Acessibilidade / Reportar erro

NOTÍCIAS

Esta seção destina-se a divulgar as teses e as dissertações dos alunos do Programa de Pós-Graduação em História da UFF, assim como as teses dos professores do departamento.

Super-heróis Marvel e os conflitos sociais e políticos nos EUA (1961-1981)

Autor: Fábio Vieira Guerra

Orientadora: Cecília da Silva Azevedo

Data da Defesa: 15/3/2011 - Mestrado

Banca: Thaddeus Gregory Blanchette - UFRJ (arguidor), Paulo Knauss de Mendonça - UFF (arguidor), Cecília da Silva Azevedo (orientadora)

Este projeto propõe uma discussão acerca das políticas interna e externa dos Estados Unidos durante as décadas de 1960 e 1970, utilizando as histórias em quadrinhos (HQs) da editora Marvel Comics como fonte principal para perceber os conflitos e as mudanças sociopolíticos e culturais ocorridos na sociedade norte-americana. As HQs seriam uma nova fonte de estudo para historiadores, pouco explorada até o momento, assim como também são uma nova fonte para entendimento dos processos simbólicos da sociedade.

"Os filhos da Revolução". A juventude urbana e o rock brasileiro dos anos 1980

Autora: Aline do Carmo Rochedo

Orientadora: Samantha Viz Quadrat

Data da Defesa: 18/3/2011 - Mestrado

Banca: Ana Maria Mauad de Sousa Andrade - UFF (arguidora), Alessandra Carvalho - UFRJ (arguidora), Samantha Viz Quadrat (orientadora)

O projeto visa a analisar uma parcela da juventude da década de 1980 e sua produção musical no contexto da transição da democracia aos primeiros anos da Nova República. Acompanharemos a trajetória do rock nacional a partir do momento em que esse gênero é associado aos jovens, ocupando uma posição central na indústria fonográfica e na mídia brasileira, para entender o produto musical a partir da lógica social e do tempo histórico em que foi construído. Os roqueiros que surgem a partir dos anos 1980 mostram-se sensíveis para captar as novas linguagens e percepções de sua geração. O rock, realizado e consumido por jovens, estabelece uma relação privilegiada de percepção no processo de transição pelo qual o País atravessava. A geração de 1980 começa a ingressar na vida pública não apenas por meio da política formal, mas por seu próprio meio de expressão: o rock.

"Almoçar bem é no SAPS!": os trabalhadores e o Serviço de Alimentação da Previdência Social (1940-1950)

Autora: Marcela Martins Fogagnoli

Orientador: Jorge Luiz Ferreira

Data da Defesa: 21/3/2011 - Mestrado

Banca: André Luiz Vieira de Campos - UFF (arguidor), Andréa Casa Nova Maia - UFRJ (arguidora), Jorge Luiz Ferreira (orientador)

Este trabalho tem por objetivo analisar as relações entre Estado e trabalhadores no Brasil por meio das políticas públicas de alimentação e do programa de educação alimentar implementados pelo Serviço de Alimentação da Previdência Social (Saps) durante o período de 1940 a 1950. Criado em 5 de agosto de 1940, o Saps tinha a intenção de melhorar as condições de alimentação dos trabalhadores. Trata-se de montagem de rede de restaurantes populares que ofereciam refeições aos trabalhadores por um preço bem modesto. O Saps fazia parte de um programa estatal de melhoria das condições de vida dos trabalhadores. Além disso, o Saps - um ano após sua criação - criou meios para a divulgação das vantagens que o trabalhador teria com uma alimentação dentro dos padrões científicos da nutrição. O Saps instituiu programa educacional alimentar e pedagógico, sugeria mudanças nos hábitos alimentares da população, em particular criticando determinadas crenças e costumes populares. Muitos frequentadores se manifestaram, por meio de cartas envidas à autarquia, com textos e poemas nos quais expressaram, muitas vezes, o impacto do que aprendiam no Saps e aplicavam em suas vidas.

O rato vai à guerra - como o Mickey Mouse se tornou uma imagem de poder dos EUA, 1928-1946

Autora: Katia Iracema Krause

Orientador: Paulo Knauss de Mendonça

Data da Defesa: 21/3/2011 - Mestrado

Banca: Denise Rollemberg Cruz - UFF (arguidora), Bianca Stella Pinheiro de Freire Medeiros - FGV (arguidora), Paulo Knauss de Mendonça (orientador)

Esta dissertação propõe uma reflexão sobre experiências visuais no contexto histórico, político e cultural do final dos anos 1920, na década de 1930 até o final da Segunda Guerra, a partir do personagem cinematográfico dos cartoons Mickey Mouse, criado nos Estados Unidos por Walt Disney. A partir da análise dos curtas animados com esse personagem, com atenção às complexidades do ato de olhar, tenta-se perceber como, e se, os recursos cinematográficos são utilizados para fazer surtir efeitos didáticos, de atração ou com a finalidade de cooptar pessoas, de moldar preferências e compartilhar valores intangíveis, para fazer propaganda política. A ideia é reconhecer discursos sobre identidade, nação, alteridade, gênero, raça nos filmes produzidos com o Mickey Mouse e tentar entender como o personagem passou de intrépido pioneiro da sonorização a ícone nacional, e, principalmente, perceber qual é a sua substância social e entender como foram construídos os sentidos que representou.

Patrimônio cultural e turismo no Brasil em perspectiva histórica: encontros e desencontros na cidade de Paraty

Autor: Hernán Venegas Marcelo

Orientador: Paulo Knauss de Mendonça

Data da Defesa: 22/3/2011 - Doutorado

Banca: Celso Castro - FGV (arguidor), Aguinaldo César Fratucci - UFF (arguidor), Ismênia de Lima Martins -UFF (arguidora), Márcia Regina Romeiro Chuva - Unirio (arguidora), Paulo Knauss de Mendonça (orientador)

O estudo aborda as relações entre patrimônio histórico, valorização e o discurso produzido no âmbito do Iphan em meados do século passado.

Carnavais da Abolição - diabos e cucumbis no Rio de Janeiro (1879-1888)

Autor: Eric Brasil Nepomuceno

Orientadora: Martha Campos Abreu

Data da Defesa: 23/3/2011 - Mestrado

Banca: Andrea Barbosa Marzano - Unirio (arguidora), Leonardo Aff onso de Miranda Pereira - PUC-Rio (arguidor), Martha Campos Abreu (orientadora)

A sociedade brasileira, no último quartel do século XIX, passou por incontáveis conflitos e tensões. A principal transformação nesse período, que alterou profundamente relações sociais, políticas e jurídicas no Brasil, foi a Abolição da Escravidão em 13 de maio de 1888. Nesse momento de crise, a elite senhorial desenvolveu inúmeros projetos para o Brasil. No interior destes, a discussão sobre cidadania, liberdade e reordenação da nação era central. Anualmente, nos três dias de Momo, encontramos uma festa que se apresenta como palco onde os conflitos gerados por essa conjuntura são potencializados e ampliados: o carnaval das estreitas ruas do centro do Rio de Janeiro. E, nesse carnaval, empolgante e colorido, é gritante (e dançante) a participação da população escrava, liberta e de negros livres pobres. Portanto, analisar como essa população negra participa do carnaval ao longo dos anos em que estão vivenciando as diversas frentes de disputa em torno da "questão servil" e lutando para impor suas visões de liberdade é de fundamental importância para entendermos melhor o processo de Abolição da Escravidão, assim como a História e os significados do carnaval e suas relações com a liberdade. Para entendermos mais profundamente a ação dos próprios escravos, de libertos e negros livres no processo de Abolição da Escravidão, proponho a análise mais detalhada de sua participação no carnaval, pois ali se expressavam intensamente as discussões de um ano inteiro. Para tanto, pretendo focar a pesquisa nos mascarados avulsos que circulavam nas ruas com as mais variadas fantasias.

Diálogos sobre a escrita da história: ibero-americanismo, catolicismo, (des) qualificação e alteridade no Brasil e na Argentina (1910-1940)

Autora: Ana Paula Barcelos Ribeiro da Silva

Orientadora: Gizlene Neder

Data da Defesa: 23/3/2011 - Doutorado

Banca: Lúcia Maria Paschoal Guimarães - Uerj (arguidora), Charles Monteiro - PUC-RS (arguidor), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro - UFF (arguidora), Gisálio Cerqueira Filho - UFF (arguidor), Gizlene Neder (orientadora)

A tese analisa o processo de releitura da história desenvolvido no Brasil e na Argentina nas primeiras décadas do século XX. Nesse processo, o passado colonial e a atuação das exmetrópoles católicas, Portugal e Espanha, adquirem contornos mais positivos. Ao mesmo tempo, são retomadas as relações entre antigas colônias e metrópoles como forma de ruptura com os conflitos que caracterizaram o século XIX, após a independência dos países ibero-americanos. A reaproximação era um caminho possível para a conquista de reconhecimento e legitimidade no período de construção da modernidade. A reflexão sobre a escrita da história incluiu a elaboração de intercâmbios intelectuais entre Brasil e Argentina, e deles com Portugal e Espanha, que foi expandido para outros países da Ibero-América. Esses diálogos favoreceram a integração regional baseada na cordialidade, na solidariedade e no conhecimento mútuo entre os países, sobretudo nos períodos de guerras europeias. Para essa análise, partimos do pensamento histórico e dos diálogos entre historiadores brasileiros, argentinos, portugueses e espanhóis, representantes de importantes instituições históricas em seus países: Max Fleiuss, Ricardo Levene, Fidelino de Figueiredo e Rafael Altamira. Como fontes, utilizamos materiais diplomáticos, correspondências, artigos de periódicos, acordos internacionais, atas de congressos de história, anotações de aulas e obras desses autores que se dedicaram à produção do conhecimento histórico e ao desenvolvimento da integração regional e do ibero-americanismo.

Uma viagem possível: da escravidão à cidadania. Quintino de Lacerda e as possibilidades de integração dos exescravos no Brasil

Autor: Matheus Serva Pereira

Orientador: Marcelo Bittencourt Ivair Pinto

Data da Defesa: 24/3/2011 - Mestrado

Banca: Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro - UFF (arguidora), Keila Grinberg - Unirio (arguidora), Marcelo Bittencourt Ivair Pinto (orientador)

O presente projeto se apresenta com o principal objetivo de reconstruir a trajetória de vida, até então pouco visitada pela historiografia, de Quintino de Lacerda, personagem obscuro do século XIX. Com o foco de análise nas duas últimas décadas de sua existência, pretendo contribuir para as discussões sobre as relações entre identidade racial, escravidão, trabalho livre e cidadania no Brasil oitocentista, assim como demonstrar os significados específicos e mutáveis do conceito de cidadania decorrentes da luta pela emancipação dos escravos e do advento do regime republicano. Buscarei fazer um elo entre o processo que culminou com o fim do sistema escravista no Brasil e o que essa ação trouxe de novo para um amplo setor da população possuidor de traços que a mantinha conectada à experiência da escravidão.

Inovar, modernizar, civilizar: considerações sobre o sistema de patentes no Brasil (1809-1882)

Autor: Leandro Miranda Malavota

Orientadora: Marcia Maria Menendes Motta

Data da Defesa: 24/3/2011 - Doutorado

Banca: Luiz Carlos Soares - UFF (arguidor), Carlos Gabriel Guimarães - UFF (arguidor), Allan Rocha de Souza - UFRRJ (arguidor), Denis Borges Barbosa - Inpi (arguidor), Marcia Maria Menendes Motta (orientadora)

O presente trabalho consiste em um estudo sobre a construção e funcionamento de uma estrutura de proteção e estímulo à atividade inventiva no Brasil, tomando como objeto principal o sistema patentário vigente entre 1809, ano de lançamento do primeiro ato de normatização da concessão de privilégios aos inventores no império português, e 1882, quando da promulgação de um estatuto integrado aos padrões estabelecidos na maior parte dos países industrializados e exigidos por uma estrutura internacional de governança dos direitos de propriedade industrial. Investiga-se as feições do sistema de patentes então montado no Brasil, sua estrutura jurídico-institucional, bem como sua gama de usuários. A análise permite a observação de um constante apartamento entre norma e prática jurídicas, isto é, entre a letra da lei e a sua efetiva aplicação, indicando a importância do exercício hermenêutico na definição dos efeitos e do alcance dos direitos de propriedade sobre as invenções. Em uma última etapa, busca-se examinar as mudanças impingidas ao longo do século na lógica e no funcionamento do sistema nacional de patentes, sempre procurando concebê-las integradamente às transformações a que a economia brasileira se submeteu no período. Conclui-se que, não obstante as particularidades de cada um dos distintos contextos históricos estudados, o sistema de patentes é concebido em todo o século XIX como um mecanismo de indução do progresso técnico e do crescimento econômico, tornando-se, assim, elemento importante dentro de um projeto civilizatório gestado por grupos estabelecidos no topo da pirâmide social brasileira.

"Conventículo herético" - cristãs-novas, criptojudaísmo e Inquisição na Leiria seiscentista

Autor: Alex Silva Monteiro

Orientador: Rogério de Oliveira Ribas

Data da Defesa: 24/3/2011 - Doutorado

Banca: Ronaldo Vainfas - UFF (arguidor), Lina Gorenstein Ferreira da Silva - USP (arguidora), Angelo Adriano Faria de Assis - UFV (arguidor), Daniela Buono Calainho - Uerj (arguidora), Rogério de Oliveira Ribas (orientador)

Este trabalho busca, por meio das histórias de 10 personagens, todas cristãs-novas, de suas famílias e de sua comunidade, apresentar uma discussão sobre a tolerância e a intolerância sociorreligiosa na sociedade portuguesa. A análise tem como cenário a cidade de Leiria, no século XVII, que à época sofreu uma espécie de devassa inquisitorial em meio ao recrudescimento dos trabalhos do Santo Ofício. O intuito é refletir sobre a sociabilidade feminina em meio às perseguições inquisitoriais, bem como as novas formas de disseminação do ensino das "coisas da fé" hebraica na comunidade portuguesa de descendentes de judeus; compreender como se dava a formação de uma identidade cristã e/ou judaica em meio a uma prática religiosa cristã imposta pela sociedade ampla e uma supostamente judaica que precisava ser secreta, ou seja, não externalizada. Para tal, tomamos como corpus documental principal as fontes inquisitoriais.

Visões das mulheres militantes na luta armada: repressão, imprensa e (auto) biografias (Brasil 1968/1971)

Autora: Julia Bianchi Reis Insuela

Orientadora: Denise Rollemberg Cruz

Data da Defesa: 25/3/2011 - Mestrado

Banca: Samantha Viz Quadrat - UFF (arguidora), Maria Paula Nascimento Araújo - UFRJ (arguidora), Denise Rollemberg Cruz (orientadora)

O presente trabalho consiste em um estudo sobre a construção e o funcionamento de uma estrutura de proteção e estímulo à atividade inventiva no Brasil, tomando como objeto principal o sistema patentário vigente entre 1809, ano de lançamento do primeiro ato de normatização da concessão de privilégios aos inventores no Império português, e 1882, quando da promulgação de um estatuto integrado aos padrões estabelecidos na maior parte dos países industrializados e exigidos por uma estrutura internacional de governança dos direitos de propriedade industrial. A pesquisa parte de uma tentativa de compreensão dos motivos que teriam levado o príncipe regente D. João a adotar um conjunto de medidas de fomento ao desenvolvimento econômico em seus domínios americanos, incluindo-se a promulgação de um regulamento para a concessão de exclusivos a inventores. Investigamse, a seguir, as feições do sistema de patentes então montado no Brasil, sua estrutura jurídico-institucional, bem como sua gama de usuários. A análise permite a observação de um constante apartamento entre norma e prática jurídicas, isto é, entre a letra da lei e a sua efetiva aplicação, indicando a importância do exercício hermenêutico na definição dos efeitos e do alcance dos direitos de propriedade sobre as invenções. Em uma última etapa, busca-se examinar as mudanças impingidas ao longo do século na lógica e no funcionamento do sistema nacional de patentes, sempre se procurando concebê-las integradamente às transformações a que a economia brasileira se submeteu no período. Conclui-se que, não obstante as particularidades de cada um dos distintos contextos históricos estudados, o sistema de patentes é concebido em todo o século XIX como um mecanismo de indução do progresso técnico e do crescimento econômico, tornando-se, assim, elemento importante dentro de um projeto civilizatório gestado por grupos estabelecidos no topo da pirâmide social brasileira.

Os sentidos do Atlântico: a revista Lusitania e a colônia portuguesa do Rio de Janeiro

Autora: Robertha Pedroso Triches

Orientadora: Angela Maria de Castro Gomes

Data da Defesa: 25/3/2011 - Mestrado

Banca: Tania Regina de Luca - Unesp (arguidora), Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira - Uerj (arguidora), Angela Maria de Castro Gomes (orientadora)

O presente trabalho tem como objeto a revista Lusitania, produzida por um grupo da colônia portuguesa do Rio de Janeiro, que circulou no Brasil, em Portugal e na África entre 1929 e 1934. Intitulando-se Revista Ilustrada de Aproximação Luso-Brasileira e de Propaganda de Portugal, possuía um projeto de afirmação da identidade portuguesa no Brasil e dos laços com Portugal, mas, ao mesmo tempo, de inserção da colônia na sociedade brasileira. A partir da revista Lusitania, busca-se caracterizar a imprensa como um importante espaço de sociabilidade da colônia portuguesa do Rio de Janeiro, destacando-se, também, seu papel fundamental na construção de uma identidade portuguesa no Brasil, por meio da qual os imigrantes vão debater projetos, reforçar valores, além de desenvolver estratégias de intervenção no todo social.

Brasil canibal: antropofagia e tropicalismo no Macunaíma de Joaquim Pedro de Andrade

Autor: Wallace Andrioli Guedes

Orientador: Paulo Knauss de Mendonça

Data da Defesa: 25/3/2011 - Doutorado

Banca: Mônica Almeida Kornis - FGV (arguidora), Sonia Cristina da Fonseca Machado Lino - UFJF (arguidora), Ana Maria Mauad de Sousa Andrade -UFF (arguidora), Paulo Knauss de Mendonça (orientador)

O projeto "Brasil Canibal: em busca de uma história do conceito de antropofagia no filme Macunaíma" trata da apropriação do conceito de antropofagia, utilizado por Oswald de Andrade, por parte do cineasta Joaquim Pedro de Andrade ao adaptar Macunaíma para o cinema em 1969. Busco compreender a forma como tal conceito aparece no filme, os diálogos que estabelece com o contexto de produção do filme e com outros movimentos culturais atuantes no período (cinema novo, tropicalismo), e, para isso, me utilizo da metodologia da história dos conceitos proposta pelo historiador alemão Reinhart Koselleck, compreendendo a antropofagia como um conceito no tempo, histórico e, portanto, mutável.

Mundo atlântico e clandestinidade dinâmica material e simbólica em uma fazenda litorânea no sudeste, século XIX

Autora: Camilla Agostini

Orientadora: Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro

Data da Defesa: 25/3/2011 - Doutorado

Banca: Robert Wayne Andrew Slenes - Unicamp (arguidor), Jaime Rodrigues -Unifesp (arguidor), Andres Zrankin -UFMG (arguidor), Luís Cláudio Pereira Symanski - UFPR (arguidor), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro (orientadora)

Este trabalho se dedica ao estudo das dinâmicas materiais e simbólicas em uma antiga fazenda litorânea do Sudeste brasileiro, ocupada na primeira metade do século XIX, atualmente conhecida como sítio arqueológico São Francisco, localizada no município de São Sebastião/SP. Trabalha-se com a hipótese da ligação dessa fazenda e seu proprietário com o tráfico ilegal de escravos, no segundo quartel do século XIX. A partir desse contexto, questiona-se como a dinâmica simbólica, materializada em objetos, serviu no encontro de pessoas com backgrounds diferentes em formações culturais híbridas e criativas. Nota-se que tais encontros ou trocas não se somam em formações prontas e acabadas, mas são, na verdade, um processo de tradução e interação que é contínuo e localizado contextualmente.

Para além do claustro: uma história social da inserção beneditina na América Portuguesa, c. 1580-c. 1690

Autor: Jorge Victor de Araújo Souza

Orientador: Ronald José Raminelli

Data da Defesa: 28/3/2011 - Doutorado

Banca: Bruno Guilherme Feitler - Unifesp (arguidor), Luciana Mendes Gandelman - UFRRJ (arguidora), Ronaldo Vainfas - UFF (arguidor), Maria Fernanda Baptista Bicalho - UFF (arguidora), Ronald José Raminelli (orientador)

No começo do século XVII, os monges de São Bento se fixaram na América portuguesa. Os mosteiros adquiriram engenhos, escravaria, fazendas e imóveis nas áreas urbanas, por meio de reciprocidades com outros vassalos e instituições. Aos poucos, os poderes institucionais da ordem firmaram-se além dos espaços claustrais, e, na segunda metade do século XVII, alguns religiosos entraram em conflito com autoridades beneditinas em Portugal. Esta tese busca compreender as estratégias de inserção de uma ordem religiosa em uma sociedade regida por lógicas do Antigo Regime.

A arte rupestre do centro-norte do Piauí: indícios de narrativas icônicas

Autora: Sônia Maria Campelo Magalhães

Orientador: Norberto Osvaldo Ferreras

Data da Defesa: 28/3/2011 - Doutorado

Banca: Maria Conceição Soares Meneses Lage - UFPI (arguidora), Glaucia Aparecida Malerba Sene - IAB (arguidora), Adriene Baron Tacla - UFF (arguidora), Maria Regina Celestino de Almeida - UFF (arguidora), Norberto Osvaldo Ferreras (orientador)

Esta tese objetiva dar visibilidade às representações gráficas rupestres de sítios arqueológicos do centro-norte do Estado do Piauí, área inserida na região Nordeste do Brasil, e, ao mesmo tempo, tornar clara a existência de um sistema de comunicação icônico, integrado por narrativas, no qual a relação com o meio é aproveitada para expressá-lo. Justifica-se a inclusão do tema na história por se tratar de bens constituintes de nosso patrimônio cultural e serem, como objetos materiais, portadores de visualidade e repositório de informações sobre o universo cognitivo e cotidiano de seus autores, passíveis, portanto, de compor uma historicidade. Para atingir tal objetivo, foram analisados alguns aspectos da prática gráfica, observáveis nas pinturas. O procedimento analítico orientou-se por uma dupla perspectiva, arqueológica e histórica, de onde provém a alternância entre narrativa e descrições. O conceito de regime de historicidade, oriundo do campo da história, auxiliou principalmente na urdidura do tecido que inclui o ir e vir constante entre passado e ações presentes. Um ensaio interpretativo baseado nos componentes visuais e no aproveitamento de dados ambientais procurou contextualizar os grafismos, cultural e temporalmente. Aos chamados geométricos, puros ou abstratos, considerados "não identificados" nas classificações em uso, preferiu-se a expressão "grafismos de reconhecimento diferido", tendo em vista que podem tornar-se reconhecidos, mediante a aplicação de procedimentos analíticos. A partir do estudo, evidencia-se a existência de associações, seja entre grafismos do tipo citado, ou deles com grafismos reconhecidos, em composições que sugerem indícios de narrativas. Tais associações são levadas em conta para corroborar a hipótese de que equivalem a registros históricos. Sugere-se associá-los a uma nova tradição icônico-narrativa, porém de natureza menos explícita que a Tradição Nordeste, abandonando, assim, a ideia de uma Tradição Geométrica como classe residual, na qual se incluiria tal categoria de grafismos por falta de lugar em outras tradições. Considerase, por fim, que os grafismos analisados estão relacionados com atividades de afirmação de alteridades, isto é, de diferenciação cultural, e até educativas, expressos em um código com valor de escrita, cujo referencial de tempo pode estar baseado em narrativas míticas.

Estado e agricultura em Goiás - escritórios privados de consultoria e políticas públicas no governo Mauro Borges (1961-1964)

Autor: Carlos Leandro da Silva Esteves

Orientadora: Marcia Maria Menendes Motta

Data da Defesa: 29/3/2011 - Doutorado

Banca: Dalva Maria Borges de Lima Dias de Souza - UFG (arguidora), Vanderlei Vazelesk Ribeiro - UFRRJ (arguidor), Regina Angela Landim Bruno - UFRRJ (arguidora), Th éo Lobarinhas Piñeiro - UFF (arguidor), Marcia Maria Menendes Motta (orientadora)

O trabalho tem como objetivo discutir a atuação da equipe de técnicos reunidos em torno do Escritório Técnico Paulo de Assis Ribeiro (ETPAR), sob a coordenação do engenheiro Paulo de Assis Ribeiro, na elaboração e na execução de um conjunto de medidas consubstanciadas em projetos para o agro em Goiás nos primeiros anos da década de 1960, período que correspondeu ao governo Mauro Borges Teixeira (1961-1964). Sob os auspícios do ETPAR, pretendeu-se criar um complexo de agências e órgãos estatais associados (autarquias e empresas de economia mista) subordinado ao Instituto de Desenvolvimento Agrário de Goiás (Idago), órgão responsável por viabilizar o projeto de modernização capitalista do agro goiano. Tomando como ponto de partida o Estado de Goiás, pretendemos problematizar a atuação dos escritórios de consultoria na elaboração de políticas públicas para o agro no nível dos executivos estaduais, processo que contou com a presença de técnicos nos principais espaços de tomada de decisão no interior do Estado. O estudo da atuação do ETPAR em Goiás permite, ainda, lançar luz sobre o debate sobre os projetos em disputa no momento da elaboração do Estatuto da Terra (1964), na medida em que Assis Ribeiro atuaria como um de seus principais articuladores. Partindo dessa perspectiva, é possível afirmar que os pressupostos que orientaram a elaboração do Estatuto da Terra, bem como grande parte das medidas nele contidas, faziam parte do modelo de atuação planejado pelo ETPAR para ser executado pelo Idago em Goiás desde o início da década de 1960.

A operação midiográfica: a produção de acontecimentos e conhecimentos históricos através dos meios de comunicação - a Folha de São Paulo e o Golpe de 1964

Autora: Sônia Maria de Meneses Silva

Orientadora: Ana Maria Mauad de Sousa Andrade

Data da Defesa: 29/3/2011 - Doutorado

Banca: Marialva Carlos Barbosa - UFF (arguidora), Durval Muniz de Albuquerque Júnior - UFRN (arguidor), Paulo Knauss de Mendonça - UFF (arguidor), Lucia Grinberg - Unirio (arguidora), Ana Maria Mauad de Sousa Andrade (orientadora)

Esta tese analisa as dimensões da fabricação dos acontecimentos históricos, bem como das formas de escrita do passado, realizadas pelos meios de comunicação. Dessa maneira, procura investigar a sofisticada engenharia de sistematização de conceitos e metodologias que colabora para a composição de tessituras nas quais passado, presente e futuro são constantemente mobilizados; usos do passado que congregam tanto elementos do campo da historiografia tradicional como do próprio lugar da mídia. Portanto, investiga-se como essa produção organiza formas de representação históricas capazes de interferir tanto na elaboração de memória como de esquecimento. Nesse empreendimento, esta reflexão parte de dois exemplos: o golpe de 1964, evento capital para a história recente do País, e o jornal Folha de São Paulo, destacando matérias e reportagens em 45 anos de abordagem desse acontecimento. Nesses termos, considera-se aqui tanto o caráter pragmático das ocorrências narradas como seu caráter relativo e subjetivo. Essa condição ajuda a situálas em um jogo de elaborações sociais e simbólicas marcadas por diferentes regimes de historicidades, interesses e conflitos que se constituem em lutas no estabelecimento dos usos da história e da memória na atualidade. Configurase, assim, o argumento central deste trabalho: em nossos dias, a mídia atua na elaboração tanto de acontecimentos emblemáticos como de conhecimento histórico a partir de narrativas que operam com categorias temporais na fundação de sentidos. Tais elementos são articulados em uma complexa operação cujo produto final é uma escrita da história elaborada pelos meios de comunicação, sendo esse processo aqui denominando operação midiográfica.

As estratégias de ação das mulheres transgressoras em Atenas no V século a.C.

Autora: Talita Nunes Silva

Orientador: Alexandre Carneiro Cerqueira Lima

Data da Defesa: 30/3/2011 - Mestrado

Banca: Sônia Regina Rebel de Araújo - UFF (arguidora), Fábio de Souza Lessa -UFRJ (arguidor), Alexandre Carneiro Cerqueira Lima (orientador)

A sociedade ateniense do período clássico forjou uma ideologia de submissão feminina, o modelo mélissa. A mélissa - mulher abelha - era aquela que vivia em prol da casa, dos filhos e do marido. O silêncio e a reclusão deviam ser por ela observados. No entanto, com base na leitura de historiadores como Fábio Lessa e tendo como fonte as sete tragédias remanescentes de Ésquilo, buscaremos desconstruir o mito de reclusão e submissão da mélissa. Ao longo de nosso trabalho, visaremos a demonstrar, através das heroínas esquilianas, como essas mulheres bem-nascidas, da Atenas do século V a.C., por meio de táticas, transgrediam o modelo de submissão a elas imposto.

Representações do corpo das backaí no teatro e na imagética (Atenas Vo século a.C.)

Autor: Márcio Mendes de Lima

Orientador: Alexandre Carneiro Cerqueira Lima

Data da Defesa: 30/3/2011 - Mestrado

Banca: Sônia Regina Rebel de Araújo -UFF (arguidora), Claudia Beltrão da Rosa - Unirio (arguidora), Alexandre Carneiro Cerqueira Lima (orientador)

Buscamos comprovar nesta dissertação que o culto das bacantes na Atenas do século V a.C. passava por um controle estrito por parte do regime democrático. As cenas na cerâmica ática de figuras negras e vermelhas e a representação das bacantes e do culto dionisíaco na tragédia As bacantes, de Eurípides, nos permitem observar uma opção de controle social da manía, com a transferência do comportamento e das transformações corporais que de algum modo poderiam ser considerados ameaçadores para o bom equilíbrio da pólis para o espaço da margem, um espaço de transgressão autorizada. Desse modo, os aspectos mais transgressores dos ritos das backaí se tornam uma ferramenta de reafirmação da ordem

Vianninha e A Grande Família: intelectuais de esquerda no Brasil dos anos 1970

Autor: Giordano Bruno Reis dos Santos

Orientadora: Denise Rollemberg Cruz

Data da Defesa: 31/3/2011 - Mestrado

Banca: Samantha Viz Quadrat - UFF (arguidora), Alessandra Carvalho - UFRJ (arguidora), Denise Rollemberg Cruz (orientadora)

A pesquisa pretende tratar da inserção social e política de intelectuais "de esquerda" durante o período autoritário, que se iniciou em 1964 e findou em 1985. Para tanto, elegeu como objeto a trajetória de Oduvaldo Vianna Filho na TV Globo durante a primeira metade da década de 1970, centrando a análise no programa A Grande Família. Sendo uma produção de sucesso da lavra de Vianninha, A Grande Família permitirá compreender a sua entrada na TV Globo para além das lógicas discursivas de "política de ocupação de espaços" e de "traição", "cooptação" ou "capitulação", sintonizando as críticas expressas no programa aos costumes da sociedade brasileira com a consolidação de um dos carros-chefe da indústria cultural brasileira.

Perspectivas da esquerda brasileira após o fim da União Soviética

Autor: Adriano Carmelo Vitorino Zão

Orientador: Marcelo Badaró Mattos

Data da Defesa: 1/4/2011 - Mestrado

Banca: Valerio Arcary - Cefet/SP (arguidor), Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes - UFF (arguidora), Marcelo Badaró Mattos (orientador)

Neste trabalho, apresentamos aspectos de mudanças programáticas, teóricas e práticas dos partidos da esquerda brasileira à luz dos processos de conversão dos países do Leste Europeu e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) ao capitalismo. Apresentamos uma abordagem comparativa entre o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).

Con la UP ahora somos gobierno! A experiência dos Cordones Industriales no Chile de Allende

Autora: Elisa de Campos Borges

Orientador: Norberto Osvaldo Ferreras

Data da Defesa: 4/4/2011 - Doutorado

Banca: Fabiana de Souza Fredrigo - UFG (arguidora), Maria Helena Rolim Capelato - USP (arguidora), Maria Verônica Secreto Ferreras - UFF (arguidora), Samantha Viz Quadrat - UFF (arguidora), Norberto Osvaldo Ferreras (orientador)

O socialista Salvador Allende venceu as eleições no Chile em 1970, a partir de uma coalizão de esquerda, a Unidade Popular, apresentando como projeto abrir caminho ao socialismo por meio de profundas mudanças no sistema econômico, político e social do país. Durante o governo de Allende, uma série de novas formas de atuação popular foi constituída no calor da disputa política entre esquerda e direita, mas também entre a própria Unidade Popular. O presente estudo aborda a participação dos trabalhadores chilenos nos Cordones Industriales, que conceituamos como concentrações de indústrias de distintas ramas produtivas formando territorialmente um Cordão de Indústrias. No entanto, sua novidade está relacionada com a territorialização e a integração das demandas dos trabalhadores das diversas indústrias que o compõem, por meio da atuação dos sindicatos, de ativistas e dos partidos políticos. Tendo como objetivo a análise da trajetória dos Cordones Industriales durante os anos 1972 e 1973, o estudo evidencia a inter-relação entre a constituição desses novos organismos com a tradição sindical chilena, com a aplicação do programa político da Unidade Popular, e com as divergências entre os dois principais partidos da coalizão, Partido Socialista e Partido Comunista. Este estudo demonstra que os Cordones inovaram, por um lado, na forma de atuar e articular as demandas territorializadas dos trabalhadores de uma mesma região, mas, ao mesmo tempo, conservaram características tradicionais do movimento sindical, no qual a relação sindicato-partido é fundamental para sua compreensão política. Trata-se, igualmente, da discussão das divergências políticas internas entre os partidários da Unidade Popular quanto à aplicação do projeto da via chilena ao socialismo e da construção do poder popular.

A formação da aristocracia na Inglaterra anglo-saxônica (séculos VII-VIII)

Autor: Renato Rodrigues da Silva

Orientador: Mário Jorge da Motta Bastos

Data da Defesa: 5/4/2011 - Mestrado

Banca: Leila Rodrigues da Silva - UFRJ (arguidora), Ciro Flamarion Santana Cardoso - UFF (arguidor), Mário Jorge da Motta Bastos (orientador)

A presente dissertação objetiva analisar a complexificação e a hierarquização social ocorridas na Inglaterra anglo-saxônica entre os séculos VII e VIII, investigando, no bojo desse processo, a formação de uma classe social específica, a aristocracia. Investiremos, portanto, na tentativa de caracterizar e analisar os processos de diferenciação social, relacionando-os com a paulatina afirmação de uma identidade de classe. Utilizaremos como fontes para tal estudo a Historia ecclesiastica gentis anglorum, de Beda, uma compilação legislativa conhecida como Anglo-Saxon Dooms, algumas hagiografias e o poema épico Beowulf.

As criaturas do mal na hagiografia dominicana - uma pedagogia do século XIII

Autora: Tereza Renata Silva Rocha

Orientadora: Vânia Leite Fróes

Data da Defesa: 6/4/2011 - Mestrado

Banca: Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva - UFRJ (arguidora), Edmar Checon de Freitas - UFF (arguidor), Vânia Leite Fróes (orientadora)

Esta pesquisa trata da concepção de Mal trazida pela ordem dominicana no século XIII. Pretende-se, também, analisar a fundamentação teórica por trás dessa ideia de Mal, além do papel que a ordem dominicana teve na consolidação dessa concepção na sociedade. Procura-se colaborar com a reflexão historiográfica sobre a atuação dos dominicanos no ambiente citadino, investigando seu discurso sobre o Mal e suas figurações e como esse discurso é importante para a atuação dominicana na sociedade medieval, principalmente nas comunidades citadinas. Dentre as fontes para esta pesquisa, temos a Suma Teológica, de S. Tomás de Aquino, que procurou codificar o conhecimento que se tinha sobre o Mal, assim como Santo Agostinho, com seu Livre-arbítrio. Outra fonte é a hagiografia, que nos fornece uma série de histórias que relatam as lutas travadas por muitos santos contra o Tentador, como as Vidas dos irmãos e a Legenda áurea.

Às margens da cristandade: os Moros d'España à época de Afonso X

Autor: Leonardo Augusto Silva Fontes

Orientadora: Vânia Leite Fróes

Data da Defesa: 8/4/2011 - Mestrado

Banca: Renata Rodrigues Vereza - UFF (arguidora), Raquel Alvitos Pereira - (arguidora), Vânia Leite Fróes (orientadora)

Pretende-se analisar o processo de inclusão/exclusão dos mudejáres - muçulmanos que permaneceram em terras hispânicas após a Reconquista -, no século XIII, durante o governo de Afonso X, o Sábio. Com o número ampliado de fontes e métodos de análise, conjugar-se-ão as representações simbólicas e discursivas dos mouros às práticas jurídico-normativas da corte afonsina, pelo viés da teoria de Bronislaw Geremek sobre marginalização.

Nas sombras da libertinagem: Francisco de Mello Franco (1757-1822) entre luzes e censura no mundo luso-brasileiro

Autora: Rossana Agostinho Nunes

Orientador: Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves

Data da Defesa: 8/4/2011 - Mestrado

Banca: Leila Mezan Algranti - Unicamp (arguidora), Alexandre Mansur Barata - UFJF (arguidor), Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves (orientador)

Tendo como objeto central de estudo a trajetória do médico lusobrasileiro Francisco de Mello Franco, o projeto pretende refletir, a partir de uma abordagem hermenêutica e das considerações da História Política e Cultural, sobre a tensão político-intelectual existente na sociedade portuguesa, de finais do século XVIII e início do XIX, a partir do enfoque em três dimensões complementares: na circulação de ideias consideradas subversivas socialmente, na repressão das autoridades régias a essas ideias e na construção de representações sobre o libertino e o sedicioso. Paralelo a isso, procurar-se-á levantar questões acerca do relacionamento entre a elite intelectual lusa e a monarquia portuguesa, de modo a lançar reflexões acerca da cultura política vigente entre alguns intelectuais lusos.

Jorge Amado e a identidade nacional: diálogos político-culturais

Autora: Carolina Fernandes Calixto

Orientadora: Cecília da Silva Azevedo

Data da Defesa: 14/4/2011 - Mestrado

Banca: Denise Rollemberg Cruz - UFF (arguidora), Rebeca Gontijo Teixeira -UFRRJ (arguidora), Cecília da Silva Azevedo (orientadora)

A presente analise se debruça sobre a memória coletiva que identifica o romancista Jorge Amado como ícone ou interprete de uma brasilidade mestiça. O estudo põe em relevo o processo de sacralização dessa memória no imaginário social e a participação do intelectual em diálogos político-culturais em torno da identidade nacional. E objetiva-se mostrar que apesar da consagração de certos discursos narrativos, a trajetória e a produção de Amado foram objetivos de múltiplas apropriações. Nesse sentido, o trabalho chama atenção para a necessidade de se evitar atribuir um sentido definitivo ou monolítico ao conjunto da obra, um romance particular ou à trajetória do autor. Assim, lança um convite ou desafio para o ser humano complexo que está por traz do herói e do mito Jorge Amado, percebido e compreendido em seus contextos específicos de produção e de atuação como artista e intelectual de seu campo.

Os feitos militares nas biografias do reino novo: ideologia militarista e identidade social sob a XVIIIa dinastia do Egito Antigo. 1550-1295 a.C.

Autor: Nely Feitoza Arrais

Orientador: Ciro Flamarion Santana Cardoso

Data da Defesa: 15/4/2011 - Doutorado

Banca: André Leonardo Chevitarese - UFRJ (arguidor), Margaret Marchiori Bakos - PUC-RS (arguidoa), Adriene Baron Tacla - UFF (arguidora), Alexandre Carneiro Cerqueira Lima - UFF (arguidor), Ciro Flamarion Santana Cardoso (orientador)

O objetivo deste estudo é identificar e esclarecer aspectos da identidade social no Egito Antigo diretamente caracterizada pela ideologia militarista por meio da análise de alguns textos biográficos provenientes do Reino Novo, fase conhecida pela expansão de domínio territorial e por política externa agressiva. O Egito Antigo era uma sociedade fortemente hierarquizada, na qual um pequeno grupo identificado como uma nobreza constituída formava a estrutura político-administrativa centrada na figura do faraó, que encarnava simbolicamente o próprio Estado. Esse pequeno grupo constituía uma classe dominante homogênea perante o restante da sociedade egípcia. Destacar-se socialmente nesse grupo restrito compreendia a inserção em diversas funções, até o cargo maior de faraó. No decorrer do terceiro até a metade do segundo milênio, uma das funções por excelência atribuídas ao faraó era a guerreira, definida como uma característica centrada no equilíbrio cósmico do cargo de faraó, o qual detinha o poder de manutenção da ordem social defendida vigorosamente contra todos aqueles que não o reconheciam como tal. A partir do Segundo Período Intermediário e da dominação estrangeira sobre o Egito, os valores guerreiros serão também direcionados para o conjunto dos homens que constituíam a força do faraó, formando uma nova base de legitimação e reconhecimento para os que se destacassem nessa função, que adquire, a partir de então, uma nova semântica social. A bravura, a perícia no campo de batalha e a lealdade ao faraó passam a representar uma nova modalidade de destaque social, permitindo que um grupo de homens ascenda ao patamar mais alto da sociedade através dos aspectos militares de suas funções. Ao mesmo tempo, esses valores passam a integrar os discursos laudatórios que legitimam o status diferenciado daquele mesmo grupo dominante. Pode-se perceber uma nova ideologia social com a formação de uma tropa de caráter permanente a partir do final do Segundo Período Intermediário e a decorrente especialização de um grupo de homens de caráter militarizante. A ascensão social e a legitimação de sua posição social perante os demais integrantes da sociedade relacionam-se diretamente com sua formação militar específica.

Negros, índios e mestiços nas crônicas de Pernambuco e São Paulo setecentistas

Autor: Bruno da Silva

Orientador: Ronald José Raminelli

Data da Defesa: 18/4/2011 - Mestrado

Banca: Larissa Moreira Viana - UFF (arguidora), Iris Kantor - USP (arguidora), Ronald José Raminelli (orientador)

O presente trabalho tem como foco o estudo das identidades coloniais. Por meio da análise de fontes da época, pretendendo verificar se cronistas genealogistas luso-americanos usaram de suas obras para a difusão de identidades locais. Assim, recorremos a obras escritas na segunda metade do século XVIII, em Pernambuco e em São Paulo, por homens nascidos na Colônia e, assim, procuramos analisar se, com essas obras, esses letrados pretendiam difundir identidades regionais. Além disso, procuramos observar como esses cronistas recorrem à mescla de portugueses, índios e negros para a construção dessas possíveis identidades locais; como as identidades regionais se fortaleceram com as experiências militares de pernambucanos e bandeirantes; além de observar como esses cronistas e genealogistas abordavam os conceitos de raça e nação.

Parochos imperfeitos: justiça eclesiástica e desvios do clero no Maranhão colonial

Autora: Pollyanna Gouveia Mendonça

Orientador: Ronaldo Vainfas Co-orientador: José Pedro de Matos Paiva

Data da Defesa: 18/4/2011 - Doutorado

Banca: Bruno Guilherme Feitler - Unifesp (arguidor), Daniela Buono Calainho - Uerj (arguidora), Georgina Silva dos Santos - UFF (arguidora), José Pedro de Matos Paiva - UC (co-orientador), Ronaldo Vainfas (orientador)

Este trabalho analisa a justiça eclesiástica e os desvios do clero secular do bispado do Maranhão no século XVIII. Trata-se, por um lado, de um estudo sobre o funcionamento e a prática jurídica do tribunal que funcionava sob alçada do bispo e seus traços mais marcantes no que tange à política de moralização dos costumes ensejada a partir do Concílio de Trento. Por outro lado, esta pesquisa analisa as características do clero maranhense, sua formação e perfil, bem com os crimes que cometeram e como foram punidos no tribunal em que tinham privilégio de foro.

As múltiplas facetas do vassalo "mais rico e poderoso de Portugal no Brasil": Joaquim Vicente dos Reis e sua atuação em Campos dos Goitacases (17811813)

Autora: Mariana Gonçalves Guglielmo

Orientadora: Sheila Siqueira de Castro Faria

Data da Defesa: 20/4/2011 - Mestrado

Banca: João Luís Ribeiro Fragoso -UFRJ (arguidor), Carlos Gabriel Guimarães - UFF (arguidor), Sheila Siqueira de Castro Faria (orientadora)

Em 1804, Manuel Martins do Couto Reis apontava Joaquim Vicente dos Reis, proprietário da fazenda dos Jesuítas em Campos dos Goitacases desde 1781, como o "mais rico e poderoso vassalo de Portugal no Brasil". Antes de se tornar senhor de terras, porém, Vicente dos Reis atuara como negociante em Sacramento. Foi nesse período que, junto com seu tio, estabeleceu diversas ligações que certamente foram basilares para sua posterior fixação no Rio de Janeiro. O objetivo desta pesquisa é entender a trajetória de ascensão social desse indivíduo e sua atuação em diversos campos, apontando a inter-relação e a interação entre eles. Para esse fim, priorizouse a análise das relações sociais e das estratégias desenvolvidas pelos sujeitos em uma sociedade do Antigo Regime, demonstrando, por fim, como nosso protagonista se tornou um respeitável agente econômico, político e social em Campos dos Goitacases.

A agenda neoliberal e o empresariado industrial no Brasil e na Argentina: projeto hegemônico neoliberal e discurso dos industriais (1984-1989)

Autor: Diego Nazareth Chaves São Bento

Orientador: Norberto Osvaldo Ferreras

Data da Defesa: 25/4/2011 - Mestrado

Banca: Alexandre Fortes - UFRRJ (arguidor), Carlos Gabriel Guimarães -UFF (arguidor), Norberto Osvaldo Ferreras (orientador)

O presente projeto se propõe analisar, enfocando o estudo da produção político-ideológica e da ação política dos empresariados industriais argentino e brasileiro, os processos que, iniciados durante a década de 1980, resultaram fundamentais para as transformações estruturais, como o processo de privatizações, a redução dos "gastos" públicos, a "dinamização do trabalho" com a consequente precarização das relações laborais e a reestruturação do setor produtivo da década seguinte. Tomando as políticas de reforma do aparelho estatal como referência, o objetivo é mostrar as mudanças do paradigma político realizadas nesse período. Em outras palavras, a proposta é dar conta do processo em que o conjunto das políticas neoliberais cresce em legitimidade e passa a ser percebido como a "única alternativa possível" diante das crises econômicas e políticas enfrentadas pelos dois países nos anos de pós-redemocratização.

O drama social da Abolição: escravidão, liberdade, trabalho e cidadania em São João del Rei, Minas Gerais (1871-1897)

Autor: Denilson de Cássio Silva

Orientadora: Sheila Siqueira de Castro Faria

Data da Defesa: 26/4/2011 - Mestrado

Banca: Keila Grinberg - Unirio (arguidora), Cláudia Regina Andrade dos Santos - Unirio (arguidora), Sheila Siqueira de Castro Faria (orientadora)

A presente pesquisa tem como objeto de estudo o processo de Abolição da Escravidão, com foco nos embates, nas expectativas e nas incertezas, experimentados pela sociedade de São João del Rei, Minas Gerais, no final do século XIX (1871-1897). Tal processo identifica-se, aqui, com a expressão "drama social da abolição", em que diferentes grupos e agentes sociais vêm à tona. São abordadas as perspectivas de escravos, senhores, curadores, juízes, tutores, libertos e redatores, mediante uma análise de discursos e práticas atinentes às relações sociais de poder e trabalho. Busca-se compreender o dilema estabelecido entre os direitos de liberdade e de propriedade, as querelas entre senhores e escravos daí advindas; as diferentes posições adotadas por intelectuais diante do desmantelamento do regime escravista, reveladoras de variados projetos sociais; o anseio da elite em exercer controle sobre os ex-escravos, manter a ordem, a hierarquia social e arrebanhar mão de obra por meio de uma pedagogia de valorização do trabalho e da perseguição aos supostos "vagabundos"; e a luta de libertos para acessar seus direitos, indicando a construção de uma cidadania em sentido amplo e cotidiano. Para tanto, as principais fontes utilizadas foram ações de liberdade e de tutela, e jornais, além do Código de Posturas Municipal e de inventários post mortem.

"Para aumento da conquista e bom governo dos moradores." O papel da Câmara de São Luís na conquista, defesa e organização do território do Maranhão (1615-1668)

Autora: Helidacy Maria Muniz Corrêa

Orientadora: Maria Fernanda Baptista Bicalho

Data da Defesa: 26/4/2011 - Doutorado

Banca: Carlos Gabriel Guimarães - UFF (arguidor), Antônio Carlos Jucá de Sampaio - UFRJ (arguidor), Andréa Viana Daher - UFRJ (arguidora), Rafael Ivan Chambouleyron - UFPA (arguidor), Maria Fernanda Baptista Bicalho (orientadora)

O foco da conquista do Maranhão, durante o século XVII, tradicionalmente abordado pela historiografia, incide sobre a presença francesa na disputa pelo território e sobre a ação missionária no processo colonizador. Recentes estudos avançaram ao mostrar o papel político-administrativo e jurisdicional dos poderes locais na dinâmica colonizadora do Maranhão. Contudo, o processo de conquista do Maranhão, relacionado com as instituições políticas, uma de natureza externa - a União Ibérica - e outra de natureza interna - a Câmara Municipal -, merece mais estudo por parte dos especialistas no assunto. Por essa razão, esta tese dedica uma atenção especial à estreita relação entre a conquista, a defesa e a organização do território do Maranhão e a Câmara de São Luís, levando em consideração a importância das medidas externas e internas na consolidação da dominação portuguesa. Para tanto, inicialmente, situa-se o leitor no processo de conquista portuguesa do Maranhão, enfatizando sua ligação com a política da Coroa ibérica. Em seguida, este estudo explora o papel da Câmara de São Luís no processo de conquista, defesa e organização do Maranhão, considerando a ação da governança local como um dos serviços prestados à Coroa portuguesa de maior importância "para o aumento e conservação da conquista".

Além do acidente pardo - os oficiais das milícias pardas de Pernambuco em Minas Gerais (1766-1807)

Autora: Ana Carolina Teixeira Crispin

Orientador: Ronald José Raminelli

Data da Defesa: 27/4/2011 - Mestrado

Banca: Marco Antônio Silveira - Ufop (arguidor), Roberto Guedes Ferreira - UFRRJ (arguidor), Ronald José Raminelli (orientador)

A escravidão tinha uma significação mais ampla do que a metáfora da casa-grande e senzala de Gilberto Freyre. E os escravos também não eram apenas vítimas das imposições senhoriais e de inacreditáveis violências, o que a Sociologia também mostrou na década de 1960, com Florestan Fernandes e outros. Havia espaço para a negociação. Entre os senhores e os escravos estava um grande contingente populacional de características bem diversas, e a adoção de valores da sociedade colonial e escravistas por eles era vital para a manutenção da escravidão. Na América portuguesa, embora tenham sido longos os anos de escravidão, essa estrutura continha porosidades. A maleabilidade do próprio sistema escravista foi o que fez com que este sobrevivesse por mais de longos 300 anos. Para garantir a reprodução do sistema escravista, era preciso criar mecanismos de inserção social, maneira mais garantida de se evitarem novos Palmares e revoluções escravas, como as do Caribe inglês e francês.

De golpe a golpe: política e administração nas relações entre Bahia e Portugal (1641-1667)

Autora: Erica Lôpo de Araújo

Orientadora: Maria Fernanda Baptista Bicalho

Data da Defesa: 28/4/2011 - Mestrado

Banca: Ronaldo Vainfas - UFF (arguidor), Pedro Luís Puntoni - USP (arguidor), Maria Fernanda Baptista Bicalho (orientadora)

Tendo como limites cronológicos o período compreendido entre 1641 e 1667, esta dissertação estuda a Restauração portuguesa na Bahia, identificando como os jogos de poder e as redes de relacionamento do Reino se refletiam na capital do Estado do Brasil. Também procura versar sobre as mudanças e permanências de aspectos da política e administração do Império português atlântico no pós-Restauração, e traz como proposta central a compreensão da dinâmica do "governo da justiça" na capitania da Bahia, a partir da análise do relacionamento, nem sempre harmônico, entre os magistrados que representavam o poder central. O estudo do relacionamento do governador-geral com o ouvidor-geral e o Tribunal da Relação permite compreender como os magistrados desempenharam o papel de uma espécie de contrapoder em relação à principal autoridade governamental da Colônia.

Senhores de escravos, senhores da razão - racionalidade ideológica e a villa escravista na República romana (séculos II e I a.C.)

Autor: José Ernesto Moura Knust

Orientadora: Sônia Regina Rebel de Araújo

Data da Defesa: 29/4/2011 - Mestrado

Banca: Ciro Flamarion Santana Cardoso - UFF (arguidor), Carlos Augusto Ribeiro Machado - Unifesp (arguidor), Sônia Regina Rebel de Araújo (orientadora)

Nos séculos finais da República romana, algumas transformações importantes se deram na economia rural italiana. O crescimento da demanda por produtos agrícolas (seja pelo crescimento urbano, seja pelo surgimento de mercados provinciais, ou, ainda, pelas crescentes demandas do exército), juntamente com a incorporação de uma grande massa de escravos como mão de obra rural, fez necessárias transformações nas relações de produção e na administração da mão de obra pelas classes proprietárias romanas. Dois tratados escritos sobre "as coisas do campo" nesse período sobrevieram aos nossos dias, e a partir deles podemos analisar como essas transformações se deram; são eles: o De agri cultura, de Marco Pórcio Catão, e o De re rustica, de Marco Terêncio Varrão.

Varando mundos: navegação no Vale do Rio Grajaú

Autor: Alan Kardec Gomes Pachêco Filho

Orientadora: Ana Maria Mauad de Sousa Andrade

Data da Defesa: 29/4/2011 - Doutorado

Banca: Sonia Cristina da Fonseca Machado Lino - UFJF (arguidora), Théo Lobarinhas Piñeiro - UFF (arguidor), João Renôr Ferreira de Carvalho -UFPI (arguidor), Samantha Viz Quadrat - UFF (arguidora), Ana Maria Mauad de Sousa Andrade (orientadora)

A ocupação de colonização do centro-sul maranhense começou a partir dos sertões dos Pastos Bons, na segunda metade do século XVIII. Em busca de novas terras para a criação de gado vacum, os pioneiros "plantaram" muitas fazendas, uma das quais, denominada Chapada, que foi fundada às margens do rio Grajaú, responsável pela integração de duas civilizações distintas: o centro-sul e o norte maranhense. O rio Grajaú teve como agentes de integração das duas fronteiras os vareiros, cuja atividade principal consistia em impulsionar canoas cheias de mercadorias. Este estudo defende que a navegação do rio Grajaú desenvolveu a região em seu entorno, incluindo o norte de Goiás e o sul do Pará, uniu culturas e encurtou a distância entre o centro-sul e o norte do Estado.

"Uma onda de lama e sangue ameaça cobrir a República". Os discursos sobre a violência no governo de Isabelita Perón (junho 1975-março 1976)

Autora: Marina Maria de Lira Rocha

Orientador: Norberto Osvaldo Ferreras

Data da Defesa: 29/4/2011 - Mestrado

Banca: Maria Paula Nascimento Araújo -UFRJ (arguidora), Samantha Viz Quadrat - UFF (arguidora), Norberto Osvaldo Ferreras (orientador)

O presente trabalho analisa os discursos sobre a violência, seu aprofundamento e naturalização, durante os meses de junho de 1975 a março de 1976 na Argentina. No governo de Isabelita Perón, o país convivia com os desaparecimentos de pessoas, com as prisões e sequestros, com os cadáveres abandonados nas ruas, com os assassinatos cometidos por diversas organizações, com a censura e as proscrições. As expressões da violência - levadas, por um lado, pelas guerrilhas rurais e urbanas e, por outro, pelas repressões clandestinas e legalizadas - faziam parte desse ambiente ainda democrático e estabelecia as noções de inimigos e seus enfretamentos. Lendo os discursos publicados nas Solicitadas dos jornais La Nación, Clarín e La Opinión, analisamos as concepções da violência, produzida simbolicamente pela escrita, suas distintas interpretações naquele espaço e os sentidos que as palavras que designavam a violência tomavam forma em cada discurso.

Relações raciais, gênero e memória: a trajetória de Ruth de Souza entre o Teatro Experimental do Negro e o Karamu House (1945-1952)

Autor: Júlio Cláudio da Silva

Orientadora: Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro

Data da Defesa: 29/4/2011 - Doutorado

Banca: Martha Campos Abreu - UFF (arguidora), Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros - Uerj (arguidora), Jacques d'Adesky - Ucam (arguidor), Petrônio José Domingues - UFS (arguidor), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro (orientadora)

O objetivo desta tese é analisar relações raciais e de gênero a partir da trajetória da atriz Ruth Pinto de Souza, tendo como marco cronológico o seu ingresso no Teatro Experimental do Negro (TEN), em 1945, e a conclusão dos seus cursos de aprimoramento técnico profissional no Karamu House, teatro-escola norte-americano, em 1952. Os processos de construção de memória da atriz sobre esse período ao longo de sua carreira, bem como o método de arquivamento de si e do TEN protagonizado pela atriz, são analisados a partir de oito depoimentos autobiográficos. Os aspectos da história da constituição e atuação do TEN, o período de estudos de Ruth de Souza nos Estados Unidos e seus primeiros anos de atuação como profissional nas principais companhias de teatro e cinema da época foram recuperados a partir de documentos do arquivo Ruth de Souza/LABHOI-UFF.

Ulysses Guimarães: trajetória política de um liberal pela democracia na luta contra a ditadura militar (1971-1984)

Autora: Ingrid da Silva Mendonça Corrêa

Orientador: Jorge Luiz Ferreira

Data da Defesa: 3/5/2011 - Mestrado

Banca: Américo Oscar Guichard Freire -FGV (arguidor), Andréa Casa Nova Maia - UFRJ (arguidora), Jorge Luiz Ferreira (orientador)

O projeto dedica-se à trajetória política de um importante personagem da política nacional. Trata-se de Ulysses Guimarães. Não se tratará de uma biografia de toda a sua vida, mas de um estudo principalmente focado na década de 1970, durante a ditadura civil-militar vivida no Brasil. Nesse sentido, quero enfocar, mais detidamente, sua trajetória política no MDB, desde sua inserção no partido, em 1971, incluindo sua anticandidatura, em 1974, o episódio conhecido como Pacote de Abril, em 1977, e terminando com a discussão do processo da abertura política que resultou na Lei da Anistia, em 1979. O tema, dessa maneira, coincide a trajetória política de Ulysses Guimarães na luta pela redemocratização.

As revoltas de escravos na Roma Antiga e o seu impacto sobre a ideologia e a política da classe dominante nos séculos II a.C. a I d.C.: os casos da Primeira Guerra Servil da Sicília e da Revolta de Espártaco

Autor: Rafael Alves Rossi

Orientador: Ciro Flamarion Santana Cardoso

Data da Defesa: 4/5/2011 - Mestrado

Banca: Sônia Regina Rebel de Araújo - UFF (arguidora), Norma Musco Mendes - UFRJ (arguidora), Ciro Flamarion Santana Cardoso (orientador)

O tema central do presente estudo é o significado das rebeliões de escravos para a sociedade romana dos séculos II a.C. a I d.C. Na conjuntura de crise da República romana, eclodiram grandes revoltas lideradas por grupos de escravos que portavam armas, mas que tiveram a participação majoritária dos escravos rurais dos ergástulos, em um período de grande afluxo de cativos para os domínios romanos. Na Sicília, estourou a Primeira Guerra Servil, que teve como líder um escravo doméstico chamado Euno. Tanto nessa rebelião quanto na famosa Revolta de Espártaco, os líderes dos movimentos eram, ao mesmo tempo, chefes políticos, militares e religiosos, cumprindo a religião o papel de um programa, sendo um fator de coesão dos grupos. A mobilização dos escravos antigos atingiu o seu nível máximo nessas insurreições, impactando a classe senhorial, forçada a rever algumas de suas práticas, regulando-se as relações entre senhores privados e escravos por meio do Estado, em especial no regime do Principado, que concedeu alguns direitos sociais aos trabalhadores escravizados da Itália e das províncias. No entanto, a maior conquista dos escravos rebeldes foi no plano simbólico, embora persistisse a ambiguidade nas relações escravistas, algo inerente a elas, e ainda que a teoria da escravidão natural de Aristóteles não fosse exatamente o paradigma da maioria dos senhores romanos. A atitude de intelectuais do mundo romano do período republicano, como Catão, reproduzia uma forma de ver os escravos como meras mercadorias. A humanidade dos escravos é reconhecida nos textos de Plutarco e de Apiano, manifestando-se de maneira sempre contraditória, entretanto, mas ainda assim significativa. Diodoro culpou os senhores sicilianos pela opressão excessiva sobre os escravos, gerando ódio e revolta entre eles. No Principado, o discurso de Sêneca sobre a humanidade dos escravos aparece como uma das principais visões de mundo da classe dominante. Assim, as revoltas produziram uma fissura no discurso ideológico dominante, forçando a classe senhorial a criar e a articular novas formas de dominação político-ideológica sobre os subalternos, tendo sido o paradigma escravista republicano superado e substituído por novos discursos e paradigmas. Os escravos antigos não chegaram a desenvolver uma genuína consciência de classe, mas alcançaram certo grau de consciência, não sendo nunca classe para si, mas saindo, sem dúvida, de uma situação pura e simples de classe em si, manifestando a sua relação de antagonismo com seus senhores, mediante lampejos de consciência que levaram ao desenvolvimento de um sentimento de classe que permitiu sua organização e mobilização em grandes insurreições, em uma revolução política com a tomada do poder de Estado na Sicília, ainda que com a manutenção do regime escravista e do estabelecimento de uma monarquia de tipo helenística, e em uma fuga coletiva insurrecional, como foi o caso da revolta liderada por Espártaco. Desse modo, a ideia de uma inferioridade natural dos escravos foi posta em xeque, refletindo-se nos textos dos intelectuais romanos. O método comparativo foi empregado neste trabalho, para que os exemplos da escravidão na América colonial iluminassem os problemas levantados para a escravidão antiga.

A política externa de D. João IV e o padre Antônio Vieira: as negociações com os Países Baixos (1641-1648)

Autor: Thiago Groh de Mello Cesar

Orientador: Ronaldo Vainfas

Data da Defesa: 5/5/2011 - Mestrado

Banca: Jacqueline Hermann - UFRJ (arguidora), Mário Fernandes Correia Branco - UFF (arguidor), Ronaldo Vainfas (orientador)

Este projeto de pesquisa almeja estudar a ação diplomática do padre Antônio Vieira na França e na Holanda entre 1646 e 1648, período em que foi negociada uma saída política para a questão do Nordeste brasileiro, ocupado por holandeses. É nesse momento que o pensamento do inaciano amadureceu de modo político e religioso. Para desenvolvimento deste estudo, é necessário um exame das correspondências de Vieira e de seus sermões, utilizando como referencial teórico os trabalhos de Fernando Lodonõ, Alcir Pécora, Ana Lúcia de Oliveira e outros, com o intuito analisar sua ação diplomática e seu pensamento.

Rosa de ouro: luta e representação política na obra de Clementina de Jesus.

Autora: Luciana Leonardo da Silva

Orientadora: Martha Campos Abreu

Data da Defesa: 6/5/2011 - Mestrado

Banca: Carolina Vianna Dantas - UFF (arguidora), Andrea Barbosa Marzano -Unirio (arguidora), Martha Campos Abreu (orientadora)

A partir da biografia da cantora Clementina de Jesus, o trabalho tem como objetivo analisar, no contexto dos anos 1960-1970, a luta dos movimentos negros e dos intelectuais ditos de esquerda. Além disso, visa, também, a analisar a musica de Clementina como uma forma de cultura política negra do período.

Rachel de Queiroz: regra e exceção (1910-1945)

Autora: Natália de Santanna Guerellus

Orientadora: Rachel Soihet

Data da Defesa: 9/5/2011 - Doutorado

Banca: Ana Paula Vosne Martins - UFPR (arguidora), Magali Gouveia Engel - Uerj (arguidora), Maria Fernanda Baptista Bicalho - UFF (presidente), Rachel Soihet (orientadora)

O aumento de pesquisas na área dos estudos de gênero a partir da década de 1980 no Brasil tem contribuído para a inserção da mulher na história de nosso País, vendo-a, também, como um sujeito ativo e importante. Este trabalho também tem como base o conceito de gênero e busca estudar a produção de uma das mais importantes autoras brasileiras do século XX: Rachel de Queiroz. Suas fontes principais são as crônicas produzidas pela autora de 1945 a 1975 e publicadas semanalmente no periódico O Cruzeiro. Visa, portanto, a discutir o modo como Rachel de Queiroz interpretou e problematizou as relações de gênero em seus escritos, sempre pensando no lugar que a autora ocupava nas letras brasileiras e sua relação com a escrita produzida por mulheres.

Idéias jurídico-penais e cultura religiosa em Minas Gerais na passagem à modernidade (1890-1955)

Autor: Jefferson de Almeida Pinto

Orientadora: Gizlene Neder

Data da Defesa: 17/5/2011 - Doutorado

Banca: Gisálio Cerqueira Filho - UFF (arguidor), Nilo Batista - UFRJ (arguidor), Jessie Jane Vieira de Sousa - UFRJ (arguidora), Théo Lobarinhas Piñeiro - UFF (arguidor), Gizlene Neder (orientadora)

Este trabalho estuda a circulação e a apropriação de ideias jurídico-penais pelo campo jurídico em um contexto de tensão com a cultura religiosa católico-tomista a partir de Minas Gerais. Inscritos em um momento histórico marcado pela difusão de teorias científicas e ainda por ideais positivistas e liberais, o direito, as ideias jurídicopenais e os intelectuais do campo jurídico ganham destaque no processo de secularização e laicização positiva a que estaria submetido o Estado brasileiro desde fins do sistema imperial e concretizado com a inauguração do sistema republicano. Ao mesmo tempo, o que se percebe é uma profunda crítica da Igreja católica, às voltas com o processo romanizador, que então procurava, entre outros, responder àqueles que tencionavam reduzir sua influência na sociedade e na cultura política e jurídica brasileira. Com o tempo, o que começamos a identificar no meio jurídico e nos setores jurídico-penais é uma discussão sobre a filosofia a ser seguida por seus membros, tendo em vista que se repensam os postulados científicos e materialistas de fins do século XIX e início do século XX em prol de um conjunto de pensadores que então fundamentavam o direito e as ideias jurídico-penais por meio da filosofia de São Tomás de Aquino, o que nos remete ao embate teológico entre a predestinação e o livre-arbítrio. O que queremos defender neste estudo é que, além dessa discussão teológica, a presença dessas ideias nos meios jurídicos de meados do século XX deve ser compreendida, também, em um contexto de restauração católica. Nesse caso, a Igreja visava à introdução de postulados neotomistas e à formação de uma neocristandade empreendida em diversos setores da sociedade brasileira, recristianizando-os, e por meio do qual o controle de áreas como a assistência social, a educação e a família, importantes no processo de controle social por parte do Estado republicano, seria por ela retomado. Nesse embate, procuramos entender as especificidades do ambiente intelectual e situar o campo jurídico em Minas Gerais, buscando identificar a apropriação que então faz do sistema ideológico vigente, tendo por base esses dois momentos históricos.

Herói em processo. Escrita e diplomacia sobre D. Duarte de Bragança (1641-1649)

Autor: Gustavo Kelly de Almeida

Orientador: Rodrigo Nunes Bentes Monteiro

Data da Defesa: 23/5/2011 - Mestrado

Banca: Mafalda de Sousa Machado Soares da Cunha - UE (arguidora), Ronaldo Vainfas - UFF (arguidor), Rodrigo Nunes Bentes Monteiro (orientador)

Este estudo possui como personagem condutora a figura de D. Duarte de Bragança (1605-1649). Por meio de diversos documentos escritos sobre ele e seu martírio - de manifestos políticos a elogios fúnebres -, procuraremos ressaltar a simbiose entre os campos da política e da religião, bem como entre o sagrado e o secular, no contexto do Portugal restaurado. Além disso, temos por escopo perceber em que medida Duarte, mesmo preso, representava um prestigiado centro de decisões diplomáticas do reino luso nos primeiros anos de afirmação dos Braganças à frente do poder régio. Essa perspectiva visa a aludir à pluralidade de poderes presente na concepção sobre o modo de governar português também no campo diplomático.

Desenvolvimento e segregação: políticas de modernização e isolamento compulsório de famílias afetadas pela lepra no Piauí (1930-1960)

Autora: Antonia Valteria Melo Alvarenga

Orientador: André Luiz Vieira de Campos

Data da Defesa: 23/5/2011 - Doutorado

Banca: Jorge Luiz Ferreira - UFF (arguidor), Laurinda Rosa Maciel - Fiocruz (arguidora), Márcia de Almeida Gonçalves - Uerj (arguidora), Anny Jackeline Torres da Silveira - UFMG (arguidora), André Luiz Vieira de Campos (orientador)

Este estudo objetiva analisar a utilização da lepra na disciplina de sujeitos no espaço piauiense em modernização (1930-1960). Para tanto, buscouse orientação em leituras como as de Roger Chartier, Pierre Bourdieu, Jacques Le Goff, Edward P. Th ompson e Paul Thompson. As noções de memória, representação, poder, experiência humana, doença e outras necessárias à constituição da investigação proposta serão desenvolvidas na relação entre as leituras indicadas e as informações obtidas na parte empírica da pesquisa. Com o resultado do estudo, pretende-se mostrar que, embora sofrendo os efeitos do processo maquínico moderno, o leproso encontrou alternativas para desenvolver experiências de singularização.

A "Dona" do Sertão: mulher, rebelião e discurso político em Minas Gerais no século XVIII

Autor: Alexandre Rodrigues de Souza

Orientador: Luciano Raposo de Almeida Figueiredo

Data da Defesa: 27/5/2011 - Mestrado

Banca: Sheila Siqueira de Castro Faria -UFF (arguidora), Júnia Ferreira Furtado - UFMG (arguidora), Luciano Raposo de Almeida Figueiredo (orientador)

Na América portuguesa, mesmo as comunidades mais afastadas do poder régio procuraram estabelecer seus privilégios, tendo em vista a manutenção de seus domínios. É nesse sentido que nossa pesquisa procura estudar a figura de Maria da Cruz, matriarca da família Cardoso, descendente da família da Casa da Torre da Bahia e estabelecida no sertão do São Francisco, em Minas Gerais, nas primeiras décadas do século XVIII. Pretendemos analisar como se deu a formação dos laços familiares e das redes de sociabilidade estabelecidas por essa família, particularmente em dois acontecimentos marcantes. Primeiramente, no processo de povoamento do Sertão e, posteriormente, no contexto da revolta de 1736. Desse modo, procura-se compreender, por meio desses acontecimentos, até que ponto foram importantes as estratégias de parentesco construídas por esses grupos que determinaram a formação das elites locais.

Cowboys do asfalto: música sertaneja e modernização brasileira

Autor: Gustavo Alves Alonso Ferreira

Orientador: Daniel Aarão Reis Filho

Data da Defesa: 27/5/2011 - Doutorado

Banca: Simone Maria Andrade Pereira de Sá - UFF (arguidora), Santuza Cambraia Naves - PUC-Rio (arguidora), Marcos Francisco Napolitano de Eugenio - USP (arguidor), Marcelo Siqueira Ridenti - Unicamp (arguidor), Daniel Aarão Reis Filho (orientador)

Esta tese trata da modernização da música rural no Brasil. Tomando como parâmetro a disputa entre música sertaneja e música caipira, busca-se entender quais os discursos legitimadores da divisão da música rural e as consequências "práticas" desse fracionamento para a música brasileira. Aponta-se o papel essencial cumprido pela música sertaneja na reconfiguração de outros gêneros musicais, como o rock, a MPB e a bossa nova. Procura-se entender a marginalização da produção sertaneja durante os anos ditatoriais e o período Collor e o significado do repúdio a esse gênero para as elites culturais do País. Dos anos 1970 aos anos 1990, percorrese a história da música sertaneja, do repúdio, da demarcação e da periferização da produção até a consagração, a mercantilização e a institucionalização do gênero.

"Barra do Piraí ainda é terra de jongueiros": patrimônio familiar e patrimônio cultural entre permanências e transformações do jongo no Sudeste

Autora: Luana da Silva Oliveira

Orientador: Paulo Knauss de Mendonça

Data da Defesa: 30/5/2011 - Mestrado

Banca: Martha Campos Abreu - UFF (arguidora), Ricardo Gomes Lima - Uerj (arguidor), Paulo Knauss de Mendonça (orientador)

O projeto "Jongo - de patrimônio familiar a patrimônio cultural brasileiro: permanências e transformações entre tradição e modernidade" pretende contribuir para discussão da nova noção de patrimônio, vendo-o de forma dinâmica como conformador de permanências e transformações, sendo estas compostas por história, memória e identidade. A partir de entrevistas de História Oral e investigação em publicações locais e leis, tem-se como objetivo analisar como os jongueiros leem o passado e usam-no como instrumento contemporâneo em suas lutas atuais. Nesse sentido, discute como os agentes culturais que receberam o título de patrimônio lidam com as permanências e as transformações, e como esse binômio se situa na tensão que existe entre tradição e modernidade. Considera-se que essa problemática envolve um contexto em que está presente nos documentos oficiais a noção de diversidade cultural.

Da casa verde ao subsolo: Machado de Assis e Dostoiévski entre modernidade e tradição

Autora: Ana Carolina Huguenin Pereira

Orientador: Daniel Aarão Reis Filho

Data da Defesa: 31/5/2011 - Doutorado

Banca: Sidney Chalhoub - Unicamp (arguidor), Nicolau Sevcenko - USP (arguidor), Bruno Barretto Gomide - USP (arguidor), Margarida de Souza Neves - PUC-Rio (arguidora), Daniel Aarão Reis Filho (orientador)

A tese propõe uma reflexão sobre marcos essenciais da modernidade: a afirmação da personalidade e da consciência individuais, a cientificidade e o ateísmo, a explosão de redes tradicionais de sociabilidade, gerando tensões e incertezas, a multiplicidade de vozes (polifonia). Questões às vezes recusadas, mas sempre presentes nos contextos históricos vivenciados, interpretados e reescritos, de formas específicas, por F. Dostoiévski, por Machado de Assis e por seus interlocutores russos e brasileiros. Estudo comparado das obras de Machado de Assis e F. Dostoiévski, aproximando temas sobre os quais os autores escreveram - críticas, angústias, ambivalências e ambiguidades propostas diante de processos modernizantes, transformadas em expressões artísticas e registros históricos. A proximidade evidencia-se na comparação entre a crítica zombeteira formulada por Dostoiévski ao racionalismo moderno nas Memórias do subsolo, cujo narrador apresenta-se como "um camundongo de consciência hipertrofiada", e o ceticismo irônico de Machado de Assis ao narrar a trajetória ruinosa de Simão Bacamarte, legítimo representante do discurso científico europeu na província colonial de Itaguaí, em O alienista.

D. João de Almeida Portugal e a revisão do processo dos Távoras: conflitos, intrigas e linguagens políticas em Portugal nos finais do Antigo Regime (c. 1777-1802)

Autora: Patricia Woolley Cardoso Lins Alves

Orientador: Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves

Data da Defesa: 31/5/2011 - Doutorado

Banca: Antonio Cesar de Almeida Santos - UFPR (arguidor), Sérgio Chahon -Simonsen (arguidor), Anita Correia Lima de Almeida - Unirio (arguidora), Carlos Gabriel Guimarães - UFF (arguidor), Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves (orientador)

A segunda metade do século XVIII foi um período singular da história europeia, caracterizando-se pela ampliação da alfabetização, pela construção de uma incipiente opinião pública e, especialmente, por acalorados debates sobre o poder dos reis, a Igreja, as leis e o papel da justiça. Nos principais centros intelectuais da Europa, tais como Paris, Londres, Viena e Milão, as obras de Voltaire e o livro do Marquês de Beccaria (Dos delitos e das penas) despertavam inquietações, contrarrespostas e a circulação de panfletos diversos. Em Portugal, parte desse período correspondeu ao reinado de D. Maria (1777-1792). Ainda que comumente denominado "viradeira", foi durante o reinado mariano que se procurou reorganizar a legislação portuguesa, assim como se verificou um ambiente intelectual mais arejado, permitindo a recepção das discussões jurídicas e humanitárias que, desde pelo menos 1760, tinham espaço entre os círculos letrados estrangeiros. Foi nesse contexto, e pelas diligências de

D. João de Almeida Portugal, segundo marquês de Alorna, que se empreendeu a revisão do processo dos Távoras. Tratava-se de questão polêmica e que pretendia passar a limpo um dos episódios mais desconcertantes da história portuguesa. O objetivo do presente trabalho é analisar, a partir dos discursos construídos e dos personagens envolvidos nessa revisão, as diferentes linguagens políticas e os discursos sobre o poder que tiveram lugar em Portugal no último quartel do século XVIII. Afinal, tal como ensinou Franco Venturi, a melhor maneira de se compreenderem esse período, seus elementos inovadores, mas, também, suas muitas permanências é analisando os discursos produzidos pelos personagens de carne e osso que fizeram e fazem a história. Assim, a figura de D. João de Almeida Portugal ganhou destaque no presente trabalho. Seus apontamentos políticos revelam que, apesar de manter uma interpretação aristocrática e conservadora da política e da sociedade, foi, ao menos em alguns pontos, capaz de superá-la.

A incorporação da agroecologia pelo MST: reflexões sobre o novo discurso e experiência prática

Autora: Priscilla Gomes da Silva

Orientador: Marcelo Badaró Mattos

Data da Defesa: 3/6/2011 - Mestrado

Banca: Canrobert Penn Lopes Costa Neto - UFRRJ (arguidor), Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes - UFF (arguidora), Marcelo Badaró Mattos (orientador)

A partir de meu projeto de dissertação, pretendo estudar o processo de formação da consciência políticoambiental no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), com especial enfoque na formação e territorialização da entidade na região de Resende, sul do Estado do Rio de Janeiro, do ano 1999 até os dias atuais. Buscarei analisar as intervenções dos sem-terra em âmbito nacional, para se ter uma visão macro das ações da entidade; contudo, atribuirei um foco especial ao movimento no Estado do Rio de Janeiro, para que a pesquisa se torne viável pelo tempo em que será efetuada. É necessário destacar que a conscientização ambiental dos militantes do MST faz parte do processo de formação da consciência política deles, não se podendo analisar essas duas esferas de forma estanque, pois elas mantêm uma relação necessária.

A rabeca de José Gerôncio: Luiz Heitor Corrêa de Azevedo - música, folclore e academia na primeira metade do século XX

Autor: Henrique Drach

Orientador: Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves

Data da Defesa: 9/6/2011 - Doutorado

Banca: Flávia Camargo Toni - USP (arguidora), Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira - Uerj (arguidora), Verena Alberti - FGV (arguidora), Cecília da Silva Azevedo - UFF (arguidora), Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves (orientador)

Por meio da trajetória de Luiz Heitor, será focalizado o papel dos folcloristas na busca da identidade nacional das "raízes do Brasil", assim como as transformações decorrentes da radiodifusão.

Tradição e modernidade: práticas corporativas e a reforma dos ofícios em Lisboa no século XVIII

Autor: Glaydson Gonçalves Matta

Orientadora: Georgina Silva dos Santos

Data da Defesa: 16/6/2011 - Mestrado

Banca: Carlos Gabriel Guimarães - UFF (arguidor), José Newton Coelho Meneses - UFMG (arguidor), Georgina Silva dos Santos (orientadora)

Durante a época moderna, as corporações de ofícios contribuíram para a construção de uma complexa rede que regulava a produção e o comércio de mercadorias, além da atuação de novos artesãos no espaço urbano. Em Lisboa no século XVIII, esses oficiais mecânicos viram seus monopólios ameaçados pela intervenção direta da Real Junta de Comércio e da Monarquia na organização das corporações, marcados por uma tradição medieval. Destacando a atuação da Casa dos Vinte e Quatro, instituição que representava os artesãos de Lisboa junto à Câmara, este estudo busca compreender a pressão sofrida pelas corporações e as estratégias criadas pelos artesãos para a manutenção de seus privilégios, o que culminou com uma ampla reforma dos ofícios em 1771, a segunda de sua história.

Entre senhores, escravos e homens livres pobres: família, liberdade e relações sociais no cotidiano da diferença (Mangaratiba, 1831-1888)

Autor: Manoel Batista do Prado Junior

Orientadora: Sheila Siqueira de Castro Faria

Data da Defesa: 17/6/2011 - Mestrado

Banca: Roberto Guedes Ferreira - UFRRJ (arguidor), Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro - UFF (arguidora), Sheila Siqueira de Castro Faria (orientadora)

O presente projeto tem como tema os laços estabelecidos entre senhores, escravos e homens livres pobres no seio da economia escravista de Mangaratiba na segunda metade do século XIX, laços esses que possibilitaram a estruturação dessa sociedade e a inserção e a mobilidade social dos atores que a compunham. Dentro desse intento, a formação de uma estrutura fundiária será abordada como espaço produzido por essas relações sociais, que não deixavam de ser produtivas, sendo fundamental para pensarmos a relação entre hierarquia social, formas de agregação e acesso à terra. Buscar-se-á pensar estratégias e redes de solidariedade que poderiam configurar mote para transformações no cotidiano e reelaborações constantes das relações mantidas entre subalternos e senhores membros da elite local. Tentaremos entender em que medida a cultura e os costumes de escravos e pobres livres foram capazes de gerar formas de organização neswa sociedade que subsidiaram transformações nas relações paternalistas vigentes na região de Mangaratiba na segunda metade do século XIX.

Tristes subúrbios: literatura, cidade e memória na experiência de Lima Barreto (1881-1922)

Autor: Pedro Henrique Belchior Rodrigues

Orientadora: Laura Antunes Maciel

Data da Defesa: 27/6/2011 - Mestrado

Banca: Magali Gouveia Engel - Uerj (arguidora), Maria do Rosario da Cunha Peixoto - PUC-SP (arguidora), Laura Antunes Maciel (orientadora)

Entre 1902 e 1922, o carioca Lima Barreto morou nos subúrbios. Nesse período, que corresponde a toda a sua trajetória como escritor, dedicou romances, contos e diversas crônicas a questões do universo suburbano: feiras e mafuás, chalés e chácaras, "aristocracia" suburbana e trabalhadores pobres. Meu objetivo é compreender essa produção a partir da experiência social do escritor, cujos vestígios estão presentes em todo o universo ficcional e não ficcional, além de nas anotações pessoais.

De acordo com Raymond Williams, parto do princípio de que a literatura não é mero reflexo da sociedade, mas parte das relações sociais; institui e constitui a realidade. Assim, desejo compreender como o subúrbio do início do século XX, época de grandes reformas urbanas, emerge no interior de uma obra na qual estão presentes certas memórias da cidade - resgatadas e manipuladas sempre com um objetivo específico, o de combater as tais reformas e os "reformadores apressados" - e uma concepção própria da literatura, que lhe rendeu o reconhecimento de alguns intelectuais e o esquecimento de muitos outros.

Reforma financeira e Banco Central do Brasil em tempos de capital monopolista (1964-1968)

Autor: Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira

Orientadora: Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes

Data da Defesa: 30/6/2011 - Mestrado

Banca: Marcelo Badaró Mattos - UFF (arguidor), Esther Kuperman - CPII (arguidora), Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes (orientadora)

Este trabalho possui duas frentes de investigação. Na primeira, teórica, buscamos compreender a natureza e o papel do dinheiro na sociedade capitalista. Por meio dos escritos de Marx, trilhamos o processo de autonomização das formas do capital a fim de compreender como e por que o capital bancário assume o protagonismo na expansão e nas crises capitalistas. Buscamos, também, apoiados em Lenin, explicar as formas de expansão do capital em sua fase imperialista. Por fim, na segunda frente, investigamos a formação histórica do Banco Central da República do Brasil. Criado com o Golpe de 1964 como sucessor da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), sua instauração foi marcada por longos debates no Parlamento e no Governo, que duraram cerca de 20 anos. As tensões pelo controle da moeda e do crédito no Brasil permearam as difíceis relações institucionais do Banco do Brasil com a Sumoc, além das possibilidades de acesso ao crédito. Agudizaram-se, assim, nos mesmos ritmos do desenvolvimento da economia capitalista no Brasil e das lutas sociais, com o período de 1962 a 1964, o Governo Goulart, representando o momento de maior conflito.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Jul 2012
  • Data do Fascículo
    2012
EdUFF - Editora da UFF Instituto de História/Universidade Federal Fluminense, Rua Prof. Marcos Waldemar de Freitas Reis, Bloco O, sala 503, 24210-201, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, tel:(21)2629-2920, (21)2629-2920 - Niterói - RJ - Brazil
E-mail: tempouff2013@gmail.com