (Dessen, 1997; Gottlieb & Baillies, 1995; Kojima, Irisawa & Wakita, 2005). O sistema familiar passa a sofrer constantes modificações do ponto de vista estrutural, uma vez que deixa de ser triádico – pai, mãe e criança – e passa a ser poliádico – pai, mãe, primogênito e segundo filho (Dessen, 1997; Kreppner et al., 1982). Os ajustes familiares podem ocorrer antes, durante e depois da chegada do segundo filho. Caracterizam-se como temporários e podem se estender por até dois anos (Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004; Stewart et al., 1987), ou ainda por até quatro anos (Baydar et al., 1997a).

Dentre as diferentes relações familiares, a relação mãe-criança é apontada por grande parte dos estudos encontrados como a mais afetada. Tal fato pode ser compreendido tanto pelo fato de poucos estudos terem incluído o pai na amostra estudada (Dessen & Mettel, 1984; Gullicks & Crase, 1993; Kowaleski-Jones & Donifon, 2004), quanto por ser a chegada de um segundo filho um período marcado por uma ruptura na relação e redefinições do papel materno, conforme apontaram algumas pesquisas (Dunn & Kendrick, 1980; Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004). Ao estudarem longitudinalmente 194 famílias desde o último trimestre de gestação do segundo filho até o segundo ano deste, Teti et al. (1996) verificaram um declínio no apego seguro de primogênitos após o nascimento do irmão, caracterizando-se como uma ruptura na relação mãe-criança. Nesse momento, a mãe tende a estar mais sensível às necessidades primárias do bebê e dirige seu interesse para os cuidados deste, não estando mais tão disponível para o primogênito quanto antes (Brazelton & Sparrow, 2003; Gullicks & Crase, 1993; Stewart et al., 1987), além de redistribuir seu tempo e energia entre ser mãe de um filho mais velho, esposa e profissional e ter suas próprias necessidades (Walz & Rich, 1983).

Estudos apontam, já durante o período gestacional, aumento de práticas disciplinares de controle, diminuição da interação e da atenção materna, redução do tempo que ocupa em brincadeiras com o filho e diminuição significativa do apego seguro de primogênitos em relação à mãe (Baydar et al., 1997a; Feiring & Lewis, 1978; Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004; Stewart et al., 1987; Teti et al., 1996). Os estudos pioneiros sobre as mudanças da interação mãe-primogênito foram realizados por Dunn et al. (Dunn & Kendrick, 1980; Dunn et al. 1981; Kendrick & Dunn, 1980), que investigaram 40 famílias antes e após o nascimento do bebê. Observaram-se mudanças significativas nos padrões de interação mãe-primogênito, sobretudo após o nascimento, e nos comportamentos do primogênito. De modo geral, houve aumento de confrontação, diminuição do interesse e da sensibilidade materna em relação ao primogênito, especialmente em momentos de conversação e de brincadeira, bem como acréscimo de proibições e restrições, refletindo menor interação verbal. De acordo com as autoras, a diminuição da atenção materna se evidenciou particularmente em situações muito tênues que envolviam sensibilidade aos interesses do primogênito. Nesse mesmo sentido, Kendrick e Dunn (1980) indicaram maior envolvimento e interação materna com o primogênito durante os momentos de alimentação e de cuidado fornecido ao bebê, além de mais proibições e confrontações direcionadas ao primogênito nesses momentos. A esse respeito, as autoras referem que as mães estariam mais impacientes e restritivas, por estarem envolvidas com a maternidade de um novo bebê. Da mesma forma, em contexto brasileiro, Dessen e Mettel (1984) verificaram que a mãe emitia mais proibições em relação ao primogênito após o nascimento do bebê, por ter receio de que o primogênito o machucasse.

Outro estudo, da década de 1970, também investigou o comportamento materno, verbal e não verbal, durante a interação com o primogênito no contexto de chegada de uma segunda criança (Taylor & Kogan, 1973). Mediante observações da interação de oito crianças e suas mães, foi notada considerável diminuição da expressão de carinho e incremento significativo da neutralidade emocional, tanto da mãe quanto do primogênito, após o nascimento do bebê. Uma pesquisa mais recente também investigou o comportamento, verbal e não verbal, e as estratégias maternas de interação com duas crianças, durante o primeiro ano após o nascimento do segundo filho (Kojima, 1999). Por meio de observações, foi possível encontrar, longitudinalmente, que as interações maternas verbais com o primogênito foram frequentemente acompanhadas por comportamentos não verbais com o bebê. Estes comportamentos verbais com o filho foram diminuindo na segunda metade do primeiro ano do bebê. Para a autora, essa estratégia caracterizou uma habilidade materna para manter a relação com duas crianças, especialmente poucos meses depois do nascimento. Outro estudo, realizado em três momentos (um, três e seis meses após o nascimento do segundo filho), também verificou maior nível de conflito e estresse vivenciado entre mãe e primogênito (Kojima et al., 2005). Embora não tenha sido observada mudança no padrão de interação no primeiro mês após o nascimento do bebê, aos três e seis meses deste as mães relataram mudanças consideráveis na relação com o filho mais velho.

Com as limitações impostas pela gestação e pelos cuidados de um recém-nascido, é possível que a mãe se torne menos sensível às necessidades do filho maior; porém parece não existir diminuição da atenção materna somente com o primogênito, mas também com o bebê. Em um estudo de 32 mães e seus filhos, primogênito e segundo filho, Jacobs e Moss (1976) revelaram que a mãe despendeu menor tempo em atividades sociais, afetivas e de cuidado tanto com o primogênito quanto com o bebê. Os dados ainda indicaram que a interação com o segundo filho foi ainda menor do que a com o filho mais velho. De modo geral, a atenção da mãe diminuiu quando o bebê era do sexo feminino, fosse o primogênito do mesmo sexo ou do sexo oposto. Para os autores, os dados indicaram que a diminuição da atenção pode estar relacionada à experiência da mãe em ter uma segunda criança, tendo menos tempo para despender com os filhos, ao fato de não ser mais novidade cuidar de um bebê, ou ainda à demanda por atenção do primogênito.

Estas mudanças na interação e nos padrões de comunicação entre mãe e primogênito, bem como na percepção que a mãe tem sobre este, tornam-se visíveis e ricas, sobretudo quando a relação fraterna passa a ser mais significativa com o desenvolvimento e o crescimento do bebê. Tal fato ocorre, especialmente nos primeiros dois anos deste, quando há aumento de sua participação nas interações familiares (Dessen, 1997; Kreppner, 1988). As novas aquisições e habilidades cognitivas, sociais, físicas e emocionais, que se destacam no curso de desenvolvimento do segundo filho, demandam mais atenção e disponibilidade materna e maior capacidade para interferir em suas brincadeiras (Legg, Sherick & Wadland, 1974; Lopes et al., 2008). Tal aspecto tende a fazer com que a mãe responda ao primogênito de modo fatigado e cansado, com raiva e irritação, em função do estresse das novas condições e organizações familiares derivadas de múltiplas demandas da maternidade de dois filhos e dos cuidados de um novo bebê (Dunn et al., 1981; Gottlieb & Mendelson, 1995; Taylor & Kogan, 1973).

A transição de tornar-se mãe de dois filhos desencadeia diferentes sentimentos. Dentre esses, é possível apontar sentimentos de perda da relação especial da mãe com o filho único, busca de aceitação do bebê pelo primogênito, preocupação com a sua inserção no ambiente familiar, bem como ambivalência em dar conta de amá-lo da mesma forma que ao mais velho (Oliveira, 2006; Walz & Rich, 1983). Uma das grandes preocupações maternas é a aceitabilidade do irmão pelo primogênito. Através de um estudo, observou-se que as mães, após o nascimento de seu segundo filho, procuravam promover a aceitabilidade do bebê pelo primogênito (Walz & Rich, 1983). Despendiam maior tempo e energia para favorecer a aceitação do novo bebê, através da inclusão do primogênito nos cuidados deste. Para os autores, o primogênito ocupa uma posição significativa na vida dessa mãe, e a chegada de um segundo filho indica que essa relação - diádica, especial e muito próxima - passa a ser alterada, gerando um forte sentimento de insatisfação. Diferentemente dos estudos explicitados anteriormente, os autores apontam que parece haver uma busca de resgate dessa relação próxima por meio de expressões de amor e de comportamentos protetores. Para os autores, as tentativas e comportamentos maternos de resgatar a relação próxima e a confiança em dar conta do cuidado de duas crianças favorecem tanto a transição do próprio papel materno de ser mãe de dois filhos quanto o de filho mais velho.

Quando a relação mãe-criança é comparada a de famílias que não esperam o nascimento de um novo bebê, os resultados indicam tanto limitações quanto aspectos favoráveis à relação. Diferentemente dos estudos anteriores, que apontaram somente as limitações, estes estudos indicaram que a chegada de um irmão também favoreceu o primogênito (Baydar et al., 1997a; Baydar et al., 1997b). Embora os dados igualmente tenham revelado declínio substancial nas interações imediatamente após o nascimento do primeiro filho, foi observado que o primogênito teve mais oportunidades para desenvolver suas habilidades e menos consultas pediátricas em serviços de saúde, por beneficiar-se do cuidado materno, pelo fato de a mãe permanecer mais em casa em virtude dos cuidados com o irmão mais novo, quando comparados aos filhos únicos, cujas mães aumentaram as horas de trabalho. Kowaleski-Jones e Donifon (2004) também indicaram maior disponibilidade materna e aumento de atividades cognitivamente mais ricas fornecidas ao primogênito, propiciando-lhe experiências de aprendizagem no momento precedente à chegada do bebê. Simultaneamente ao nascimento, os níveis de apoio emocional diminuíram, assim como os genitores mostraram-se mais tensos e cansados.

O tipo de cuidado exigido pelo recém-nascido, de maneira geral, acaba afastando a mãe do atendimento dado ao primogênito, recaindo sobre o pai a responsabilidade de com ele interagir (Brazelton & Sparrow, 2003; Dessen & Mettel, 1984; Gullicks & Crase, 1993). Para sentir-se emocionalmente disponível (Mahler, Pine & Bergman, 2002; Winnicott, 1974, 2001), a mãe depende da rede social e do apoio obtido pelo marido/companheiro, ou pai da criança, de sua própria mãe, da família e de amigos (Dessen & Braz, 2000; Feiring & Lewis, 1978), bem como do nível socioeconômico e dos recursos materiais (Baydar et al., 1997a). A existência da rede de apoio, instrumental e emocional, e a satisfação materna em relação a esse apoio, também estão relacionadas aos comportamentos maternos, pois favorecem a diminuição de reações intrusivas e de controle da criança por parte da mãe, bem como a adaptação da família a eventuais mudanças (Dessen, 1997; Kreppner, 1988; Stewart et al., 1987).

De modo geral, parece que os estudos destacam que a chegada de uma nova criança afetaria negativamente a relação da mãe com o primogênito. Conquanto apontem que esse período constitui momento de transição, exigindo reorganização do relacionamento conjugal e de papéis e tarefas a serem desempenhados pela família, parecem enfatizar as limitações da mãe no cuidado com o primogênito. De fato, há alterações importantes nessa relação, porém questionam-se os estudos que as qualificam como negativas, por não trazerem uma compreensão sobre o porquê dessas alterações em termos de um processo evolutivo tanto das mães quanto do primogênito. As mudanças evolutivas não constituem tarefa fácil para as mães, que se tornam mães de dois filhos e precisam dar conta das múltiplas demandas, além de administrar suas percepções e sentimentos sobre o primogênito e o novo bebê. Essas mudanças também não constituem tarefa fácil para o primogênito, que, com um irmão, deixa de ser único para ocupar a posição de mais velho.

Implicações emocionais da chegada de um irmão para o primogênito

O ajustamento, em situações de mudança da estrutura familiar, depende tanto da habilidade parental para prover a continuidade de cuidado e atenção à criança quanto do desenvolvimento emocional e da percepção desta sobre o evento (Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004). Nesse sentido, mudanças decorrentes da transição da condição de filho único para a de irmão mais velho podem acarretar implicações emocionais diretas para o primogênito, especialmente no sentido da dependência e independência. Estas implicações podem ser visualizadas por uma variedade de reações. Enquanto algumas crianças conseguem administrar o estresse (Kramer & Schaefer-Hernam, 1994), outras se mostram severamente estressadas, desde a gestação até o período após o nascimento do irmão, apresentando problemas de comportamento (Baydar et al., 1997b; Dessen & Mettel, 1984; Gottlieb & Baillies, 1995; Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004).

De modo geral, as reações mais frequentes encontradas nos estudos que investigaram o primogênito durante a gestação e após o nascimento de um primeiro irmão foram: aumento nos comportamentos de confrontação e de agressão com a mãe e com o bebê (Baydar et al., 1997a; Dunn & Kendrick, 1980; Kendrick & Dunn, 1980; Teti et al., 1996), problemas no sono, nos hábitos de alimentação e de higiene, aumento nos comportamentos de dependência, demanda e regressão (Baydar et al., 1997b; Dunn et al., 1981; Field & Reite, 1984; Gottlieb & Baillies, 1995; Legg et al., 1974; Stewart et al, 1987), maior ambivalência, aumento no afastamento, nos comportamentos de independência e de domínio de tarefa (Dunn et al., 1981; Gottlieb & Baillies, 1995; Kramer & Gottman, 1992; Legg et al., 1974; Stewart et al, 1987).

O estresse vivenciado varia conforme a harmonia conjugal, o bem-estar emocional materno, a qualidade da relação pais-primogênito (Gottlieb & Mendelson, 1995; Teti et al., 1996), o apoio parental fornecido ao filho mais velho (Gottlieb & Mendelson, 1990; Legg et al., 1974) e o nível socioeconômico familiar (Baydar et al., 1997b; Dessen & Mettel, 1984). A idade e o sexo do primogênito e do segundo filho também influenciam suas reações (Dunn et al., 1981; Gottlieb & Baillies, 1995). De acordo com Kendrick e Dunn (1982), o processo de adaptação do primogênito está intimamente relacionado às interações familiares anteriores. Se estas já se mostram inadequadas antes do nascimento do irmão, este processo pode gerar impacto no comportamento do primogênito, bem como efeitos prejudiciais para as relações familiares e para o relacionamento posterior entre os irmãos. Legg et al. (1974) verificaram que parece não existir um modo de evitar o estresse de uma criança quando da chegada de um irmão, porém o envolvimento nas atividades de preparação, durante a gestação e a hospitalização materna, somado à participação nas tarefas de cuidado com o bebê e a preservação das rotinas diárias (Kramer & Ramsburg, 2002), pode facilitar o ajustamento e minimizar as reações emocionais do primogênito (Gottlieb & Mendelson, 1990; Legg et al., 1974).

Outra implicação emocional para o primogênito é o aumento no comportamento de demanda e de dependência. Desde a gestação já é possível observar tais reações (Dunn & Kendrick, 1980; Gottlieb & Baillies, 1995; Legg et al., 1974; Oliveira, 2006; Oliveira & Lopes, 2008). Um estudo em contexto brasileiro (Oliveira, 2006; Oliveira & Lopes, 2008) investigou cinco primogênitos em idade pré-escolar e suas mães, indicando uma tendência de comportamentos de dependência, tanto quanto avaliados a partir do ponto de vista da criança quanto do materno, já durante o período gestacional. Os comportamentos de dependência foram analisados a partir do Teste das Fábulas (Cunha & Nunes, 1993) com a criança, bem como de relatos maternos sobre alterações de comportamento em diferentes situações (uso da mamadeira e bico, fala infantilizada, alterações no padrão do sono, hábitos de alimentação e de higiene, bem como maior demanda por cuidado e atenção materna).

Os pioneiros no estudo sobre as alterações de comportamento do primogênito foram Dunn et al. (Dunn & Kendrick, 1980; Dunn et al., 1981). Foi observada maior demanda verbal em momentos em que a mãe cuidava e segurava o bebê, quando comparado a momentos em que a mãe não estava ocupada com este. O primogênito também apresentou incremento na desobediência após o nascimento do irmão, diante do comportamento materno de proibições e de confrontações. As mães relataram que as crianças apresentaram sinais regressivos, como ocasionalmente falar como bebê, querer ser alimentado e ser carregado, desejar dormir com os genitores, especialmente nas primeiras semanas após o nascimento do irmão (Dunn et al., 1981). O primogênito ainda aumentou comportamentos em relação à mãe considerados pelas autoras como negativos, tais como choro, manha, maior exigência e desejo de estar mais agarrado com ela, bem como passou a apresentar ora reações de agressividade com o bebê, ora comportamentos afetivos. Da mesma forma, Stewart et al. (1987) investigaram famílias, antes e depois do nascimento do segundo filho, e verificaram comportamentos regressivos do primogênito, apontados pela mãe. Para os autores, estes comportamentos, de modo geral, foram relacionados a ansiedade, choro e manha e a reações mais regressivas na hora do sono e de higiene.

As reações do primogênito de mostrar-se mais angustiado e apresentar comportamentos de dependência podem diferir conforme o período gestacional, o sexo e a idade, sobretudo em resposta a momentos de separação da mãe nas semanas finais da gestação (Gottlieb & Baillies, 1995). Da mesma forma, Legg et al. (1974) observaram que estes comportamentos se intensificaram, sobretudo, a partir do segundo trimestre ou em decorrência de as mães terem-lhes contado sobre a existência de um irmão, ou ainda quando a barriga tornava-se mais saliente, chamando mais a atenção. Estes comportamentos se mantiveram em destaque também após o nascimento do bebê (Baydar et al., 1997a; Dunn et al., 1981; Legg et al., 1974; Stewart et al., 1987; Taylor & Kogan, 1973). Dessen e Mettel (1984) também apontaram que exigências em relação à mãe, mais problemas de controle vesical noturno, birra e uso de chupeta surgiram, especialmente, depois do comunicado da existência de um irmão, já na gestação. Após o nascimento, estes comportamentos se intensificaram, uma vez que o primogênito apresentou alterações nos hábitos de higiene e sono e manteve as exigências em relação à mãe. Para as autoras, essas alterações podem ser respostas a atitudes estimuladas pelos genitores, gerando dependência na criança.

As tarefas mais difíceis para os pais, nesse momento, estão intimamente relacionadas aos comportamentos de dependência. Para Legg et al. (1974), o aumento da retomada da mamadeira, do bico e do hábito de chupar o dedo, sobretudo em crianças de até três anos, e as alterações nos rearranjos do sono, costumam ser indicativos de um nível de ajustamento prejudicado por parte do primogênito. Ainda para os autores, estes comportamentos podem estar indicando sentimentos de exclusão e substituição, sobretudo se houve alterações na rotina diária.

Outros estudos apontaram aumento no afastamento do primogênito, nos comportamentos de independência e de domínio de tarefa (Dunn et al., 1981; Gottlieb & Baillies, 1995; Kramer & Gottman, 1992; Kreppner et al., 1982; Legg et al., 1974; Stewart et al., 1987). Legg et al. (1974) encontraram que os comportamentos mais comuns foram os de agressividade para com o novo bebê, aumento da procura de atenção materna e de comportamentos regressivos, mas também comportamentos progressivos ou de independência. Além de comportamentos dependentes do primogênito, Dunn et al. também verificaram que as mães apontaram sinais de crescimento e de independência nas três semanas após o nascimento do bebê (Dunn & Kendrick, 1981; Dunn et al., 1981). Estes sinais estiveram associados ao fato de insistir em comer, vestir-se e ir ao banheiro sozinho, brincar mais tempo sozinho, além de deixar de usar a mamadeira e a chupeta, assumindo papel de irmão mais velho e ocupando uma posição de desenvolvimento mais maduro. Chama atenção a associação que as autoras fazem entre crescimento e independência, a qual será discutida mais adiante neste artigo.

O padrão de comportamento da criança parece estar intimamente relacionado ao tratamento e às experiências que recebe da família, do apoio materno e das atitudes parentais quanto à preparação e introdução de alternativas para lidar com a chegada de um irmão (Dessen & Mettel, 1984; Legg et al., 1974). Estas diferentes experiências estão associadas à ordem de nascimento, à disponibilidade e ao investimento de recursos parentais, bem como à habilidade no cuidado dos pais fornecido à criança (Jacobs & Moss, 1976). As atitudes e percepções parentais poderiam, então, favorecer a manifestação tanto de comportamentos de independência quanto de dependência do primogênito (Legg et al, 1974). Para Walz e Rich (1983), as mães, no período pós-parto, empregam diferentes métodos para promover a maturidade do primogênito, encorajando-o a perceber-se como mais velho e irmão maior; porém questiona-se em que medida é possível promover a maturidade do primogênito, uma vez que se acredita ser o desenvolvimento rumo à independência um processo que dependeria do próprio ritmo da criança. Pode-se questionar, inclusive, se tal intervenção materna não poderia conduzir a uma pseudomaturidade, aspecto que será retomado mais adiante.

As reações emocionais em termos de dependência e independência estiveram associadas também ao sexo do primogênito e do irmão, mas foram encontrados resultados contraditórios, não ficando claro o impacto do nascimento de um irmão sobre meninos e meninas (Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004). Os meninos apresentaram diferentes reações, variando de comportamentos introspectivos e menor frequência de comportamento de cuidado com o irmão, desengajando-se do sistema familiar (Baydar et al., 1997a; Dunn et al., 1981) e reações mais agressivas, externalizando seus comportamentos (Gottlieb & Baillies, 1995). Da mesma forma, as meninas variaram suas reações. Por um lado, mostraram mais comportamentos de internalização e proximidade com a mãe após o nascimento, recebendo maior apoio emocional e estimulação cognitiva, em função de cuidados despendidos ao bebê (Baydar et al., 1997a; Gottlieb & Baillies, 1995; Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004), e por outro, apresentaram aumento nos comportamentos depressivos, ansiosos e de confrontação, gerando conflito e, por sua vez, comportamentos maternos punitivos, mais do que os meninos (Baydar et al., 1997b). Em contraposição, estudos de Kendrick e Dunn (1980) não encontraram diferença significativa quanto ao sexo da criança na interação mãe-primogênito antes e depois do nascimento do bebê.

As pesquisas também divergem sobre as reações da criança quando se trata de diferentes composições de gênero do primogênito e do bebê. Algumas indicaram que a criança com irmão do mesmo sexo mostra níveis melhores de ajustamento (Dunn et al., 1981; Legg et al., 1974) e pouca imaturidade (Baydar et al., 1997a; Dunn et al., 1981). Parece que crianças mais velhas com irmãos do sexo oposto tendem a apresentar comportamentos dependentes como forma de recuperar a atenção materna, uma vez que há maior interação entre mãe e primogênito com irmão do mesmo sexo (Baydar et al., 1997a; Baydar et al., 1997b). Em contraposição, Stewart et al. (1987) indicaram haver mais problemas de ajustamento em díades de irmãos do mesmo sexo durante os primeiros dois anos do bebê. Para os autores, isso se deve ao fato de que crianças do mesmo sexo demandam interações e brincadeiras semelhantes, o que pode desencadear sentimentos de rivalidade. Já Teti et al. (1996) não encontraram relação entre sexo e ajustamento do primogênito.

Além do gênero, estudos apontam que, de maneira geral, crianças em idade pré-escolar apresentam maiores dificuldades para adaptar-se ao nascimento de um irmão (Dunn & Kendrick, 1980; Field & Reite, 1984; Gottlieb & Mendelson, 1990; Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004; Stewart et al., 1987). A experiência de tornar-se irmão é muito comum nesta fase do desenvolvimento infantil (Legg et al., 1974). Crianças pré-escolares apresentam escores de apego seguro mais baixos com a mãe, quando comparadas a crianças menores A explicação disso é que elas tomam consciência de seu comportamento e da concepção de causalidade a partir dos 24 meses (Teti et al., 1996), quando adquirem maior habilidade de expressar verbalmente seus estados emocionais (Legg et al., 1974). As crianças, nessa idade, também já possuem maiores habilidades cognitivas e emocionais para identificar as necessárias mudanças no ambiente familiar (Baydar et al., 1997b; Dunn & Kendrick, 1980; Kramer & Gottman, 1992; Teti et al., 1996). Elas percebem facilmente que essas mudanças, em grande parte, ocorrem na relação entre a mãe e o primogênito, possivelmente abalando a confiabilidade do ambiente familiar (Dunn & Kendrick, 1980; Gottlieb & Mendelson, 1990; Kowaleski-Jones & Dunifon, 2004; Stewart et al., 1987; Walz & Rich, 1983). Sua habilidade para lidar com o estresse é parcialmente falha (Gottlieb & Baillies, 1995) e sua autoestima é muito vulnerável (Baydar et al., 1997b), em função de estarem em processo de desenvolvimento emocional, social e cognitivo (Kramer & Gottman, 1992; Gottlieb & Baillies, 1995).

Assim, questiona-se o ponto de vista dos autores que consideram o comportamento de dependência como algo "negativo" ou que reflita "níveis de ajustamento prejudicado" do primogênito. É possível que essas manifestações sejam necessárias, nesse momento de transição, para o desenvolvimento rumo à independência. A dependência pode estar sugerindo sensibilidade às mudanças no ambiente familiar e às alterações na relação com seus cuidadores, uma vez que a confiança e a segurança podem estar sendo abaladas pelo processo de tornar-se irmão. Para Trause e Irvin (1992), diante de qualquer evento estressor - como o nascimento de um irmão, por exemplo -, a segurança de qualquer criança pode vacilar, tornando-se fundamental o apoio e o cuidado parental. Nesse mesmo sentido, Kramer e Ramsburg (2002) apontam que é esperado algum comportamento regressivo ou dependente do primogênito quando da chegada de um irmão, o que é visto como lembrança de cuidados prestados pelos pais e utilizado como estratégia para resgatar suas atenções.

Além disso, é possível que o crescimento e a maturidade do primogênito possam ser estimulados pelas mães como tentativa de administrar os sentimentos provenientes da maternidade de dois filhos, como também de incitar a criança a se adaptar às novas demandas decorrentes desse momento. A esse respeito, acredita-se que o crescimento e os comportamentos de independência podem, na verdade, estar indicando uma pseudomaturidade ou ainda um comportamento defensivo para lidar com situações estressantes e alterações nas relações afetivas do primogênito. Diante da chegada de um irmão, o primogênito faz concessões difíceis, cedendo territórios e lugar na hierarquia familiar (Raphael-Leff, 1997). Ele pode não estar preparado para essas mudanças nem para a alteração da percepção parental de ter uma maior independência (Dessen & Mettel, 1984). Parece haver na literatura estudada uma tendência a enfatizar a independência como algo "positivo" e a dependência como "negativo", deixando-se de considerar a possibilidade de os comportamentos regressivos serem um impulso para o amadurecimento emocional.

Considerações finais

Ainda que estudos tenham apontado que o nascimento do segundo filho possa acarretar alterações no ambiente familiar, nos comportamentos do primogênito e em sua interação com os genitores, chamam atenção as poucas pesquisas atuais sobre o assunto (Volling, 2005) e, especialmente, sobre as implicações emocionais para o filho mais velho. Como pôde ser visto, esse contexto possui impacto já durante o período gestacional. As mudanças significativas recaem tanto sobre as diferentes interações familiares quanto sobre os comportamentos individuais, na tentativa de adaptação decorrente do processo de transição de uma família de filho único para uma família de dois filhos. No que se refere às relações familiares, há consenso na literatura científica de que ocorrem mudanças e alterações em diferentes âmbitos – por exemplo, na relação pai-mãe-filho mais velho, na relação conjugal, na relação mãe-primogênito, pai-primogênito e em outros. De modo geral, os estudos enfatizam alterações expressivas de comportamento e dificuldades na relação entre mãe e primogênito, apontando as limitações maternas no cuidado com este. Cabe destacar a ênfase dada pela literatura a essa questão. Assim, questiona-se se a relação mãe-primogênito é realmente a mais afetada das relações familiares, ou se tal aspecto pode ser entendido em função de grande parte dos estudos ter priorizado a relação mãe-primogênito, não incluindo a figura paterna na amostra estudada. Além disso, questionam-se os estudos que as qualificam como negativas. Apesar de haver alterações importantes na relação mãe-primogênito, as pesquisas não consideram essas alterações em termos de um processo evolutivo tanto da mãe quanto do primogênito.

Os achados das pesquisas também são contraditórios, sobretudo no que diz respeito às implicações emocionais da chegada de um irmão para o primogênito, especialmente nas questões de dependência e independência. Questiona-se o ponto de vista dos autores que consideram tanto a dependência como algo "negativo" ou que reflita "níveis de ajustamento prejudicado" do primogênito, quanto a independência como algo "positivo", indicando "crescimento e maturidade". De fato, os efeitos do nascimento de uma segunda criança não são generalizáveis. As implicações são muito variadas e complexas e dependem tanto dos genitores quanto do primogênito (Dessen, 1997; Dessen & Mettel, 1984; Dunn & Kendrick, 1980). Assim, é plausível supor que a dependência esteja sugerindo sensibilidade às mudanças, sobretudo na relação com seus cuidadores, podendo não ser uma resposta negativa ao processo de tornar-se irmão. Por outro lado, a independência pode estar aludindo a uma pseudomaturidade, como forma de defesa contra situações estressantes e alterações em suas relações afetivas, ou a um meio de se adaptar às novas demandas.

Com base nesta revisão, pode-se apontar que a pesquisa de levantamento e de avaliação do conhecimento sobre este tema constitui um meio de vislumbrar com maior abrangência a literatura científica, promovendo divulgação e facilitação de acesso às pesquisas na área. Identificar os pontos de transição familiar que podem acarretar mudanças é tarefa básica da psicologia do desenvolvimento, que, por sua vez, necessita da contribuição de áreas afins. O profissional pode tomar contato mais íntimo com o sistema familiar e ajudar os pais a compreenderem que em períodos de transição a criança segue seu próprio ritmo de desenvolvimento rumo à independência e que por isso ela pode apresentar comportamentos mais regressivos.

Espera-se, com a presente discussão, estimular novas pesquisas que possam contribuir para o entendimento das repercussões do nascimento do segundo filho no desenvolvimento emocional do primogênito e, sobretudo, nas questões de separação psicológica ou emocional em relação aos seus cuidadores.

Referências

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Recebido em 24/04/2008

Aceito em 11/09/2009

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  • Endereço para correspondência:

    Débora S. de Oliveira
    Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia, Sala 108
    Rua Ramiro Barcelos, 2600, CEP 90035-003, Porto Alegre-RS, Brasil
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Maio 2010
    • Data do Fascículo
      Mar 2010

    Histórico

    • Aceito
      11 Set 2009
    • Recebido
      24 Abr 2008
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