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Dificuldades e recompensas no processo de envelhecimento: a percepção do sujeito idoso

Difficulties and rewards on aging: the elderly's self perception

Resumos

Este estudo procurou levantar na literatura as imagens e representações que os idosos relatam de si próprios em diferentes contextos. A sociedade muitas vezes observa o envelhecimento como um "problema", criando estereótipos que podem levar à exclusão dos idosos em suas comunidades. Através da análise de trabalhos que investigam a opinião dos idosos quanto a suas dificuldades e recompensas na velhice, foi constatada a importância das escolhas ao longo da vida, das possibilidades internas e ainda a influência do engajamento social na autopercepção do envelhecimento.

Envelhecimento; Percepção; Recompensa; Participação comunitária


The purpose of this study was to identify in the scientific literature, the self-image and representations that elders have about themselves in different contexts. Frequently, the society considers aging as a "problem", creating stereotypes that could result in the exclusion of the aged. Through the analysis of researches that investigated the opinion of the elders about their difficulties and rewards in old age, it was evidenced how important are the choices people make through the life. The inner possibilities and the social participation were identified as important elements for the elderly self perception.

Aging; Perception; Reward; Communitarian participation


TEMAS LIVRES FREE THEMES

Dificuldades e recompensas no processo de envelhecimento: a percepção do sujeito idoso

Difficulties and rewards on aging: the elderly's self perception

Ana Carolina Lima Cavaletti GuerraI; Célia Pereira CaldasII

IPós-Graduação em Geriatria e Gerontologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Aberta da Terceira Idade, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rua São Francisco Xavier 524, Bloco F, sala 10.150, Maracanã. 20550-900 Rio de Janeiro RJ. carolinacavaletti@bol.com.br

IIFaculdade de Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Universidade Aberta da Terceira Idade, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO

Este estudo procurou levantar na literatura as imagens e representações que os idosos relatam de si próprios em diferentes contextos. A sociedade muitas vezes observa o envelhecimento como um "problema", criando estereótipos que podem levar à exclusão dos idosos em suas comunidades. Através da análise de trabalhos que investigam a opinião dos idosos quanto a suas dificuldades e recompensas na velhice, foi constatada a importância das escolhas ao longo da vida, das possibilidades internas e ainda a influência do engajamento social na autopercepção do envelhecimento.

Palavras-chave: Envelhecimento, Percepção, Recompensa, Participação comunitária

ABSTRACT

The purpose of this study was to identify in the scientific literature, the self-image and representations that elders have about themselves in different contexts. Frequently, the society considers aging as a "problem", creating stereotypes that could result in the exclusion of the aged. Through the analysis of researches that investigated the opinion of the elders about their difficulties and rewards in old age, it was evidenced how important are the choices people make through the life. The inner possibilities and the social participation were identified as important elements for the elderly self perception.

Key words: Aging, Perception, Reward, Communitarian participation

Introdução

Há cerca de quatro décadas tem sido observado o aumento da população idosa, particularmente nos países em desenvolvimento. O Brasil é um exemplo típico dessa afirmativa, onde o envelhecimento populacional tem revelado crescimento exponencial e cuja projeção para o ano de 2025 mostra que o número de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos será de 32 milhões1.

Particularmente a região Sudeste do nosso país vem experimentando um processo de envelhecimento bastante acelerado, com um forte aumento no volume e na proporção de pessoas com 60 anos ou mais2. Esse fato é influenciado não apenas pela redução nos níveis de fecundidade, mas também pelas reduções na mortalidade dos próprios idosos2.

O aumento da população idosa se deu e evolui de forma progressiva3, de modo que se tornou assunto de discussão nas áreas de política de saúde e social, em que o envelhecimento da população é reconhecido como um "problema"previdenciário e de saúde pública4. Esta discussão sobre a problemática do envelhecimento pelos órgãos públicos recai e sobressai nos meios de comunicação; atingindo cada indivíduo e salientada pela opinião de um ou outro crítico, modela a visão das comunidades em relação aos idosos e ao envelhecimento, o que tende a desencadear insegurança para os idosos, alimentar o preconceito entre as gerações e gerar medo de envelhecer devido à incerteza de como será (ou como está sendo) o próprio envelhecimento.

Existe uma variedade de modos de ser velho e de contextos que o determinam, podendo ser analisados os elementos comuns que propiciam a classificação ou reconhecimento como velhos, que em grande parte aparece como uma visão preconceituosa. Sendo assim, a velhice é muito associada à decadência, e não apenas a desgaste e decadência física, mas também à doença, dependência e "fealdade"5.

O idoso, no contexto da mídia, é apresentado como "problema"4 e apontado sob o olhar do outro6, sendo desconsiderada a sua opinião quanto ao momento que vive dentro do processo de envelhecimento e suas vivências e evidências a respeito de si mesmo, tornando-se evidente o descarte da sua autopercepção como indivíduo nesse processo.

A visão preconceituosa sobre o envelhecimento muitas vezes decorre da insuficiente informação a respeito do processo, gerando significados e imagens negativas, comprometendo a vivência e a interação entre as pessoas. Esses significados compõem estereótipos que podem ou não levar à exclusão ou valorização dos idosos na comunidade.

Segundo Motta5, em relação ao comportamento da sociedade que privilegia a juventude e a beleza, os próprios velhos tentam evitar a classificação de velhice. Desse modo, recorrem aos mecanismos tradicionais como pintar cabelos e cirurgias plásticas, seguindo o que a sociedade aponta como moda, temas de interesse e atitudes para se manterem jovens, inclusive negando a própria idade.

Este estudo buscou levantar na literatura as percepções dos idosos acerca das dificuldades e recompensas no seu processo de envelhecimento, segundo seus próprios relatos. Nosso objetivo seguiu além da necessidade de identificar/evidenciar as imagens e representações do idoso; verificamos também a influência da participação dessas pessoas nas atividades sociais sobre a autopercepção individual nesse processo de envelhecimento.

Imagens e representações do idoso sobre o processo de envelhecimento

Segundo Aranha7, os aspectos culturais interferem na maneira de olhar o envelhecimento e, conseqeentemente, na maneira como a pessoa idosa vai se constituir nesse meio. Esta autora diz ainda que a possibilidade de envelhecer de maneira bem-sucedida depende, dentre outros fatores, da história de vida e da forma como cada um entende o processo de envelhecimento e a velhice.

Muitos estudos sobre envelhecimento enfatizam a expectativa de vida e os fatores de risco para morte2,8, assim como seu gasto para o sistema de saúde4. Poucos estudos têm por objetivo verificar a opinião do idoso nesse período da vida em que se encontram9. O interesse pelo relato dos idosos quanto a sua autopercepção no processo de envelhecimento, considerando ganhos e perdas nesse trajeto, tende a quantificar de maneira íntegra e real as mudanças percebidas no ambiente social e no próprio corpo (físico e mental).

A importância de se verificar a influência das atividades sociais sobre a autopercepção do idoso se justifica pela necessidade de embasamento prático/teórico para recomendação e implantação de mais atividades, com melhor suporte e direcionamento, além da consolidação dos programas de atividade social já existentes, direcionados a essa classe crescente de adultos com mais de 60 anos. Há uma necessidade especial, senão primordial, de um trabalho que discuta a autopercepção do idoso apresentando as imagens e representações mais utilizadas por eles, de modo a quantificar sua repetição e qualificar em ser "boa"ou "ruim".

Segundo Motta10, no imaginário social o envelhecimento é um processo que se desenrola com desgaste, limitações crescentes e perdas físicas e de papéis sociais, em trajetória que finda com a morte. A mesma autora relata que as perdas são tratadas principalmente como problemas de saúde, expressas em sua maioria na aparência do corpo, que remete ao que lhe acontece com o enrugamento, o encolhimento e o descoramento dos cabelos, por exemplo, mas expressas na maioria das vezes pelas outras pessoas e não pelos idosos.

Um trabalho realizado em Florianópolis (SC) por Velozet al.11 visou estudar as representações sociais das pessoas sobre a velhice, o idoso e o envelhecimento como processo. Foram entrevistadas 37 pessoas (idade mínima de 52 anos e máxima de 92 anos). Estas pertenciam a três grupos residentes na cidade de Florianópolis: professores aposentados da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); participantes de um programa do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI) e residentes num centro para idosos. Foram propostas três perguntas a cada participante, na seguinte ordem: "O que significa a palavra 'idoso' para o senhor (a senhora)?"; "O que é envelhecimento segundo o seu entendimento?"; e "O que representa a velhice para o senhor (a senhora)?"

Os resultados encontrados por eles apontam para três tipos de representação social do envelhecimento: a primeira é uma representação doméstica e feminina (56,7% das entrevistas analisadas) em que a perda dos laços familiares é central, utilizando as palavras: filhos, mãe, netos, marido, avó, sobrinhos e sozinha, havendo ainda a noção de beleza por meio das palavras bonitas, lindas, desconhecido ou feio. A segunda (13,42% das entrevistas), tipicamente masculina, apoia-se na noção de atividade, caracterizando o envelhecimento como perda do ritmo de trabalho utilizando as palavras: trabalhar, trabalho, atividade, ritmo, sociedade, aposentadoria, experiência e intelectual. A última (30,51% do total), mais utilitarista, apresenta o envelhecimento como desgaste da máquina humana. Teve a representação social do envelhecimento indicada por duas noções centrais: a de "fase da vida"aglutinando as palavras vida, envelhecimento, idade, fase, natureza, natural, desgaste e morte. A outra noção é a de "pessoa", relacionando as palavras pessoa, física(o), conhecimento, mental, qualidade, beleza e imagem.

Na sociedade capitalista, o trabalho é o maior preditor da qualidade de uma pessoa. Isto pode ser evidenciado nas imagens dos idosos quando relatam a velhice como perda de capacidade laborativa e aposentadoria, por exemplo.

Segundo Hummel12, a imagem da velhice na sociedade pós-industrial é frequentemente apresentada como fator negativo quando baseada na decadência física. Em paralelo, surge de forma emergente uma nova imagem, insistindo na autonomia e na liberdade. Tomando como apoio a representação social da velhice, essa autora realizou um trabalho para possibilitar a compreensão da coexistência das duas imagens – negativa e positiva. Ela questionou se era possível considerar essas imagens como representações sociais da velhice e quais eram os elementos recorrentes e estruturais dessas representações.

As imagens e representações utilizadas neste estudo foram coletadas em estudos precedentes, nos quais identificaram-se dois tipos de imagens do envelhecimento: as imagens apresentadas pelas investigações da psicologia social e sociologia e as imagens refletidas pelas publicações em gerontologia, difundidas pelo poder público e instituições, veiculadas pelos meios de comunicação social12.

Estruturando o conteúdo dos dois tipos de imagem e exprimindo seu significado, foram construídos dois modelos de representação chamados por la vieillesse ingrate e la vieillesse épanouie, podendo ser traduzidos por velhice ingrata e desabrochar da velhice, respectivamente. Segundo a autora citada, quem percebe a velhice como ingrata relaciona-a com degeneração física e mental (incapacidade, doença, demência etc.), que aparece no idoso como inatividade, incapacidade, egoísmo, fealdade, assexualidade, dependência, inutilidade e isolamento. Estes fatores geram tristeza, solidão, depressão e mau humor, características ruins do idoso. Entretanto, quem percebe a velhice como desabrochada relaciona-a com autonomia física e mental (liberdade) que se reflete na capacidade, atividade, abertura, beleza, sexualidade, independência, participação e integração. Nesse caso, a velhice é associada com período de felicidade e satisfação, prazer em viver e força individual.

Observando esses modelos, percebe-se que a representação social da velhice é criada de modo que as características que identificam um grupo (la vieillesse ingrate) são opostas às que identificam o outro grupo (la vieillesse épanouie). Assim, segundo a autora, a representação constrói-se sobre o medo dos indivíduos de perder a sua autonomia, liberdade, independência, as suas capacidades, sua integridade física, psíquica e moral. Tem-se medo de perder suas características positivas e medo de ficar dependente, incapaz, inútil, isolado, cativo das degradações da idade e envolvido pela exclusão.

Outro trabalho que agrupou as imagens dos idosos quanto a suas percepções a respeito do envelhecimento foi realizado por Silva et al.13, que entrevistaram dez idosos participantes de um centro de convivência para a terceira idade na cidade de Goiânia (GO). Eles utilizaram quatro questões para direcionamento das entrevistas: "Como está sendo o envelhecer para você?"; "Como é que você se sente hoje?"; "O que é envelhecer para você?"; e "Como é que você acha que vai ser seu envelhecimento?"

Segundo os autores, alguns dos entrevistados perceberam seu envelhecimento por volta dos 40 anos, quando tomaram consciência de fatos que consideravam o "estar velho"; outros perceberam mais tarde. Os relatos dos entrevistados apontam para dois aspectos distintos de percepções: um positivo, que se refere à vida longa, ao acúmulo de experiências e à conquista de melhor qualidade de vida mediante autonomia financeira, novas possibilidades de aprendizado, de realizações pessoais e novos relacionamentos; um negativo, que se refere às alterações fisiológicas e patológicas, diminuição da capacidade motora e realização laboral, conflitos nas relações familiares e sociais e imposição de limitações nessa fase da vida.

Os resultados foram agrupados em quatro categorias: (1) fenômenos percebidos no corpo como marcas do processo de envelhecimento representadas pela menopausa, surgimento de rugas, aumento do peso corporal, perda da força física/diminuição da capacidade de trabalho, diminuição da visão, alterações na alimentação, sexualidade, diminuição da memória, dificuldade para aprender, surgimento de doenças e dor; (2) transitoriedade da vida, representada pela convivência com a perspectiva de morte e religiosidade; (3) relações interpessoais na velhice como nas relações sociais, relações familiares e depressão; e (4) autorrealização, representada pela aposentadoria e metas.

Os autores ressaltam que as percepções identificadas no estudo referem-se a um grupo de baixa renda e que outros grupos podem ter percepções diferentes. Para os sujeitos deste estudo o envelhecimento é vivido de forma conflituosa, em que se reconhecem aspectos negativos e positivos e se buscam mecanismos adaptativos por esses idosos13.

Não foi tão comum encontrar trabalhos que tratassem e apresentassem de forma tão direta a imagem que os idosos possuem do próprio processo de envelhecimento. Um trabalho realizado por Silva-Jardim et al.14 buscou conhecer como os idosos representam a velhice através de sua percepção do processo de envelhecimento, evidenciando imagens e representações dos idosos a respeito do envelhecimento. Foram realizadas entrevistas com dez idosos de idades entre 60 e 85 anos (cinco mulheres e cinco homens), com a seguinte pergunta: "Como você se vê no processo do envelhecimento?"Os autores relataram não perceber frustrações, conflitos e dramaticidade na forma em que os entrevistados vivenciavam a velhice. Também não foram identificados sentimentos de rejeição e/ou inferioridade diante das mudanças e perdas.

Ainda segundo os autores, nas entrevistas, a velhice e o envelhecimento foram associados a diferentes problemas como doença, aparência do corpo e desrespeito com a pessoa idosa. Em alguns casos, foi evidenciada a negação em estar velho; os autores argumentam que a percepção do outro a respeito da velhice, associando-a com perda, doença e incapacidade, muitas vezes é absorvida pelo idoso. Este, por sua vez, não se sente velho por não se enquadrar nesse estigma14.

A observação de que o idoso absorve a percepção do outro em relação à velhice pode ser corroborada por Erbolato15, que descreve os papéis sociais como sendo comportamentos prescritos pelo grupo, reflexos da cultura de uma sociedade particular. Este autor diz que uma vez aceitos os papéis, são também adotados estilos de interação condizente com eles. Em alguns casos são escolhidos, como por exemplo o papel de pai, e outras vezes são atribuídos, como o papel de velho.

A interação entre as pessoas e o convívio entre gerações diferentes têm aumentado, uma vez que a população envelhece e tem a oportunidade de conhecer seus netos e bisnetos, formando assim uma sociedade composta por quatro gerações. A qualidade dessa sociedade, em meio às relações intergeracionais, segundo Lalive d'Epinay16, depende de certa forma das representações construídas e condutivas dessa relação.

Partindo do interesse pela construção das imagens ou representações que circundam essa inter-relação entre gerações, Lalive d'Epinay16 realizou estudo composto por 130 narrativas autobiográficas de pessoas com idades entre 65 e 80 anos, que serviram de base para o estudo das imagens da velhice e sobre o envelhecimento da população (na Suíça).

Os resultados da pesquisa foram agrupados pelo autor em duas teses. Na primeira, ele relata uma representação social geral composta por duas características principais: a velhice como uma idade caracterizada pela exclusão da vida normal; assim, seria marcada pela perda do significado da vida, não sendo ainda a morte. A segunda tese é que de essa exclusão e o conceito de vida normal têm diferentes formas e contextos, de acordo com a sociedade e a cultura a que cada um pertence e a posição social que possui.

As representações mais comuns encontradas no estudo de Lalive d'Epinay16 a respeito da velhice estavam associadas com incapacidade, perda da utilidade social, institucionalização, morte social, exclusão dos prazeres da vida, declínio da imagem; diferentemente do que se observa em outros estudos, o autor encontrou a exclusão devida a questões sagradas. Essa exclusão decorre da limitação das atividades a serem realizadas por idosos mediante a doutrina religiosa que seguem.

Não é incomum encontrar a representação do envelhecimento associada também à saúde, doença ou bem-estar, condições determinantes para participação nas atividades laborativas e sociais. Seguindo esse pensamento, pode-se perceber que, quando há doença, ali existem a velhice e suas limitações.

A respeito dessa sinonímia da velhice com a doença, Santos17 realizou um trabalho entrevistando 47 pessoas com idades entre 40 e 79 anos, participantes de grupos de terceira idade na cidade de Porto Alegre (RS). Essas pessoas responderam a um questionário sobre o conceito que tinham sobre o significado da velhice. Como resultado, a autora encontrou uma tendência maior (40,4%) dessas pessoas de compreenderem o envelhecimento como dependente do esforço pessoal de cada um, procurando a melhor forma de viver e continuar ativo. Algumas pessoas (27,6%) utilizaram conceitos sociais de envelhecimento baseando-se em termos preestabelecidos por outras pessoas. O envelhecimento foi considerado como sinônimo de doença por 25% das pessoas, e a negação da velhice esteve presente em 8,3% dos relatos das pessoas entrevistadas.

Pôde ser constatado nos resultados deste estudo que nessa população entrevistada há uma consciência a respeito do corpo e da vida, sendo responsabilidade de cada um, estando o envelhecimento relacionado com os hábitos e comportamentos individuais. No entanto, a velhice apresentada como sinônimo de doença e a negação encontrada nesse processo podem estar relacionadas entre si e com a influência dos estereótipos preestabelecidos em relação ao envelhecimento e à velhice pela sociedade.

Em uma segunda fase do estudo, em que realizou intervenção com dez idosos através da discussão sobre o significado do envelhecimento, Santos17 constatou que, ao serem questionadas, as pessoas demonstram imediatamente uma relação entre a velhice e a doença, como se esse conceito fosse imposto e não realmente sentido. Ela constatou ainda que as pessoas tendem a mostrar primeiro o lado negativo de suas vidas e que o idoso apresenta uma necessidade de demonstrar que precisa da atenção das outras pessoas.

Queiroz e Netto18 relatam que os idosos tendem a representar suas angústias e dificuldades emocionais utilizando queixas corporais, levando-as principalmente aos serviços públicos de saúde, nos quais lhes é oferecido um pouco de atenção. Referem ainda que o envelhecer de maneira bem-sucedida depende dos recursos de que se dispõe para enfrentar as dificuldades, da história de vida e da forma como cada um entende o processo de envelhecimento e a velhice.

Outro estudo sobre a representação da velhice foi realizado por Uchoa et al.9, que investigaram mulheres idosas em Bambuí (MG) realizando entrevistas com informantes-chave e reconstruindo histórias de vida de trinta mulheres idosas (60 anos ou mais). Nota-se que a imagem associada à velhice e ao envelhecimento pelos informantes é negativista e contrapõe-se ao que realmente é vivenciado pelas idosas. Os informantes identificam carência afetiva, econômica, inutilidade, dependência, desamparo, marginalização e isolamento como características dessa fase nos idosos bambuienses.

Em contraste com essas visões externas, nas histórias de vida surgem imagens mais positivas do envelhecimento. Para a grande maioria, a família, em particular os filhos, constitui a primeira fonte de suporte em todas as áreas. Nos relatos, a questão financeira está ligada à saúde, como possibilidade ou não de preservá-la ou recuperá-la. Outro fato apresentado é a não identificação do isolamento pelas mulheres idosas de Bambuí, tendo sido observada uma busca ativa de redes de solidariedade extrafamiliares.

Envelhecimento e participação social

De maneira geral, a participação nos grupos de terceira idade ou outras associações comunitárias é vista como solução para o isolamento, mas necessitando-se de saúde para participar9. Observação semelhante foi encontrada por Heck e Langdon19, em 1998. Estas autoras realizaram estudo na cidade de Santo Cristo (RS) por meio de entrevista semiestruturada, observação participante, informantes-chave e validação dos dados em grupos sociais. Elas relatam que os encontros nos grupos de idosos também foram apontados como espaço de sociabilidade e que eles, os idosos, reinventam valores que fortificam os laços dentro das famílias e da comunidade, permitindo novas formas de relacionamento19.

A respeito da participação em grupos de socialização, Bassit20 realizou pesquisa colhendo o depoimento de 13 mulheres sobre suas experiências de vida. Elas eram participantes de dois grupos destinados à terceira idade, sendo uma na periferia e outra na região dos Jardins, em São Paulo (SP). Dentre elas também foram entrevistadas mulheres que não participavam de nenhuma atividade comunitária. A maioria das entrevistadas apontou a importância de se manterem em atividade e em contato com outros. As palavras "abandono"e "solidão"foram utilizadas para descrever o envelhecimento. Segundo a autora, não falaram no envelhecimento como objeto de suas maiores preocupações, embora falassem dos sinais do tempo em seus corpos, como rugas e perda de resistência, entre outros.

Foi observado que algumas mulheres definiram o processo de envelhecimento como tempo de solidão, abandono e desvalorização, por parte da sociedade, dos amigos e da família. Em alguns casos, o envelhecimento foi entendido também como exclusão de prazer em suas vidas20.

No que diz respeito aos relatos de solidão e abandono, Queiroz e Netto18 afirmam que um dos maiores problemas da pessoa idosa é a solidão, fruto da viuvez, perda de amigos e aposentadoria. Destacam ainda que uma maneira possível de minimizar os efeitos da solidão é a busca do contato social e do desenvolvimento de novas capacidades e realizações pessoais.

Outro fator relacionado com a alteração na vida social do idoso é descrito por Paschoal21. Este autor afirma que na velhice há uma redução da adaptabilidade social, ocasionada pela aposentadoria e pela perda do poder aquisitivo, além do isolamento social que ele relaciona com a perda de familiares e amigos e a redução do suporte social.

É possível perceber que muito dos problemas apontados no envelhecimento estão relacionados à qualidade de vida e aos vínculos desenvolvidos ao longo dela. Observa-se ainda que a possibilidade de envelhecer de maneira bem-sucedida depende dos recursos de que se dispõe para enfrentar as dificuldades, principalmente dos recursos internos, e estes dependem de uma série de fatores, como a história de vida e a forma como cada um entende o processo de envelhecimento e a velhice7.

Um trabalho mais específico foi realizado por Araújo e Carvalho22, no qual foram comparadas as representações sociais da velhice entre dois grupos de terceira idade. Um grupo era composto por idosos de alta renda e outro por idosos de baixa renda na cidade de João Pessoa (PB). No primeiro grupo, os autores encontraram com freqüência, nos relatos, os termos: desgaste físico, esquecimento, solidão, raciocínio lento, preconceito e ainda segregação social (intragrupo), que foi encontrada apenas nos relatos deste grupo. No segundo grupo, os termos mais encontrados foram a preocupação com a demência, a senilidade e ainda a rejeição familiar encontrada apenas neste grupo.

Fato evidente no estudo é que a negação da velhice ocorre em quantidade equivalente, porém em contextos diferentes. No grupo de alta renda, os participantes relatam não serem velhos, não se identificando na velhice; já no grupo de baixa renda os relatos são de que ninguém gosta de ser velho e ninguém quer ser velho, não estando explícita a negação da própria velhice22.

Neste estudo, há uma diferença no significado de negação da velhice entre os grupos de idosos. Estimula-se a discussão sobre uma possível influência da condição socioeconômica dos indivíduos, pois, segundo Neri23, a velhice é um conceito historicamente construído que se integra ativamente à dinâmica das atitudes e dos valores culturais da sociedade, sendo a marca social da velhice estar em oposição à juventude. No caso do estudo em questão, os valores podem estar sendo apresentados e compreendidos de forma distinta entre os grupos, possibilitando a dupla forma de apresentar e interpretar a negação de velhice.

Quanto aos benefícios sociais para a velhice, em ambos os grupos há frequente menção sobre as melhorias sociais na legislação que lhes asseguram preferência em filas para idosos e passe livre nos ônibus22.

Araújo e Carvalho22 comentam em seu trabalho a importância que os grupos de convivência têm para os idosos, caracterizando-se como um espaço do exercício dos papéis de cidadãos, aproveitando suas potencialidades, contribuindo assim para o aumento da autoestima e da motivação dos participantes.

Porém, nem só essa "importância"deve ser ressaltada. Um estudo realizado por Lövdénet al.24 investigou se a ocupação e o estilo de vida do idoso aliviam o declínio cognitivo, se a alta função cognitiva no idoso aumenta a possibilidade dele de se manter ocupado e mantendo seu estilo de vida, ou se ambos ocorrem. O estudo analisou 516 idosos com idades entre 70 e 103 anos, em três ocasiões distintas, no Berlin Aging Study. As pessoas com idades entre 70 e 84 anos (n=258) foram consideradas idosas, e as que possuíam idades entre 85 e 103 anos (n=258) foram consideradas muito idosas.

Os resultados do estudo revelaram que níveis mais elevados de participação social pelos idosos e muito idosos favorecem um desvio positivo num período de dois anos em relação à média dos resultados de velocidade de percepção (verificada pela performance cognitiva). Entretanto, os idosos e muito idosos que reduziram a participação social no mesmo período obtiveram maior declínio nos resultados em relação à média. Isso suporta a ideia de que o estilo de vida ativo associado com a participação social pode minimizar o declínio da velocidade de percepção, ou seja, o declínio cognitivo na senescência24.

Representações sociais e envelhecimento

A representação social pode ser definida como resultado de processos psíquicos e cognitivos individuais, que formam um conhecimento elaborado a ser compartilhado dentro de um conjunto social para formar uma realidade comum entre os indivíduos desse conjunto25.

A representação (social) é uma representação da palavra que consiste em pensamentos, ideias, imagens, opiniões e organização de conhecimento mais ou menos disponíveis na consciência do sujeito. O termo utilizado na representação tende a substituir ou interpretar objetos ou sujeitos, substituindo a nomeação inicial ou dando significados compreensíveis àqueles numa dada sociedade (Doise, 1986, citado por Jodelet)25. Essas significações fazem da representação uma expressão do sujeito em relação ao outro e entre grupos sociais e ideológicos, de modo que essas nomeações reagem umas às outras, difundindo-se e tornando-se comuns.

Jodelet25 relata a importância de os estudos de representações sociais considerarem o grupo sociocultural a que o sujeito pertence, pois isso possibilita capturar-se a influência do grupo sobre o sujeito e vice-versa, uma vez que a atividade estudada pode ser efeito dos processos compartilhados entre os indivíduos. Ainda segundo a autora, algumas ideologias podem até ser impostas, mas observa-se a afinidade com as formas de pensamento da classe, do meio ou do grupo a que se pertence, em razão da solidariedade e da afiliação social. Isso decorre do fato de que compartilhar uma ideia ou linguagem é também afirmar um vínculo social e uma identidade.

A identificação do sujeito com o grupo assegura seu vínculo social, e a preexistência das representações garante a identificação do sujeito26. Desse modo, percebe-se que os grupos têm influência sobre o pensamento de seus membros e desenvolvem até estilos e pensamentos distintos (Douglas, 1986, citado por Jodelet)25.

Considerando as diferentes imagens do envelhecimento quando comparadas entre populações ou grupos sociais, percebemos a influência da classe socioeconômica, da participação em atividades e da ocupação individual, o que predispõe a existência de recursos para melhor qualidade de vida, dando suporte e significado à fase da vida, identidade e motivação a esses idosos.

Na formação da representação social, deve-se considerar o funcionamento cognitivo e psíquico além do funcionamento do sistema social dos grupos e das interações entre os indivíduos, pois ambos afetam a formação, a estrutura e a evolução da representação na vivência em grupos e suas interações. A representação, ao reconstruir um objeto como expressão do sujeito, provoca uma defasagem em relação ao sentido original (Piaget, 1976, citado por Jodelet)25. Desse modo, ocorrem três tipos de efeito dos conteúdos representativos chamados de distorções, suplementações e subtrações25.

Na distorção, os atributos dados ao objeto representado estão acentuados ou atenuados, podendo ser observados na relação entre categorias sociais dominantes em relação às dominadas com o sentido de inferioridade ou superioridade. É o que encontramos na imagem do idoso segundo a opinião de muitos adultos jovens. Já na suplementação, atributos e conotações impróprios são manifestados sobre o objeto representado, como resultado do acréscimo de significações. Ocorre na projeção de um adjetivo desfavorável sobre outro sujeito, com o intuito de se valorizar em relação ao outro, omitindo as próprias imperfeições.

Na subtração, ocorre uma supressão dos atributos pertencentes ao objeto, sendo na maior parte dos casos resultado do efeito de normas sociais. Por exemplo: o velho é tido como avô frágil, conselheiro e assexuado diante uma sociedade preconceituosa que se recusa a aceitar que o idoso também possui desejos, anseios e qualidades a serem exploradas.

Segundo René Kaës26, a codificação do conteúdo da representação apoia-se sobre a estrutura e o processo grupal, condição gerada sobre o conjunto imaginário e social dos vínculos criados entre a mãe, o pai e a criança, no cruzamento do sexo e da geração numa cultura e numa sociedade determinadas. Esse apoio grupal permite dar apoio, forma e crédito à representação intrapsíquica, que pela fala torna-se significante no vínculo interpessoal, grupal e societário.

Dan Sperber27 relata que toda representação coloca em jogo uma relação entre três termos: a própria representação, seu conteúdo e um usuário, podendo ser acrescentado o produtor da representação como um quarto fator. O mesmo autor relata que cada indivíduo de uma comunidade ou grupo possui inúmeras representações mentais que constituem o saber dele. Algumas dessas representações mentais são comunicadas de um indivíduo para outro, e quando isso ocorre repetidamente elas podem acabar sendo difundidas no grupo, tornando-se uma versão mental em cada um de seus membros. Essas informações perduram entre eles, sendo classificadas como representações culturais. Portanto, chamamos de culturais as representações que estão completamente disseminadas num grupo social, de modo mais ou menos duradouro.

Algumas representações culturais podem ser transmitidas lentamente de uma geração para outra (o que é chamado de "tradição"pelos antropólogos); outras possuem duração curta na mente e no comportamento das pessoas, pois difundem-se e são suprimidas por outras rapidamente em toda uma população, tendo assim uma duração muito curta27.

Conhecemos e vivenciamos tradições particulares à nossa formação religiosa, social e familiar. Também observamos em nossa sociedade o modismo, que na estética, no vestuário ou nas expressões corriqueiras suprime as ideias anteriores, substituindo a ação do sujeito de acordo com os novos comportamentos ditados.

Apesar da influência dos meios de comunicação em massa, da interação intrapessoal e entre grupos, a maneira pela qual cada um vê o mundo não para de se modificar no contato com a experiência e sob o efeito dos discursos ouvidos e emitidos. Assim, segundo Moscovici (1981, citado por Claude Flament)28, cada representação social é partilhada pelos membros de uma população específica.

Discussão e conclusão

A velhice, hoje, é considerada e apresentada no contexto social de forma destrutiva, contribuindo para que o idoso seja identificado com fracasso, doença e sofrimento, culminando em um idoso excluído, que assimila essas características e reage a elas de diversas formas, variando da passividade, do comportamento depressivo e isolamento à postura agressiva – rebeldia e intransigência7.

As respostas do idoso às circunstâncias apresentadas (como aposentadoria obrigatória, adoecimento, exclusão social, perda do respeito e prestígio na família e/ou no ambiente de trabalho) se dão de forma reativa, dependendo da sociedade e da cultura que ele vivencia e das representações ou imagens empregadas pela sociedade onde está inserido.

A própria aposentadoria, criada inicialmente (no período pós-guerra na Europa) como uma forma de humanização dos efeitos da senescência, provendo de mínima seguridade material o idoso, tem conotações que partem do próprio, resultando numa percepção de insulto e exclusão antecipada16, principalmente quando esses indivíduos, durante a fase laborativa, possuíram alto prestígio e poder profissional.

Observando então a velhice em seu processo, percebe-se que para cada pessoa o envelhecimento apresenta inúmeras possibilidades de resultado final, dependendo dos caminhos escolhidos e dos determinantes desse envelhecimento21.

A questão levantada inicialmente neste trabalho parte de uma necessidade de se conhecerem as dificuldades e recompensas relatadas pelo próprio idoso a respeito do seu processo de envelhecimento. Esmiuçando os trabalhos científicos estudados e apresentados, encontramos alguns relatos de queixas e glórias do envelhecimento que podem ser aceitas como dificuldades e recompensas.

Como resultado desta primeira investigação, encontramos inclusive duplos significados de um mesmo fato. Como exemplo disto, a "negação da velhice"é apresentada em alguns casos pela não identificação em estar velho e, em outros, pelo desejo de não ficar velho.

Observamos também que as características associadas ao envelhecimento podem ser distintas ou de intensidades diferentes, de acordo com o nível socioeconômico do idoso, fato evidenciado por exemplo no trabalho de Araújo e Carvalho22.

As dificuldades e recompensas relatadas pelos idosos, encontradas na revisão da literatura, pertencem a idosos inclusos em diversos contextos e populações. Para melhor visualização dessas características, nós as apresentamos a seguir.

. Dificuldades/problemas na velhice: incapacidade, perda da utilidade social, aposentadoria, exclusão devido a questões sagradas, esquecimento, raciocínio lento, desgaste físico, perda de resistência, doença, demência, senilidade, degeneração física e mental, inatividade, declínio da imagem, enfeamento da aparência do corpo, aparecimento de rugas, preconceito, desrespeito aos idosos, assexualidade, dependência, inutilidade, exclusão dos prazeres da vida, rejeição familiar, isolamento, abandono, solidão, tristeza, depressão, institucionalização como morte social, proximidade da morte.

. Recompensas na velhice: experiência, conhecimento, participação, independência, integração, autonomia física e mental, presença de apoio e suporte familiar, participação em grupos extrafamiliares, passe livre em transporte coletivo, fila preferencial.

Podemos observar que muitas das dificuldades são consequências de fatos anteriores e que, de modo geral, as recompensas dependeram e dependem das escolhas e possibilidades internas desses idosos – sejam essas possibilidades construídas ao longo da vida, como recursos financeiros, afeto da família e rede social, sejam as recorridas para suprir algumas das dificuldades encontradas na velhice, como a busca por grupos de terceira idade.

Os estudos que se referem à participação social demonstraram a importância do engajamento do idoso na comunidade, na família e em grupos de atividade social – seja essa relevância em razão das novas possibilidades de desenvolvimento das capacidades oferecidas nos grupos, seja por se tratar de uma oportunidade de o idoso utilizar suas potencialidades e melhorar sua autoestima e motivação para a vida19,22, ou porque a associação entre estilo de vida ativa e participação social pode minimizar o declínio cognitivo na senescência24.

Aprendemos que não é possível nem correto generalizar as imagens e representações dos idosos a respeito do próprio envelhecimento para toda uma população, como a do Brasil. É preciso investigar cada população considerando-se a situação socioeconômica, a cultura a que pertence, a religião que pratica, as atividades disponíveis, as regionalidades e, principalmente, a individualidade de cada idoso a respeito do seu próprio envelhecimento.

Entre as limitações encontradas durante a realização deste estudo, registramos a dificuldade de encontrar trabalhos em que o idoso tivesse sido questionado diretamente a respeito de seus ganhos e perdas no próprio envelhecimento; de encontrar trabalhos que associassem a autopercepção positiva ou negativa do envelhecimento com a participação social de forma quantitativa; e a frustração de encontrar mais opiniões a respeito do idoso do que fatos reais oriundos da declaração dos próprios idosos, limitando assim a utilização dessas referências.

Diante das conclusões e limitações apresentadas, observa-se a necessidade da realização de mais trabalhos que valorizem a opinião do idoso e que apresentem informações mais quantitativas do benefício da participação social no processo de envelhecimento e percepção da velhice. A existência desses estudos possibilitaria maior valorização do idoso por ele mesmo, incentivando sua participação social, favoreceria a criação e a manutenção de grupos destinados a esse público e ainda melhoraria a relação intergeracional, pois o idoso ativo é observado como um idoso sabido e visto como motivo de orgulho e exemplo para a comunidade.

Colaboradores

ACLC Guerra participou da pesquisa, da concepção e da redação do artigo. CP Caldas orientou o estudo, participou da redação final e da aprovação da versão a ser publicada.

Artigo apresentado em 15/12/2007

Aprovado em 14/10/2008

Versão final apresentada em 29/10/2008

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Set 2010
  • Data do Fascículo
    Set 2010

Histórico

  • Aceito
    29 Out 2008
  • Revisado
    14 Out 2008
  • Recebido
    15 Dez 2007
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