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A violência na sociedade contemporânea e suas repercussões na saúde coletiva

EDITORIAL

A violência na sociedade contemporânea e suas repercussões na saúde coletiva

Em 1994, quando a Organização Pan-Americana da Saúde reuniu, pela primeira vez, ministros, consultores e profissionais da região das Américas em um seminário para discutir as questões da violência social que afetam a qualidade de vida, os Cadernos de Saúde Pública publicaram um número temático, organizado por pesquisadores do Claves (Centro Latino-Americano de Estudos sobre Violência e Saúde da Fiocruz), com o título O impacto da violência sobre a saúde. Esse número (vol 10. supl. 1, 1994) foi lançado nesse evento, em Washington, e simultaneamente no Brasil.

Em 1999, ainda sob a coordenação de pesquisadores do Claves, a revista Ciência & Saúde Coletiva (vol. 4. nº 1) publicou outro número temático, desta vez, com o título É possível prevenir a violência?

Este número temático, ainda sob iniciativa do mesmo grupo, apresenta uma reflexão de abrangência internacional, no ensejo do 11º Congresso Mundial de Saúde Pública, a ser realizado no Rio de Janeiro, entre 24 e 27 de agosto de 2006.

Seu conteúdo propõe ao leitor uma visão ampliada e aprofundada do fenômeno a partir deste momento histórico e dos condicionantes sociais e estruturais, alguns deles estruturantes da condição e da convivência humana. O texto escrito por Michel Wieviorka, cientista social, diretor de L'École de Hautes Études de Sciences Sociales em Paris, abre o debate, seguido pelo aprofundamento do assunto, construído por importantes cientistas sociais brasileiros. A revista tem a contribuição de eminentes estudiosos como Vamik D. Volkan, professor da Universidade da Virgínia (EUA), indicado para prêmio Nobel da Paz. Este autor analisa a psicodinâmica de grandes grupos populacionais que compartilham uma identidade étnica e sua influência na produção de violência de massa. Também escreve um artigo nesta revista Duncan Pedersen, médico e epidemiologista da Universidade McGill, em Montreal (Canadá), tratando das conseqüências da violência política sobre a saúde mental da população.

Dois textos destacam a visão das Nações Unidas sobre a violência. Etiene Krug e Linda Dahlberg introduzem a violência como um problema mundial de saúde, e o cientista social Paulo Sérgio Pinheiro apresenta passos efetuados para se conhecer a situação mundial de violência contra a criança e as formas possíveis de prevenção.

O contexto da América Latina é contemplado na escrita do eminente sociólogo Roberto Briceño-León sobre a situação na Venezuela; no texto do médico sanitarista Saul Franco sobre a Colômbia; em artigo do grupo liderado por Hugo Spinelli sobre a Argentina e em análise da região realizada por Miguel Malo e Alberto Concha, ambos representantes da Opas (Washington e Brasil).

A situação do Brasil é retratada por análises epidemiológicas sobre acidentes e violências; por textos que analisam a formulação, a trajetória de legitimação e a implementação da Política Nacional de Redução de Acidentes e Violências, promulgada em 2001 pelo Ministério da Saúde. Outros artigos apresentam uma pluralidade de iniciativas de serviços de atenção aos acidentes e violências que seguiram a essa definição, em todos os âmbitos do SUS.

Este número temático pretende contribuir com a sociedade e com os profissionais de saúde, na formação do pensamento e das práticas que privilegiam a cidadania, a inclusão social e a promoção da vida, projetos esses que são o antídoto da violência.

Maria Cecília de Souza Minayo

Editora científica

Simone Gonçalves de Assis, Edinilsa Ramos de Souza

Editoras convidadas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Ago 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 2006
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