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A psicologia em diálogo com o SUS: prática profissional e produção acadêmica

RESENHAS BOOK REVIEW

Denis Barros de Carvalho

Universidade Federal do Piauí

Spink MJP, organizadora. A psicologia em diálogo com o SUS: prática profissional e produção acadêmica. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007. 239 p.

A psicologia foi uma das últimas profissões a se inserirem no campo da saúde em nosso país. Somente a partir do início década de 1980 é que houve uma inserção dos psicólogos nas Unidades Básicas de Saúde. Os primeiros trabalhos acadêmicos, contudo, somente seriam produzidos no final daquele período.

Em 2006, a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) promoveu uma série de debates sobre a formação de psicólogos para as políticas públicas de saúde. Como conseqüência destes debates, uma pesquisa sobre a prática profissional e a produção acadêmica da psicologia no contexto da saúde. O livro em pauta descreve o resultado desta pesquisa.

Organizado em oito capítulos, o livro parte da premissa de que é preciso fortalecer a proposta do SUS e que a psicologia tem muito a contribuir para a redefinição das práticas em saúde, na humanização dos serviços e para o trabalho na perspectiva da integralidade.

No primeiro capítulo, Mary Spink e Gustavo Matta avaliam a prática profissional do psicólogo no contexto da Saúde Pública, com destaque para a inserção do profissional de psicologia no SUS. A partir dos dados da pesquisa realizada pela ABEP, Mary Spink e colaboradores discutem a inserção de psicólogos em serviços de saúde vinculados ao SUS, com ênfase nos desafios para a formação profissional no segundo capítulo. Um estudo sobre as práticas dos psicólogos no SUS e as necessidades de quem os procura foi escrito por Florianita Campos e Elza Guarido e forma o terceiro capítulo. Jefferson Bernardes discute alguns desafios para a formação do psicólogo para o trabalho no SUS no quarto capítulo. No quinto capítulo, Gustavo Matta e Kenneth Camargo Jr. discorrem sobre a psicologia médica e a psicologia da saúde como tradições teóricas na compreensão do processo saúde-doença. Mary Spink e colaboradores analisam as contribuições da psicologia para a Saúde Pública mediante estudo do banco de dados BVS no sexto capítulo. Vera Menegon e Angela Coelho descrevem as etapas da inserção da psicologia no sistema público de saúde como as seguintes: inserção incipiente (1955-1984), transição da inserção (1985-1994) e inserção plena (1995-). Além disso, as autoras estudaram os principais temas sobre psicologia e Saúde Pública publicadas em cada uma dessas etapas em periódicos científicos brasileiros. No último capítulo, Magda Dimenstein e João Paulo Macedo apresentam um estudo sobre a produção bibliográfica referente à formação e a inserção profissional do psicólogo no SUS.

Dois eixos organizaram as discussões dos oito capítulos: um sobre a prática e formação de psicólogos em serviços de saúde e outro sobre os diferentes aspectos da produção de conhecimento psicológico voltado para a área da Saúde. Quanto à prática, é preciso repensar as estratégias de trabalho à luz da análise das demandas e atuação contida no livro. É preciso superar o modelo hegemônico que preconiza para cada tipo de serviço um tipo de formação específica. A formação em psicologia, por sua vez, apresenta os seguintes desafios: desvalorização da oferta de serviços à comunidade, necessidade de diálogo com a comunidade – fazendo valer os princípios da participação e do controle social preconizado pelo SUS e finalmente a ruptura com o modelo da psicologia aplicada, que produziu uma fragmentação da psicologia em campos de atuação. No que diz respeito à produção acadêmica, o livro aponta para a necessidade de ampliar as produções que sistematizem o diálogo da psicologia com o SUS.

Este livro é, portanto, um marco neste esforço de aproximar a psicologia, como teoria e como prática, da saúde coletiva.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Jan 2009
  • Data do Fascículo
    Fev 2009
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