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PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM PORTUGAL: ATUAÇÃO NOS INSTITUTOS POLITÉCNICOS

PSICOLOGÍA EN LA EDUCACIÓN UNIVERSITARIA EN PORTUGAL: ACTUACIÓN EN LOS INSTITUTOS POLITÉCNICOS

RESUMO.

Os Institutos Politécnicos são espaços formativos de cariz profissional que integram o subsistema da educação superior em Portugal. As políticas de expansão e democratização da formação superior no país requereram a ampliação das ações de apoio acadêmico e de acolhimento aos discentes dos politécnicos. Nesta direção, a presença de psicólogos tem-se afirmado progressivamente nos serviços de apoio ao estudante da educação superior em Portugal. O objetivo deste estudo qualitativo foi mapear a atuação de psicólogos na educação superior dos Institutos Politécnicos, a fim de caracterizar as ações práticas desenvolvidas por esses profissionais. Pretendeu-se também ampliar o debate sobre as contribuições da psicologia escolar em espaços de formação não universitários, considerando as especificidades e as diversas demandas da comunidade acadêmica em Portugal. Para tanto, foram realizadas entrevistas com os psicólogos atuantes nestes contextos. Os resultados revelam que ainda prevalecem intervenções sob o enfoque individualizante. Mas também há registros da ampliação da atuação de psicólogos na educação superior no contexto dos Institutos Politécnicos por meio de programas de desenvolvimento de competências transversais e de apoio ao ingresso no mercado de trabalho.

Palavras-chave:
Psicologia escolar; ensino superior; ensino profissionalizante

RESUMEN.

Los politécnicos son espacios de formación de carácter profesional que integran el subsistema de educación universitaria en Portugal. Las políticas de expansión y democratización de la formación universitaria en el país requirieron la ampliación de las acciones de apoyo académico y de acogida a los discentes de los Politécnicos. En este sentido, la presencia de psicólogos ha afirmado gradualmente en los servicios de apoyo a los estudiantes de educación universitaria en Portugal. El objetivo de este estudio cualitativo fue realizar un mapeo de la actuación de psicólogos en la educación superior de los Institutos Politécnicos, a fin de caracterizar las acciones prácticas desarrolladas por esos profesionales. También se pretende ampliar el debate sobre las aportaciones de la psicología escolar en espacios de formación no universitaria, teniendo en cuenta las especificidades y las diversas demandas de la comunidad académica en Portugal. Para ello, se entrevistaron a psicólogos que actúan en ese entorno. Los resultados revelan que aún prevalecen las intervenciones bajo una mirada individualizada. Pero también hay registros de una ampliación de la actuación de psicólogos en los Institutos Politécnicos por intermedio de programas de desarrollo de competencias transversales y apoyo para el ingreso al mercado laboral.

Palabras clave:
Psicología escolar; enseñanza superior; enseñanza profesional

ABSTRACT.

The Polytechnic Institutes are training spaces of professional nature that integrate the higher education subsystem of Portugal. The expansion and democratization policies for higher education in Portugal required the expansion of academic support actions and hospitality for polytechnic institutes students. Thus, the presence of psychologists has been progressively implemented in the support services for higher education students in Portugal. This qualitative study aimed to map the performance of psychologists in higher education at the Polytechnic Institutes to characterize the practical actions developed by these professionals. It was also intended to broaden the debate on the contributions of school psychology in non-university training spaces, considering the specificities and the diverse demands of the academic community in Portugal. To this end, interviews were conducted with psychologists working in these contexts. Results show that the individualized interventions´ approach is still prevalent. However, there are also records of the expansion of psychologists' work in the context of Polytechnic Institutes through programs for the development of transversal competences and for supporting the student´s entry into the labor market.

Keywords:
School psychology; higher education; vocational education

Introdução

Os Institutos Politécnicos são responsáveis pela oferta de cursos superiores de cariz profissionalizante em Portugal. Segundo Urbano (2011Urbano, C. (2011). A (id)entidade do ensino superior politécnico em Portugal: da Lei de Bases do Sistema Educativo à Declaração de Bolonha. Sociologia, Problemas e Práticas, 66, 95-115.), essas instituições acompanharam as transformações trazidas pelas políticas de democratização de acesso ao ensino superior português. Além das novas oportunidades de ingresso para os discentes, essas mudanças reforçaram o compromisso institucional ante as demandas regionais, econômicas e sociais nos mais diferentes distritos do país, em especial nas zonas do interior de menor crescimento.

Em Portugal, o ensino politécnico integrou o subsistema da educação superior no ano de 1979. Nessa época, os institutos vivenciaram sua primeira fase de expansão em resposta à grande procura da comunidade acadêmica por essa modalidade de cursos. Entretanto, o crescimento das taxas de insucesso ou abandono escolar e o alto número de diplomados que não ingressaram no mercado de trabalho tornaram-se elementos de preocupação e contradição para os politécnicos (Urbano, 2011Urbano, C. (2011). A (id)entidade do ensino superior politécnico em Portugal: da Lei de Bases do Sistema Educativo à Declaração de Bolonha. Sociologia, Problemas e Práticas, 66, 95-115.). Nesse contexto, as trajetórias formativas dos discentes, bem como as mudanças no cenário dos politécnicos, configuram-se em dimensões de interesse para todos os atores educativos, inclusive para atuação de psicólogos.

No contexto português, tradicionalmente, as instituições de ensino superior acompanham seus acadêmicos, quanto às dificuldades de aprendizagem e às necessidades de desenvolvimento psicossocial, por meio dos Serviços de Apoio Psicológico (Dias, 2006Dias, G. F. (2006). Apoio psicológico a jovens do ensino superior: métodos, técnicas e experiências. Porto, PT: Edições Asa). Com a ampliação desses serviços, o apoio psicológico concentrou-se em ações para a adaptação acadêmica e em intervenções para o desenvolvimento pessoal e o bem-estar dos estudantes (Ferreira, 2009Ferreira, C. A. M. (2009). Intervenção psicológica no ensino superior: efeito da psicoterapia no rendimento acadêmico (Dissertação de Mestrado não publicada). Lisboa, PT: University of Lisboa.). Além disso, também eram ofertadas intervenções psicoterapêuticas, orientação vocacional e aconselhamento, a fim de garantir processos de aprendizagem e sucesso dos estudantes (Dias, 2006Dias, G. F. (2006). Apoio psicológico a jovens do ensino superior: métodos, técnicas e experiências. Porto, PT: Edições Asa; Feitosa, Marinho-Araujo, & Almeida, 2016Feitosa, L. R. C., & Marinho-Araújo, C. M. (2016). Psicologia escolar nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia: oportunidades para atuação profissional. In R. Francischini & M. N. Viana (Orgs.), Psicologia escolar: que fazer é esse? (p. 176-187). Brasília, DF: Conselho Federal de Psicologia. ).

A atuação de psicólogos nos Serviços de Apoio Psicológico na educação superior está registrada em estudos acerca dos processos de ensino, aprendizagem e o desenvolvimento profissional de estudantes. As produções acadêmicas que envolvem a intervenção desses profissionais discutem os seguintes temas, a saber: (a) ingresso no nível superior (Balsa, 2008Balsa, C. (2008). Processo de democratização e acesso ao ensino superior em Portugal. In Conselho Nacional de Educação [CNE] (Ed.), Políticas de ensino superior: quatro temas em debate (p. 249-289). Lisboa: Conselho Nacional de Educação.; Dias & Sá, 2013Dias, D., & Sá, M. J. (2013). Tornar-se jovem ou estudante: um desafio desenvolvimental. Revista Portuguesa de Pedagogia, 47, 65-84. Recuperado de: <http://impactum-journals.uc.pt/rppedagogia/article/view/1905/1261>
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); (b) sucesso acadêmico (Almeida, 2007Almeida, L. S. (2007). Transição, adaptação acadêmica e êxito escolar no ensino superior. Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxía e Educácion, 14, 203-215. Recuperado de: <https://ruc.udc.es/dspace/handle/2183/7078>
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; Almeida & Soares, 2004Almeida, L. S., & Soares, A. P. (2004). Os estudantes universitários: sucesso escolar e desenvolvimento psicossocial. In E. Mercuri & S. A. J. Polydoro (Eds.), Estudante universitário: características e experiências de formação (p. 15-40). São Paulo: Cabral Editora e Livraria Universitária.) e (c) transição para o mercado de trabalho (Monteiro & Almeida, 2015Monteiro, S., &Almeida, L. S . (2015). The relation of career adaptability to work experience, extracurricular activities, and work transition in Portuguese graduate students. Journal of Vocational Behavior, 91, 106-112. Recuperado de: https://doi.org/10.1016/j.jvb.2015.09.006
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; Vieira, 2012Vieira, D. A. (2012). A transição do ensino superior para o trabalho: o poder da autoeficácia e dos objetivos profissionais. Porto, PT: Edições Politema.).

Especificamente no ensino politécnico, os estudos têm sido mais residuais no que se refere à educação superior (Urbano, 2011Urbano, C. (2011). A (id)entidade do ensino superior politécnico em Portugal: da Lei de Bases do Sistema Educativo à Declaração de Bolonha. Sociologia, Problemas e Práticas, 66, 95-115.; Leão, 2007Leão, M. T. (2007). O ensino superior politécnico em Portugal. um paradigma de formação alternativo. Porto, PT: Edições Afrontamento.). De modo análogo, as pesquisas sobre as práticas dos psicólogos nos Serviços de Apoio Psicológico nos Politécnicos ainda apontam menor produção (Seco, Pereira, Santos, Filipe, & Alves, 2008Seco, G, Pereira, A. P, Santos, I. C, Filipe, L, & Alves, S. (2008). Promoção de estratégias de estudo: contributos do Serviço de Apoio ao estudante (SAPE) do Instituto Politécnico de Leiria (IPL). International Journal of Developmental and Educational Psychology, 1, 295-303. Recuperado de: <https://iconline.ipleiria.pt/bitstream/10400.8/59/1/Artigo_1.pdf>
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) quando comparadas às produções voltadas para a atuação desses profissionais nos espaços universitários em Portugal (Bisinoto, Marinho-Araujo, & Almeida, 2014Marinho-Araujo, C. M. (2014). Intervenção institucional: ampliação crítica e política da atuação em psicologia escolar. In R. Guzzo (Ed.), Psicologia escolar: desafios e bastidores na educação pública (p. 153-175). Campinas, SP: Alínea.; Ferreira, 2009Ferreira, C. A. M. (2009). Intervenção psicológica no ensino superior: efeito da psicoterapia no rendimento acadêmico (Dissertação de Mestrado não publicada). Lisboa, PT: University of Lisboa.; Gonçalves & Cruz, 1988Gonçalves, O. F., & Cruz, J. F. (1988). A organização e implementação de serviços universitários de consulta psicológica e desenvolvimento humano. Revista Portuguesa de Educação, 1(1), 127-145. Recuperado de: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/12454/3/gon%C3%A7alves%20%26%20cruz-88servi%C3%A7os%20de%20consulta%20psicol%C3%B3gica%20universit.pdf
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; Mendes, Abreu-Lima, Almeida, & Simeonsson, 2014Mendes, S. A, Abreu-Lima, I, Almeida, L. S, & Simeonsson, R. J. (2014). School psychology in Portugal: practitioners’ characteristics and practices. International Journal of School & Educational Psychology, 2(2), 115-125. Recuperado de: http://doi:10.1080/21683603.2013.863171>
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).

Definidos por instituições de educação superior em espaços não universitários os politécnicos registram a atuação de psicólogos principalmente nos gabinetes psicológicos ou nos serviços de ação social. Estes setores institucionais dispõem de uma estrutura para o acompanhamento da trajetória acadêmica dos estudantes quanto ao desempenho e formação profissional (gabinetes psicológicos) ou para atendimentos psicológicos de estudantes em vulnerabilidade social (serviços de ação social). Em ambos os contextos de trabalho, a intervenção desse profissional está voltada para a promoção do bem-estar dos discentes, do sucesso acadêmico e de uma formação qualificada.

Vale destacar que a educação superior comparece como um espaço privilegiado de ensino que pode ser concebido, mantido e reestruturado conforme as transformações históricas e culturais vivenciadas pela sociedade, configurando-se como um contexto potente para a intervenção da psicologia escolar. De acordo com Marinho-Araujo (2009Marinho-Araújo, C. M . (2009). Psicologia escolar na educação superior: novos cenários de intervenção e pesquisa. In C. M. Marinho-Araújo (Ed.), Psicologia escolar: novos cenários e contextos de pesquisa, formação e prática (p. 155-202). Campinas, SP: Alínea.), no nível superior de ensino, são evidenciados e constituídos os processos de formação de sujeitos autônomos, críticos, protagonistas e comprometidos ética e socialmente com sua realidade. Neste sentido, a atuação do psicólogo escolar pode promover ações coletivas em favor do desenvolvimento psicológico complexo daqueles que integram o espaço educativo, favorecendo mudanças no cotidiano institucional (democratização do acesso, permanência e inclusão) e na formação qualificada (Marinho-Araujo, 2016Marinho-Araujo, C. M. (2016). Inovações em psicologia escolar: o contexto da educação superior. Estudos de Psicologia (Campinas ), 33(2), 199-211. Recuperado de: http://dx.doi.org/10.1590/1982-02752016000200003
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).

Diante deste contexto, este estudo tem por objetivo mapear a atuação de psicólogos nos institutos politécnicos, a fim de caracterizar as ações práticas desenvolvidas por esses profissionais. Pretende-se também ampliar o debate sobre as contribuições da psicologia escolar em espaços de formação não universitários, considerando as especificidades e as diversas demandas da comunidade acadêmica em Portugal.

Método

A abordagem qualitativa é definida pelo caráter interpretativo acerca dos fenômenos investigados em uma determinada realidade. De acordo com González-Rey (2005González-Rey, F. (2005). Pesquisa qualitativa em psicologia: caminhos e desafios. São Paulo, SP: Pioneira Thomson Learning.), a produção do conhecimento ocorre pela inter-relação do modelo teórico orientador da pesquisa e dos recursos metodológicos escolhidos para responder às questões do estudo ao longo da construção das informações.

A primeira etapa desta pesquisa envolveu o levantamento das informações acerca do funcionamento dos serviços de apoio psicológico nos institutos politécnicos. Inicialmente, foram realizadas visitas aos sites institucionais para identificar quais eram os politécnicos que possuíam em seu corpo técnico o profissional da psicologia. A seguir, foram localizados os contatos dos psicólogos dos politécnicos e, por e-mail, foram enviadas as informações da pesquisa e o convite para as entrevistas5 5 A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética da Universidade de Brasília, via Plataforma Brasil, Parecer n° 651.082. . Dos contatos realizados, nove profissionais manifestaram interesse em participar voluntariamente. As entrevistas semiestruturadas foram conduzidas no próprio local de trabalho de cada um dos participantes.

O roteiro das entrevistas foi composto por duas grandes áreas: (a) caracterização da formação do psicólogo e (b) descrição da atuação do psicólogo. Para a análise das informações, optou-se pela codificação e categorização proposta por Flick (2009Flick, U. (2009). Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre, RS: Artmed.). As entrevistas foram transcritas e interpretadas sob a perspectiva da psicologia escolar na educação superior.

As falas de cada participante foram identificadas pela sigla ‘P’, acrescida da numeração entre 1 e 7, por se referirem ao total de respondentes. Vale ressaltar que a codificação P7 incorporou os relatos de mais dois psicólogos, pois, a pedido desses profissionais, a entrevista foi conduzida em grupo. A seguir, serão apresentados o cenário das pesquisas e participantes e, ainda, as análises das informações construídas por meio das entrevistas.

Cenário da pesquisa e participantes

O ensino superior politécnico em Portugal é constituído por 15 institutos politécnicos públicos (Barcelos, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Caldas da Rainha, Peniche, Lisboa, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, Tomar, Viana do Castelo e Viseu). Ainda estão vinculadas a este subsistema as escolas superiores não integradas (Coimbra, Lisboa, Porto e Estoril), duas instituições de ensino militar e policial (Lisboa e Setúbal) e estruturas de ensino de cariz politécnico em sete universidades (Açores, Algarve, Aveiro, Évora, Madeira, Minho, e Trás-os-Montes e Alto Douro).

Neste estudo, o levantamento dos serviços de apoio psicológico ocorreu exclusivamente junto aos institutos politécnicos públicos. Optou-se por esse recorte em virtude das mudanças nas políticas educacionais nas últimas três décadas em Portugal que provocaram sucessivos ajustes na oferta do ensino nestes espaços de formação. Dentre elas, destaca-se a diminuição da clivagem regional com a oferta do ensino politécnico, por meio da defesa do acesso igualitário à educação superior para todos (Simão, Santos, & Costa, 2002Simão, J. V, Santos, S. M , & Costa, A. M. (2003). Ensino superior: uma visão para a próxima década. Lisboa, PT: Gradiva Publicações. ). A presença desses politécnicos, em diferentes localidades do país, permitiu a promoção de novas possibilidades de oferta e da atração de diferentes públicos.

Resultados

Os resultados iniciais apontaram que, dos 15 institutos politécnicos públicos mapeados em Portugal, em 14 foi identificada a presença dos serviços de apoio psicológico oferecidos à respectiva comunidade acadêmica, majoritariamente, aos seus estudantes. Deste quantitativo, em 12 institutos, os gabinetes de psicologia integram a estrutura dos serviços de ação social, cujo objetivo é prestar apoio aos estudantes em situações de vulnerabilidade econômica ou com necessidades acadêmicas específicas. Nesses gabinetes há o registro de, no mínimo, um psicólogo por equipe (Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior [RESAPES], 2014Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior [RESAPES]. (2014). Novas fronteiras para a intervenção psicológica no ensino superior. Lisboa, PT: University of Lisboa.).

Neste estudo, participaram nove psicólogos atuantes nos serviços de apoio psicológico e/ou serviços de ação social dos institutos politécnicos distribuídos nas regiões Norte, Central e Sul de Portugal. Desses serviços, apenas o instituto da região Central constava de quatro profissionais à frente das demandas dos estudantes.

Destes participantes, cinco profissionais desenvolvem suas atividades nos gabinetes de apoio ao estudante, pertencentes à estrutura administrativa dos serviços de ação social. Apesar de o quantitativo de profissionais não corresponder a uma amostra representativa do que é oferecido no contexto da educação superior no país, os respondentes contribuíram para a análise das discussões apresentadas a seguir.

Formação do psicólogo que atua nos institutos politécnicos

A primeira categorização que emergiu dos resultados foi definida por ‘formação do profissional’. Esta categoria corresponde aos aspectos caracterizadores da formação inicial e complementar do psicólogo do instituto politécnico.

No caso dos politécnicos, os psicólogos que participaram desta pesquisa são licenciados em psicologia, em currículo anterior à Declaração de Bolonha (1999Declaração de Bolonha. Declaração de Bolonha (1999). Recuperado de: <http://www.ehea.info/Uploads/Documents/1999_Bologna_Declaration_Portuguese.pdf>
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). A habilitação desses profissionais esteve concentrada em duas grandes ênfases: a generalista e a clínica.

Em Portugal, os psicólogos que cursaram a licenciatura por cinco anos e que não se especializaram em áreas aplicadas à educação optaram pelas áreas da psicologia clínica e da saúde (Mendes, Abreu-Lima, & Almeida, 2015Mendes, S. A., Abreu-Lima, I., & Almeida, L. S. (2015). Psicólogos escolares em Portugal: perfil e necessidades de formação. Estudos de Psicologia (Campinas ), 32(3), 405-416. Recuperado de: http:// doi: 10.1590/0103-166X2015000300006
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). Nos institutos politécnicos, pode-se constatar essa escolha nas respostas de quatro psicólogos. Estes profissionais relataram possuir especialização em diferentes enfoques da intervenção psicológica clínica (psicopatologias, neuropsicologia, abordagem humanista e cognitivo-comportamental). Quanto aos demais participantes, dois são detentores do título de Mestrado em Psicologia da Educação e em Sexualidade Humana; um com Doutorado em Psicologia do Desenvolvimento; e dois não mencionaram outras formações em sua trajetória profissional.

Embora o contexto educativo português seja favorável à existência dos serviços de apoio psicológico em diferentes espaços formativos, a psicologia escolar não foi uma área reconhecida e largamente difundida na formação inicial do psicólogo no país. A produção de Jimerson, Skokut, Cardenas, Malone e Stewart (2008Jimerson, S. R, Skokut, M, Cardenas S, Malone, H, & Stewart, K. (2008). Where in the world is school psychology? examining evidence of school psychology around the globe. School Psychology International, 29(2), 130-144. Recuperado de: https://doi.org/10.1177/0143034308090056
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) já evidenciava que, em diferentes países, os psicólogos atuantes em contexto escolar possuíam a formação inicial em caráter generalista, com variações quanto ao nível de clareza e especificidade da concepção acerca da psicologia escolar. Em consonância com este estudo, Mendes et al. (2014Mendes, S. A, Abreu-Lima, I, Almeida, L. S, & Simeonsson, R. J. (2014). School psychology in Portugal: practitioners’ characteristics and practices. International Journal of School & Educational Psychology, 2(2), 115-125. Recuperado de: http://doi:10.1080/21683603.2013.863171>
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) assinalaram que, por muitos anos, em Portugal, o psicólogo atuou no sistema educacional com essa formação geral e foi desenvolvendo competências específicas a partir do exercício de suas práticas nas mais diferentes demandas das escolas.

Ainda que a maioria dos psicólogos dos politécnicos não apresentasse uma formação de base em psicologia escolar, a atuação desses profissionais na educação superior os conduziu a investir em formação continuada, envolvendo as áreas: psicologia e educação. No relato dos participantes, lidar com as demandas e as particularidades da educação superior fez com que eles buscassem cursos que levassem ao desenvolvimento de competências para atuar junto aos casos das necessidades educativas especiais e para propor intervenções multidisciplinares em atenção aos jovens acadêmicos.

Esses exemplos podem ser interpretados como uma mobilização desses profissionais em adotar estratégias que oportunizem melhor compreensão das especificidades da sua formação inicial ante o seu contexto de atuação. Em diferentes cenários, o investimento na formação do psicólogo pode contribuir para retroalimentar a base teórico-metodológica da atuação desse profissional, possibilitando o desenvolvimento consistente e intencional das suas ações práticas. Nesta direção, por meio de uma formação continuada, os psicólogos podem avançar em uma atuação que seja ampliada, comprometida e que, em certa medida, envolva a todos os atores educativos (Marinho-Araujo & Almeida, 2010Marinho-Araujo, C. M.; & Almeida, S. F. C. (2010). Psicologia escolar: construção e consolidação da identidade profissional. Campinas, SP: Alínea).

A partir da descrição da formação dos psicólogos, pode-se introduzir a discussão sobre as escolhas desses profissionais em direcionar a sua atuação para o apoio à trajetória educativa e psicossocial dos acadêmicos nos institutos politécnicos. A seguir, os relatos dos participantes a respeito das ações desenvolvidas no contexto da educação superior.

Atuação dos psicólogos nos institutos politécnicos

A segunda categoria identificada foi ‘atuação do psicólogo’. Por meio dessa categoria, podem-se analisar os relatos dos participantes acerca de suas práticas nos politécnicos, as diretrizes que norteiam suas condutas, os atores educativos envolvidos e os desafios presentes no cotidiano desse profissional. A atuação do psicólogo nos institutos politécnicos aponta para um possível cenário de reconhecimento institucional e da comunidade acadêmica em relação aos benefícios que a intervenção psicológica pode trazer para a promoção do bem-estar dos discentes, do sucesso acadêmico e da formação qualificada dos estudantes.

Os relatos dos entrevistados, descritos a seguir, demonstram o processo de consolidação dos serviços nos politécnicos. Considerando as primeiras formatações do serviço, P1 assinalou que o

Serviço foi criado em 2001 e está a funcionar até agora. Na altura, o Gabinete, quando foi criado, tinha duas ênfases: uma voltada aos estudantes e outra aos docentes [...]. Ao longo do tempo, o Serviço foi se especializando e passou a ser conhecido como parte do organograma, deixando de ser um projeto, uma coisa avulsa. E hoje somos as mesmas: duas psicólogas, mas com vínculo definitivo à instituição. Temos estágios curriculares com as pessoas do 5º ano de Psicologia todos os anos, contribuímos para a formação dos psicólogos.

Na fala de P2, o profissional diz que “[...] atua no Serviço de Ação Social, serviços que são obrigatórios em todas as Instituições de Ensino Superior. No Politécnico, é uma exigência ter os Serviços de Psicologia ao apoio ao estudante”. Na sequência, P3 assinalou que “[...] no Politécnico, o trabalho do psicólogo tem em seu regimento o direcionamento para realizar o acompanhamento psicológico do estudante”. Na fala de P7/P8/P9, esses profissionais sinalizaram que “[...] as atividades do Serviço estão a seguir em um regulamento geral criado para a concepção desse Serviço no Politécnico, onde são apresentadas as diretrizes e as formas de contatar os profissionais”.

A partir desses relatos, observou-se que há, inicialmente, um posicionamento institucional em cumprir com as diretrizes do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (Lei n° 62, 2007Lei n° 62, de 10 de setembro de 2007. (2007). Institui o regime jurídico das instituições de ensino superior. Portugal: Assembleia da República. Recuperado de: <http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/40A12447-6D29-49BD-B6B4-E32CBC29A04C/1129/L622007.pdf>
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) quando concebem as estruturas e viabilizam os serviços de psicologia nos institutos politécnicos. Na fala de P1, pode-se depreender a trajetória de consolidação da atuação do psicólogo, destacando brevemente o início da oferta e a forma como esse serviço foi se consolidando nesses espaços de formação. Ainda em relação aos destaques das falas dos participantes P2, P3 e P7/P8/P9, ficou evidente que a proposta de intervenção desses profissionais está direcionada para o apoio psicológico do estudante.

Mesmo que as proposições de atuação pudessem ser eventualmente estendidas, por exemplo, aos docentes, o foco da intervenção psicológica está destinado unicamente ao atendimento das demandas dos discentes. Em consonância com os relatos desses participantes, Bisinoto et al. (2014Bisinoto, C., Marinho-Araujo, C. M., & Almeida, L. S. (2014). Serviços de psicologia na educação superior: Panorama no Brasil e em Portugal. Revista de Estudios e Investigación en Psicología y Educación,1, 82-90. Recuperado de: https://doi.org/10.17979/reipe.2014.1.1.27
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) assinalaram que, nos serviços de apoio psicológico dos contextos universitários em Portugal, o psicólogo escolar ainda tem direcionado suas práticas para o atendimento individualizado e dedicado, quase exclusivamente, aos estudantes. Nessa direção, depreende-se que a atuação do psicólogo no contexto dos politécnicos está associada às práticas que conjugam o viés clínico da intervenção com as dimensões que perpassam o cotidiano acadêmico dos estudantes.

No que diz respeito às atividades dos psicólogos, nos politécnicos, pode-se evidenciar pela fala dos participantes que a atuação é desenvolvida com base em dois grandes eixos de intervenção: apoio psicológico clínico e apoio ao desenvolvimento acadêmico e profissional dos estudantes. A intervenção psicológica de caráter clínico é internacionalmente reconhecida como uma prática das mais usuais no contexto, envolvendo a psicologia e a educação (Jimmerson et al., 2008Jimerson, S. R, Skokut, M, Cardenas S, Malone, H, & Stewart, K. (2008). Where in the world is school psychology? examining evidence of school psychology around the globe. School Psychology International, 29(2), 130-144. Recuperado de: https://doi.org/10.1177/0143034308090056
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). Em Portugal, Gonçalves e Cruz (1988Gonçalves, O. F., & Cruz, J. F. (1988). A organização e implementação de serviços universitários de consulta psicológica e desenvolvimento humano. Revista Portuguesa de Educação, 1(1), 127-145. Recuperado de: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/12454/3/gon%C3%A7alves%20%26%20cruz-88servi%C3%A7os%20de%20consulta%20psicol%C3%B3gica%20universit.pdf
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitst...
) vislumbraram as ações de apoio terapêutico aos alunos como uma perspectiva de atuação do psicólogo no contexto universitário em caráter remediativo e, quanto ao suporte na formação acadêmica e profissional dos estudantes, destacaram a atuação do psicólogo de caráter preventivo e desenvolvimentista.

No caso dos politécnicos, os participantes foram unânimes em descrever ações práticas destinadas às consultas psicológicas e intervenções clínicas como destaques da sua atuação. A fala de P1 apontou que “[...] oferecemos atividades específicas para a entrada, a sequência e a saída do estudante da instituição. E isso implica sempre de uma forma transversal à consulta psicológica e a psicoterapia individual”. Em direção semelhante, P2 diz que “[...] realizo consulta de apoio psicológico clínico [...] Como minha intervenção é voltada para as questões clínicas, não estabeleço muitas interlocuções com outros profissionais”.

A descrição de P3 sinalizou que “[...] o meu trabalho passa por muitas coisas: terapias breves, terapias cognitivas breves, acompanhamento, orientação educacional e profissional, a diversificar”. Na fala de P4, foi destacado que “[...] começamos com atendimento psicológico, consulta clínica [...]”; P5 também evidenciou que realiza “[...] atendimento clínico, consultas de psicologia, faço psicoterapia, intervenções psicológicas à comunidade, alunos, familiares ou a quem solicitar o serviço”.

O relato de P6, por sua vez, foi bastante claro sobre o direcionamento da sua atuação “[...] esse serviço é basicamente para sessões de acompanhamento psicológico individual, nada mais”. E, por fim, P7/P8/P9 afirmaram que estão a atuar “[...] com consultas psicológicas e intervenções psicológicas no âmbito da clínica e com formações no âmbito da educacional”.

Mediante esses relatos, depreende-se que a escolha pela intervenção clínica desses psicólogos está muito atrelada à concepção de que o apoio terapêutico direcionado, majoritariamente, ao estudante é o que permitirá lidar com as dificuldades pessoais e adaptativas na educação superior. Soares, Almeida, Diniz e Guisande (2006Soares, A. P, Almeida, L. S, Diniz, A. M, & Guisande, M. A. (2006). Modelo multidimensional de ajustamento de jovens ao contexto universitário (MMAU): estudo com estudantes de ciências e tecnologias versus ciências sociais e humanas. Análise Psicológica, 1(24), 15-27. Recuperado de: https://doi.org/10.14417/ap.150
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) defendem a atuação do psicólogo por meio do suporte terapêutico dos alunos para atender às dificuldades de desenvolvimento psicossocial e aos possíveis problemas de ajustamento à nova realidade acadêmica. De acordo com os autores, os desafios dos estudantes em residir distante do núcleo familiar, ter contato com um novo modelo de ensino e aprendizagem, construir novas relações interpessoais com colegas e professores, evidenciar os projetos vocacionais e gerir os espaços de autonomia constituem as questões a serem trabalhadas pelos psicólogos em contexto universitário.

As práticas identificadas nas falas dos participantes correspondem ao que é ofertado nas estruturas de apoio psicológico das instituições de ensino superior no cenário europeu (Jimmerson et al., 2008Jimerson, S. R, Skokut, M, Cardenas S, Malone, H, & Stewart, K. (2008). Where in the world is school psychology? examining evidence of school psychology around the globe. School Psychology International, 29(2), 130-144. Recuperado de: https://doi.org/10.1177/0143034308090056
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; Mendes et al., 2014Mendes, S. A, Abreu-Lima, I, Almeida, L. S, & Simeonsson, R. J. (2014). School psychology in Portugal: practitioners’ characteristics and practices. International Journal of School & Educational Psychology, 2(2), 115-125. Recuperado de: http://doi:10.1080/21683603.2013.863171>
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; RESAPES, 2014Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior [RESAPES]. (2014). Novas fronteiras para a intervenção psicológica no ensino superior. Lisboa, PT: University of Lisboa.). O levantamento realizado pela RESAPES (2014Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior [RESAPES]. (2014). Novas fronteiras para a intervenção psicológica no ensino superior. Lisboa, PT: University of Lisboa.) evidenciou que, na educação superior, é muito comum os estudantes apresentarem tanto dificuldades relacionais quanto problemas pessoais e familiares, ocasionando ansiedade, variações de humor, estresse, baixo rendimento acadêmico e, até mesmo, abandono escolar ou atraso na conclusão dos cursos.

Mesmo que a literatura da área destaque a relevância da oferta de apoio psicológico individual aos estudantes e argumente sobre as possíveis demandas que constituem o processo formativo desses alunos, é necessário tornar claro que as práticas estritamente psicoterapêuticas, em contexto escolar, podem naturalizar as queixas e responsabilizar o estudante diante dos problemas adaptativos e prováveis insucessos acadêmicos. Nesses espaços formativos, é preciso promover a integração dos jovens nos espaços acadêmicos por meio de intervenções envolvendo os diferentes atores educativos, considerando as necessidades do aluno, do professor e, também, do próprio contexto institucional (Almeida, 2007Almeida, L. S. (2007). Transição, adaptação acadêmica e êxito escolar no ensino superior. Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxía e Educácion, 14, 203-215. Recuperado de: <https://ruc.udc.es/dspace/handle/2183/7078>
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).

Concomitantemente à intervenção psicológica oferecida aos estudantes, os psicólogos também apoiam o desenvolvimento acadêmico e profissional dos estudantes. Neste enfoque, para a psicóloga P1 o que se oferece é

[...] um conjunto vasto de ofertas formativas que fazemos intervenções, umas mais de sensibilização e outras mais de treino, em que trabalhamos os aspectos em mais trabalho de equipa, a gestão de conflitos, as questões do sucesso, as questões voltadas para a sociedade, a assertividade e as questões também em outros níveis (mentoria e projeto emocional).

Para P2, o trabalho de desenvolvimento acadêmico envolve “[...] orientação vocacional, trabalho em grupo com temas de interesse do grupo, a escolha do grupo e mediação, formação, avaliação psicológica, controle do tempo e tratamento da ansiedade”. De modo semelhante, P4 destaca que o

[...] atendimento acadêmico se estende a diferentes formas: apoio acadêmico na aprendizagem, no rendimento acadêmico [...] há muitas formas, orientação vocacional, iniciativa sobre promoção da saúde, informativos que vamos distribuindo pelas escolas de forma a entrar em contato com os alunos, sem ser uma forma impositiva.

Para P5, essa dimensão de atendimento abrange principalmente

[...] as problemáticas inerentes à transição do jovem para o mundo adulto. Basicamente têm predominado questões envolvendo a ansiedade, ataques de pânico, fobias e ansiedade social. Em alguns casos, tem-se de trabalhar a dificuldade de estudantes estrangeiros com dificuldades de integração.

No relato dos P7/P8/P9, “[...] os psicólogos desenvolvem ações que contemplem as estratégias de estudo, gestão do tempo, motivação e preparação para os exames avaliativos, proporcionando melhor adaptação do estudante à realidade acadêmica e ao sucesso”.

Com base nesses relatos, depreende-se que as ações de caráter preventivo e desenvolvimentista adotadas no contexto universitário (Gonçalves & Cruz, 1988Gonçalves, O. F., & Cruz, J. F. (1988). A organização e implementação de serviços universitários de consulta psicológica e desenvolvimento humano. Revista Portuguesa de Educação, 1(1), 127-145. Recuperado de: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/12454/3/gon%C3%A7alves%20%26%20cruz-88servi%C3%A7os%20de%20consulta%20psicol%C3%B3gica%20universit.pdf
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) também compareceram na realidade dos psicólogos dos politécnicos. A princípio, essas práticas podem estar correlacionadas com a trajetória de formação dos psicólogos que estão à frente desses serviços, visto que a maioria deles é egressa de um currículo tradicional de base generalista ou clínico. Além disso, a identidade dos profissionais que atuam no contexto educativo investigado está baseada em uma intervenção psicológica terapêutica.

O progressivo aumento do número e da heterogeneidade de estudantes, as dificuldades identificadas na sua adaptação e realização acadêmica, a transição para o ensino superior, a potencialização dos processos de aprendizagem, o combate aos fatores de insucesso e abandono e a orientação da trajetória vocacional e profissional desses alunos podem também justificar a relevância atribuída à atuação desses psicólogos junto aos estudantes. Nesta direção, as produções acadêmicas têm discutido que as diferentes possibilidades de intervenção psicológica no contexto universitário podem evidenciar o leque de contribuições para a trajetória de sucesso dos estudantes e para o desenvolvimento de novas potencialidades durante a formação (Bisinoto et al., 2014Bisinoto, C., Marinho-Araujo, C. M., & Almeida, L. S. (2014). Serviços de psicologia na educação superior: Panorama no Brasil e em Portugal. Revista de Estudios e Investigación en Psicología y Educación,1, 82-90. Recuperado de: https://doi.org/10.17979/reipe.2014.1.1.27
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).

Considerando a oferta da educação superior em um instituto politécnico, Ferreira, Seco, Canastra, Dias e Abreu (2010Ferreira, J. B, Seco, G, Canastra, F. A, Dias, M. I. P. & Abreu, M. O. (2010). Sucesso académico e satisfação dos estudantes finalistas do Instituo Politécnico de Leiria. Leiria, PT: Núcleo de Investigação e Desenvolvimento em Educação.) apontaram que as ações promovidas pelo psicólogo podem promover o bem-estar psicossocial dos estudantes e, consequentemente, apoiar o processo educativo e de sucesso acadêmico e profissional. Na literatura, também é discutida a relevância dessa intervenção junto à comunidade acadêmica, pois, com a promoção do desenvolvimento pessoal dos estudantes, é possível impactar positivamente a sua trajetória formativa (Dias, 2006Dias, G. F. (2006). Apoio psicológico a jovens do ensino superior: métodos, técnicas e experiências. Porto, PT: Edições Asa; Dias & Sá, 2013Dias, D., & Sá, M. J. (2013). Tornar-se jovem ou estudante: um desafio desenvolvimental. Revista Portuguesa de Pedagogia, 47, 65-84. Recuperado de: <http://impactum-journals.uc.pt/rppedagogia/article/view/1905/1261>
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; Ferreira, 2009Ferreira, C. A. M. (2009). Intervenção psicológica no ensino superior: efeito da psicoterapia no rendimento acadêmico (Dissertação de Mestrado não publicada). Lisboa, PT: University of Lisboa.; Seco et al., 2008Seco, G, Pereira, A. P, Santos, I. C, Filipe, L, & Alves, S. (2008). Promoção de estratégias de estudo: contributos do Serviço de Apoio ao estudante (SAPE) do Instituto Politécnico de Leiria (IPL). International Journal of Developmental and Educational Psychology, 1, 295-303. Recuperado de: <https://iconline.ipleiria.pt/bitstream/10400.8/59/1/Artigo_1.pdf>
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).

No que diz respeito ao suporte da trajetória formativa dos estudantes, ainda que na literatura sejam apontados os vastos benefícios da atuação do psicólogo no nível superior de ensino (Bisinoto et al., 2014Bisinoto, C., Marinho-Araujo, C. M., & Almeida, L. S. (2014). Serviços de psicologia na educação superior: Panorama no Brasil e em Portugal. Revista de Estudios e Investigación en Psicología y Educación,1, 82-90. Recuperado de: https://doi.org/10.17979/reipe.2014.1.1.27
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), as ações práticas desenvolvidas por esse profissional permanecem centralizadas em um único ator educativo: o estudante. Compreender que a educação superior permite aos discentes diferentes escolhas nos percursos formativos, a inclusão de oportunidades no decurso da sua trajetória de formação, a construção das relações acadêmicas e profissionais, a consolidação das mudanças no âmbito do ensino superior e o fortalecimento dessa comunidade, pode favorecer a defesa da ampliação da intervenção psicológica para uma dimensão mais coletiva e institucional (Marinho-Araujo, 2014Marinho-Araujo, C. M. (2014). Intervenção institucional: ampliação crítica e política da atuação em psicologia escolar. In R. Guzzo (Ed.), Psicologia escolar: desafios e bastidores na educação pública (p. 153-175). Campinas, SP: Alínea.). De acordo com a autora, a ampliação da intervenção psicológica pode contribuir para a articulação entre os demais profissionais e as políticas internas, de modo a promover o desenvolvimento consciente e competente dos atores educativos.

Dentre o conjunto de atividades relatadas pelos psicólogos dos politécnicos, está o interesse inicial por intervenções que contemplem os programas de acompanhamento dos estudantes na orientação da carreira, na promoção da autonomia e da formação crítica ou, até mesmo, na condução de uma trajetória de desenvolvimento de competências técnicas e transversais ao longo do processo formativo. No relato de P1, foi identificado que são realizados

[...] outros tipos de formação, mais destinadas a quem está a entrar no mercado de trabalho, tais como as competências para a empregabilidade, focadas nas alternativas para a procura de emprego, preparação para o currículo ou preparação para as entrevistas ou os objetivos profissionais, tomada de decisão. Paralelamente ao desenvolvimento das competências em grupo, tem a formação de grupo de ordem pessoal e a consulta psicológica individual: o coaching psicológico [...] estudamos com os estudantes os desafios e as oportunidades apresentadas pelo ensino superior e ajudamos a fazer esta reflexão sobre que competências são necessárias adquirir, desenvolver para então gerir estes desafios e transformá-los em oportunidades.

O cariz profissionalizante dos institutos e, consequentemente, dos atores educativos, implicam a responsabilidade de formar profissionais altamente qualificados para atender de forma competente às exigências do mundo do trabalho (Vieira & Marques, 2014Vieira, D. A., & Marques, A. P. (2014). Preparados para trabalhar? Porto, PT: Consórcio Maior Empregabilidade.; Vieira, 2012Urbano, C. (2011). A (id)entidade do ensino superior politécnico em Portugal: da Lei de Bases do Sistema Educativo à Declaração de Bolonha. Sociologia, Problemas e Práticas, 66, 95-115.). Depreende-se que a nova realidade da educação superior em Portugal permite uma articulação dos psicólogos em também atuar com as exigências de uma formação por competências trazidas pelo processo de Bolonha, assim como contribuir para a construção de um novo perfil de aluno, decorrente da democratização do acesso ao ensino superior em Portugal.

A diversidade das práticas desses psicólogos demonstrou as diferentes afiliações formativas e teóricas na atuação nos politécnicos. A partir dos relatos desses profissionais, depreende-se que há uma escolha pela intervenção clínica no contexto educativo, pautada em abordagens que perpassam dos construtos da psicoterapia aos aportes do desenvolvimento de competências técnicas e transversais dos estudantes. O modo de implementar as diferentes ações práticas revela o caráter multimetodológico da psicologia nesse cenário, porém ainda direcionado exclusivamente para as demandas individuais que envolvem a trajetória de vida do discente e seu percurso de adaptação no nível superior de ensino.

Mesmo que no cenário atual sejam residuais as produções acadêmicas que envolvem o debate a respeito dos modelos de intervenção psicológica nesse subsistema, é importante evidenciar as especificidades acadêmicas exigidas nos contextos não universitários para respaldar as práticas do psicólogo. Além disso, caracterizar o perfil para atuação desse profissional poderá garantir a ampliação e o desenvolvimento de suas ações, preparando a comunidade acadêmica para as questões técnicas e subjetivas inerentes à formação profissional qualificada.

Considerações finais

As mudanças no contexto da educação superior em Portugal proporcionaram elementos relevantes para compreender o aumento gradativo do quantitativo e a heterogeneidade de alunos, bem como as dificuldades em sua adaptação e realização acadêmica nos institutos politécnicos. Diante dessa realidade, a relevância da atuação dos psicólogos tem sido cada vez mais notória nestas instituições. Mapear a intervenção psicológica no referido subsistema, tomando como referência os relatos dos psicólogos sobre o conjunto alargado das ações práticas planejadas e desenvolvidas na educação superior, permitiu analisar os aspectos que envolvem a formação e a atuação desse profissional nos serviços de apoio psicológico dos politécnicos.

A caracterização da atuação dos psicólogos nos institutos revelou, inicialmente, os aspectos generalistas e clínicos da formação inicial desses profissionais, bem como a predominância das ênfases psicoterapêuticas em suas escolhas pela formação continuada. As ações pautadas no acompanhamento psicológico, no apoio ao estudante nas rotinas acadêmicas e na adaptação ao nível superior de ensino foram identificadas como exemplos de intervenções clássicas da área e compreendidas pelos psicólogos como muito necessárias nos politécnicos. Por outro lado, foi registrada a consolidação de algumas iniciativas desses profissionais voltadas para os programas de desenvolvimento de competências transversais, a fim de articular a formação acadêmica com o cenário das inovações e complexidades no mundo do trabalho.

Identificar o percurso formativo e analisar a atuação do psicólogo nos politécnicos permitiu evidenciar que esse profissional compreende a importância de se fundamentar na epistemologia do desenvolvimento humano, a partir do uso da escuta psicológica e da articulação com estratégias de formação de grupo, e intervir de modo empático e responsável junto à comunidade acadêmica. Vale ressaltar que as transformações trazidas pela democratização do acesso ao nível superior de ensino e o possível impacto na redefinição do perfil dos estudantes nos politécnicos, passaram a requerer do psicólogo, gradativamente, a ampliação do enfoque da sua intervenção.

Caracterizar a atuação do psicólogo, no ensino politécnico, permitiu evidenciar que suas atividades foram construídas conforme as transformações trazidas pela democratização do acesso ao nível superior de ensino e pelo possível impacto na redefinição do perfil dos estudantes. Essa pesquisa revelou que, ainda que essa atuação se sustente tradicionalmente no atendimento individualizado ao aluno, há potencialidade para intervenções mais ampliadas e promotoras do diálogo entre a formação acadêmica e a formação profissional no contexto dos politécnicos.

Como proposição para futuras, recomendam-se interlocuções teórico-metodológicas no contexto educativo profissionalizante. No Brasil, há estudos acerca da psicologia na educação superior que apontam intervenções com diferentes atores educativos em favor do desenvolvimento integral do estudante (Feitosa & Marinho-Araujo, 2016Feitosa, L. R. C, Marinho-Araujo, C. M., & Almeida, L. (2016). Serviços de psicologia na educação superior em Portugal: o caso dos institutos politécnicos. Psicologia, Educação e Cultura, XX, 364-383. Recuperado de: <http://pec.ispgaya.pt>
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).

Por conta das relações congêneres nessa modalidade de ensino entre Brasil-Portugal, defende-se o modelo de atuação institucional e coletiva na educação superior que, por meio da mediação de desenvolvimento dos atores educativos, pode contribuir para um voltado às mudanças sociais e reflexivas no contexto da formação crítica (Marinho-Araujo, 2014Marinho-Araujo, C. M. (2014). Intervenção institucional: ampliação crítica e política da atuação em psicologia escolar. In R. Guzzo (Ed.), Psicologia escolar: desafios e bastidores na educação pública (p. 153-175). Campinas, SP: Alínea.). Espera-se que, a partir deste estudo, ocorram outras articulações teóricas, pesquisas e relatos de experiência que discutam as interlocuções entre a trajetória formativa, as contribuições da intervenção psicológica e a construção do perfil desse profissional nos institutos politécnicos, a fim de aproximá-los de uma atuação crítica e inovadora nos referidos espaços de formação acadêmica.

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  • 5
    A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética da Universidade de Brasília, via Plataforma Brasil, Parecer n° 651.082.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    24 Maio 2019
  • Aceito
    06 Abr 2020
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