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Evidências de Validade do Inventário de Compensação de Young (YCI) para a População do Rio Grande do Sul

Validity Evidence of the Young Compensation Inventory (YCI) for the population of Rio Grande do Sul

Evidencias de Validez del Inventario de Compensación Young (YCI) para la población de Rio Grande do Sul

Resumo

O objetivo deste estudo foi examinar a estrutura fatorial e as evidências de validade do Inventário de Compensação de Young (YCI) para a população do Rio Grande do Sul. Contou-se com a participação de 504 adultos da população geral, com média de idade de 34,2 anos (DP = 12,9). Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Esquemas de Young - Versão Breve (YSQ-S3), a Escala de Avaliação dos Sintomas (SCL-90-R) e o YCI. Os dados foram coletados através de plataforma online. Realizou-se a análise fatorial exploratória, para verificar a distribuição dos itens em fatores comuns, e a validade convergente, com correlação não paramétrica de Spearman com a SCL-90-R e o YSQ-S3. Foram interpretados quatro fatores: Dominação e Manipulação (α =0,85 ω=0,71); Obsessão e Organização (α =0,75 ω=0,75); Rebeldia e Independência (α =0,73 ω=0,69); e Busca de Reconhecimento (α =0,81 ω=0,91). A validade de construto mostrou-se adequada conforme a teoria. Concluiu-se que a versão adaptada apresenta boas propriedades psicométricas.

Palavras-chave:
análise fatorial exploratória; validação; propriedades psicométricas; inventário de compensação de Young; estratégias de enfrentamento

Abstract

This study aimed to examine the factorial structure and evidence of validity of the Young Compensation Inventory (YCI) for the population of the state of Rio Grande do Sul. For this purpose, 504 adults from the general population participated, with a mean age of 34.2 years (SD = 12.9). The instruments used were the Young Schema Questionnaire - Brief Version (YSQ-S3), the Symptom Checklist-90 (SCL-90-R), and the YCI. Data were collected using an online platform. Exploratory factor analysis was performed to verify the distribution of items in common factors, and convergent validity, with a non-parametric Spearman correlation with SCL-90-R and YSQ-S3. Four factors were interpreted: Domination and Manipulation (α = 0.85 ω = 0.71); Obsession and Organization (α = 0.75 ω = 0.75); Rebellion and Independence (α = 0.73 ω = 0.69); and Search for Recognition (α = 0.81 ω = 0.91). The result of construct validity proved to be adequate according to the theory. It was concluded that the adapted version has good psychometric properties.

Keywords:
exploratory factor fnalysis; validation; psychometric properties; Young compensation inventory; coping strategies

Resumen

El objetivo de este estudio fue examinar la estructura factorial y las evidencias de validez del Young Compensation Inventory (YCI) para la población de Rio Grande do Sul. Participaron 504 adultos de la población general, con una edad media de 34,2 años (DS = 12,9). Los instrumentos utilizados fueron el Young Scheme Questionnaire - Versión breve (YSQ-S3), la Escala de Evaluación de Síntomas (SCL-90-R) y el YCI. Los datos se recogieron a través de una plataforma online. Se realizó un análisis factorial exploratorio para verificar la distribución de los ítems en factores comunes, y la validez convergente, con la correlación no paramétrica de Spearman con SCL-90-R y YSQ-S3. Se interpretaron cuatro factores: Dominación y Manipulación (α =0,85 ω=0,71); Obsesión y Organización (α =0,75 ω=0,75); Rebeldía e Independencia (α =0,73 ω=0,69); y Búsqueda de Reconocimiento (α =0,81 ω=0,91). La validez de constructo demostró ser adecuada según la teoría. Se concluyó que la versión adaptada presenta buenas propiedades psicométricas.

Palabras clave:
análisis factorial exploratorio; validación; propiedades psicométricas; inventario de compensación de Young; estrategias de afrontamiento

Introdução

A Terapia do Esquema (TE) nasce em meados da década de 1990, criada por Jeffrey Young. É uma abordagem terapêutica, sistemática e integrativa que, diferentemente da Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) desenvolvida por Aaron T. Beck na década de 1960, enfatiza as origens infantis dos problemas psicológicos (Young, Klosko, & Weishaar, 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .). A TE foi pensada inicialmente para o tratamento de pacientes com transtornos psicológicos crônicos principalmente os com diagnóstico de transtornos de personalidade frequentemente mais difíceis de tratar. A abordagem vem se expandindo enquanto recurso terapêutico integrativo auxiliando na compreensão e na mudança de padrões cognitivos, emocionais e comportamentais, visto que estes podem estar causando sofrimento psicológico. Esses padrões podem impactar nas experiências de formação de identidade e no desenvolvimento de psicopatologias (Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

Uma das propostas de Young et al. (2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .) na TE é que o terapeuta identifique os chamados Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs) do paciente. Os EIDs são estruturas mentais constituídas a partir de necessidades básicas não supridas ou de experiências nocivas vivenciadas, no ambiente familiar e grupo de pares, desde a etapa pré-verbal, passando pela infância e se consolidando na adolescência. Essas estruturas são formadas por padrões de pensamentos, emoções, sensações corpóreas e memórias e, assim que se desenvolvem, passam a atuar como um modelo estável e duradouro se perpetuando ao longo da vida. Os padrões desadaptativos construídos acabam moldando a maneira como o indivíduo percebe a realidade e se relaciona com o mundo, definindo futuros pensamentos, sentimentos e comportamentos (Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

Conforme os EIDs são ativados, os indivíduos tendem a desenvolver diferentes Estilos de Enfrentamento Desadaptativos (EEDs). Essas reações funcionam como mecanismo de defesa ao ambiente hostil para uma sobrevivência saudável e adaptada à realidade. Têm como objetivo fazer com que o indivíduo enfrente e fique adaptado à ativação esquemática para não ter que experimentar as emoções desagradáveis geradas pelo esquema. Na infância, essas estratégias de enfrentamento podem ter sido adaptativas, sendo a única forma que o indivíduo tinha para lidar com situações, entretanto tornam-se desadaptativas à medida que são equivocadamente generalizadas para novos eventos na vida adulta. Embora a realidade se modifique, a tendência do indivíduo é de perpetuar esses comportamentos (Can Gök, 2012Can Gök, Ali (2012). Associated factors of psychological well-being: Early maladaptive schemas, schema coping processes, and parenting styles. (Dissertação de mestrado). Middle east technical university, Çankaya/Ankara, Turquia. Recuperado de: https://etd.lib.metu.edu.tr/upload/12614645/index.pdf
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; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

Assim, os estilos de enfrentamento não são capazes de dar conta das necessidades básicas não supridas, pois trabalham como opositoras à recuperação do esquema. As estratégias utilizadas podem causar alívio momentâneo do sofrimento, pois se afastam da ativação esquemática, mas não funcionam como resolução de longo prazo, porque acabam por reforçar os EIDs. Um estudo que buscou avaliar a associação entre traço de inteligência emocional (TEI), EIDs e estilos de enfrentamento em uma amostra não clínica, identificou que menor TEI está associado à maior probabilidade de enfrentamento mal adaptativo em resposta aos EIDs. Isso significa que a capacidade metacognitiva para regular o estresse e as emoções do indivíduo se relaciona com a preferência por certos estilos de enfrentamento associados a alguns EIDs (Ke & Barlas, 2020Ke, T., & Barlas, J. (2020). Thinking about feeling: Using trait emotional intelligence in understanding the associations between early maladaptive schemas and coping styles. Psychology and Psychotherapy, 93(1), 1-20. doi: 10.1111/papt.12202.
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). Os indivíduos podem usar diferentes estratégias de enfrentamento para lidarem com a mesma ativação esquemática, normalmente estratégias comportamentais, mas, em alguns casos, também podem ser cognitivas e emocionais (Can Gok, 2012Can Gök, Ali (2012). Associated factors of psychological well-being: Early maladaptive schemas, schema coping processes, and parenting styles. (Dissertação de mestrado). Middle east technical university, Çankaya/Ankara, Turquia. Recuperado de: https://etd.lib.metu.edu.tr/upload/12614645/index.pdf
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; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

Segundo Farrell e Shaw (2018Farrell, J. M., & Shaw, I. A. (2018). Experiencing Schema Therapy from the Inside Out A Self-Practice/Self-Reflection Workbook for Therapists. The Guilford Press: New York.), os estilos de enfrentamento têm o objetivo de proteger a pessoa de sentir angústia (como tristeza, ansiedade, raiva, medo). Young (2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .) pontua que existem três maneiras gerais de manifestação dos EEDs correspondentes às respostas básicas que os indivíduos têm quando se sentem ameaçados: Resignação (paralisar), Evitação (fugir) e Hipercompensação (lutar). Nas estratégias de Resignação, o indivíduo aceita um EID partindo do pressuposto de que o esquema é verdadeiro, logo, o indivíduo começa a ceder à ativação do esquema se comportando de maneira a validá-lo e reforçá-lo, repetindo continuamente. Nas estratégias de Evitação, o indivíduo acaba por encontrar maneiras de fugir ou evitar aproximar-se do esquema, ou seja, se o esquema é ativado, a tendência é de se desconectar de qualquer estímulo, repelindo as emoções, cognições e imagens relacionadas ao esquema (Wainer, Paim, Erdos, & Andriola, 2016Wainer, R., Paim, K., Erdos, R., & Andriola, R. (Orgs.) (2016). Terapia cognitiva focada em esquemas: Integração em psicoterapia. Porto Alegre: Artmed.; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

Nas estratégias de Hipercompensação, o indivíduo luta contra o conteúdo do esquema, pensando, sentindo e se comportando de forma exatamente oposta e exagerada, como se o oposto do esquema fosse verdadeiro. Com o uso dessa estratégia, quando o indivíduo é confrontado pela ativação do esquema, tende a contra-atacar, tentando reagir de forma contrária. Embora o uso da estratégia pareça esconder um esquema, não permite que o sujeito aprenda a lidar com sua ativação quando a compensação não funcionar (Wainer et al., 2016Wainer, R., Paim, K., Erdos, R., & Andriola, R. (Orgs.) (2016). Terapia cognitiva focada em esquemas: Integração em psicoterapia. Porto Alegre: Artmed.). Essa estratégia poderia ser considerada uma tentativa parcialmente saudável de lutar contra o esquema, se não fosse exagerada, contudo, o comportamento não costuma ser proporcional à situação, o que tende a levar o sujeito a confirmar e perpetuar seus EIDs (Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .; Rijo, 2009Rijo, D. M. B. (2009). Esquemas mal-adaptativos precoces: Validação do conceito e dos métodos de avaliação. Tese de doutoramento em Psicologia (Psicologia Clínica), apresentada à Fac. de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Recuperado de: http://hdl.handle.net/10316/18486
http://hdl.handle.net/10316/18486...
).

A compensação exagerada de um esquema pode levar ao desenvolvimento de um esquema “compensatório”. Um exemplo disso seria um sujeito com esquema de Fracasso vir a desenvolver um esquema de Padrões Inflexíveis por conta de uma busca exagerada por perfeccionismo, o que o afastaria momentaneamente de uma ativação emocional do sentimento de fracasso, embora disfuncional, pois perpetua o esquema (Wainer et al., 2016Wainer, R., Paim, K., Erdos, R., & Andriola, R. (Orgs.) (2016). Terapia cognitiva focada em esquemas: Integração em psicoterapia. Porto Alegre: Artmed.). Em vista disso, com o intuito de investigar e trabalhar com os pacientes seus Estilos de Enfrentamento Compensatórias, Young (1995Young, J. E. (1995). The Young Compensation Inventory. New York, NY: Cognitive Therapy Centre of New York.) desenvolveu o Young Compensation Inventory (YCI). O YCI é um questionário de autorrelato, composto por 48 itens, que avaliam as estratégias de compensação usadas pelo indivíduo. Para a correção, a pontuação dos itens é somada e os escores mais altos indicam maior frequência do uso de estratégias de compensação esquemática.

Geralmente, os estilos de enfrentamento operam fora da percepção consciente e, por isso, um objetivo da TE é ajudar os clientes a se conscientizarem de seu uso e substituí-los por respostas mais saudáveis e adaptativas para que suas necessidades sejam satisfeitas quando adultos (Farrell & Shaw, 2018Farrell, J. M., & Shaw, I. A. (2018). Experiencing Schema Therapy from the Inside Out A Self-Practice/Self-Reflection Workbook for Therapists. The Guilford Press: New York.). No estudo de Ata (2016Ata, Y. (2016). A longitudinal research aimed at investigating the role of coping styles in the process of change in schema modes. University of Twente Faculty of Behavioral Sciences Master thesis Positive Psychology and Technology.), no qual o objetivo era investigar se as modificações nos estilos de enfrentamento desadaptativos em pacientes com transtornos de personalidade (TP), os resultados demonstraram que os estilos de enfrentamento tiveram diferenças significativas na segunda metade do tratamento, do pré-tratamento ao pós-tratamento e do pré-tratamento ao acompanhamento.

Ainda são escassas as pesquisas que investigam as EEDs na TE com o YCI. Os estudos mais citados investigam as estratégias de compensação em populações clínicas, principalmente em participantes com Transtornos Alimentares (Luck, Waller, Meyer, Ussher, & Lacey 2005Luck, A., Waller, G., Meyer, C., Ussher, M., & Lacey, J. H. (2005). The role of schema processes in the eating disorders. Cognitive Therapy and Research, 29, 717-732. doi: 10.1007/s10608-005-9635-8
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; Sheffield, Waller, Murray, & Meyer 2009Sheffield, A., Waller, G. E. F., Murray, J., & Meyer, C. (2009). Do schema processes mediate links between parenting and eating pathology? European Eating Disorders Review, 17, 290-300. doi: 10.1002/erv.922
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). A versão turca do YCI investigou as propriedades psicométricas em população clínica com ansiedade e depressão e população geral obtendo bons resultados (Karaosmanoğlu, Soygüt, & Kabul 2013Karaosmanoğlu, H. A., Soygüt, G., & Kabul, A. (2013) Psychometric properties of the Turkish Young Compensation Inventory. Clinical Psychology & Psychotherapy, 20, 171-179. doi: 10.1002/cpp.787
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). Na Austrália, uma pesquisa investigou a importância do temperamento na relação entre estratégias de enfrentamento, EIDs e ansiedade social (Mairet, Boag, & Warburton, 2014Mairet, K., Boag, S., & Warburton, W. (2014). How important is temperament? The relationship between coping styles, early maladaptive schemas and social anxiety. International Journal of Psychology & Psychological Therapy, 14(2), 171-189. Recuperado de: https://psycnet.apa.org/record/2014-28671-003
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). Um recente estudo brasileiro com população não clínica da cidade de Campina Grande, na Paraíba, investigou as propriedades psicométricas nessa população e obteve resultados adequados para o YCI (Pereira & Ribeiro, 2019Pereira, H. B., & Ribeiro, K. C. S. (2019). Validação do Inventário de Compensação de Young para a população campinense. Paraíba. (No prelo)).

Devido à falta de pesquisas que investiguem os Estilos de Enfrentamento Compensatórios, o uso do YCI e suas propriedades psicométricas, o presente estudo tem o objetivo de investigar as evidências de validade da versão adaptada do Inventário de Compensação de Young (YCI) na população do Rio Grande do Sul. A relevância desta pesquisa se justifica pela necessidade de um melhor entendimento das estratégias de compensação, buscando aprimorar modelos teóricos explicativos e ampliar a compreensão do construto. Os resultados visam reunir dados para contribuir com intervenções futuras e auxiliar na construção de técnicas de intervenção mais eficazes.

Método

Participantes

Esta pesquisa contou com 504 participantes adultos da população geral, com idade mínima de 18 anos e máxima de 60 anos, 80% residentes do estado do Rio Grande do Sul. Desses participantes, 405 (80,6%) são do sexo feminino e 99 (19,4%) do sexo masculino. A média de idade é de 34,2 (DP = 12,9), com escolaridade predominante de Ensino Superior Incompleto (28,6%), seguido de Pós-Graduação (26,4%), Ensino Superior Completo (23%) e Ensino Médio Completo (8,4%), Mestrado (9,8%), Doutorado (3,8%). Quanto à classe, conforme os Critérios Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa ([ABEP], 2018Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. (2018). Critério de Classificação Econômica Brasil. Recuperado de: http://www.abep.org/criterio-brasil.
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): A (27,4%), B1 (27,2%), B2 (31,6), C1 (11,4), C2 (1,9) e D-E (0,2%).

Instrumentos

Questionário Sociodemográfico

Para coleta de dados sociodemográficos dos participantes, foi construído e utilizado um questionário que continha perguntas quanto ao sexo, idade, escolaridade e classe social, utilizando as diretrizes dos Critérios de Classificação Econômica Brasil (ABEP, 2018).

Inventário de Compensação de Young (YCI)

Young Compensation Inventory ([YCI] Young, 1995Young, J. E. (1995). The Young Compensation Inventory. New York, NY: Cognitive Therapy Centre of New York.) adaptado para a população brasileira por Souza, Damasceno, Ferronatto e Oliveira (no preloSouza, L. H., Damasceno, E. S., Ferronatto, F. G., & Oliveira, M. S. (2019). Adaptação brasileira do Questionário de Esquemas de Young - versão breve (YSQ-S3). (Manuscrito em preparação I)). É um questionário de autorrelato composto por 48 itens que avaliam as estratégias de compensação dos EIDs. Cada afirmação é classificada em uma escala tipo Likert de seis pontos, de 1- “Completamente falso sobre mim” a 6 - “Me descreve perfeitamente”. A pontuação dos itens é somada, sendo o escore máximo possível de 288, assim, os mais altos indicam maior frequência do uso de compensação esquemática. Young (2014Young, J. E. (2014). Schema Therapy Inventories e Related Materials. Version 2.5 New York, NY: Schema Therapy Institute) sugere que, em contextos terapêutico, sejam circulados os itens com pontuações mais altas, de “5” e “6”, pois representam as maneiras pelas quais o paciente compensa as emoções que são relacionadas aos seus esquemas (Young, 1995Young, J. E. (1995). The Young Compensation Inventory. New York, NY: Cognitive Therapy Centre of New York.; Young, 2014Young, J. E. (2014). Schema Therapy Inventories e Related Materials. Version 2.5 New York, NY: Schema Therapy Institute).

Questionário de Esquemas de Young - Versão Breve (YSQ-S3)

O Young Schema Questionnaire ([YSQ-S3] Young, 2005Young, J. E. (2005). The Young Schema Questionnaire - Short Form 3. New York, NY: Cognitive Therapy Centre.) teve sua versão oficial para o Brasil traduzida e adaptada por Souza, Damasceno, Ferronatto e Oliveira (2019Souza, L. H., Tavares, M. E. A. M., Machado, W. L., & Oliveira, M. S. (2019) Propriedades Psicométricas da versão Brasileira do Young Schema Questionnaire - Short Form (YSQ-S3). (Manuscrito em preparação II).), após autorização exclusiva do International Society of Schema Therapy (ISST). O questionário consiste em 90 itens que são classificados em uma escala do tipo Likert de seis pontos (de 1 = “Completamente falso sobre mim” a 6 = “Me descreve perfeitamente”). O instrumento é preenchido por meio do autorrelato quanto a cognições, emoções e comportamentos sobre as relações do indivíduo com pai/mãe e relacionamentos amorosos no último ano. A escala propõe 18 subescalas referentes aos EIDs da TE, agrupadas em cinco domínios esquemáticos. Como cada subscala consiste em cinco itens, a pontuação obtida varia entre 5 e 30 (Young, 2005Young, J. E. (2005). The Young Schema Questionnaire - Short Form 3. New York, NY: Cognitive Therapy Centre.). As subescalas validadas para população brasileira apresentaram fidedignidade, com alfa de Cronbach variando entre 0,74 e 0,94. Foi verificada uma adequada validade convergente com sintomas psicológicos clínicos a partir da correlação entre o escore total do Symptom Checklist (SCL-90) e os EIDs (r = 0.37-0.65) (Souza, Tavares, Machado, & Oliveira, 2019Souza, L. H., Tavares, M. E. A. M., Machado, W. L., & Oliveira, M. S. (2019) Propriedades Psicométricas da versão Brasileira do Young Schema Questionnaire - Short Form (YSQ-S3). (Manuscrito em preparação II).).

Escala de Avaliação dos Sintomas (SCL-90-R)

Symptom Checklist-90 ([SCL-90-R] Derogatis, 1994Derogatis, L. R., & Lazarus, L (1994). SCL-90-R, Brief Symptom Inventory, and matching clinical rating scales. In Maruish, M. E. (Ed.), The use of psychological testing for treatment planning and outcome assessment, 217-248. Hillsdale, NJ, US: Lawrence Erlbaum Associates, Inc.) adaptado para o Brasil por Laloni (2001Laloni, D. T. (2001). Escala de Avaliação de Sintomas- 90-R - SCL-90-R: Adaptação, precisão e validade (Tese de doutorado não publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil. Recuperado de: http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=294.
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) é uma escala de autoavaliação para diagnosticar sintomas psicopatológicos segundo nove dimensões: Somatização, Obsessividade-Compulsividade, Sensibilidade Interpessoal, Depressão, Ansiedade, Hostilidade, Ansiedade Fóbica, Ideias Paranóides e Psicoticismo. Ela possui 90 itens aos quais o respondente indica um grau de intensidade dos sintomas citados, a partir de uma escala do tipo Likert de 5 pontos (0 = Nenhum a 4 = Muito). A fidedignidade na população brasileira é evidenciada pelo alfa de Cronbach das nove dimensões avaliadas: Somatização (α = 0,88); Obsessão e Compulsão (α = 0,85); Sensibilidade Interpessoal (α = 0,82); Depressão (α = 0,86); Ansiedade (α = 0,86); Hostilidade (α = 0,79); Ansiedade Fóbica (α = 0,79); Paranoia (α = 0,75); Psicoticismo (α = 0,85) (Laloni, 2001Laloni, D. T. (2001). Escala de Avaliação de Sintomas- 90-R - SCL-90-R: Adaptação, precisão e validade (Tese de doutorado não publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil. Recuperado de: http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=294.
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).

Procedimentos Éticos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), número do CAAE: 08165219.3.0000.5336. Foram respeitados os aspectos éticos propostos pela Resolução 466 de 12 de dezembro de 2012 (CNS 466/2012). Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) consentindo sua participação.

Procedimento de Coleta

As coletas aconteceram entre março e julho de 2019, por meio de uma plataforma online denominada Qualtrics Survey Software. O recrutamento dos participantes foi feito por conveniência e com divulgação por meio das seguintes redes sociais: site do grupo de pesquisa, Facebook e Instagram. Aqueles que aceitaram participar da pesquisa concordaram com o termo de consentimento online e preencheram os instrumentos citados anteriormente.

Análise de Dados

Em vista de se obter um instrumento validado à população do estado do Rio Grande do Sul, foi realizada uma análise fatorial exploratória com o objetivo de determinar o número de fatores que melhor expliquem o conjunto de variáveis observadas. Os dados coletados passaram por um processo de análise com o Pacote Psych (Revelle, 2015Revelle, W. (2015). Psych: Procedures for Personality and Psychological Research. Northwestern University, Evanston. R package version 1.5.8) do ambiente R, a análise paralela foi utilizada com os métodos de retenção de fatores o método paramétrico (Monte Carlo) e permutação dos valores amostrais. Comparou-se os eingenvalues da matriz empírica e das matrizes simuladas.

A análise fatorial exploratória foi realizada por meio do método de extração dos fatores minimum rank factor analysis (MRFA), foi utilizada uma matriz de correlações policóricas e realizada uma rotação oblíqua. O critério de interpretação dos itens foi ter carga fatorial igual ou maior a 0,3 e medidas de fidedignidade adequadas.

Para a validação de construto, foi realizada uma validade convergente, com correlação não paramétrica de Spearman, correlacionado os quatro fatores do Inventário de Compensação de Young (YCI) e as nove dimensões da Escala de Avaliação dos Sintomas (SCL-90-R), e outra correlação entre o YCI e os dezoito esquemas do Questionário de Esquemas de Young - Versão Breve (YSQ-S3). Para melhor visualização das correlações, foi utilizado um gráfico de calor, usando o pacote Psych. Para interpretação do gráfico de calor, quanto mais vermelho mais negativa e, quanto mais azul, mais positiva a associação entre os fatores.

Resultados

Análise Fatorial Exploratória

Para a análise fatorial exploratória, o índice de fatorabilidade KMO foi de 0,86 considerado alto, o que atesta a fatorabilidade dos dados; o teste de esfericidade de Bartlett foi de 1799.976, p value < 0,001 com grau de liberdade de 1.128, representando que há um número suficiente de correlações entre os itens. Como resultado da análise fatorial exploratória quatro fatores, foram interpretados (Tabela 1) e foram nomeados com base nos construtos da TE: Fator 1- Dominação e Manipulação; Fator 2- Obsessão e Organização; Fator 3- Rebeldia e Independência; e Fator 4- Busca de Reconhecimento. A escala apresentou níveis aceitáveis de consistência interna, alfa de Cronbach ≥ 0,70 para os quatro fatores. Na interpretação dos resultados, o ponto de corte para saturação mínima dos fatores foi de 0,32, seis itens não obtiveram essa pontuação, itens 18, 22, 25, 27, 44 e 46, sendo então não significativos para o escore final. É importante observar que alguns itens pontuam igualmente para dois fatores distintos, devendo ser usados no escore de ambos.

Tabela 1
Estrutura Fatorial do Inventário de Compensação de Young (YCI)

O primeiro fator intitulado “Dominação e Manipulação” é composto por 19 itens, com índice de confiabilidade alfa de Cronbach de 0,85, que é considerado muito bom. Os itens se referem a comportamentos compensatórios com reação exagerada às atitudes dos outros, quando o indivíduo tem o intuito de criticar, corrigir, exigir, manipular, dominar, se vingar ou evitar ser colocado nessas posições pelos outros (Young, 1995Young, J. E. (1995). The Young Compensation Inventory. New York, NY: Cognitive Therapy Centre of New York.; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .). Alguns dos itens com carga fatorial mais altas foram: 1, 2, e 3. Na correção clínica do instrumento, sugere-se a soma da pontuação dos 19 itens, para obtenção do escore total, e este número dividido por 19, resultando na média do fator.

O segundo fator intitulado “Obsessão e Organização” é composto por 10 itens, e o índice de confiabilidade alfa de Cronbach foi 0,75, considerado bom. Os itens desse fator referem-se a comportamentos compensatórios relacionados a controle e ordem, organização, planejamento, tomada de decisões, perfeccionismo, busca por atingir padrões altos e muitas vezes autoimpostos (Young, 1995Young, J. E. (1995). The Young Compensation Inventory. New York, NY: Cognitive Therapy Centre of New York.; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .). Alguns dos itens com maior carga fatorial foram os itens 13, 14 e 15. Para a correção clínica, sugere-se a soma da pontuação dos 10 itens, para obtenção do escore total, e esse número dividido por 10, resultando na média do fator.

O terceiro fator intitulado “Rebeldia e Independência” é composto por 10 itens, o índice de confiabilidade alfa de Cronbach foi de 0,73, considerado bom. Os itens desse fator referem-se a indivíduos com comportamentos compensatórios relacionados ao desrespeito de regras, rebeldia, independência com busca por liberdade e esforço exagerado para se diferenciar dos demais (Young, 1995Young, J. E. (1995). The Young Compensation Inventory. New York, NY: Cognitive Therapy Centre of New York.; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .). Alguns dos itens com maior carga fatorial foram: 29, 30 e 31. Esse fator contém um item com carga fatorial negativa, item 13, e, portanto, deve ser pontuado com escore invertido na correção do instrumento, soma-se a pontuação dos itens e divide-se por 10 para obtenção da sua média.

O quarto fator intitulado “Busca de Reconhecimento” é composto por 11 itens. O índice de confiabilidade alfa de Cronbach é de 0,81, considerado muito bom. Os itens desse fator referem-se a indivíduos que utilizam estratégias de compensação relacionadas com a busca de aprovação e admiração pelos outros, necessidade de ser popular, ter realizações importantes, ser bem-sucedido e possuir riquezas ou benefícios (Young, 1995Young, J. E. (1995). The Young Compensation Inventory. New York, NY: Cognitive Therapy Centre of New York.; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .). Alguns dos itens com cargas fatoriais mais altas foram os 9 e 11. Observa-se que esse fator também contém itens com cargas negativas, sendo os itens 32, 33 e 34, que se referem a comportamentos mais reservados e que seriam, então, opostos à uma busca de reconhecimento pelos padrões sociais. Esses itens devem ser pontuados com escores invertidos na correção do instrumento, onde soma-se a pontuação dos itens e divide-se por 11 para obtenção da sua média.

Na Tabela 1, é apresentada a estrutura fatorial do YCI com a apresentação dos fatores e a divisão dos itens.

Validade de Construto

Foi realizada uma validade convergente, com correlação não paramétrica de Spearman. As correlações buscaram comparar os quatro fatores do YCI e as nove dimensões de sintomas psicopatológicos da SCL-90-R (Figura 1); bem como os quatro fatores do YCI e os dezoito esquemas do YSQ-S3 (Figura 2). Os resultados das correlações são embasados pela teoria, indicando uma validade de construto adequada para o YCI. As correlações com o instrumento SCL-90 foram consideradas baixas ou moderadas, o que era esperado para uma população não clínica, visto que o SCL-90 identifica sintomas psicopatológicos.

Figura 1
Gráfico de Calor da Correlação de Spearman entre YCI e SCL-90.

Nota. YCI = Inventário de Compensação de Young; Dom. e Man. = Dominação e Manipulação; Obs. e Org. = Obsessão e Organização; Reb. e Ind.= Rebeldia e Independência; Bus. de Rec. = Busca de Reconhecimento; SCL90 = Escala de Avaliação dos Sintomas; S = Somatização; O = Obsessividade-Compulsividade. SI = Sensibilidade Interpessoal; D = Depressão; Na = Ansiedade; H = Hostilidade; AF = Ansiedade Fóbica; IP = Ideias Paranóides; P = Psicoticismo.


Figura 2
Correlação de Spearman entre YCI e YSQ-S3.

Nota. YCI = Inventário de Compensação de Young; Dom. e Man. = Dominação e Manipulação; Obs. e Org = Obsessão e Organização; Reb. e Ind. = Rebeldia e Independência; Bus. de Rec.= Busca de Reconhecimento; YSQ = Questionário de Esquemas de Young - Versão Breve (YSQ-S3); PE = Privação Emocional; AI = Abandono/Instabilidade; DA = Desconfiança/Abuso; IA = Isolamento Social/Alienação; DV = Defectividade/Vergonha; F = Fracasso; DI = Dependência/Incompetência; V = Vulnerabilidade ao Dano; E = Emaranhamento; S = Subjugação; A = Autossacrifício; IE = Inibição Emocional; PI = Padrões Inflexíveis; AG = Arrogo/Grandiosidade; AuI = Autocontrole/Autodisciplina Insuficientes; BR = Busca de Reconhecimento; NP = Negatividade/Pessimismo; PP = Postura Punitiva.


O fator Dominação e Manipulação foi o que obteve associações com valores mais altos. As associações mais altas com o SCL-90 foram com Sensibilidade Interpessoal (ϱ = 0,56) que se refere a indivíduos que julgam a si mesmos ou aos outros como inferiores, têm baixa autoconfiança e dificuldades nas interações sociais; e com Hostilidade (ϱ = 0,52) que reflete indivíduos com comportamentos e pensamentos negativos, com sentimentos de raiva e irritabilidade. Quando correlacionado com o YSQ-S3, as maiores associações foram com os esquemas de Desconfiança e Abuso (ϱ = 0,60), onde o indivíduo desconfia das relações, sentindo que as pessoas irão lhe trair, enganar ou machucar; de Arrogo e Grandiosidade (ϱ = 0,55), quando o indivíduo acredita ser superior aos demais, crendo que as regras sociais não se aplicam a ele; e de Negatividade e Pessimismo (ϱ = 0,53) onde o indivíduo tem uma visão negativa e catastrófica da realidade (Laloni, 2001Laloni, D. T. (2001). Escala de Avaliação de Sintomas- 90-R - SCL-90-R: Adaptação, precisão e validade (Tese de doutorado não publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil. Recuperado de: http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=294.
http://www.bibliotecadigital.puc-campina...
; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

O fator Obsessão e Organização não obteve associações significativas com os sintomas do SCL-90. Quanto ao YSQ-S3, apresentou uma associação adequada com o esquema de Padrões Inflexíveis (ϱ = 0,58), em que o indivíduo tende a ser perfeccionista, adotando uma postura crítica com uma busca constante por excelência no desempenho.

O fator Rebeldia e Independência também apresentou associações baixas com o SCL-90. Quanto ao YSQ-S3, apresentou uma associação com o esquema de Arrogo e Grandiosidade (ϱ = 0,34) (Laloni, 2001Laloni, D. T. (2001). Escala de Avaliação de Sintomas- 90-R - SCL-90-R: Adaptação, precisão e validade (Tese de doutorado não publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil. Recuperado de: http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=294.
http://www.bibliotecadigital.puc-campina...
; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

O fator Busca de Reconhecimento, conforme apoiado pela teoria, mostrou associação com o sintoma de Sensibilidade Interpessoal (ϱ = 0,32) em que o indivíduo tem sentimentos de inadequação, inferioridade e baixa autoconfiança, particularmente em comparação com outras pessoas; a associação mais alta foi com o esquema de Busca de Reconhecimento e Aprovação (ϱ = 0,63), o que era esperado para ele, apresentando as mesmas características do comportamento compensatório; e o esquema de Arrogo e Grandiosidade (ϱ = 0,48), quando o indivíduo acredita ser superior aos demais, especial e diferenciado (Laloni, 2001Laloni, D. T. (2001). Escala de Avaliação de Sintomas- 90-R - SCL-90-R: Adaptação, precisão e validade (Tese de doutorado não publicada). Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil. Recuperado de: http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=294.
http://www.bibliotecadigital.puc-campina...
; Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

Discussão

Análise Fatorial Exploratória

Embora a correção do instrumento seja unifatorial, no manual dos questionários da TE, Young (2014Young, J. E. (2014). Schema Therapy Inventories e Related Materials. Version 2.5 New York, NY: Schema Therapy Institute) divide a compensação em seis subtipos mais comuns, de acordo com a observação clínica. Os sub-tipos conforme a teoria são: 1) Agressão e Hostilidade - o indivíduo costuma ter o comportamento de contra-ataque, desafiando, abusando, culpando, atacando ou criticando os outros; 2) Dominação e Autoafirmação excessiva - quando o indivíduo controla os outros por meios diretos para alcançar seus objetivos; 3) Busca de Reconhecimento e Busca de Status - o indivíduo costuma compensar impressionando os outros, buscando ter grandes realizações, status e atenção; 4) Manipulação e Exploração - quando o indivíduo tende a satisfazer suas necessidades por meio de manipulações encobertas, sedução, desonestidade ou trapaceando; 5) Comportamento Passivo-Agressivo e Rebeldia - quando o indivíduo aparenta ser complacente, mas acaba por ser punitivo ou se costuma se revoltar de forma encoberta, procrastinando, ficando emburrado, vingando-se, reclamando ou não cumprindo suas responsabilidades e, por fim; 6) Obsessão e Excesso de Ordem - comportamentos em que o indivíduo mantém a ordem estrita, tem autocontrole rígido e busca a ordem e perfeição, planejando as situações e com necessidade de excessiva rotina ou rituais.

O próprio autor refere que essa divisão é embasada apenas na observação clínica. A presente análise estatística deste estudo resultou em uma divisão em quatro fatores que foram nomeados preservando a teoria da TE: Dominação e Manipulação (19 itens), Obsessão e Organização (10 itens), Rebeldia e Independência (10 itens) e Busca de Reconhecimento (11 itens) (Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

Os achados diferem dos estudos anteriores que avaliaram as propriedades psicométricas do YCI em diferentes populações, na Inglaterra (Luck et al., 2005Luck, A., Waller, G., Meyer, C., Ussher, M., & Lacey, J. H. (2005). The role of schema processes in the eating disorders. Cognitive Therapy and Research, 29, 717-732. doi: 10.1007/s10608-005-9635-8
https://doi.org/10.1007/s10608-005-9635-...
; Sheffield et al., 2009Sheffield, A., Waller, G. E. F., Murray, J., & Meyer, C. (2009). Do schema processes mediate links between parenting and eating pathology? European Eating Disorders Review, 17, 290-300. doi: 10.1002/erv.922
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), na Turquia (Karaosmanoglu et al., 2013Karaosmanoğlu, H. A., Soygüt, G., & Kabul, A. (2013) Psychometric properties of the Turkish Young Compensation Inventory. Clinical Psychology & Psychotherapy, 20, 171-179. doi: 10.1002/cpp.787
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), na Austrália (Mairet et al., 2014Mairet, K., Boag, S., & Warburton, W. (2014). How important is temperament? The relationship between coping styles, early maladaptive schemas and social anxiety. International Journal of Psychology & Psychological Therapy, 14(2), 171-189. Recuperado de: https://psycnet.apa.org/record/2014-28671-003
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) e no Brasil (Pereira & Ribeiro, 2019Pereira, H. B., & Ribeiro, K. C. S. (2019). Validação do Inventário de Compensação de Young para a população campinense. Paraíba. (No prelo)). O estudo de Luck et al. (2005Luck, A., Waller, G., Meyer, C., Ussher, M., & Lacey, J. H. (2005). The role of schema processes in the eating disorders. Cognitive Therapy and Research, 29, 717-732. doi: 10.1007/s10608-005-9635-8
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) com uma amostra clínica de 121 participantes com transtornos alimentares e uma amostra não clínica de 337 participantes, apresentou três fatores com boas propriedades psicométricas: Controle Social (19 itens) (α ≥ 0,80), em que o indivíduo exerce controle sobre situações e demandas sociais, na intenção de evitar o desconforto; Individuação (10 itens) (α ≥ 0,72), o indivíduo tem o comportamentos de se separar de outras pessoas, na intenção de evitar se ativar emocionalmente e acaba por se comportar de forma independente; e Controle Pessoal (4 itens) (α ≥ 0,72), onde o indivíduo exerce controle sobre si mesmo, na intenção de evitar a ativação emocional negativa. A escala apresentou níveis aceitáveis de consistência interna, alfa de Cronbach de > 0,70 para os três fatores e possuem validade discriminante, mostrando diferenças entre os dois grupos.

Sheffield et al. (2009Sheffield, A., Waller, G. E. F., Murray, J., & Meyer, C. (2009). Do schema processes mediate links between parenting and eating pathology? European Eating Disorders Review, 17, 290-300. doi: 10.1002/erv.922
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) investigou a hipótese de que certos processos esquemáticos mediam a relação entre percepções de parentalidade e formas particulares de transtornos alimentares. O grupo clínico composto por 124 participantes mulheres pontuou significativamente mais alto em todos os fatores do YCI do que o grupo feminino não clínico, composto por 353 participantes. Os resultados dos autores são consistentes com as descobertas anteriores de Luck et al. (2005Luck, A., Waller, G., Meyer, C., Ussher, M., & Lacey, J. H. (2005). The role of schema processes in the eating disorders. Cognitive Therapy and Research, 29, 717-732. doi: 10.1007/s10608-005-9635-8
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) e apoiam a confiabilidade e validade da escala.

Comparando os estudos citados com a atual pesquisa e resultados, as diferenças podem decorrer pelo fato de que os outros estudos foram realizados com populações clínicas com transtornos alimentares. Além disso, justificaria a nomenclatura dos fatores relacionados com estratégias compensatórias de controle tanto externo, quanto interno, muito encontradas em indivíduos com esse transtorno. Outras justificativas para as diferenças e divisão dos fatores encontrados seriam o tamanho da amostra, suas características próprias e diferenças culturais entre os países (Luck et al., 2005Luck, A., Waller, G., Meyer, C., Ussher, M., & Lacey, J. H. (2005). The role of schema processes in the eating disorders. Cognitive Therapy and Research, 29, 717-732. doi: 10.1007/s10608-005-9635-8
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; Sheffield et al., 2009Sheffield, A., Waller, G. E. F., Murray, J., & Meyer, C. (2009). Do schema processes mediate links between parenting and eating pathology? European Eating Disorders Review, 17, 290-300. doi: 10.1002/erv.922
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).

Karaosmanoglu, Soygüt e Kabul (2013Karaosmanoğlu, H. A., Soygüt, G., & Kabul, A. (2013) Psychometric properties of the Turkish Young Compensation Inventory. Clinical Psychology & Psychotherapy, 20, 171-179. doi: 10.1002/cpp.787
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) estudaram as propriedades psicométricas da versão turca do YCI, onde 30% de 743 paciente de um centro de atendimento psicoterapêutico foi diagnosticada com transtorno de ansiedade ou depressão. Na análise fatorial exploratória, foram encontrados sete fatores: Busca de Status (6 itens) (α = 0,81); Controle (8 itens) (α = 0,79); Rebelião (5 itens) (α = 0,78); Independência (5 itens) (α = 0,72); Manipulação/Ataque (5 itens) (α = 0,72); Intolerância à Críticas (4 itens) (α = 0,60); e Egocentrismo (2 itens) (α = 0,79).

A análise tem como característica uma divisão maior de fatores e respectiva nomenclatura. Essa interpretação pode ser comparada à do presente estudo. Os seis itens do fator Busca de Status, identificado no estudo citado, estão contidos no fator Busca de Reconhecimento deste estudo; Também, dos cinco itens de Rebeldia, quatro estão contidos no fator Rebeldia e Independência. É importante destacar que o alfa de Cronbach dos fatores de Karaosmanoglu et al. (2013Karaosmanoğlu, H. A., Soygüt, G., & Kabul, A. (2013) Psychometric properties of the Turkish Young Compensation Inventory. Clinical Psychology & Psychotherapy, 20, 171-179. doi: 10.1002/cpp.787
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) variaram de 0,60 a 0,81, indicando níveis aceitáveis de consistência interna; os do presente estudo encontram resultados melhores, variando de 0,73 a 0,85.

Em um estudo mais recente de Pereira e Ribeiro (2019Pereira, H. B., & Ribeiro, K. C. S. (2019). Validação do Inventário de Compensação de Young para a população campinense. Paraíba. (No prelo)), realizado no Brasil, na cidade de Campina Grande, no Estado da Paraíba, os autores também buscaram realizar a análise fatorial exploratória do YCI com uma amostra não clínica de 480 adultos. Foram encontrados quatro fatores com boas propriedades psicométricas: Ordem excessiva/Individualidade com 14 itens (α = 0,79), Busca de Reconhecimento/Manipulação com 14 itens (α = 0,81), Agressão/Hostilidade apresentando oito itens (α = 0,70) e Rebelião com oito itens (α = 0,70). O alfa de Cronbach para os quatro fatores foi considerado bom (α ≥ 0,70). No presente estudo, eram esperados resultados semelhantes, levando em consideração que ambos tratam de uma amostra de população brasileira não clínica. Porém, os resultados mostram uma divisão fatorial distinta desse estudo citado e, por consequência disso, a nomenclatura dos fatores também difere.

Acredita-se que essas diferenças se deem pelo fato de o instrumento ter sido traduzido e adaptado para a língua portuguesa pelos próprios pesquisadores no estudo citado, o que pode resultar em diferenças semânticas em relação ao instrumento utilizado no presente estudo. Outra hipótese é justificada pela diversidade regional e cultural da cidade de Campina Grande, em comparação com uma amostra do Rio Grande do Sul.

As relações entre os EIDs e estratégias de enfrentamento como a compensação podem ser vistas em estudos com populações clínicas. O estudo de Ayranci (2015Ayranci, E. (2015). The predictive roles of perceived social support, early maladaptive schemas, parenting styles, and schema coping processes in well-being and burnout levels of primary caregivers of dementia patients. Graduate School of Social Sciences. Theses. Middle East Technical University. Odtü.) buscou investigar os papéis preditivos de apoio social percebido, EIDs, estilos parentais e estilos de enfrentamento em níveis de bem-estar e burnout de cuidadores de pacientes com demência. Os resultados encontrados foram de que os EIDs tinham correlações com estratégias de enfrentamento de compensação (r = 0,52; p < 0,01) indicando que os participantes com pontuações de esquemas mais altos tendiam a usar mais estratégias de enfrentamento. A pesquisa de Tenore, Mancini e Basile (2018Tenore, K., Mancini, F., & Basile, B. (2018). Schemas, Modes and coping strategies in obsessive-compulsive like symptoms. Clinical Neuropsychiatry, 15(6), 384-392.) buscou investigar o papel de esquemas, modos e estilos de enfrentamento em sujeitos com sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Conforme os resultados, esquemas como Vulnerabilidade ao dano/doença e estilos de enfrentamento foram identificados com alta prevalência na amostra, e a gravidade dos sintomas de TOC foi positivamente associada a esquemas específicos e modos disfuncionais. No presente estudo, pode-se observar conforme os resultados que, mesmo sendo uma amostra de população não clínica, a relação entre o esquema de Vulnerabilidade ao dano/doença e o fator do YCI de Obsessão e Organização obtiveram associação positiva (r = 0,58).

Validade de Construto

Os resultados das correlações realizadas, na comparação entre os fatores do YCI e os fatores identificados por meio do SCL-90, bem como com os EIDs pelo YSQ-S3, ainda que baixas ou moderadas, são embasadas pela teoria da TE. Isso indica uma validade de construto adequada para o instrumento YCI (Young et al., 2008Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do Esquema. Porto Alegre: Artmed .).

Em um estudo usando os mesmos instrumentos psicométricos, Karaosmanoglu et al. (2013Karaosmanoğlu, H. A., Soygüt, G., & Kabul, A. (2013) Psychometric properties of the Turkish Young Compensation Inventory. Clinical Psychology & Psychotherapy, 20, 171-179. doi: 10.1002/cpp.787
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) encontram associações semelhantes às encontradas aqui, na população da Turquia, ainda que a extração dos itens não tenha sido exatamente a mesma, a nomenclatura é próxima o bastante para que seja levado em consideração nesta discussão. Fazendo um comparativo, o estudo turco também encontrou associações positivas importantes entre o fator do YCI, que os pesquisadores denominam de Manipulação, e o fator do SCL-90, Hostilidade (r = 0,38); bem como com os EIDs de Desconfiança e Abuso (r = 0,42), e de Arrogo e Grandiosidade (r = 0,37) do YSQ-S3. O fator do YCI que os pesquisadores denominam Controle, também encontrou uma associação positiva com o EID de Padrões Inflexíveis (r = 0,59) do YSQ-S3. Outro fator do YCI, denominado Rebelião, encontrou uma associação positiva com Arrogo e Grandiosidade (r = 0,63) do YSQ-S3. E, por fim, o fator denominado Status do YCI também encontra uma associação positiva com Busca de Reconhecimento e Aprovação (r = 0,61) do YSQ-S3. Em um estudo que avaliou os EIDs comparados com estilos de enfrentamento em usuários de opioides e estimulantes, foi utilizado o instrumento Young Coping Styles Questionnaire (YCSQ). Foram encontradas diferenças, sendo que, no grupo de dependentes de estimulantes, a compensação teve média acima do normal, bem como em subescalas de estilos de enfrentamento ao utilizarem e se relacionaram com o esquema de padrões inflexíveis (Hosseinifard & Kaviani, 2015Hosseinifard, S. M, & Kaviani N. (2015). Comparing the Early Maladaptive Schemas, Attachment and Coping Styles in Opium and Stimulant Drugs Dependent Men in Kerman, Iran. Addiction and Health, 7(1-2), 30-6.).

Na Austrália, Mairet, Boag e Warburton (2014Mairet, K., Boag, S., & Warburton, W. (2014). How important is temperament? The relationship between coping styles, early maladaptive schemas and social anxiety. International Journal of Psychology & Psychological Therapy, 14(2), 171-189. Recuperado de: https://psycnet.apa.org/record/2014-28671-003
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) investigaram a importância do temperamento na relação entre estratégias de enfrentamento, EIDs e Ansiedade Social. Os instrumentos usados foram Social Interaction and Anxiety Scale (SIAS), Social Phobia Scale (SPS), YSQ-S3, YRAI e YCI. Os pesquisadores descobriram que indivíduos com Ansiedade Social usam muitas estratégias compensatórias. Esses indivíduos costumam ser muito críticos consigo mesmos, tendo uma atenção seletiva a situações de fracasso, acabam por compensar com uma busca por perfeccionismo e tentativa de alcançar altos padrões para evitarem serem vistos com fracassados pelos outros.

Esse estudo usa a distribuição de fatores de Luck et al., (2005Luck, A., Waller, G., Meyer, C., Ussher, M., & Lacey, J. H. (2005). The role of schema processes in the eating disorders. Cognitive Therapy and Research, 29, 717-732. doi: 10.1007/s10608-005-9635-8
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) obtendo Controle pessoal (α = 0,62), Individualidade (α = 0,78), e Controle Social (α = 0,90). No presente estudo, os fatores do SCL-90 relacionados à ansiedade, apresentaram correlações relativamente baixas e apenas são significativas no fator Dominação e Manipulação do YCI (Ansiedade x Dominação e Manipulação = 0,39 e Ansiedade Fóbica x Dominação e Manipulação = 0,34) não indo ao encontro dos achados do estudo citado.

Considerações Finais

Este estudo buscou realizar a análise fatorial exploratória e validade de construto do instrumento YCI. Diante dos achados, conclui-se que a versão adaptada do Inventário de Compensação de Young (YCI) apresenta propriedades psicométricas adequadas, podendo ser usado na população do Rio Grande do Sul, como forma de identificação dos comportamentos compensatórios. Foi possível identificar que a análise exploratória apresentou valores considerados muito bons, obtendo-se uma divisão em quatro fatores que se mostraram suficientes para a organização dos itens da escala. Na validade de construto, o fator Dominação e Manipulação, mesmo que apresentando correlações relativamente baixas, foi o que indicou correlações positivas com mais fatores do SCL-90 e EIDs do YSQ-S3.

Este estudo se mostra de fundamental importância, no sentido de suprimir uma falta de instrumentos atualmente validados para essa população que avaliem o mesmo construto. Essa versão do YCI visa contribuir com o aprimoramento do trabalho de terapeutas e do tratamento de pacientes, bem como auxiliar pesquisadores e estudiosos a ampliar o entendimento das Estratégias Compensatórias na TE. Estudos futuros são recomendados, levando em consideração que esses achados apresentam limitações.

As limitações deste estudo se referem ao tamanho da amostra e a sua característica de ser predominantemente formada de representantes da classe social A e B, universitários e do sexo feminino. Outra limitação a ser considerada é a de que esse é um instrumento de autorrelato e a coleta de dados foi realizada de forma online, o que pode dificultar a compreensão correta dos itens e o foco atencional do respondente. Sugere-se ainda que estudos maiores sejam realizados com populações clínicas específicas, de forma que o instrumento tenha mais investigações quanto à sua validade diante da presença de diagnósticos de transtornos psiquiátricos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Set 2022
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2022

Histórico

  • Recebido
    07 Jul 2020
  • Revisado
    19 Nov 2020
  • Aceito
    19 Fev 2021
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