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Mapeando o abuso digital no namoro no Brasil e na Austrália: uma revisão das experiências de vitimização do Sul Global

Resumo

A tecnologia desempenha papel fundamental nas relações entre jovens. Embora seus benefícios sejam bem conhecidos, menos se sabe sobre seus impactos e experiências negativas, como o abuso digital no namoro. A maioria dos estudos vem de países norte-americanos e europeus e não enquadram o abuso digital no namoro como um fenômeno multidimensional. É necessário explorar esta questão social e de saúde pública no Sul Global que impacta significativamente a vida de jovens. Uso a concepção de abuso digital no namoro de Brown e Hegarty como uma ampla gama de comportamentos nocivos e uma perspectiva de gênero para revisar a literatura existente sobre vitimização de adolescentes por abuso digital no namoro em relacionamentos heterossexuais de uma perspectiva do Sul. Essa perspectiva é demonstrada na revisão que destaca estudos de dois países do Sul Global: Brasil e Austrália. Argumento que o abuso digital no namoro é um fenômeno multifacetado e de gênero e sugiro que uma abordagem qualitativa em vários países do Sul pode ajudar pesquisadoras a estudar experiências, contextos e impactos de abuso digital no namoro entre adolescentes. Esse fenômeno contemporâneo merece atenção acadêmica como um problema social e de saúde pública.

Palavras-chave:
Abuso digital no namoro; violência de gênero; Brasil; Austrália; Adolescentes

Abstract

Technology plays a key role in young people’s relationships. While its benefits are well known, less is known about its negative impacts and experiences, such as digital dating abuse. Most studies originate from North American and European countries and have not framed digital dating abuse as a multidimensional phenomenon. Exploring this social and public health issue in the Global-South is necessary because it significantly impacts youths’ lives. I use Brown and Hegarty’s framework of digital dating abuse as a wide range of harmful behaviours and a gender perspective to review the extant literature on adolescent victimisation in digital dating abuse in heterosexual relationships from a southern perspective. This perspective is demonstrated by drawing primarily from the scholarship of two countries in the Global-South, Brasil and Australia. I argue that digital dating abuse is a multifaceted and gendered phenomenon and suggest a qualitative approach across multiple southern countries aids researchers to compile and study adolescent digital dating abuse experiences, contexts and impacts. This contemporary phenomenon of adolescent digital dating abuse merits scholarly attention as a social and public health problem.

Key words:
Digital dating abuse; Gendered violence; Brasil; Australia; Adolescents

Introdução

Globalmente, pessoas jovens integram o grupo etário mais conectado digitalmente11 United Nations Children's Fund (UNICEF). The state of the world's children: children in a digital world [Intermet]. New York: UNICEF Division of Communication; 2017. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://www.unicef.org/media/48601/file/SOWC_2017_Summary_ENG.pdf e a tecnologia desempenha um papel central em seus relacionamentos de namoro e amizades22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059.

3 Carlisle E, Coumarelos C, Minter K, Lohmeyer B. 'It depends on what the definition of domestic violence is': how young Australians conceptualise domestic violence and abuse [research report, 9/2022]. ANROWS 2022.
-44 Ferreira GLGP. Technology as both a facilitator of and response to youth intimate partner violence: perspectives from advocates in the Global-South. In: Bailey J, Flynn A, Henry N, editors. The emerald international handbook of technology-facilitated violence and abuse. Bingley: Emerald Publishing Limited; 2021. p. 427-446.. Para as pessoas jovens, a construção de identidades e relacionamentos está profundamente ligada à tecnologia55 Flach RMD, Deslandes SF. Abuso digital nos relacionamentos afetivosexuais: uma análise bibliográfica. Cien Saude Colet 2017; 33(7):e00138516.

6 Hinduja S, Patchin JW. Digital dating abuse among a national sample of US Youth. J Interpers Violence 2020; 36(23-24):11088-11108 .
-77 Taylor AY, Murphy-Graham E, Lauro G. Conceptualizing controlling behaviors in adolescent and youth intimate partner relationships. Partner Abuse 2019; 10(2):137-163.. As conexões digitais permitem vias positivas de contato pessoal e acesso a serviços, que têm sido cruciais, sobretudo a partir da pandemia de COVID-1988 eSafety research. The digital lives of Aussie teens [Internet]. eSafety Commissioner 2021. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://www.esafety.gov.au/sites/default/files/2021-02/The%20digital%20lives%20of%20Aussie%20teens.pdf
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. No entanto, a hiperconectividade de pessoas jovens, juntamente com a imaturidade e a inexperiência em relacionamentos, podem também torná-las mais vulneráveis ​​a experiências negativas, como de abuso digital no namoro (ADN)99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.

10 Cavalcanti JG, Coutinho MPL. Abuso digital nos relacionamentos amorosos: uma revisão sobre prevalência, instrumentos de avaliação e fatores de risco. Av Piscol Clin Latinonot 2019; 37(2):235-254.

11 Lopes Gomes Pinto Ferreira G. Preventing teenage intimate partner violence: advocate perceptions of education programs in the global-south [thesis]. Brisbane: Queensland University of Technology; 2020.
-1212 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Projeto Caretas [Internet]. [acessado 2022 dez 22]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/relatorios/adolescentes-e-o-risco-de-vazamento-de-imagens-intimas-na-internet
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. Embora os benefícios do uso da tecnologia sejam bem conhecidos, pouco se sabe sobre as experiências de ADN de pessoas jovens, principalmente em países do Sul Global como o Brasil e a Austrália. Inspirada em Connell1313 Connell R. Using southern theory: decolonizing social thought in theory, research and application. Plan Theory Pract 2014; 13(2):210-223., Brasil, na versão original em inglês deste artigo, é escrito de acordo com seu idioma oficial.

Há várias razões para desenvolver um estudo sobre as experiências de ADN vivenciadas por adolescentes no Brasil e na Austrália. Primeiro, as pesquisas existentes sobre ADN entre adolescentes vêm do Norte Global, particularmente de países norte-americanos e europeus. Assim, é primordial ampliar as vozes de jovens em pesquisas sobre ADN no Sul Global e compilar em primeira mão suas experiências e perspectivas sobre a vitimização por ADN. Adolescentes têm autonomia e devem ser ouvidos nos assuntos que os impactam1414 Committee on the Elimination of Discrimination against Women. General Recommendation No. 35 on Gender-based Violence Against Women, Updating General Recommendation No. 19 [Internet]. 2017. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://tbinternet.ohchr.org/_layouts/15/treatybodyexternal/Download.aspx?symbolno=CEDAW/C/GC/35⟪=en
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. Essa perspectiva está presente na Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU1515 United Nations (UN). Convention on the Rights of the Child [Internet]. 1990. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://www.ohchr.org/en/professionalinterest/pages/crc.aspx
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, da qual o Brasil e a Austrália são signatários. Essa convenção estabeleceu que as pessoas menores de 18 anos devem ser ouvidas e ter a oportunidade de expressar suas opiniões em todos os assuntos que lhes afetem. Tal perspectiva enfatiza o direito das crianças de se expressarem livremente e as reconhece como atores sociais competentes, cujos pensamentos, opiniões e experiências são valiosos e dignos de atenção pública e acadêmica1616 Elliffe R, Holt S, Øverlien C. Hiding and being hidden: the marginalisation of children's participation in research and practice responses to domestic violence and abuse. Soc Work Soc Sci Rev 2019; 22(1):6-25.,1717 Øverlien C, Holt C. Qualitative interviews with children and adolescents who have experienced domestic violence and abuse. In: Devaney J, Bradbury-Jones C, Macy RJ, Øverlien C, Stephanie Holt S, editors. The Routledge international handbook of domestic violence and abuse. Abingdon: Routledge; 2021. p. 657-670.. As pessoas jovens são as especialistas de suas próprias vidas, e o que elas têm a dizer sobre suas experiências é uma contribuição valiosa e original para nossa compreensão da violência por parceiro íntimo (VPI)1717 Øverlien C, Holt C. Qualitative interviews with children and adolescents who have experienced domestic violence and abuse. In: Devaney J, Bradbury-Jones C, Macy RJ, Øverlien C, Stephanie Holt S, editors. The Routledge international handbook of domestic violence and abuse. Abingdon: Routledge; 2021. p. 657-670.,1818 Green SOB, Morton S. Listening to less-heard voices: methodological approaches, considerations and challenges when researching domestic violence and abuse with vulnerable and marginalised women. In: Devaney J, Bradbury-Jones C, Macy RJ, Øverlien C, Stephanie Holt S, editors. The Routledge international handbook of domestic violence and abuse. Abingdon: Routledge; 2021. p. 627-641. e ADN. Assim, é necessário realizar pesquisas com adolescentes de ambos os países para entender suas experiências e criar respostas e prevenção da ADN de acordo com as perspectivas dos próprias adolescentes.

Em segundo lugar, esta revisão sobre ADN é focada no Brasil e na Austrália. Ela sintetiza a literatura de dois países do Sul, que muitas vezes são ignorados na literatura internacional. Apesar de várias diferenças, esses dois países têm muito em comum. Fazem parte do que Connell chamou de “camada sul”; ambos foram colonizados por países europeus e “compartilham histórias de expropriação violenta de povos indígenas, criação de economias primário-exportadoras, tentativas de industrialização e dilemas sobre dependência cultural e política” 1919 Connell R, Pearse R, Collyer F, Maia J, Morrell. Re-making the global economy of knowledge: do new fields of research change the structure of North-South relations? Br J Sociol 2018; 69(3):738-757. (p. 740). Além disso, Brasil e Austrália são líderes regionais em suas áreas - América Latina e Ásia-Pacífico, respectivamente. Embora a desigualdade digital exista entre e dentro dos países2020 United Nations Children's Fund (UNICEF), International Telecommunication Union. How many children and young people have internet access at home? Estimating digital connectivity during the COVID-19 pandemic. New York: UNICEF; 2020.

21 Australian Bureau of Statistics. Household use of information technology [Internet]. 2018. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://www.abs.gov.au/statistics/industry/technology-and-innovation/household-use-information-technology/latest-release
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-2222 Brazilian Internet Steering Committee - CGI.br. Executive summary: ICT kids online Brazil survey 2019 [Internet]. 2020. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20201123093630/executive_summary_ict_kids_online_2019.pdf
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, estudos recentes do Brasil2222 Brazilian Internet Steering Committee - CGI.br. Executive summary: ICT kids online Brazil survey 2019 [Internet]. 2020. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20201123093630/executive_summary_ict_kids_online_2019.pdf
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,2323 Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), CETIC.br, NIC.br, CGI.br. TIC Online Brasil 2019 [Internet] 2020. [acessado 2022 dez 22]. Disponível em: https://cetic.br/media/analises/tic_kids_online_brasil_2019_coletiva_imprensa.pdf
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e da Austrália2121 Australian Bureau of Statistics. Household use of information technology [Internet]. 2018. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://www.abs.gov.au/statistics/industry/technology-and-innovation/household-use-information-technology/latest-release
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demonstram que adolescentes entre 15 e 17 anos nesses países são hiperconectados. Desse modo, esta revisão expande a agenda da criminologia do Sul na compreensão da violência de gênero contra mulheres em ambos os países2424 Carrington K, Hogg R, Sozzo M. Southern criminology. Br J Criminol 2016; 56(1):1-20..

Em terceiro lugar, os dois países identificaram o abuso facilitado pela tecnologia como um problema sério que merece atenção legal. Essas preocupações podem ser vistas nas recentes reformas legislativas e inovações nas respostas ao ADN no Brasil e na Austrália. Por exemplo, os dois países identificaram comportamentos de perseguição e monitoramento como problemas sérios. Entre 2015 e 2016, reformas legislativas no estado australiano de Queensland visaram reconhecer a perseguição (stalking) no contexto da VPI como um fator agravante na sentença2525 Queensland Sentencing Advisory Council. Shining a light on stalking in Queensland. Queensland: Sentencing Spotlight; 2020.. Em outubro de 2022, um projeto de alteração legal foi apresentado ao Parlamento de Queensland, demonstrando suas preocupações sobre comportamentos nocivos facilitados pela tecnologia, como comportamentos de monitoramento, rastreamento e vigilância2626 Queensland. Domestic and Family Violence Protection (Combating Coercive Control) and Other Legislation Amendment Bill 2022 [Internet]. 2022. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://www.legislation.qld.gov.au/view/html/bill.first/bill-2022-010
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. No Brasil, um novo crime de perseguição - incluindo perseguição envolvendo tecnologia - foi tipificado em 2021. Assim como na Austrália, e talvez com maior atenção às questões de gênero da VPI, a criminalização da perseguição no Brasil também incluiu agravantes se o crime for cometido contra crianças, adolescentes ou idosos, se o delito for cometido contra mulheres em contextos de VPI ou se envolveu menosprezo ou discriminação à condição de mulher2727 Brasil. Lei nº 14.132, de 31 março de 2021.. Embora essas mudanças legais sejam importantes, mais pesquisas são necessárias sobre ADN para gerar evidências empíricas aptas a embasar a prevenção e as respostas.

Em quarto lugar, pesquisas qualitativas recentes no Brasil2828 Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais). Diário Oficial da União 2021; 31 mar. e na Austrália2929 Campeiz AB, Aragão ADS, Carlos DM, Campeiz AF, Ferriani MDGC. Redes sociais digitais: exposição à violência na intimidade entre adolescentes à luz da complexidade. Texto Contexto Enferm 2020; 29:e20190040. demonstraram que a tecnologia é o meio mais comum de praticar abuso entre pessoas jovens. Essa evidência ressalta a necessidade de explorar mais o ADN entre adolescentes nesses países. Essas quatro razões indicam que esta revisão comparativa entre países pode iluminar mais pesquisas e a compreensão das experiências de ADN entre adolescentes do Sul Global.

O ADN abrange uma série de comportamentos digitais nocivos em relacionamentos íntimos, como comportamentos de controle, monitoramento, ameaça, humilhação e sexuais3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.. O ADN também compreende o abuso sexual baseado em imagens (ASBI), definido como produzir, distribuir ou ameaçar compartilhar imagens, fotos, vídeos íntimos ou nudes sem a permissão das partes envolvidas3131 Brown C, Flood M, Hegarty K. Digital dating abuse perpetration and impact: the importance of gender. J Youth Stud 2020; 25(2):193-208.. Embora o ADN abarque uma ampla gama de comportamentos, esse fenômeno nem sempre foi explorado como multidimensional na literatura existente. Consequentemente, algumas formas de ADN podem ter sido negligenciadas. Para lidar com essa limitação, uso a estrutura conceitual de Brown e Hegarty22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059. para explorar pesquisas sobre ADN, principalmente do Brasil e da Austrália. Esses autores conceituam o ADN como uma ampla gama de comportamentos digitais nocivos, que podem ser classificados em quatro categorias: (1) monitoramento e controle, (2) humilhação, (3) coerção sexual e (4) ameaças. Essa estrutura é benéfica para compreender e explorar o ADN como fenômeno multidimensional. Essa estrutura pode levar a uma compreensão mais profunda do ADN, pois garante a inclusão de vários comportamentos de ADN que podem fazer parte de relacionamentos abusivos, evitando que certos tipos de experiências de ADN sejam ignorados. Assim, a abordagem multidimensional e de gênero usada nesta revisão pode ajudar os pesquisadores a obter um conhecimento mais profundo sobre as experiências de ADN entre adolescentes.

Guiada por essa estrutura conceitual e por essa perspectiva de gênero, analiso prioritariamente a literatura existente no Brasil e na Austrália para entender as experiências de vitimização de adolescentes em relacionamentos heterossexuais numa visão do Sul. Argumento que entender o ADN como fenômeno multifacetado e de gênero em diferentes países do Sul Global merece atenção acadêmica como problema social e de saúde pública. Utilizo o termo “adolescentes” para me referir a pessoas entre 12 e 19 anos, e “jovens” a uma faixa etária mais ampla, que será especificada de acordo com a literatura analisada. Começo discutindo o uso da tecnologia no Brasil e na Austrália. Em seguida, forneço um mapa para explorar as diversas formas de ADN com base na estrutura de Brown e Hegarty22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059.. Por fim, destaco a necessidade de contextualizar o ADN através de uma lente de gênero e proponho uma agenda de pesquisa em que as vozes de jovens do Brasil e da Austrália sejam priorizadas para entender e prevenir esse problema.

Método

Conduzi uma busca de literatura online usando a biblioteca da QUT, o Google Acadêmico e a SciELO para identificar pesquisas qualitativas e quantitativas que exploram as experiências de ADN vivenciadas por adolescentes publicadas em inglês, português ou espanhol. Vários termos foram usados, os quais discutirei a seguir. Como os estudos recentes sobre o tema mostraram predominância de pesquisas no Norte Global, meu foco foi prioritariamnte identificar e sintetizar estudos de dois países do Sul, Brasil e Austrália. Esta revisão inclui artigos empíricos, capítulos de livros, teses e relatórios publicados por organizações como Anglicare, Avon/Data Popular, Promundo e Unicef. Incluir essa variedade de estudos é necessário, pois além da existência significativamente menor de pesquisas sobre ADN de adolescentes em contextos do Sul em comparação com as pesquisas realizadas no Norte Global, deve-se considerar as diferentes formas de conhecimento. Esta revisão buscou mapear a literatura sobre ADN, entendido como um fenômeno multidimensional. Para tanto, as fontes empíricas incluídas deveriam discutir pelo menos uma dimensão do ADN relacionada às experiências de adolescentes (12-19 anos). Quando a faixa etária não foi fornecida, mas a fonte tinha informações suficientes para se inferir que a discussão abrangeu ADN entre adolescentes, por exemplo, referindo-se a estudantes do ensino médio ou experiências de participantes durante uma idade específica, elas também foram incluídas.

Vários termos foram usados ​​em inglês e português para identificar trabalhos empíricos com jovens sobre suas experiências de ADN, como adolescentes/jovens/adolescentes; jovem/adolescente; violência por parceiro íntimo/violência no namoro/abuso no namoro; abuso digital/online/facilitado por tecnologia; sexting; pornografia de vingança; cyberstalking. Após a leitura dos resumos e considerando o foco em ADN da faixa etária alvo, 44 ​​trabalhos empíricos de diferentes países foram incluídos: 18 do Brasil, 10 da Austrália, 6 dos EUA, 2 entre países do Sul Global, 2 de países do Sul e Norte Global, 2 entre países do Norte Global, 1 do Chile, 1 da Bélgica, 1 da Noruega e 1 do Reino Unido. A Tabela 1 inclui os métodos, participantes, país, idade e dimensões de ADN cobertos por esses estudos. Artigos de revisão e teóricos foram usados ​​neste artigo para embasar as seções teóricas e analíticas. Eles integram a lista de referências, mas não foram incluídos na Tabela 1.

Quadro 1
Estudos empíricos com pessoas jovens incluídos na revisão: dimensões monitoramento, controle e vigilância (MCV), humilhação e ameaças (HA), coerção sexual (CS).

Compreendendo o ADN: mapeando uma ampla gama de comportamentos

A prevalência de ADN varia significativamente na literatura. As estimativas de prevalência de vitimização e perpetração de ADN diferem bastante, dependendo dos métodos, conceitos e definições usados ​​para capturar esse fenômeno3232 Henry N, Powell A. Technology-facilitated sexual violence: a literature review of empirical research. Trauma Violence Abuse 2018; 19(2):195-208.

33 Brown C, Hegarty K. Digital dating abuse measures: a critical review. Aggress Violent Behav 2018; 40:44-59.

34 Caridade S, Braga T, BorrajoE. Cyber dating abuse (CDA): evidence from a systematic review. Aggress Violent Behav 2019; 48:152-168.
-3535 Cavalcanti JG, Coutinho MDPDL, Nascimento AMD, Pinto AVDL. Psychometric properties of the cyber dating abuse questionnaire. Psico-USF 2020; 25(2):285-296.. Por exemplo, a revisão crítica de Brown e Hegarty das medidas de ADN3232 Henry N, Powell A. Technology-facilitated sexual violence: a literature review of empirical research. Trauma Violence Abuse 2018; 19(2):195-208. encontrou taxas de perpetração de 3% a 94%. A revisão sistemática de Caridade et al.3333 Brown C, Hegarty K. Digital dating abuse measures: a critical review. Aggress Violent Behav 2018; 40:44-59. sobre ADN encontrou taxas de vitimização de 5,8% a 92%. Essa variabilidade torna a compreensão da prevalência de ADN e as comparações extremamente problemáticas. Estudiosos defendem consistência e instrumentos robustos para lidar com esses problemas3232 Henry N, Powell A. Technology-facilitated sexual violence: a literature review of empirical research. Trauma Violence Abuse 2018; 19(2):195-208.,3636 Henry N, Flynn A, Powell A. Technology-facilitated domestic and sexual violence: a review. Violence Against Women 2020; 26(1-16):1828-1854.. Apesar dessa disparidade nos dados de prevalência, argumenta-se que ADN é comum em relacionamentos de namoro2828 Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais). Diário Oficial da União 2021; 31 mar.,3333 Brown C, Hegarty K. Digital dating abuse measures: a critical review. Aggress Violent Behav 2018; 40:44-59.,3535 Cavalcanti JG, Coutinho MDPDL, Nascimento AMD, Pinto AVDL. Psychometric properties of the cyber dating abuse questionnaire. Psico-USF 2020; 25(2):285-296.. No entanto, pouco se sabe sobre a prevalência de ADN em países do Sul Global, já que a maioria dos estudos existentes foi realizada no Norte Global.

A literatura identificou diferentes formas de ADN - muitas vezes chamadas de dimensões em estudos quantitativos - incorporadas ao padrão de abuso no namoro99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.,3131 Brown C, Flood M, Hegarty K. Digital dating abuse perpetration and impact: the importance of gender. J Youth Stud 2020; 25(2):193-208.,3636 Henry N, Flynn A, Powell A. Technology-facilitated domestic and sexual violence: a review. Violence Against Women 2020; 26(1-16):1828-1854.. Antes de destacar essas diferentes formas, é necessário observar que não há acordo sobre a classificação de uma ampla gama de comportamentos de ADN, pois há vários desafios no desenvolvimento de tal classificação. Primeiro, como acontece com as formas mais amplas de violência e assédio de gênero, a experiência vivida de abuso pode ser difícil de definir em categorias distintas3737 Rocha-Silva T, Nogueira C, Rodrigues L. Intimate abuse through technology: a systematic review of scientific constructs and behavioural dimensions. Comput Human Behav 2021; 122:106861.. Além disso, o rápido desenvolvimento de novas tecnologias e mudanças de uso desafiam os pesquisadores a categorizar os comportamentos abusivos facilitados tecnologicamente3838 Kelly L. Surviving sexual violence. New York: Polity Press; 1988.. Apesar desses obstáculos, nomear fenômenos e sistematizá-los a partir da terminologia é um importante ponto de partida para explorar, reconhecer e prevenir sua ocorrência3737 Rocha-Silva T, Nogueira C, Rodrigues L. Intimate abuse through technology: a systematic review of scientific constructs and behavioural dimensions. Comput Human Behav 2021; 122:106861.,3939 DeKeseredy WS, Dragiewicz M, Schwartz MD. New technologies and separation/divorce violence against women. In: DeKeseredy WS, Dragiewicz M, Schwartz MD, editors. Abusive endings. Oakland: University of California Press; 2017. p. 65-85..

As dimensões propostas por Borrajo et al.4040 Diniz D, Costa BS, Gumieri S. Nomear feminicídio: conhecer, simbolizar e punir. Rev Bras Cienc Crim 2015; 114:225-239. são atualmente a classificação mais utilizada para investigar o ADN. Nela, classificam-se os comportamentos de ADN como agressão direta ou comportamentos de controle e monitoramento. A agressão direta se refere a comportamentos executados por meio da tecnologia para prejudicar uma/um parceira/o. Isso inclui ameaças de espalhar segredos e informações constrangedoras e ameaças de perigo físicos, compartilhamento de insultos e humilhações por meio de mensagens ou postagens em redes sociais e distribuição de imagens íntimas sem permissão. Comportamentos de controle e monitoramento abrangem vigilância e invasão de privacidade, incluindo chamadas excessivas para monitorar o paradeiro de uma/um parceira/o, verificar o telefone e as contas sociais de uma/um parceira/o sem permissão e controlar as interações digitais e atualizações de uma/um parceira/o nas redes sociais. Vários estudos quantitativos sobre ADN em países como Austrália4141 Borrajo E, Gámez-Guadix M, Pereda N, Calvete E. The development and validation of the cyber dating abuse questionnaire among young couples. Comput Human Behav 2015; 48:358-365., Brasil3434 Caridade S, Braga T, BorrajoE. Cyber dating abuse (CDA): evidence from a systematic review. Aggress Violent Behav 2019; 48:152-168., Chile4242 Branson M, March E. Dangerous dating in the digital age: jealousy, hostility, narcissism, and psychopathy as predictors of cyber dating abuse. Comput Human Behav 2021; 119:106711., Portugal4343 Lara L. Cyber dating abuse: assessment, prevalence, and relationship with offline violence in young Chileans. J Soc Pers Relat 2020; 37(5):1681-1699., Bélgica4444 Caridade S, Braga T. Versão portuguesa do Cyber Dating Abuse Questionaire (CDAQ) - Questionário sobre Ciberabuso no Namoro (CibAN): adaptação e propriedades psicométricas. Analise Psicol 2019; 1(37):93-105. e México4545 Van Ouytsel J, Ponnet K, Walrave M. Cyber dating abuse: investigating digital monitoring behaviors among adolescents from a social learning perspective. J Inter Viol 2020; 35(23-24):5157-5178. usaram o questionário de Borrajo et al.4040 Diniz D, Costa BS, Gumieri S. Nomear feminicídio: conhecer, simbolizar e punir. Rev Bras Cienc Crim 2015; 114:225-239.

Embora esse instrumento fosse considerado o mais abrangente entre as ferramentas existentes disponíveis para os pesquisadores4646 García-Sánchez PV, Guevara-Martínez C, Rojas-Solís JL, Peña-Cárdenas F, Cruz VGG. Apego y ciber-violencia en la pareja de adolescentes. J Educ Develop Psychol 2017; 2(1):541-549., ele prestou pouca atenção às formas sexuais de ADN e mediu apenas uma forma de comportamento sexual. Como tal, falha em reconhecer a vasta gama de comportamentos sexuais digitais e limita a compreensão desse tipo de abuso e do ADN de forma genérica3636 Henry N, Flynn A, Powell A. Technology-facilitated domestic and sexual violence: a review. Violence Against Women 2020; 26(1-16):1828-1854.,4747 Stephenson VL, Wickham BM, Capezza NM. Psychological abuse in the context of social media. Violence Gend 2018; 5(3):129-134.. Em contraste, Brown e Hegarty22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059. desenvolveram uma estrutura conceitual que captura comportamentos sexuais e reflete vários tipos de abuso alinhados com descobertas de estudos qualitativos de experiências de ADN de jovens do Sul Global99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.,4848 Reed LA, Conn K, Wachter K. Name-calling, jealousy, and break-ups: teen girls' and boys' worst experiences of digital dating. Child Youth Serv Rev 2020; 108:104607.,4949 Cecchetto F, Oliveira Q, Njaine K, Minayo M. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades Brasileiras. Interface (Botucatu) 2016; 20(59):853-864. e do Norte Global5050 Oliveira QBM, Assis SGd, Njaine K, Oliveira RC. Violências nas relações afetivo-sexuais. In: Minayo MCS, Assis SG, K Njaine K, editors. Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do 'ficar' entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011.. Elas identificam quatro dimensões do ADN: (1) monitoramento e controle, (2) humilhação, (3) ameaças e (4) coerção sexual. Nas seções a seguir, descreverei e fornecerei exemplos de comportamentos de ADN de cada dimensão. Embora Brown et al.99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897. tenham avaliado a humilhação e as ameaças de ADN como dimensões diferentes devido a seus vínculos estreitos, irei analisá-las em conjunto.

Monitoramento, controle e vigilância

A literatura do Norte Global identifica os comportamentos de controle, monitoramento e vigilância como a forma mais relatada de ADN66 Hinduja S, Patchin JW. Digital dating abuse among a national sample of US Youth. J Interpers Violence 2020; 36(23-24):11088-11108 .,4444 Caridade S, Braga T. Versão portuguesa do Cyber Dating Abuse Questionaire (CDAQ) - Questionário sobre Ciberabuso no Namoro (CibAN): adaptação e propriedades psicométricas. Analise Psicol 2019; 1(37):93-105.,5050 Oliveira QBM, Assis SGd, Njaine K, Oliveira RC. Violências nas relações afetivo-sexuais. In: Minayo MCS, Assis SG, K Njaine K, editors. Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do 'ficar' entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011.,5151 Aghtaie N, Larkins C, Barter C, Stanley N, Wood M, Øverlien C. Interpersonal violence and abuse in young people's relationships in five European countries: online and offline normalisation of heteronormativity. J Gend Based Violence 2018; 2(2):293-310.. Esses estudos destacam que monitorar a localização e as atividades das/os parceiras/os por meio de ligações e mensagens repetidas ou excessivas é comum em relacionamentos íntimos entre jovens3333 Brown C, Hegarty K. Digital dating abuse measures: a critical review. Aggress Violent Behav 2018; 40:44-59.,5252 Lucero JL, Weisz AN, Smith-Darden J, Lucero SM. Exploring gender differences: socially interactive technology use/abuse among dating teens. Affilia 2014; 29(4):478-491.

53 Hellevik PM. Teenagers' personal accounts of experiences with digital intimate partner violence and abuse. Comput Human Behav 2019; 92:178-187.
-5454 Reed LA, Lawler SM, Cosgrove JM, Tolman RM, Ward LM. 'It was a joke': Patterns in girls' and boys' self-reported motivations for digital dating abuse behaviors. Child Youth Serv Rev 2021; 122:105883.. As literaturas australiana e brasileira têm revelado essa mesma tendência. A pesquisa seminal de Chung5555 Stonard KE, Bowen E, Walker K, Price SA. 'They'll always find a way to get to you': technology use in adolescent romantic relationships and its role in dating violence and abuse. J Interpers Violence 2017; 32(14):2083-2117.,5656 Chung D. Violence, control, romance and gender equality: young women and heterosexual relationships. Women's Studies International Forum 2005; 28(6):445-455. sobre as experiências de violência no namoro de mulheres jovens na Austrália indicou que elas recebiam ligações constantes nos seus telefones residenciais, inclusive no meio da noite. O estudo recente de Hobbs5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295. sobre as experiências de adolescentes de abuso no namoro no estado australiano da Tasmânia demonstra que as adolescentes receberam ligações e mensagens excessivas de seus parceiros. Da mesma forma, estudos pioneiros e contemporâneos do Brasil demonstraram a mesma dinâmica por meio de meios modernos de comunicação, como os telefones celulares2828 Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais). Diário Oficial da União 2021; 31 mar.,4949 Cecchetto F, Oliveira Q, Njaine K, Minayo M. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades Brasileiras. Interface (Botucatu) 2016; 20(59):853-864.,5858 Hobbs C. Young, in love and in danger: teen domestic violence and abuse in Tasmania [research report]. Tasmania: Social Action and Research Centre, Anglicare Tasmania; 2022.

59 Campeiz AB, Carlos DM, Campeiz AF, Silva JL, Freitas LA, Ferriani MDGC. A violência na relação de intimidade sob a ótica de adolescentes: perspectivas do Paradigma da Complexidade. Rev Esc Enferm USP 2020; 54:e03575.

60 Campeiz AB. A violência nas relações de intimidade entre os adolescentes sob a perspectiva do Paradigma da Complexidade [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2018.

61 Instituto Avon/Data Popular. Violência contra a mulher: o jovem está ligado? [Internet]. 2014. [acessado ano mês dia]. Disponível em: https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/dados-e-fontes/pesquisa/violencia-contra-a-mulher-o-jovem-esta-ligado-data-popular-instituto-avon-2014/
https://dossies.agenciapatriciagalvao.or...
-6262 Nascimento FS, Cordeiro RLM. Violência no namoro para jovens moradores de Recife. Psicol Soc 2011; 23(2):516-525..

Parceiros/as checando celulares e contas digitais, como e-mails, mídias sociais e aplicativos também tem sido relatado com frequência por jovens de ambos os países77 Taylor AY, Murphy-Graham E, Lauro G. Conceptualizing controlling behaviors in adolescent and youth intimate partner relationships. Partner Abuse 2019; 10(2):137-163.,99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.,2828 Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais). Diário Oficial da União 2021; 31 mar.

29 Campeiz AB, Aragão ADS, Carlos DM, Campeiz AF, Ferriani MDGC. Redes sociais digitais: exposição à violência na intimidade entre adolescentes à luz da complexidade. Texto Contexto Enferm 2020; 29:e20190040.
-3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.,5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295.

58 Hobbs C. Young, in love and in danger: teen domestic violence and abuse in Tasmania [research report]. Tasmania: Social Action and Research Centre, Anglicare Tasmania; 2022.

59 Campeiz AB, Carlos DM, Campeiz AF, Silva JL, Freitas LA, Ferriani MDGC. A violência na relação de intimidade sob a ótica de adolescentes: perspectivas do Paradigma da Complexidade. Rev Esc Enferm USP 2020; 54:e03575.

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61 Instituto Avon/Data Popular. Violência contra a mulher: o jovem está ligado? [Internet]. 2014. [acessado ano mês dia]. Disponível em: https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/dados-e-fontes/pesquisa/violencia-contra-a-mulher-o-jovem-esta-ligado-data-popular-instituto-avon-2014/
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62 Nascimento FS, Cordeiro RLM. Violência no namoro para jovens moradores de Recife. Psicol Soc 2011; 23(2):516-525.

63 Ribeiro FML, Avanci JQ, Carvalho L, Gomes R, Pires TdO. Entre o 'Ficar' e o Namorar: relações afetivo-sexuais. In: Minayo MCS, Assis SG, Njaine K, organizadores. Amor e violência: um paradoxo das relações de namoro e do 'ficar' entre jovens brasileiros. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011.
-6464 Boen MT, Lopes FL. Vitimização por stalking: um estudo sobre a prevalência em estudantes universitários. Estud Fem 2019; 27(2):e50031. e na literatura do Norte5151 Aghtaie N, Larkins C, Barter C, Stanley N, Wood M, Øverlien C. Interpersonal violence and abuse in young people's relationships in five European countries: online and offline normalisation of heteronormativity. J Gend Based Violence 2018; 2(2):293-310.,5252 Lucero JL, Weisz AN, Smith-Darden J, Lucero SM. Exploring gender differences: socially interactive technology use/abuse among dating teens. Affilia 2014; 29(4):478-491.. Esses estudos mostraram que pessoas jovens controlam as interações digitais de suas/seus parceiras/os, pedindo-lhes para excluir fotos e postagens, bloquear ou excluir amigos de suas mídias sociais, principalmente do sexo oposto77 Taylor AY, Murphy-Graham E, Lauro G. Conceptualizing controlling behaviors in adolescent and youth intimate partner relationships. Partner Abuse 2019; 10(2):137-163.,99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.,2828 Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais). Diário Oficial da União 2021; 31 mar.,5252 Lucero JL, Weisz AN, Smith-Darden J, Lucero SM. Exploring gender differences: socially interactive technology use/abuse among dating teens. Affilia 2014; 29(4):478-491.,5454 Reed LA, Lawler SM, Cosgrove JM, Tolman RM, Ward LM. 'It was a joke': Patterns in girls' and boys' self-reported motivations for digital dating abuse behaviors. Child Youth Serv Rev 2021; 122:105883.,65.

Esses comportamentos de controle, monitoramento e vigilância podem ser escondidos ou escancarados. Por exemplo, no Brasil e na Austrália, jovens têm exigido senhas das contas móveis e digitais de suas/seus parceiros99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.,2828 Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais). Diário Oficial da União 2021; 31 mar.

29 Campeiz AB, Aragão ADS, Carlos DM, Campeiz AF, Ferriani MDGC. Redes sociais digitais: exposição à violência na intimidade entre adolescentes à luz da complexidade. Texto Contexto Enferm 2020; 29:e20190040.
-3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.,5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295.,6060 Campeiz AB. A violência nas relações de intimidade entre os adolescentes sob a perspectiva do Paradigma da Complexidade [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2018.. Jovens também acessaram contas digitais de parceiras/os sem seu conhecimento ou permissão e deletaram amigos de suas redes sociais77 Taylor AY, Murphy-Graham E, Lauro G. Conceptualizing controlling behaviors in adolescent and youth intimate partner relationships. Partner Abuse 2019; 10(2):137-163.,5959 Campeiz AB, Carlos DM, Campeiz AF, Silva JL, Freitas LA, Ferriani MDGC. A violência na relação de intimidade sob a ótica de adolescentes: perspectivas do Paradigma da Complexidade. Rev Esc Enferm USP 2020; 54:e03575.. Comportamentos semelhantes de controle e monitoramento também foram relatados na literatura do Norte5252 Lucero JL, Weisz AN, Smith-Darden J, Lucero SM. Exploring gender differences: socially interactive technology use/abuse among dating teens. Affilia 2014; 29(4):478-491.

53 Hellevik PM. Teenagers' personal accounts of experiences with digital intimate partner violence and abuse. Comput Human Behav 2019; 92:178-187.
-5454 Reed LA, Lawler SM, Cosgrove JM, Tolman RM, Ward LM. 'It was a joke': Patterns in girls' and boys' self-reported motivations for digital dating abuse behaviors. Child Youth Serv Rev 2021; 122:105883.. Um comportamento menos comum relatado nessa literatura é colocar um dispositivo de rastreamento no carro de uma parceira para monitorar sua localização secretamente6666 Carvalhaes RDS, Cárdenas CMM. "Namorar é só sofrência": violências na relação afetivo-sexual de adolescentes de uma escola na região Costa Verde, Rio de Janeiro, Brasil. Cien Saude Colet 2019; 26(7):2719-2728..

Pesquisas anteriores sobre ADN juvenil do Norte Global relataram resultados mistos sobre a natureza de gênero de comportamentos de monitoramento e controle. Os dados de vários estudos do Norte sugerem que as mulheres jovens são mais propensas do que os homens a se envolver em comportamentos de vigilância4444 Caridade S, Braga T. Versão portuguesa do Cyber Dating Abuse Questionaire (CDAQ) - Questionário sobre Ciberabuso no Namoro (CibAN): adaptação e propriedades psicométricas. Analise Psicol 2019; 1(37):93-105.,5353 Hellevik PM. Teenagers' personal accounts of experiences with digital intimate partner violence and abuse. Comput Human Behav 2019; 92:178-187.,5454 Reed LA, Lawler SM, Cosgrove JM, Tolman RM, Ward LM. 'It was a joke': Patterns in girls' and boys' self-reported motivations for digital dating abuse behaviors. Child Youth Serv Rev 2021; 122:105883.. Em contraste, Hinduja e Patchin6767 Jaffe P, Fairbairn J, Sapardanis K. Youth dating violence and homicide. In: Wolfe DA, Temple JR, editors. Adolescent dating violence: theory, research, and prevention. Cambridge: Academic Press; 2018. p. 191-214. documentaram que os homens jovens são mais propensos a se envolver nesses comportamentos do que as mulheres. Outros estudiosos relataram que homens e mulheres jovens controlam e monitoram suas/seus parceiras/os reciprocamente ou em um nível comparável no Sul Global77 Taylor AY, Murphy-Graham E, Lauro G. Conceptualizing controlling behaviors in adolescent and youth intimate partner relationships. Partner Abuse 2019; 10(2):137-163.,99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.,4242 Branson M, March E. Dangerous dating in the digital age: jealousy, hostility, narcissism, and psychopathy as predictors of cyber dating abuse. Comput Human Behav 2021; 119:106711.,6464 Boen MT, Lopes FL. Vitimização por stalking: um estudo sobre a prevalência em estudantes universitários. Estud Fem 2019; 27(2):e50031. e no Norte Global5151 Aghtaie N, Larkins C, Barter C, Stanley N, Wood M, Øverlien C. Interpersonal violence and abuse in young people's relationships in five European countries: online and offline normalisation of heteronormativity. J Gend Based Violence 2018; 2(2):293-310..

Embora sejam encontrados resultados mistos na literatura sobre o engajamento de jovens em comportamentos de controle e monitoramento, há evidências de que as mulheres jovens vivenciam (como vítimas) esses comportamentos em níveis mais elevados do que os homens jovens. Por exemplo, Zweig et al. 6868 Hinduja S, Patchin JW. Digital dating abuse: a brief guide for educators and parents [Internet]. 2020. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://cyberbullying.org/digital-dating-abuse-2
https://cyberbullying.org/digital-dating...
descobriram que, embora as mulheres jovens nos Estados Unidos sejam mais propensas a se envolver nesses comportamentos, elas são submetidas esses comportamentos e outras formas de ADN com mais frequência do que os homens jovens. Além disso, várias estudiosas do Norte6969 Zweig JM, Dank M, Yahner J, Lachman P. The rate of cyber dating abuse among teens and how it relates to other forms of teen dating violence. J Youth Adolesc 2013; 42(7):1063-1077. e do Brasil e da Austrália55 Flach RMD, Deslandes SF. Abuso digital nos relacionamentos afetivosexuais: uma análise bibliográfica. Cien Saude Colet 2017; 33(7):e00138516.,5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295. destacaram que os comportamentos controladores praticados por homens jovens são preponderantes e frequentemente mais severos do que aqueles praticados sobre mulheres jovens. Além disso, pesquisas no Brasil e na Austrália mostram que mulheres jovens relatam que seus parceiros verificaram seus telefones celulares e pediram suas senhas sem fornecer acesso às suas próprias2929 Campeiz AB, Aragão ADS, Carlos DM, Campeiz AF, Ferriani MDGC. Redes sociais digitais: exposição à violência na intimidade entre adolescentes à luz da complexidade. Texto Contexto Enferm 2020; 29:e20190040.,5959 Campeiz AB, Carlos DM, Campeiz AF, Silva JL, Freitas LA, Ferriani MDGC. A violência na relação de intimidade sob a ótica de adolescentes: perspectivas do Paradigma da Complexidade. Rev Esc Enferm USP 2020; 54:e03575.,6161 Instituto Avon/Data Popular. Violência contra a mulher: o jovem está ligado? [Internet]. 2014. [acessado ano mês dia]. Disponível em: https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/dados-e-fontes/pesquisa/violencia-contra-a-mulher-o-jovem-esta-ligado-data-popular-instituto-avon-2014/
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,6464 Boen MT, Lopes FL. Vitimização por stalking: um estudo sobre a prevalência em estudantes universitários. Estud Fem 2019; 27(2):e50031.,7070 Barter C, Stanley N, Wood M, Aghtaie N, Larkins C, Øverlien C, Lesta S, Apostolov G, Shahbazyan L, Pavlou S, De Luca N, Cappello G, Hellevik P, Lanau A. Safeguarding Teenage Intimate Relationships (STIR): connecting online and offline contexts and risks [Internet]. 2015. [cited 2022 dez 22]. Available from: https://medinstgenderstudies.org/wp-content/uploads/STIR-Exec-Summary-English.pdf
https://medinstgenderstudies.org/wp-cont...
. Estudos do Norte relataram comportamentos semelhantes5252 Lucero JL, Weisz AN, Smith-Darden J, Lucero SM. Exploring gender differences: socially interactive technology use/abuse among dating teens. Affilia 2014; 29(4):478-491.,6969 Zweig JM, Dank M, Yahner J, Lachman P. The rate of cyber dating abuse among teens and how it relates to other forms of teen dating violence. J Youth Adolesc 2013; 42(7):1063-1077.. Essas experiências levantam questões essenciais sobre o papel dos contextos de gênero no ADN.

Humilhação e ameaças

A humilhação envolve ações que fazem com que as vítimas se sintam constrangidas, diminuídas, envergonhadas ou degradadas3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.,7171 Ferriani MDGC, Campeiz AB, Martins J, Aragão ADS, Roque EMDST, Carlos DM. Understanding and contextualizing teen dating violence. Escola Anna Nery 2019; 23(3):e20180349.. No contexto do ADN, os comportamentos de humilhação incluem o uso de mensagens de texto ou dispositivos digitais para emitir ameaças, humilhações e insultos99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.,7171 Ferriani MDGC, Campeiz AB, Martins J, Aragão ADS, Roque EMDST, Carlos DM. Understanding and contextualizing teen dating violence. Escola Anna Nery 2019; 23(3):e20180349.. Alguns exemplos de comportamentos de humilhação da escala de Brown e Hegarty22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059. incluem o uso de dispositivo digital para ameaçar distribuir imagens íntimas, ferir fisicamente a vítima ou instigá-la a se machucar. Diferentemente da maioria dos estudos anteriores, sua escala tem como dimensão própria os comportamentos ameaçadores99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897., embora algumas formas de ameaças tenham sido incluídas na dimensão humilhação. A dimensão “ameaças” compreende comportamentos como usar dispositivo digital para ameaçar ferir emocionalmente a vítima ou danificar coisas que são importantes para ela, ameaçar ferir-se fisicamente se a vítima não fizer o que o/a parceiro/a deseja e fazer a vítima se sentir ameaçada se ignorar as ligações ou mensagens de seus/suas parceiros/as22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059.. Nesta seção, analiso os comportamentos de humilhação e ameaça, devido a seus vínculos estreitos.

Uma ameaça comumente discutida nas literaturas australiana e brasileira é a de compartilhamento de imagens íntimas sem consentimento, que é uma forma de ASBI1212 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Projeto Caretas [Internet]. [acessado 2022 dez 22]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/relatorios/adolescentes-e-o-risco-de-vazamento-de-imagens-intimas-na-internet
https://www.unicef.org/brazil/relatorios...
,3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.,7272 Stonard KE, Bowen E, Lawrence TR, Price SA. The relevance of technology to the nature, prevalence and impact of adolescent dating violence and abuse: a research synthesis. Aggress Violent Behav 2014; 19(4):390-417.. No contexto do ADN, esse comportamento se refere a ameaças feitas por um parceiro, atual ou passado, de distribuir fotos ou vídeos íntimos, frequentemente recebidos ou feitos durante o relacionamento. A ameaça de compartilhar imagens íntimas é moldada por normas de gênero focadas no policiamento da sexualidade feminina e pode levar ao medo de humilhação pública1212 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Projeto Caretas [Internet]. [acessado 2022 dez 22]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/relatorios/adolescentes-e-o-risco-de-vazamento-de-imagens-intimas-na-internet
https://www.unicef.org/brazil/relatorios...
,7373 Henry N, Flynn A, Powell A. Responding to 'revenge pornography': Prevalence, nature and impacts. Canberra: Criminology Research Advisory Council; 2019.,7474 França LA, Quevedo JV, Fontes JA, Segatto AJS, Abreu CAF, Santos DR, Vieira LR. Projeto Vazou: pesquisa sobre o vazamento não consentido de imagens íntimas no Brasil. Rev Bras Cienc Crim 2020; 169(28):231-270.. Essa ameaça coloca as mulheres jovens em uma posição vulnerável, pois elas podem se autoculpar e temer se sentirem envergonhadas e julgadas por amigos, familiares e pelo público1212 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Projeto Caretas [Internet]. [acessado 2022 dez 22]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/relatorios/adolescentes-e-o-risco-de-vazamento-de-imagens-intimas-na-internet
https://www.unicef.org/brazil/relatorios...
,55 Flach RMD, Deslandes SF. Abuso digital nos relacionamentos afetivosexuais: uma análise bibliográfica. Cien Saude Colet 2017; 33(7):e00138516.,7676 Flach RMD, Deslandes SF. Regras/rupturas do "contrato" amoroso entre adolescentes: o papel do abuso digital. Cien Saude Colet 2021; 26(Supl. 3):5033-5044.. Pesquisas sobre violência facilitada pela tecnologia entre jovens sugerem que ameaças de compartilhamento de imagens são usadas para forçar meninas adolescentes a permanecer ou se envolver em um relacionamento com homens jovens55 Flach RMD, Deslandes SF. Abuso digital nos relacionamentos afetivosexuais: uma análise bibliográfica. Cien Saude Colet 2017; 33(7):e00138516.,4848 Reed LA, Conn K, Wachter K. Name-calling, jealousy, and break-ups: teen girls' and boys' worst experiences of digital dating. Child Youth Serv Rev 2020; 108:104607.,4949 Cecchetto F, Oliveira Q, Njaine K, Minayo M. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades Brasileiras. Interface (Botucatu) 2016; 20(59):853-864.,6060 Campeiz AB. A violência nas relações de intimidade entre os adolescentes sob a perspectiva do Paradigma da Complexidade [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2018.,7676 Flach RMD, Deslandes SF. Regras/rupturas do "contrato" amoroso entre adolescentes: o papel do abuso digital. Cien Saude Colet 2021; 26(Supl. 3):5033-5044.. Por exemplo, mulheres jovens receberam ameaças e pressões constantes para enviar mais fotos, resultando em abuso contínuo e sentimentos de medo constante e perda de controle1212 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Projeto Caretas [Internet]. [acessado 2022 dez 22]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/relatorios/adolescentes-e-o-risco-de-vazamento-de-imagens-intimas-na-internet
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Pesquisas no Brasil e na Austrália têm demonstrado que ameaças de distribuição de imagens íntimas são comuns no momento da separação4949 Cecchetto F, Oliveira Q, Njaine K, Minayo M. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades Brasileiras. Interface (Botucatu) 2016; 20(59):853-864.,5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295.,7373 Henry N, Flynn A, Powell A. Responding to 'revenge pornography': Prevalence, nature and impacts. Canberra: Criminology Research Advisory Council; 2019.. A separação é reconhecida como um fator de risco para a ocorrência e escalada de formas tradicionais e digitais de VPI contra mulheres e meninas6060 Campeiz AB. A violência nas relações de intimidade entre os adolescentes sob a perspectiva do Paradigma da Complexidade [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2018.,6464 Boen MT, Lopes FL. Vitimização por stalking: um estudo sobre a prevalência em estudantes universitários. Estud Fem 2019; 27(2):e50031.,7878 Montenegro LMB, Alves LF, Silva AC, Silva LGM. Meninas na rede: percepções das meninas sobre violência de gênero online. In: Sousa J, Geraldes E, Reis LM, organizadores. Internet e Direitos Humanos no Brasil: cenários e perspectivas. Brasília: Universidade de Brasília; 2019. p. 159-180.,7979 Dragiewicz M, Harris B, Woodlock D, Salter M. Digital media and domestic violence in Australia: essential contexts. J Gend Based Violence 2021; 5(3):377-393.. Esse fator de risco também é identificado internacionalmente8080 McLachlan F, Harris B. Intimate risks: examining online and offline abuse, homicide flags, and femicide. Vict Offender 2022; 17(5):623-646..

A literatura demonstra ainda que a distância física não impede a ocorrência de ameaças digitais. Pesquisas indicam que parceiros do gênero masculino têm feito ameaças graves contra mulheres jovens por telefone, principalmente via mensagens de texto, no Brasil e na Austrália5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295.,6464 Boen MT, Lopes FL. Vitimização por stalking: um estudo sobre a prevalência em estudantes universitários. Estud Fem 2019; 27(2):e50031.. Da mesma forma, ameaças severas também foram relatadas no Norte Global5252 Lucero JL, Weisz AN, Smith-Darden J, Lucero SM. Exploring gender differences: socially interactive technology use/abuse among dating teens. Affilia 2014; 29(4):478-491.,8181 Fernet M, Lapierre A, Hebert M, Cousineau MM. A systematic review of literature on cyber intimate partner victimization in adolescent girls and women. Comput Human Behav 2019; 100:11-25.. No Brasil e na Austrália, meninas adolescentes receberam ameaças de morte e outras ameaças por meio de telefonemas e mensagens de texto4949 Cecchetto F, Oliveira Q, Njaine K, Minayo M. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades Brasileiras. Interface (Botucatu) 2016; 20(59):853-864.,5656 Chung D. Violence, control, romance and gender equality: young women and heterosexual relationships. Women's Studies International Forum 2005; 28(6):445-455.,5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295.,6060 Campeiz AB. A violência nas relações de intimidade entre os adolescentes sob a perspectiva do Paradigma da Complexidade [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2018., muitas vezes em contexto de separação. Por exemplo, a pesquisa de Taylor et al.6464 Boen MT, Lopes FL. Vitimização por stalking: um estudo sobre a prevalência em estudantes universitários. Estud Fem 2019; 27(2):e50031. sobre VPI com adolescentes no Brasil e em Honduras revelou que algumas mulheres jovens (de 14 a 24 anos) foram ameaçadas e controladas por parceiros presos. Essas experiências descrevem a disseminação e a gravidade dos comportamentos de ADN, pois podem ocorrer independentemente da proximidade física6464 Boen MT, Lopes FL. Vitimização por stalking: um estudo sobre a prevalência em estudantes universitários. Estud Fem 2019; 27(2):e50031..

Coerção sexual

A categoria “coerção sexual” se refere a comportamentos que incluem pressionar outras pessoas a enviar imagens de nudez e mensagens sexualmente explícitas ou a se envolver em atos e discussões sexuais por meio de dispositivos digitais ou vídeos ao vivo22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059.. Essa dimensão também abrange a distribuição de fotos de nudez sem permissão (um tipo de ASBI) e o recebimento de imagens de nudez indesejadas de parceiros atuais ou anteriores22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059.. Várias linhas de evidência sugerem que a distribuição de imagens íntimas sem consentimento é a forma de ADN mais documentada na categoria coerção sexual entre jovens no Brasil e na Austrália22 Brown C, Hegarty K. Development and validation of the TAR Scale: a measure of technology-facilitated abuse in relationships. Comput Human Behav 2021; 3(2):100059.,2929 Campeiz AB, Aragão ADS, Carlos DM, Campeiz AF, Ferriani MDGC. Redes sociais digitais: exposição à violência na intimidade entre adolescentes à luz da complexidade. Texto Contexto Enferm 2020; 29:e20190040.,3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.,4848 Reed LA, Conn K, Wachter K. Name-calling, jealousy, and break-ups: teen girls' and boys' worst experiences of digital dating. Child Youth Serv Rev 2020; 108:104607.,4949 Cecchetto F, Oliveira Q, Njaine K, Minayo M. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades Brasileiras. Interface (Botucatu) 2016; 20(59):853-864.,5959 Campeiz AB, Carlos DM, Campeiz AF, Silva JL, Freitas LA, Ferriani MDGC. A violência na relação de intimidade sob a ótica de adolescentes: perspectivas do Paradigma da Complexidade. Rev Esc Enferm USP 2020; 54:e03575.,6060 Campeiz AB. A violência nas relações de intimidade entre os adolescentes sob a perspectiva do Paradigma da Complexidade [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2018.,7373 Henry N, Flynn A, Powell A. Responding to 'revenge pornography': Prevalence, nature and impacts. Canberra: Criminology Research Advisory Council; 2019.

74 França LA, Quevedo JV, Fontes JA, Segatto AJS, Abreu CAF, Santos DR, Vieira LR. Projeto Vazou: pesquisa sobre o vazamento não consentido de imagens íntimas no Brasil. Rev Bras Cienc Crim 2020; 169(28):231-270.
-7575 França LA, Quevedo JV. Project Leaked: research on non-consensual sharing of intimate images in Brazil. Int J Cyber Criminol 2020; 14(1):1-28.,8282 Baker CK, Carreño PK. Understanding the role of technology in adolescent dating and dating violence. J Child Fam Stud 2016; 25(1):308-320.,8383 Holt KM, Holt TJ, Cale J, Brewer R, Goldsmith A. Assessing the role of self-control and technology access on adolescent sexting and sext dissemination. Comput Human Behav 2021; 125:106952.. No Brasil, um estudo sobre violência contra a mulher constatou que 32% das mulheres jovens e 41% dos homens jovens de 16 a 24 anos receberam imagens de uma mulher nua que conheciam; mas 11% das mulheres jovens e 28% dos homens jovens relataram que haviam compartilhado novamente essas imagens6060 Campeiz AB. A violência nas relações de intimidade entre os adolescentes sob a perspectiva do Paradigma da Complexidade [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2018.. Na Austrália, uma pesquisa nacional sobre o ASBI demonstrou que 30,9% das pessoas jovens de 16 a 19 anos foram vítimas do ASBI 8484 Martins APA. Violência no namoro e nas relações íntimas entre jovens: considerações preliminares sobre o problema no Brasil. Genero 2017; 2(1):9-28.. Pessoas jovens também foram mais propensas a vivenciar o ASBI por um parceiro atual ou anterior (30%)8484 Martins APA. Violência no namoro e nas relações íntimas entre jovens: considerações preliminares sobre o problema no Brasil. Genero 2017; 2(1):9-28.. Outro estudo australiano recente sobre “sexting” e distribuição de imagens sexuais entre adolescentes de 13 a 14 anos revela que, enquanto 13,6% relataram receber imagens íntimas, apenas 1,13% relatou divulgá-las sem consentimento8282 Baker CK, Carreño PK. Understanding the role of technology in adolescent dating and dating violence. J Child Fam Stud 2016; 25(1):308-320.. Considerando achados semelhantes, pesquisadoras australianas e brasileiras argumentam que a maioria das pessoas jovens entende “recompartilhar” como uma violação de privacidade7575 França LA, Quevedo JV. Project Leaked: research on non-consensual sharing of intimate images in Brazil. Int J Cyber Criminol 2020; 14(1):1-28.,8585 Henry N, Powell A, Flynn A. Not just 'revenge pornography': Australians' experiences of image-based abuse: a summary report. Melbourne: RMIT University; 2017. e que há necessidade de programas de educação para reforçar esse “senso normativo e ético de privacidade no ‘sexting’”8585 Henry N, Powell A, Flynn A. Not just 'revenge pornography': Australians' experiences of image-based abuse: a summary report. Melbourne: RMIT University; 2017. (p. 538).

Pesquisas sobre o ASBI no Brasil e na Austrália sugerem que a distribuição dessas imagens muitas vezes ocorre após o término ou tentativa de término de um relacionamento4848 Reed LA, Conn K, Wachter K. Name-calling, jealousy, and break-ups: teen girls' and boys' worst experiences of digital dating. Child Youth Serv Rev 2020; 108:104607.,4949 Cecchetto F, Oliveira Q, Njaine K, Minayo M. Violências percebidas por homens adolescentes na interação afetivo-sexual em dez cidades Brasileiras. Interface (Botucatu) 2016; 20(59):853-864.,5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295.,7373 Henry N, Flynn A, Powell A. Responding to 'revenge pornography': Prevalence, nature and impacts. Canberra: Criminology Research Advisory Council; 2019.,7474 França LA, Quevedo JV, Fontes JA, Segatto AJS, Abreu CAF, Santos DR, Vieira LR. Projeto Vazou: pesquisa sobre o vazamento não consentido de imagens íntimas no Brasil. Rev Bras Cienc Crim 2020; 169(28):231-270.,8484 Martins APA. Violência no namoro e nas relações íntimas entre jovens: considerações preliminares sobre o problema no Brasil. Genero 2017; 2(1):9-28.,8686 Albury K, Hasinoff AA, Senft T. From media abstinence to media production: sexting, young people and education. In: Allen L, Rasmussen M, editors. The Palgrave handbook of sexuality education. London: Palgrave Macmillan; 2017. p. 527-545.,8787 Deslandes SF, Silva CVCD, Reeve JM, Flach RMD. Vazamento de nudes: da moralização e violência generificada ao empoderamento. Cien Saude Colet 2022; 27(10):3959-3968.. Essa tendência também foi relatada no Norte Global5151 Aghtaie N, Larkins C, Barter C, Stanley N, Wood M, Øverlien C. Interpersonal violence and abuse in young people's relationships in five European countries: online and offline normalisation of heteronormativity. J Gend Based Violence 2018; 2(2):293-310.,5252 Lucero JL, Weisz AN, Smith-Darden J, Lucero SM. Exploring gender differences: socially interactive technology use/abuse among dating teens. Affilia 2014; 29(4):478-491.. Nesse período, ameaças anteriores de distribuição de imagens íntimas podem ser concretizadas3535 Cavalcanti JG, Coutinho MDPDL, Nascimento AMD, Pinto AVDL. Psychometric properties of the cyber dating abuse questionnaire. Psico-USF 2020; 25(2):285-296.,7373 Henry N, Flynn A, Powell A. Responding to 'revenge pornography': Prevalence, nature and impacts. Canberra: Criminology Research Advisory Council; 2019.,7474 França LA, Quevedo JV, Fontes JA, Segatto AJS, Abreu CAF, Santos DR, Vieira LR. Projeto Vazou: pesquisa sobre o vazamento não consentido de imagens íntimas no Brasil. Rev Bras Cienc Crim 2020; 169(28):231-270.. Isso chama a atenção para a escalada e ocorrência de mais abusos digitais durante esse período crítico.

Outro aspecto significativo da coerção sexual é a compreensão dos meios utilizados para adquirir e distribuir imagens íntimas, e a dinâmica, os impactos e os significados relacionados a esses atos. Em ambos os países, os homens jovens usaram diferentes plataformas para divulgar imagens de mulheres jovens. Por exemplo, pesquisa qualitativa australiana sobre as percepções dos jovens sobre o ADN, envolvendo grupos focais com jovens entre 16 e 24 anos, sugere que homens jovens podem usar o Snapchat para adquirir fotos3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.. Essas fotos foram descritas em estudos do Sul e do Norte como um símbolo de status entre os pares, destacando que alguns jovens usaram essas imagens para afirmar sua masculinidade e ganhar status público e entre seus colegas8787 Deslandes SF, Silva CVCD, Reeve JM, Flach RMD. Vazamento de nudes: da moralização e violência generificada ao empoderamento. Cien Saude Colet 2022; 27(10):3959-3968.. Em contraste, esse estudo australiano indicou que as mulheres jovens mantêm essas imagens privadas3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.. Na Austrália, um trabalho qualitativo recente sobre abuso no namoro entre adolescentes mostrou que meninas adolescentes foram ameaçadas de ter suas fotos compartilhadas por seus parceiros se não apagassem as postagens que fizeram no Facebook5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295.. Embora os participantes jovens nem sempre mencionassem o ASBI, profissionais entrevistadas no estudo mencionaram que a distribuição via Snapchat de imagens íntimas de meninas adolescentes de 12 a 14 anos é comum e devastadora5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295..

Pesquisas com grupos focais com adolescentes do Brasil de 15 a 18 anos descreveram diferentes impactos na distribuição da imagem íntima de meninos e meninas adolescentes7575 França LA, Quevedo JV. Project Leaked: research on non-consensual sharing of intimate images in Brazil. Int J Cyber Criminol 2020; 14(1):1-28.. As imagens dos primeiros foram descritas pelos participantes como uma “propaganda positiva” e status, enquanto impactos severos foram descritos pelas meninas. No Brasil, alguns diretores de escola destacaram que os grupos de Facebook e WhatsApp criados para discutir temas relacionados à escola foram usados ​​como canais para os agressores distribuirem essas imagens8888 Henry N, McGlynn C, Flynn A, Johnston K, Powell A, Scott AJ. Image-based sexual abuse: a study on the causes and consequences of non-consensual nude or sexual imagery. London: Routledge; 2020..

Enquanto estudos quantitativos encontraram resultados mistos sobre a natureza de gênero dessas formas de abuso3535 Cavalcanti JG, Coutinho MDPDL, Nascimento AMD, Pinto AVDL. Psychometric properties of the cyber dating abuse questionnaire. Psico-USF 2020; 25(2):285-296., há um crescente corpo de evidências no Brasil e na Austrália que sugere que o ASBI é baseado no gênero, já que mulheres jovens são sobrerrepresentadas como vítimas desses comportamentos99 Brown C, Sanci L, Hegarty K. Technology-facilitated abuse in relationships: victimisation patterns and impact in young people. Comput Human Behav 2021; 1:106897.,3030 Mackenzie C, Mackay T. 'I just wanted to keep my boyfriend happy': young country women's perceptions of intimate partner violence. Adelaide: The University of South Australia, The Australian Alliance for Social Enterprise; 2019.,5757 Chung D. Making meaning of relationships: young women's experiences and understandings of dating violence. Violence Against Women 2007; 13(12):1274-1295.,7575 França LA, Quevedo JV. Project Leaked: research on non-consensual sharing of intimate images in Brazil. Int J Cyber Criminol 2020; 14(1):1-28.,8282 Baker CK, Carreño PK. Understanding the role of technology in adolescent dating and dating violence. J Child Fam Stud 2016; 25(1):308-320.,8787 Deslandes SF, Silva CVCD, Reeve JM, Flach RMD. Vazamento de nudes: da moralização e violência generificada ao empoderamento. Cien Saude Colet 2022; 27(10):3959-3968.. Essa sobrerrepresentação precisa ser compreendida no contexto da desigualdade de gênero, em que padrões duplos de gênero entrelaçam a dinâmica do ASBI.

Conclusão

Embora as literaturas do Brasil e da Austrália tenham explorado algumas formas de ADN, particularmente o ASBI entre jovens, pouco se sabe sobre o ADN de maneira mais ampla. Há um crescente corpo de pesquisa sobre ADN no Sul Global, no entanto, os estudos contemporâneos de ADN têm sido predominantemente realizados em países do Norte. No geral, esses estudos exploraram experiências de adolescentes com comportamentos de controle, monitoramento e vigilância de ADN; contudo, a intenção e as consequências dessas experiências não são totalmente compreendidas. Esta revisão descreve a proeminência de estudos quantitativos sobre ADN. Há pesquisas limitadas sobre experiências de vitimização por ADN entre adolescentes, particularmente explorando uma ampla gama de comportamentos de ADN, impactos e o contexto dessas experiências, especialmente em países do Sul Global, como Brasil e Austrália. Mais estudos qualitativos entre países são necessários para explorar o ADN como um fenômeno multidimensional em vários países do Sul e coletar dados para fornecer informações sobre experiências de vitimização por ADN, dinâmicas de gênero e outras implicações. Estudos futuros devem ser centrados em jovens e não restringir a investigação de experiências de ADN a instrumentos quantitativos. Nesse sentido, estudos qualitativos entre países devem ser desenvolvidos para compreender as experiências de jovens em seus próprios termos e explorar as dinâmicas de gênero que permeiam as experiências de ADN. Isso nos dará uma visão profunda sobre o ADN e um ponto de partida sólido para compreender, enfrentar e prevenir esse fenômeno.

Agradecimentos

À dra. Laura Vitis, por seu apoio e orientação neste artigo, à dra. Angela Higginson e à dra. Bridget Harris, por seu apoio, e ao dr. Rodrigo Iennaco, por seu apoio na versão deste artigo em português.

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  • Financiamento

    Governo federal australiano, por meio da bolsa de estudos QUT Research Training Program (RTP).
  • ERRATA

    p. 3267
    Onde se lia:
    Pessoas jovens também foram mais propensas a vivenciar o ASBI por um parceiro atual ou anterior (30%)8484 Martins APA. Violência no namoro e nas relações íntimas entre jovens: considerações preliminares sobre o problema no Brasil. Genero 2017; 2(1):9-28..
    Leia-se:
    Trinta por cento das pessoas jovens vivenciaram o ASBI perpetrado por um parceiro atual ou anterior8484 Martins APA. Violência no namoro e nas relações íntimas entre jovens: considerações preliminares sobre o problema no Brasil. Genero 2017; 2(1):9-28..
    p. 3270-3272
    Onde se lia:
    27. Brasil. Lei nº 14.132, de 31 março de 2021.
    28. Acrescenta o art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para prever o crime de perseguição; e revoga o art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais). Diário Oficial da União 2021; 31 mar.
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Editores-chefes:

Romeu Gomes, Antônio Augusto Moura da Silva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    Nov 2023

Histórico

  • Recebido
    22 Dez 2022
  • Aceito
    04 Abr 2023
  • Publicado
    06 Abr 2023
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