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Guia de consulta sobre avaliação psicológica

RESENHA

Guia de consulta sobre avaliação psicológica

Fernando Pessotto1 1 E-mail: fpessotto@yahoo.com.br

Universidade São Francisco, Itatiba, Brasil

Ambiel, R. A. M., Rabelo, I. S., Pacanaro, S. V., Alves, G. A. S. & Leme, I. F. A. S. (Orgs.). (2011). Avaliação Psicológica. Guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo.

A avaliação psicológica é um processo no qual são tomadas decisões acerca de indivíduos ou grupos, portanto, configura-se como prática de grande responsabilidade para o psicólogo. Em razão da complexidade envolvida neste processo se faz necessária uma formação sólida e constante acerca dos testes psicológicos e técnicas pertinentes. Muitas críticas, inclusive, são provenientes da falta desse conhecimento específico ou mesmo da dificuldade na compreensão de termos e textos da área por parte de estudantes e até de profissionais atuantes.

Com o objetivo de viabilizar um conteúdo conciso e de fácil compreensão, os autores abordam os principais temas da área de avaliação psicológica, como sua história, o envolvimento com a estatística, validade, precisão, padronização, normatização e ética. O livro contém 7 capítulos que trazem referências importantes da área bem como apresenta grifos das informações mais relevantes e que buscam sintetizar os assuntos abordados.

No primeiro capítulo, Ambiel e Pacanaro abordam a transição da testagem para a avaliação psicológica. Apresentam as origens e desdobramentos da testagem e de que forma esse caminho, bem como o contexto histórico, influenciaram na adequação ao processo da avaliação psicológica. Destacam ainda os passos referentes à chegada e utilização dos testes no Brasil e os esforços atuais dos profissionais da área e do CFP na contribuição de melhorias e avanços.

O capítulo dois, escrito por Pacanaro e colaboradores, traz o panorama atual dos testes psicológicos no Brasil. Os autores retratam a chegada dos testes no país e e seu desenvolvimento, bem como as críticas recebidas e um descrédito decorrente dessa situação. Destacam então os movimentos que surgiram com a finalidade de melhorar os serviços da área de avaliação psicológica, como a criação da Comissão Nacional sobre os Testes, em 1980, entre outros. Também são citadas as resoluções que regulamentaram a ação profissional, referentes aos laudos e aos instrumentos de avaliação psicológica, dando destaque à Resolução 002/2003 do CFP, que, aprestando requisitos mínimos e obrigatórios para a elaboração e consequente utilização dos testes psicológicos, marca um novo momento para a área, contribuindo para o surgimento do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI).

Ambiel, Andrade, Carvalho e Cassep-Borges retratam, no capítulo três, a relação entre a psicologia e a estatística, informando inicialmente o desconhecimento e a difícil aceitação por grande parte dos estudantes de psicologia e profissionais já formados. Com o objetivo de apresentar conceitos básicos e, ao mesmo tempo, essenciais para um bom desempenho na utilização e compreensão dos testes psicológicos, os autores frisam que não é necessário habilidade para a realização de cálculos e operações complexas, mas sim, compreender seus conceitos e resultados. Para tanto abordam os temas população e amostra, medidas de tendência central e variabilidade, diferenças entre grupos, correlações e análise fatorial. Finalizam o capítulo ressaltando que para uma boa prática do psicólogo, mesmo àqueles que dizem terem optado pela profissão para ajudar às pessoas, este poderá fazer isso de maneira mais qualificada utilizando a estatística.

Dando continuidade à utilização da estatística na psicologia, no capítulo quatro, Valentini e Laros apresentam a Teoria de Resposta ao Item (TRI) como um conjunto de modelos que buscam representar a probabilidade de um sujeito acertar ou não um item de um teste, baseado em parâmetros do item e do nível de habilidade da pessoa no construto avaliado. Os autores destacam dois conceitos que consideram como centrais na TRI, sendo o teta, o nível de habilidade que o sujeito apresenta no construto avaliado e a Curva Característica do Item (CCI), que expressa a probabilidade do sujeito acertar um item em função de seu teta. Salientam ainda que, por meio da CCI, pode-se identificar os três parâmetros utilizados na TRI: (a) acerto ao acaso, (b) discriminação e (c) acerto ao acaso. Relatam ainda sobre os modelos de TRI de um, dois ou três parâmetros e suas principais aplicações, sendo uma delas a definição na escolha dos itens para a composição final de um teste.

O capítulo cinco, escrito por Alves, Souza e Baptista, apresenta os conceitos de validade e precisão de testes psicológicos. Os autores iniciam com um breve resgate dos conceitos, salientando a deficiência no ensino sobre os termos, mesmo tendo eles ganhado mais popularidade em decorrência da maior visibilidade da avaliação psicológica. Em seguida são apresentadas suas definições, subdivisões e alguns procedimentos utilizados na prática na construção de testes psicológicos. Finalizam o capítulo destacando a importância dos conceitos abordados como condição necessária para que um teste apresente bom funcionamento.

Rabelo, Brito e Rego apresentam, no capítulo seis, os conceitos de padronização e normatização. Iniciam salientando que os conceitos estão intimamente ligados às práticas das aplicações e interpretações dos resultados de um teste e que são condições necessárias para assegurar confiabilidade das decisões a serem tomadas. Em seguida apresentam suas definições e finalizam ressaltando a importância de que não basta um teste estar aprovado para o uso para que um processo de avaliação psicológica seja bem sucedido, mas também que seja utilizado de forma correta, assegurando, assim, a confiabilidade nos resultados.

Por fim, no capítulo sete, Pellini e Leme explanam sobre a ética no processo de avaliação psicológica. Referem que o comprometimento ético do psicólogo vai desde a escolha acertada do instrumento a ser utilizado, que deve estar com parecer favorável no SATEPSI e ser adequado à finalidade e contexto a ser aplicado, relatando ainda a necessidade de se observarem os procedimentos específicos descritos nos manuais. Descrevem a importância da devolutiva de um processo de avaliação psicológica no que se refere à linguagem a quem se destina, bem como às considerações pertinentes a serem feitas. Concluem o capítulo sintetizando que a ética deve estar envolvida em todas as etapas do processo de avaliação psicológica.

Além de linguagem simples e, portanto, de fácil compreensão para estudantes e profissionais que não estão habituados aos termos utilizados na área de avaliação psicológica, cada capítulo traz em seu final questões para reflexão que poderão ser utilizadas por professores em salas de aula ou até mesmo para que os profissionais possam verificar sua compreensão sobre o texto. Portanto, esse livro enquadra-se como um referencial para quem deseja esclarecer dúvidas práticas acerca da avaliação psicológica, bem como um caminho inicial para aqueles que desejam seguir no estudo desta área.

Sobre o autor:

Fernando Pessotto é psicólogo e mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco, Itatiba.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      31 Out 2011
    • Data do Fascículo
      Ago 2011
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