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O Humano entre a medida e a desmedida: o que são "evidências"?

The Human Being between the measurable and immeasurable: what is the "proof"?

DEBATEDORES DISCUSSANTS

O Humano entre a medida e a desmedida. O que são "evidências"?

The Human Being between the measurable and immeasurable. What is the "proof"?

Gilles Bibeau

Département d'anthropologie, Université de Montréal. Gilles.bibeau2@sympatico.ca

Urge que as ciências humanas de hoje se reapropriem das questões postas pelos filósofos de ontem, sobretudo daquelas que são frutos da questão central da filosofia: "o que é ser humano?". É verdade que hoje em dia a biologia molecular e as neurociências nos permitem questionar sobre a humanidade de outra maneira, de uma maneira que difere muito da que fazíamos até recentemente. As velhas questões da filosofia são hoje reformuladas a uma nova linguagem. Como a ciência explica que a consciência, as emoções e a moral podem surgir a partir das mesmas estruturas físicas e químicas que compõem o cérebro? Algum dia, a consciência será cartografada através de exames, ressonância magnética ou qualquer outro instrumento? As novas ciências da vida e do cérebro têm o aparato teórico para ligar os avanços científicos com a filosofia e a ética? Sobre que aspectos essas ciências estudam a humanidade do homem? Poderíamos multiplicar essas questões que ecoam nas controvérsias que marcam o caminho da ciência nos últimos anos.

Todas essas questões são dolorosas e muitas pessoas são tentadas a pedir à ciência de hoje para aliviá-las. Na verdade, a questão da humanidade, muitas vezes deixada de lado por muitos biólogos, deve ser reassumida pelos profissionais das ciências humanas e sociais, e os filósofos. Entretanto, é necessário também levar a sério os avanços da genética e da neurociência que nos permitiram examinar as práticas concretas, incluindo as questões relativas à mensuração dos fenômenos, em geral e humanos, o estabelecimento de provas, estabelecimento de critérios de objetividade, a questão das "evidencias", etc. Embora não haja dúvida de que a abordagem das ciências naturais contribuiu muito, apesar de seu reducionismo, ao conhecimento dos seres vivos, ainda temos que denunciar os limites de sua abordagem que tende a capturar o ser humano à sua superfície, ou através apenas de sua biologia como única descrição de comportamentos observados.

Claro, que nem a filosofia, nem a antropologia, nem a psicologia ou ética foram abolidas, por enquanto, pela biologia. Essas disciplinas humanas ganham muito quando entram em diálogo com a biologia, pois esta última não carrega uma resposta definitiva para a questão da especificidade do ser humano. Alguns geneticistas e neurocientistas, por vezes, pretendem oferecer "a" verdade objetiva sobre o ser humano, entretanto, a maioria deles concordam em deixar em aberto às questões que dizem à humanidade. Ademais, parece-me essencial recusar a emblemática divisão entre natureza e cultura: a influência de uma sobre a outra se mostrarão indissociáveis. É verdade que o cérebro de ontem, antes insondável, hoje é visível, mas o pensamento e a consciência sempre escaparão à investigação. A definição de humanidade encontrar-se-á quando as disciplinas se recusarem a lutar por quem fica com a última palavra e começarem uma atitude positiva de cooperação. Chegamos a um ponto de reflexão que nos obriga a repensar as relações entre as disciplinas. E podemos aproveitar este momento crucial para iniciar a discussão em torno do status de "evidência" na prática da ciência, seja a biologia molecular, psicologia, ciências sociais e humanas, ou filosofia.

Desta forma, minha reação ao artigo "Políticas e práticas em saúde mental: as evidencias em questão" dos meus colegas Gastão Wagner de Sousa Campos, Rosana Teresa Onocko Campos e Lourdes Rodriguez Del Barrio estará oferecendo uma reflexão crítica sobre os limites das práticas científicas, incluindo as da biologia, e dos estudos dos fenômenos humanos. Além disso, insistirei na urgência de promover a inter(trans)disciplinariedade em pesquisa, especialmente no tangente às pessoas que sofrem com problemas de saúde mental, ou abordagens quando se trata de usar os resultados de estudos para propor políticas, programas locais e das práticas clínicas no campo da saúde mental. Em seu artigo, os três autores questionam o status da "evidência", e suas ligações com as políticas e práticas de saúde mental, que ajudou a fomentar a Reforma Psiquiátrica, não só no caso do Brasil, mas também em outras partes do mundo.

Gastão Wagner, Rosana Onocko e Lourdes Rodriguez lembraram em seu texto que as políticas nacionais de saúde mental foram, em geral, fundadas com base em valores e direitos a serem respeitados: garantia de liberdade para o usuário de serviços de saúde; ênfase na reabilitação social, humanização dos cuidados em saúde, promoção da cidadania, etc. Os argumentos dos autores desdobram-se em três direções principais: a distinção entre "evidência" quantitativa e qualitativa, a inserção do debate ético-político e a pergunta sobre que "evidências" os pesquisadores devem acumular antes de sugerir o desenvolvimento de políticas e práticas de saúde mental. Construí o meu argumento baseado na crítica desenvolvida pelos autores no artigo.

As ciências humanas de hoje

Pode-se dizer que ao menos temporariamente, nós, como humanos, somos capazes de nos representar dentro de nossas próprias vidas. Somos seres dotados de consciência reflexiva que podemos empunhar ironia e metáfora, criar a tragédia, o sofrimento e, por fim, seres portadores de discurso, de comunicação, sempre endereçados a alguém, a uma pessoa registrada no espaço social. A expressão dos nossos pensamentos sobre a realidade, sobre os outros e sobre nós mesmos é sempre feito através da fala, interrelacional e social, o que exige escuta e resposta, que é, por esta razão, a fundadora da convivência. As palavras que empregamos para expressar o nosso mundo interior e exterior sempre se desenvolvem nos sistemas de significação através do qual experimentamos a realidade. Sociedade e cultura nos cercam por todos os lados e como uma aranha que se entremeia na própria teia que teceu, nós vivemos e pensamos o nosso mundo a partir dos sinais fornecidos pelo sistema representações que criamos.

Com os neurocientistas de hoje, podemos apresentar a ideia de que a nossa capacidade de dizer "eu" e nos dar uma biografia é colocada de alguma maneira nas palavras que dizemos. O sujeito consciente que somos se completa, se exprime, se diz como um sujeito falante e se registra primordialmente não apenas como um sujeito falante, mas um sujeito social no interior do sujeito cerebral. Parece legitimo pensar que a nossa consciência tende a nos projetar para fora do espaço do cérebro através da fala. É exatamente esta fala que nos impulsiona em uma tentativa sem fim de traduzir nosso mundo perante nós mesmos e para os outros. É esta palavra também que constantemente nos impõe uma obrigação ética de ouvir, ao mesmo tempo em que ela exige ser levada a sério pelos pesquisadores que estudam os fundamentos da humanidade.

O ser humano é parte, biologicamente, do mundo animal, mas seu comportamento demonstra uma plasticidade sem precedentes neste mundo. Determinismo biológico pode fazer todas as distorções para tentar reduzir a psique humana apenas às suas bases neurológicas, mas isso deixará de explicar o comportamento humano, incluindo a fala, que não é apenas o resultado de um determinado perfil genético. As 100 bilhões de células neuronais formam uma estrutura plástica e dinâmica de extrema complexidade na qual se inscreve toda a biografia da pessoa, a história de suas interações com o meio ambiente e o mundo dos valores que a faz viver e agir.

Não há dúvida de que entramos em uma nova era científica marcada pela conjunção de três revoluções que reconfiguram nossa maneira de praticar a ciência aplicável aos seres humanos. Primeiro, há a revolução da biologia fundamental que transformou a nossa leitura dos fundamentos genéticos da humanidade, nossa compreensão da arquitetura do nosso cérebro e nossas formas de estudar as predisposições para uma determinada doença. Ao mesmo tempo, uma poderosa revolução ecológica que nos tornou conscientes de que vivemos em uma "casa comum" que nos serve como o lugar para nossa vida cotidiana. Por fim, a revolução digital e cibernética que nos impôs uma linguagem codificada, a da informática, que unificou os dados, as observações e as interpretações que agem sobre a realidade, seja ela do cérebro ou da humanidade. A busca por marcadores considerados como "evidência" indica a presença de um fenômeno peculiar pertencente claramente à concepção positivista da ciência que prevalece hoje.

Um desconforto persistente atravessa o pensamento científico de nossa época. Alguns dizem que há entusiasmo para os avanços científicos, especialmente em biologia molecular, mas também na física e nas ciências humanas, todas estas ciências nos permitem agora compreender algo da complexidade de nosso mundo, a nossa biologia, o espaço social e a nossa identidade. Ao longo do tempo, nós podemos assistir a uma profunda descodificação da condição humana, e eventualmente abolir a fronteira entre o ser humano e o animal, ainda indefinida, ou mesmo, alguns cientistas extrapolam esse pensamento para a fronteira que separa o homem das máquinas. No entanto, outros observadores do mundo tecnocientífico manifestam temor face à inadequação de nossos conceitos e de nossas ferramentas quando aplicadas às pesquisas sobre o mundo, sobre a vida e sobre o homem. Hoje, a ciência está constantemente a dissipar as fronteiras entre o vivo e o inerte, entre o homem e o animal, entre a vida e as máquinas.

Compreender o universo, a natureza, a vida e se autocompreender como ser humano, nas áreas de luz e sombra, é um projeto tão antigo como o mundo. Já no tempo de Galileu e Newton, os cientistas se colocaram na posição de homem observador de um universo, onde eles procuraram descrever as manifestações, traduzindo-as em uma linguagem matemática. Estes cientistas também mostraram que o cosmos, a natureza e a vida existem por si mesmos, soberanos, independentemente do fato de que os contemplamos, que os descobrimos ou que os calculamos. Neste contexto, o ser humano passou a ser descrito como um animal regido pelas mesmas restrições físicas de outros seres vivos e se distinguem destes por um ponto essencial: a sua subjetividade, a sua consciência, a sua capacidade de raciocinar, a sua linguagem e a sua interioridade que o faz um ser à parte. Assim, dependendo da aparência física ou do aspecto moral, do cognitivo ou psicológico, a especificidade humana é atenuada ou acentuada. Esta especificidade não pode ser capturada através da combinação da continuidade física entre humanos e outros seres vivos e a excepcionalidade psíquica do ser humano.

Desde o nascimento, a criança é imersa em um turbilhão cultural: nós não cessamos de falar com ela, expondo-a aos artefatos tecnológicos, prêmios em sorrisos e alimentos, e punições. Isto leva a criança sempre a mais emoções e a mais palavras, passando a combinar um único sinal de palavra, para duas, três ou mais que aprendem a associar. Muito rapidamente, a criança começa a colocar tudo em palavras (algo que o animal não faz) e, finalmente, ela é capaz de contar histórias sobre o que acontece com ela mesma. Ela coloca suas emoções em palavras, frases sobre tudo ao seu redor. Em breve será capaz de saber quem ela é e o que são os outros. Esta pequena criança, este pequeno homem pertence a uma espécie, os antropólogos têm mostrado, que não transmite apenas um patrimônio genético, mas também o social e o cultural, que têm um impacto importante no processo de construção da pessoa.

A capacidade de transmitir a cultura é, sem dúvida, uma das características fortes de nossa espécie. Homem inventa sistemas de significados e cria seu próprio ambiente, o que faz dele membro de uma sociedade cujas regras e valores se impõem para além do determinismo biológico, arrebatando as forças da natureza. Podemos pensar os seres humanos no horizonte de um estudo que integre o biológico ao social, ao cultural e ao ambiental. Qualquer conjunto de "evidência científica", que se limita a apenas um componente, e é frequentemente o caso, proíbe-se ao acesso da parte que é humana no homem.

Atravessar o "great divide" (a grande divisão) entre as disciplinas

Yvan Illich escreveu, de forma pertinente, que o conceito de vida é o último bastão do humanismo científico moderno. Se a vida e a consciência humana são banalizadas, reduzidas seja a uma simples teoria do gene, seja a uma leitura do cérebro apenas em termos de um programa de informática, então toda uma visão do ser humano, da vida e da cultura podem cair na obscenidade e no vazio. Não se surpreende mais com a comparação que as ciências cognitivas estabelecem entre o cérebro e o computador, tanto é que tal comparação se tornou comum, até mesmo banal. Contudo, essa visão redutora de um ser humano pensado sob o modelo da máquina - mesmo que seja a mais complexa das máquinas - corre o risco de ficar completamente fora do que nos define como uma pessoa livre. Se não nos voltarmos à ideia de que somos seres biológicos capazes à palavra e inventores de símbolos, a humanidade pode não ter um futuro muito brilhante. O discurso redutor de uma certa ciência esmagada pelas únicas "evidências" poderia ser o grande responsável.

As respostas a se trazer às questões formuladas acima só podem vir da colaboração entre campos disciplinares diversos, da biologia, da psicologia, das ciências sociais e da filosofia, única condição que pode produzir uma reflexão sobre o ser humano que estará longe dos reducionismos abusivos. Trata-se, então, de colocar uma ponte entre aqueles e aquelas que estão no lado das ciências da natureza e os outros cujas obras se situam mais nos domínios humanistas, literários, em um esforço de superação do "great divide" que separa as diferentes disciplinas. O ser humano é complexo a tal ponto que seu estudo deve, necessariamente, ultrapassar o único campo da biologia; a psicologia, a sociologia e a antropologia, mas também o direito, as ciências políticas, a economia, a filosofia, a literatura e a arte, em uma palavra todas as disciplinas que são do lado da cultura devem colaborar, cada uma com suas próprias teorias, conceitos e práticas, para que possamos compreender realmente aquilo que nos faz humanos.

O diálogo entre as disciplinas deve ser construído se queremos acessar a especificidade do ser humano. Ao se voltar para aquilo que delimita os seres vivos, obriga-se a questionar as ciências da vida e da natureza, de um lado e, de outro, as ciências sociais e as ciências da mente, principalmente a psicologia, a linguística, as humanidades e as artes. As conexões se multiplicam, hoje, entre a matéria e a vida, entre os seres vivos e os ecossistemas; procura-se agora inscrever os comportamentos sociais em estruturas biológicas; cavam-se as ligações entre linguagem e arquitetura do cérebro; e chega-se a ligar a ética a uma moral dita natural. Fazer estas perguntas conduz necessariamente a interrogações mais amplas que são de natureza filosófica e epistemológica e que se relacionam com a compreensão do vivo e do ser humano.

Uma abordagem pela complexidade

A biologia ocupa um lugar de destaque no estudo da complexidade e todos os sistemas vivos, mesmo o mais simples, são sistemas complexos, sendo o cérebro dos humanos provavelmente o mais complexo que há. Pesquisadores puderam mostrar que existem pontos comuns entre um cérebro, um sistema vivo, um sistema planetário, uma colônia de formigas, uma sociedade humana e outros conjuntos que são formados por um grande número de componentes em interação. O comportamento global de um sistema complexo é sempre resultante da totalidade de interações entre seus componentes: não se pode, então, estudar seu comportamento sem considerá-lo em bloco, como um todo.

O cérebro constantemente reorganiza suas conexões neurais em resposta a alterações ambientais, o que lhe permite, principalmente, aprender e dar sentido àquilo que acontece. As sociedades humanas modificam e transformam suas regras de funcionamento de acordo com a evolução de técnicas ou ideias, por exemplo. Essa capacidade de adaptação é uma característica essencial dos sistemas complexos que estão ligados, no caso dos seres humanos, a uma potente capacidade de auto-organização. As redes interativas ubíquas no mundo dos seres humanos: o cérebro é uma rede de células nervosas em reorganização contínua; as sociedades são constituídas de indivíduos unidos em redes através de laços de amizades, familiares ou profissionais; até mesmo a linguagem que nós utilizamos para dizer que tudo isso é uma rede, constituída de palavras relacionadas pela sintaxe de uma língua particular.

Atualmente, as ciências da complexidade têm tentado inventar métodos que a ciência havia deixado para trás, seja porque ela não dispunha dos meios, seja porque ela se contentava com respostas superficiais; a segunda condição, muitas vezes resultantes da primeira. O aumento da potência dos computadores não é estranho aos progressos realizados, mas a força bruta da suposta evidência nunca é suficiente. Já não há mais o direito de se polarizar sobre a única descrição do nível mais superficial, nem de confundir os registros diferentes de fenômenos.

A desmedida do ser humano

A abertura constitutiva do ser humano torna a aventura dos homens e mulheres em uma dupla extração, de um lado no que diz respeito à natureza e em outro à cultura. Eis porque se torna necessário voltar-se ao que faz a irredutibilidade do ser humano, único animal capaz de integrar o futuro na determinação de seu presente, o comportamento humano limitado pelo passado, bem como pelo futuro. A relação com o futuro permite inscrever as pessoas em uma relação particular com o tempo, destacando-as de uma única história passada e permitindo-lhes viver suas vidas como um projeto. Esta é a condição de sua singularidade e sua liberdade.

Para que as ciências da vida e da natureza renunciem às suas pretensões dominadoras, para que as filosofias se esquivem do espírito simplificador de um sistema desconectado do real e para que as ciências humanas e sociais não aprisionem o ser humano em sistemas culturais, é importante retomar em consideração, a partir de novos ângulos, as principais interrogações sobre o ser humano. Este apelo para o restabelecimento das "ideias gerais" supõe a exploração tenaz dos diferentes campos de conhecimento a fim de permitir que novas "conexões" e outras recomposições apareçam, favorecendo a emergência de uma ciência mais compreensiva. Esta é a condição para que se desenhem sínteses inéditas que poderão dar origem a uma nova era científica em que o reducionismo desaparecerá, à outra visão do ser humano que anunciará um tipo de renascimento do pensamento, e a uma renovação das ciências naturais e humanas que colaborarão, enfim, dentro de um fecundo confronto.

Entre todos os seres vivos, é claro que o ser humano tem um estatuto especial: de um lado, por causa de suas performances cognitivas; de outro, por conta da maneira como organiza sua vida social. Linguagem, aprendizagem, domínio da abstração, criação de ferramentas cada vez mais complexas: tudo isso o torna único entre os seres vivos. Uma virada ocorreu nas últimas décadas, para situar o ser humano em sua história biológica e em seu ambiente, e para desvendar os mistérios da natureza que estão gravados em nós. Uma terceira via também nos constitui, a mesma que se abre diante nossa busca pela liberdade: como espécie, nós estamos, de fato, ainda em processo de rompimento em relação às outras formas de determinismos, tanto naturais quanto culturais. Além disso, a experiência nos ensina que somos seres feitos para a vida e para a morte, provocando morte e produzindo vida. Novamente, a pista se confunde tanto que é difícil identificar o que é da especificidade humana.

E a evidência em tudo isso

Eu repeti por várias vezes que o ser humano não é apenas natureza, tanto quanto não é apenas cultura, e que essas duas pistas nos mantêm necessariamente numa certa incerteza a respeito daquilo que nós somos. Esta constatação nos deixa longe de uma teoria mecanicista do ser humano, longe também de uma ciência que se limita somente a descrever o ser humano a partir de suas características mais evidentes. Tal reducionismo é um erro, além de ser uma insensatez! Os trabalhos que se sustentam sobre a coleta das "evidências" sozinhas, caem nas armadilhas de uma e de outra.

Espera-se que novas ideias surjam graças à fertilização cruzada de diferentes disciplinas e que abordagens mais complexas virão substituir métodos analíticos clássicos que prevalecem em nossos dias, principalmente nos estudos centrados nas "evidências". Assim, não serão apenas as políticas de saúde mental que serão aprimoradas.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Maio 2013
  • Data do Fascículo
    Out 2013
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