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Biblioteca como lugar de práticas culturais: uma discussão a partir dos currículos de Biblioteconomia no Brasil

TESES E DISSERTAÇÕES

Biblioteca como lugar de práticas culturais: uma discussão a partir dos currículos de Biblioteconomia no Brasil

SILVEIRA, Fabrício José Nascimento da. Biblioteca como lugar de práticas culturais: uma discussão a partir dos currículos de Biblioteconomia no Brasil. 246f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2007.

Este estudo teve por objetivo discutir as inúmeras relações que se instauram entre a história das bibliotecas, a formação educacional dos bibliotecários (especialmente dos brasileiros) e o universo das práticas culturais humanas. Para tanto, reconstituiu-se parte da história das bibliotecas visando reunir indícios que comprovassem sua funcionalidade como lugar de memória, cultura, educação e leitura, práticas culturais que auxiliam o homem a instituir sentido para o mundo que o cerca. Almejou-se, ainda, descrever o profissional bibliotecário como agente histórico que contribui para o processo de construção social da realidade através da participação ativa em todas as etapas que constituem o ciclo informacional. Para efeito de sustentação teórica, além de definir as práticas culturais como manifestações simbólicas concebidas para se atribuir um olhar interpretativo às coisas do mundo, a presente pesquisa enfatiza que nenhuma delas é completa em si mesma, necessitando, pois, de elementos materiais para adquirirem sentido e visibilidade. De acordo com esta perspectiva, constatou-se que tal materialidade funciona como elemento de ligação histórica entre as práticas culturais e as bibliotecas. Ao interrogar em que medida as bibliotecas, especialmente as bibliotecas públicas, contribuem para que tais práticas se efetivem, o presente estudo trouxe à tona a figura do bibliotecário e rediscutiu os atributos de seu ofício. Para tanto, apresentou-se a imagem do bibliotecário humanista e seu papel de "zelador" dos segredos mantidos por uma biblioteca para, posteriormente, e dando curso à evolução histórica, inserí-lo no conjunto dos Modernos Profissionais da Informação, sujeitos que participam ativamente de todas as etapas do ciclo informacional e travam íntimo contato com as tecnologias da informação. Contudo, o que se pretendia enfatizar era que, independente do contexto histórico em que a localizemos, a profissão de bibliotecário é demarcada por pensar criticamente as atividades de coleta, organização, preservação e disseminação dos signos materiais que dão forma ao nosso patrimônio intelectual. Qual o perfil de bibliotecário que os atuais cursos de Biblioteconomia brasileiros almejam formar?E em que medida seus currículos comportam, em termos práticos e teóricos ,conteúdos relacionados às práticas culturais?Objetivando responder a mais estas duas inquietações, a presente pesquisa efetuou, como recurso metodológico, a análise das grades curriculares de 5 (cinco) cursos de graduação em Biblioteconomia do país com o intuito de identificar as principais diretrizes que norteiam a formação educacional de seus alunos. Esta análise serviu para apontar qual a principal vertente teórico-prática adotada pelo atual sistema de ensino de Biblioteconomia brasileiro e qual o perfil de bibliotecário que dele resulta. Após a análise dos dados tornou-se possível assinalar que o referido sistema optou, e isto é uma característica histórica, por formar profissionais capacitados tecnicamente para o processamento e gestão dos acervos preservados em uma unidade de informação, em detrimento do exercício de capacitá-los a compreender criticamente a importância que seu ofício assume no processo de construção das muitas esferas de atuação humana. Tornou possível, ainda, salientar a importância de novos estudos para a revisão dos parâmetros que norteiam este modelo de formação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Set 2008
  • Data do Fascículo
    Ago 2008
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