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Editorial

EDITORIAL

Crianças e adolescentes com problemas de saúde mental ainda ocupam pouco espaço na literatura científica brasileira. Todavia, a assistência dos serviços de saúde para atender a essa clientela vem sendo estimulada nos últimos anos, sob diretrizes do Ministério da Saúde, através da implementação de rede de assistência de base comunitária em acordo com as orientações da reforma psiquiátrica que preconiza mudanças dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde mental.

Apesar desse novo redirecionamento, as políticas de saúde mental para infância e adolescência ainda são pouco estruturadas e disseminadas no campo da saúde pública, favorecendo uma rede de cuidados composta por instituições filantrópicas e privadas que ainda vem dominando o atendimento a população infanto-juvenil com problemas emocionais e comportamentais.

Atualmente, os Centros de Apoio Psicossocial Infantil – CAPSi – são os equipamentos vinculados ao Sistema Único de Saúde especializados no atendimento de crianças e jovens com transtornos mentais. Além disso, existe um esforço em incorporar os cuidados em saúde mental na rede de atenção básica do país, estimulando práticas preventivas e de promoção da saúde.

Mesmo com ações mais assertivas e com o grande passo dado recentemente, a construção de uma política pública voltada para a criança e o adolescente continua sendo um dos maiores desafios para o campo da saúde mental. Ainda há muito a se avançar, não só na abertura de novos CAPSi, como também na sensibilização de outros dispositivos que concernem à população infanto-juvenil, como ambulatórios, rede de atenção básica, capacitação da assistência social, dos conselhos tutelares, das instâncias jurídicas e da educação.

Também é ainda precária a compreensão dos profissionais que lidam com crianças e adolescentes a respeito dos problemas de saúde mental nessa fase da vida, ainda mais frente às múltiplas formas de violência existentes na sociedade brasileira.

O tema da violência na infância, associado a problemas de saúde mental, é ainda mais urgente e necessário de ser debatido no campo da saúde, estimulando reflexões sobre a natureza complexa dos problemas emocionais e comportamentais, além de ressaltar a potencialidade das adversidades como facilitadoras de diversos agravos à saúde, especialmente para seres ainda em pleno desenvolvimento.

Este número especial da revista Ciência e Saúde Coletiva reúne dezoito textos de autores que estudam e têm longa experiência na temática apresentada, oferecendo ao leitor uma visão abrangente e aprofundada da relação entre experiência de violência e problemas emocionais e comportamentais na infância e adolescência.

Assim, por um lado, pretende-se apontar dificuldades e lacunas nos estudos e nas práticas em saúde mental e na área de violência na infância e adolescência; por outro lado, busca-se mostrar que, somando conhecimento e unindo esforços, é possível e necessário construir um novo modelo de assistência mais abrangente e sensível às necessidades de das a crianças e adolescentes brasileiros.

Simone Gonçalves de Assis, Joviana Quintes Avanci, Renata Pires Pesce

Editores convidados

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Fev 2009
  • Data do Fascículo
    Abr 2009
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