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Estudos sobre "Gestão da Informação e do Conhecimento" e "Trabalho" no PPGCI: origens, trajetória e perspectivas futuras

Studies on "Information and Knowledge Management" and "Labor" in the PPGCI: origins, trajectory and future perspectives

Resumo

O presente artigo traça um panorama das pesquisas que se dedicaram ao estudo sobre os temas Gestão e Trabalho no âmbito do PPGCI/UFMG, aqui subdivididas em dois subcampos, a saber: Gestão da Informação e do Conhecimento e Gestão das Unidades de Informação e Relações de Trabalho nos campos da Cultura e da Informação. No que tange à Gestão da Informação e do Conhecimento, desenvolveu-se uma leitura crítica da perspectiva a partir da qual a área vem sendo tratada no âmbito do PPGCI e apontaram-se pesquisas e perspectivas futuras. Essa análise alerta para o fato que ainda existe uma lacuna significativa nos estudos desenvolvidos relacionados à dimensão humana subjetiva do processo de gestão. Considera-se de suma importância foco nas pessoas, mais especificamente, nos aspectos comportamentais, cognitivos, simbólicos e afetivos na interação dessas com os processos organizacionais, políticos e de trabalho. O subcampo de Gestão de Unidades de Informação e Relações de Trabalho nas áreas da Cultura e da Informação tem parte substantiva de seus estudos focados na observação e análise sobre temas essenciais no contexto contemporâneo: a ocupação de postos de trabalho em unidades de informação e similares; a interação entre as demandas sociais e econômicas da ocupação destes postos de trabalho e os sistemas de formação profissional, bem como suas respostas para satisfazer às exigências mencionadas, além de focar o entorno histórico, político e econômico que permeiam essas relações. O presente artigo apresenta, como produto dessa análise, uma proposta de abordagem sobre a gestão e sobre trabalho, no contexto do PPGCI, para os próximos anos.

Palavras-chave:
Gestão da Informação e do Conhecimento; Gestão de Unidades de Informação; Cognição; Dimensões Simbólico-Afetivas da Informação; Trabalho

Abstract

This article presents an overview of the researches that have been devoted to the study on the themes of Management and Labour within the scope of the PPGCI / UFMG, on here subdivided into two subfields, namely: Information and Knowledge Management and Information and Labor Relations in the fields of Culture and Information. With regard to Information and Knowledge Management, a critical reading of the perspective from which the area has been addressed within the scope of the PPGCI has been developed and future research and perspectives were pointed out. This analysis alerts to the fact that there is still a significant gap in the studies developed related to the subjective human dimension of the management process. It is considered of utmost importance to focus on people, more specifically, on the behavioral, cognitive, symbolic and affective aspects in their interaction with the organizational, political and work processes. The Subfield of Information Units Management and Labor Relations in the areas of Culture and Information has a substantive part of its studies focused on observation and analysis on essential themes in the contemporary context: the occupation of jobs in information units and the like; in the interaction between the social and economic demands of the occupation of these jobs and the vocational training systems, as well as their answers to satisfy the mentioned requirements, besides focusing on the historical, political and economic environment that permeate these relations. This article presents, as a product of this analysis, a proposal for a management and labor approach, in the context of the PPGCI, for the coming years.

Keywords:
Information and Knowledge Management; Information Unit Management; Cognition; Symbolic-Affective Dimensions of Information; Labor

1 Antecedentes históricos e conceituais da GIC, no PPGCI

O propósito de traçar uma trajetória das investigações em Gestão da Informação e do Conhecimento (GIC) dentro do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) das suas origens a uma prospecção do que parece estar por vir convoca os autores, obviamente, a buscar sinalizadores que permitam localizar os marcos iniciais para que essa discussão possa ser a mais clara possível. Entre muitas escolhas possíveis, para se pensar o início da GIC nesta instituição, um artigo publicado no número especial sobre Gerência de Recursos Informacionais da Revista da Escola de Biblioteconomia, em 1990, oferece uma excelente alternativa. Nesse artigo, Vieira mostra que o movimento que iria originar o núcleo que iria estruturar os primeiros estudos na área de Gestão da Informação e do Conhecimento teve início no então Curso de Pós-Graduação da Escola de Biblioteconomia, por volta dos anos de 1989.

O trabalho citado remete a uma pesquisa de mercado desenvolvida pelo Curso que deu início ao debate sobre a necessidade de capacitar profissionais a lidar com a informação de uma forma muito específica e, naquele período, ainda pouco explorada: dar suporte a atividades de tomada de decisão em organizações públicas e privadas. Naquele momento, conclui-se que o mercado estava “carente de reais profissionais de informação e especialmente de estrategistas de informação” (VIEIRA, 1990VIEIRA, A. da S. Gerência de recursos informacionais: o advento do futuro? R. Esc. Bibliotecon. UFMG, v. 19, n. esp., p. 159-170, set. 1990., p. 161).

Como desdobramentos dessa pesquisa, algumas ações importantes foram implantadas no âmbito da pós-graduação da então Escola de Biblioteconomia (hoje, Escola de Ciência da Informação) que, à época, se caracterizava por um consolidado mestrado em Administração de Bibliotecas. Nesse contexto, ocorreram a criação de um curso de Gerência de Recursos Informacionais voltado para a formação de estrategistas e profissionais de informação no assessoramento de tomadores de decisão, em organizações públicas e privadas; e a criação de nova área de concentração em informação gerencial, que seria o início da Linha de Pesquisa em Gestão da Informação e do Conhecimento, no âmbito do PPGCI, ora analisada.

A base conceitual do que viria a se constituir, no âmbito da pós-graduação e da graduação da futura Escola de Ciência da Informação, a área gestão da informação e do conhecimento, foi encontrada no conceito de gerência de recursos informacionais (GRI). Blaise Cronin, um dos autores importantes daquele momento, em um artigo conceitual sobre o tema, publicado no número especial da Revista da Escola de Biblioteconomia, de 1990. Segundo o autor, a base da GRI, conceito definido por Robert Taylor em 1960, reside na ideia de que a informação é um recurso organizacional que deve ser gerenciado para dar subsídios à tomada de decisão. Nesse sentido, a informação, desde que devidamente gerenciada, teria valor e potencial para alavancar organizações e proporcionar-lhe vantagem competitiva. Segundo essa perspectiva, que hoje parece óbvia aos leitores, mas que, à época, eram vistas como estranhas à área, as ações de gerenciamento da informação deveriam considerar a administração dos diferentes recursos informacionais e das tecnologias de informação e comunicação das organizações, além, é claro, da prestação de um serviço de informação gerencial que apresentasse significativo valor agregado e que proporcionasse vantagem competitiva às organizações.

Observava-se, já àquela época, ser igualmente fundamental incluir nesse arcabouço teórico a integração entre o humano e as tecnologias de informação e comunicação - estas últimas extremamente valorizadas no contexto em questão - em uma gerência que deveria passar a integrar o ambiente das organizações públicas e privadas. Essa gerência, em tese suprida plenamente por tecnologias de informação e comunicação, teria como funções identificar oportunidades e ameaças a essas organizações, sinalizar necessidade de mudança, possibilitar atualizar o contexto organizacional interno para garantir seu equilíbrio e permanência, além de integrar todos os meios e fontes que integram uma organização como recursos de informação com o objetivo preponderante de subsidiar decisões, em todos os níveis organizacionais (VIEIRA, 1990VIEIRA, A. da S. Gerência de recursos informacionais: o advento do futuro? R. Esc. Bibliotecon. UFMG, v. 19, n. esp., p. 159-170, set. 1990.).

Ainda nesse contexto temporal, surge a noção, enfatizada por Cronin (1990CRONIN, B. Esquemas conceituais e estratégicos para a gerência da informação. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, v. 19, n. 2, p. 195-220, set. 1990.), segundo a qual a informação tem um valor real para a organização, trazendo para o centro das discussões a necessidade da mudança de ponto de vista a respeito da informação, até então tratada como despesa pelas organizações. A ideia de informação como valor determinou, consequentemente, a necessidade de se estabelecer relações entre os insumos de informação e o resultado das ações organizacionais, seja através dos seus produtos, seja nas suas decisões.

Do ponto de vista da capacitação profissional, de acordo com Vieira (1990VIEIRA, A. da S. Gerência de recursos informacionais: o advento do futuro? R. Esc. Bibliotecon. UFMG, v. 19, n. esp., p. 159-170, set. 1990., p. 162), a figura do gestor de informação, do Chief Information Officer (CIO) - toma lugar importante no contexto da área, trazendo características até então pouco discutidas no âmbito da área de informação:

[...] o gerente de recursos informacionais é um estrategista, que deve ter, portanto, a capacidade de captação, compreensão, análise crítica e interpretação da realidade, dentro de uma perspectiva histórica, tal como essa realidade se apresenta, sob a forma de eventos, notícias, ideias, dados ou documentos. Esse gerente deve trabalhar dialeticamente os conteúdos de análise e síntese, mediando a relação entre sua organização e o ambiente. (VIEIRA, 1990VIEIRA, A. da S. Gerência de recursos informacionais: o advento do futuro? R. Esc. Bibliotecon. UFMG, v. 19, n. esp., p. 159-170, set. 1990., p. 162)

Essas características profissionais seriam tomadas, juntamente com o arcabouço teórico, como o ponto de partida para todo o trabalho de formação de pesquisadores na área de gestão da informação e conhecimento que, inicialmente, deu-se no nível do Mestrado.

A criação dessa área também é reforçada com a criação, em 1993, do Núcleo Especializado em Capacitação de Pessoal em Informação Científica e Tecnológica (NECAPITI), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)/Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), que ofereceu, durante alguns anos, o curso de especialização em Gerência de Recursos de Informação para Indústria. O Núcleo, o curso de especialização e outros projetos tinham como objetivo capacitar profissionais para atuarem junto à indústria nacional no fornecimento de informação especializada e necessária para subsidiar decisões de níveis estratégico e tecnológico. A criação do Núcleo Especializado em Capacitação de Pessoal em Informação Tecnológica Industrial (NECAPITI) possibilitou, também, a reunião de professores com formação no campo da gestão.

Outros temas importantes que também contribuíram sobremaneira para o conjunto teórico e de pesquisas tiveram relação com a monitoração ambiental e a inteligência competitiva. Grosso modo, mostram ser necessário que toda organização acompanhe sistematicamente os movimentos do seu ambiente externo. Os gestores devem acompanhar os eventos e tendências do ambiente de negócios no sentido de garantir vantagem competitiva às suas organizações. Para isso, é necessário que sejam obtidas informações do ambiente externo através de práticas sistemáticas de acompanhamento de fontes de informação especializadas. Esses temas tratam, também, da importância da confidencialidade de informações para a definição de estratégias organizacionais, além de ser imperativo ter clareza das necessidades de informação dos gestores responsáveis pelo planejamento e implementação dessas estratégias.

Por volta de 1996, com a criação do curso de doutorado, o curso de pós-graduação recebeu a denominação de Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), e a linha de pesquisa recebeu o nome de Informação Gerencial e Tecnológica (IGT). A linha apresentava, como base teórico-conceitual, as definições de informação gerencial e de informação tecnológica e se dispunha a pesquisar sobre monitoração ambiental, sistema de informação, informação e processo decisório, políticas de informação tecnológica, fontes, produtos e serviços de informação para indústria e negócios e necessidades de informação de gerentes e executivos. Formada por docentes e pesquisadores oriundos de variadas áreas de conhecimento como biblioteconomia, psicologia, administração, ciência da computação e engenharia de produção, a linha de pesquisa considerava, também, as atividades de pesquisa e de capacitação de profissionais e pesquisadores que atuavam em atividades de gerência de informação em organizações tecnológicas, tais como institutos de pesquisa e núcleos de informação tecnológica existentes no país, à época.

Nesse período, o então NECAPITI passa a se chamar Núcleo de Informação Tecnológica e Gerencial (NITEG) e o curso de especialização recebe o nome de Curso de Especialização em Gestão Estratégica da Informação, reafirmando, numa perspectiva mais profissional, a importância das bases de pesquisa e voltando os recursos acumulados durante a sua trajetória para a formação de pessoas para a lida com a informação e o conhecimento no âmbito das organizações.

Ao longo do tempo, alguns aportes teóricos foram importantes para dar consistência às pesquisas dos docentes e discentes integrantes da linha de pesquisa. Choo (1998CHOO, C. W. (Ed.). Information management for the intelligent organization: the art of scanning the environment. Hedford: New Jersey; Learned Informatiion, 1998.), ao descrever as atividades dos gestores como usuários da informação e mostrar as relações das atividades desses atores com a informação e o conhecimento, bem como a sua proposta sobre “arenas de uso da informação”, ofereceu subsídios essenciais às pesquisas da linha.

Choo (2003CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Ed. Senac, 2003.) mostra-se um autor que se dispõe a agregar vários autores em torno de sua obra, contribuindo, de forma didática, para a compreensão de temas e dinâmicas presentes no contexto das organizações públicas e privadas, dispersas pelo volume de textos e autores necessários para a compreensão das atividades organizacionais e a relação com as abordagens e autores que discutem a questão da informação nesses ambientes.

Destaque pode ser dado à abordagem da ecologia da informação, preconizada por Thomas Davenport (1998DAVENPORT, T. Ecologia da informação: porque só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998., p. 11) ao abordar a questão da gestão da informação de forma holística, uma vez que, segundo o autor, “nosso fascínio pela tecnologia fez esquecer o objetivo principal da informação: informar”. A sua proposta de ecologia da informação abrange os valores e as crenças organizacionais, como as pessoas usam a informação e o que, efetivamente, fazem com ela, as questões políticas que podem interferir no fluxo da informação e, por fim, quais sistemas de informação estão disponíveis e são apropriados para a organização. Desta forma, Davenport (1998) amplia a perspectiva do que se discutia sobre informação, como sendo quase sinônimo de tecnologia de informação, para, realmente mostrá-la como um fator que necessita ser gerenciado em todas as esferas organizacionais. Além disso, esse autor vai apresentar uma proposta de definição e de especificidades dos conceitos de dado, informação e conhecimento, conceitos esses que se tornariam importantes para as pesquisas da linha.

Importante ressaltar a discussão em torno do conhecimento e de seu gerenciamento, já presente na administração, ganha força com a proposta de Nonaka e Takeushi (1999NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1999.). Verifica-se um momento definidor para a linha de pesquisa e também para a área no sentido de haver apoiadores e discordantes sobre a possibilidade de gerenciar algo intangível e pessoal como o conhecimento. A proposta da gestão do conhecimento envolve questões de criação, compartilhamento e uso do conhecimento no contexto das organizações e Nonaka e Takeushi (1999) ainda apresentam ainda um modelo de conversão do conhecimento e os conceitos de conhecimento tácito e explícito. A discussão em torno desse tema foi importante para a linha de pesquisa, havendo até mesmo proposta de que a gestão do conhecimento poderia ser uma abordagem “guarda-chuva”, incluindo, também, a gestão da informação, gestão de documentos e aspectos relacionados à codificação e classificação de material registrado. Ao mesmo tempo, houve argumentos contrários à gestão do conhecimento por vários motivos e que seria um modismo ou outra denominação para tratar temas antigos já pesquisados, no âmbito da administração a exemplo da noção de “qualificação” ou mesmo “competência”.

A linha de pesquisa apresenta, neste período, discussão e produção consolidadas a respeito, também, das relações da gestão do conhecimento com as tecnologias da informação e comunicação (TIC) e com as atividades de inovação, políticas de informação, inteligência competitiva e monitoração ambiental, no contexto das organizações públicas e privadas.

Paralelamente à interlocução com essas abordagens teóricas e com as investigações nelas fundamentadas, a linha de pesquisa, desenvolveu outra faceta, também importante, que iria abordar a informação e o conhecimento no contexto organizacional sob o viés das abordagens da cognição e do comportamento humanos e, sobretudo, como aspectos influenciadores, e até mesmo determinantes, para os processos de tomada de decisão nas organizações. Um dos aspectos até então pouco estudados na área diz respeito ao comportamento das pessoas, sobretudo dos decisores, no contexto organizacional. Os estudos até então existentes tratam dos decisores como aqueles que devem ser capazes de gerenciar e utilizar a informação no sentido de fazer com que seja eficaz para as suas decisões. Esses estudos versam sobre quais informações os decisores necessitam e usam ou quais fontes informacionais se utilizam e como as utilizam para que sejam reais subsídios às suas atividades. Uma parte da ideia desses estudos reside em possibilitar a criação de sistemas de informação capazes de responder às demandas de informação dos decisores, capacitando às organizações de estruturas informacionais eficientes para darem suporte às atividades gerenciais, em qualquer nível decisório.

A literatura que trata da gestão da informação e da gestão do conhecimento evidencia a centralidade do decisor, uma vez que ele é aquele que tem a responsabilidade sobre as ações organizacionais como resultado do seu trabalho com relação à informação e ao conhecimento para a vantagem competitiva organizacional. Sob o olhar da ciência da informação, o decisor é o usuário da informação que dá o tom ao processo de gestão da informação, sendo o foco das pesquisas sobre necessidades e uso de fontes de informação. O próprio Choo (1998CHOO, C. W. (Ed.). Information management for the intelligent organization: the art of scanning the environment. Hedford: New Jersey; Learned Informatiion, 1998.) tem um capítulo que discorre sobre os gerentes como usuários de informação. Esses gestores-usuários são aqueles que aprendem, que possuem “mapas cognitivos” e que solucionam problemas no âmbito organizacional. Todos esses termos e mais alguns outros advêm de abordagens cognitivas, oriundas das ciências cognitivas e de suas vertentes tradicionais - cognitivistas e conexionistas - para explicar questões organizacionais e comportamento decisório. O que se observa é a presença massiva de uma base teórica advinda da administração na qual a organização é uma entidade pensante que aprende, que percebe o ambiente, que cria conhecimento e que decide. É dado à organização um caráter antropomórfico.

Em 2002, Borges vai mostrar que todos esses termos e mais alguns outros advêm de abordagens cognitivas, oriundas das ciências cognitivas e de suas vertentes tradicionais - cognitivistas e conexionistas - para explicar questões organizacionais e comportamentos dos decisores. Além disso, a autora discute que Belkin (1990BELKIN, N. J. The cognitive viewpoint in information science. Journal of Information Science, v. 16, p. 11-15, 1990.), Vakkari (1994VAKKARI, P. Library and information science: its content and scope. Advances in Librarianship, v. 18, p. 1-55, 1994.) e Mostafa e Moreira (1999MOSTAFA, S. P.; MOREIRA, W. Referenciais teóricos da área de informação: sobre Isa e Vânia para os professores da ABEBD. Transinformação, Campinas, v. 11, n. 1, p. 16-26, jan./abr. 1999. ) apontam a estreita relação da ciência da informação com as ciências cognitivas através de autores como Taylor, Wersig, Dervin e Brooks, mas que, todos esses autores trazem, ainda, as contribuições da primeira vertente das ciências cognitivas, o cognitivismo.

Entretanto, as ciências cognitivas já se mostravam bastante ampliadas, tratando dos temas da aprendizagem e do comportamento humano a partir de bases filosóficas, biológicas e comportamentais forma muito mais abrangente e que vão mostrar que a questão aprendizagem pela simples transmissão de informação estaria equivocada. Segundo Dupuy (1996DUPUY, J. P. Nas origens das ciências cognitivas. São Paulo: UNESP, 1996.), as ciências cognitivas demonstram, também, que o que se denomina de cognição é muito mais do que a absorção de informação, mas sim, um conjunto de experiências pelas quais o indivíduo transita que englobam emoções, percepções, herança biológica e fatores psíquicos e que, do ponto de vista da gestão organizacional, todos esses fatores atuam nas situações de decisão por parte dos gestores. (VON KROGH; ROSS, 1995VON KROGH, G.; ROSS, J. Organizational epistemology. New York: Martins Press, 1995.; CONCHA; DRECKMAN; MPODOZIS, 1997CONCHA, M. C.; DRECKMANN, A.; MPODOZIS, J. Human beings as social linguistic beings consequences upon the constitution of human productive organizations. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON AUTOPOIESIS. Brazil, 18-21 november 1997. Proceedings... Biology, language, cognition and society. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997. p. 1-25.).

Esses aportes teóricos, dentre outros igualmente importantes, contribuíram para que a linha de pesquisa passasse a ser denominada Gestão da Informação e do Conhecimento (GIC) a partir da reestruturação do PPGCI, ocorrida em 2011:

As atividades de investigação científica da linha Gestão da Informação e do Conhecimento (GIC) se concentram em aspectos gerenciais, tecnológicos e comportamentais relacionados com necessidades, busca e uso da informação e do conhecimento em organizações públicas, privadas ou do terceiro setor. Os temas de interesse dos pesquisadores da linha GIC abrangem os seguintes tópicos: políticas de informação, gestão do conhecimento e inovação, gestão estratégica da informação, inteligência organizacional e competitiva, tecnologias para a gestão da informação e do conhecimento, estado informacional e infoinclusão, orientação e cultura informacionais, avaliação de sistemas de informação organizacionais, cognição em organizações, fontes e serviços de informação para negócios e compartilhamento da informação e do conhecimento. (MINAS GERAIS, 2011, p. 4)

Nos primeiros anos da segunda década dos anos 2000, foi crescendo, dentro dos quadros do grupo de professores que se dedicava à investigação da gestão da informação e do conhecimento dentro do PPGCI uma inquietação. Era, cada vez mais premente, a percepção de que estratégias para o gerenciamento de competências e do comportamento informacional deveriam ser ajustadas para se ajustarem a uma sociedade que foi transformada em “culto à urgência” (AUBERT, 2003AUBERT, N. Le culte de l’urgence: la société malade du temps. Paris: Flammarion, 2003.) - o aumento das demandas por reações rápidas, flagrantemente percebido na sociedade do início do Século XXI. Tendo percebido que as transformações nesse período deslocavam o núcleo da atuação em gestão do conhecimento do campo dos sistemas de informação para o espaço da interação dos seres humanos entre si e com esses sistemas, percebeu-se a existência de poucas possibilidades de formação acadêmica e profissional que fossem capazes de articular as competências para a gestão da interação entre as pessoas e dessas com os sistemas de informação com todo o conhecimento acumulado na área da gestão da informação e do conhecimento durante os seus anos de existência. Era flagrante, ainda, a distância entre a discussão estabelecida no plano teórico e a real adoção dessas ideais na prática organizacional.

O contexto informacional desse momento histórico recente modificava a situação tradicional em que um indivíduo era considerado importante por manter seu desempenho em um ritmo coerente durante um período relativamente longo de tempo, para outra, ainda vigente, em que a excelência de um trabalhador - em qualquer nível - passa a ser medida em pequenos blocos cuja performance passa a ser avaliada em um determinado instante (PAULA, 2012PAULA, C. P. A. de. Proposta de metodologia para a investigação do comportamento de busca informacional e do processo de tomada de decisão dos líderes nas organizações: introduzindo uma abordagem clínica na informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 13., Rio de Janeiro, 2012. Anais... Rio de Janeiro: ANCIB, 2012. p.1-20.; 2013). Essa condição passa a determinar que um trabalhador que “ainda ontem” era avaliado como excelente, “hoje”, em função de sua atuação pontual em um cenário momentâneo, seja avaliado como “sofrível” ou “fraco” - a despeito de todo o seu histórico de contribuições. Esse cenário sugeriu, ainda, uma concepção ilusória de excelência baseada na crença de que sempre é possível fazer o melhor em pouco tempo.

O grupo de professores da GIC percebeu, então, que a diminuição da margem de manobra produzida em decorrência dessa condição conduzia a uma situação onde as decisões passavam a ser permeadas cada vez mais pela interferência da afetividade - em detrimento da racionalidade como, tradicionalmente, poderia ser considerado natural (PAULA, 2012PAULA, C. P. A. de. Proposta de metodologia para a investigação do comportamento de busca informacional e do processo de tomada de decisão dos líderes nas organizações: introduzindo uma abordagem clínica na informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 13., Rio de Janeiro, 2012. Anais... Rio de Janeiro: ANCIB, 2012. p.1-20.; 2013). Nesse cenário, ficava claro que a busca por informações em organizações e a forma como os seus membros se envolvem na utilização e no compartilhamento dessas informações eram radicalmente modificadas. Embora essa percepção fosse compartilhada por pesquisadores de várias outras instituições de ensino, a percepção de que já se tornara fundamental capacitar profissionais possuidores de uma visão aprofundada das teorias e ferramentas de gestão da informação e do conhecimento e, simultaneamente, fossem dotados da sensibilidade para operar com as relações humanas e com a problemática organizacional decorrente delas, ainda não havia saído do campo das intuições silenciosas para o campo da prática.

A consciência dessa lacuna e o desejo de preenchê-la determinou o oferecimento, novamente através do NITEG, do Curso de Especialização em Gestão de Informação e Pessoas. A primeira turma foi oferecida no ano de 2014 com o objetivo amplo de “Oferecer subsídios para a capacitação de profissionais engajados em atividades que envolvam a relação entre pessoas e informações em ambientes corporativos”.

Os anos 2000, com o programa governamental de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), trouxeram para a Escola de Ciência da Informação (ECI) a criação de novos cursos de graduação, além da formação em Biblioteconomia. Com os novos cursos criados, de Arquivologia e Museologia, chegaram à ECI professores e pesquisadores oriundos de áreas afins. O perfil do quadro docente e dos interesses de pesquisa modifica-se, levando à criação do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Organização do Conhecimento (PPGGOC) e à profunda reestruturação do PPGCI.

O partir dessa reestruturação do PPGCI, ocorrida em de 2016, alguns pesquisadores e algumas das temáticas de pesquisa da anterior linha de pesquisa em Gestão da Informação e do Conhecimento são integradas à linha de pesquisa “Usuários, Gestão do Conhecimento e Práticas Informacionais”. A linha de pesquisa em questão tem como pressuposto fundamental compreender os sujeitos em situações de interação com a informação. A parte da descrição da linha que se refere aos aspectos relacionados à área apresenta a seguinte descrição:

[...] compreender e investigar as dinâmicas relacionadas às instituições de informação, às organizações públicas, privadas ou do terceiro setor, bem como às unidades/sistemas de informação - arquivos, bibliotecas, centros de documentação, museus, sistemas de apoio à decisão e afins. Ela inclui ainda aspectos laborais e de gestão, bem como comportamentos relacionados com necessidades, busca e uso da informação e do conhecimento para tomada de decisão - e aos ambientes virtuais. São consideradas como parte dessa investigação as dimensões afetivas, cognitivas, perceptivas e simbólicas das relações entre indivíduos e a informação. (MINAS GERAIS, 2016, p. 13)

Nesta perspectiva, mantêm-se a questão chave da área de estudar as relações da informação com as ações organizacionais e de decisão, verificando-se um aprofundamento de pesquisas relacionadas aos aspectos cognitivos e comportamentais dos gestores. Um aspecto importante e que não pode ser esquecido, refere-se à atuação didática dos docentes do campo nas disciplinas, de temas administrativos e gerenciais, desenvolvidas nos cursos de graduação da ECI

Assim, além dos aspectos cognitivos e comportamentais, os estudos sobre os gestores se aprofundam, no sentido de dar visibilidade a questões abordadas em investigações sobre a cultura organizacional e a importância da influência das crenças pessoais e coletivas sobre as ações organizacionais. Há que se destacar, também, as especificidades dos estudos relacionados à gestão das Unidades de Informação.

Nesta perspectiva, mantêm-se a questão chave da área de estudar as relações da informação com as ações organizacionais e de decisão, verificando-se um aprofundamento de pesquisas voltadas para os aspectos cognitivos e comportamentais dos gestores e relações de trabalho.

2 Gestão da informação e do conhecimento na perspectiva cognitiva e comportamental

As pesquisas desenvolvidas na perspectiva cognitiva contemporânea são escassas na Ciência da Informação. No âmbito dos estudos sobre as organizações e suas características, sobre tudo no que diz respeito aos aspectos relacionados à gestão e decisão, deparamo-nos com estudos que as abordam de diferentes aspectos, como nos mostra Morgan (1996MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.). Dentre esses aspectos, as organizações são vistas como organismos e como cérebros, dentre outros. Na abordagem como cérebro, as organizações são consideradas processadoras de informação, organismos que aprendem, planejam e tomam decisões. Como organismos, as organizações são vistas como sistemas abertos que possuem capacidade de se adaptar ao ambiente para sobreviver.

Grande parte da literatura que subsidia e que estabelece os princípios da gestão da informação e da gestão do conhecimento traze subjacente essas ideias da organização como um cérebro processador de informação e como um organismo que precisa se adaptar ao ambiente para sobreviver. A área da GIC, como já plenamente abordado neste artigo, traz em suas origens, influência significativa das ciências gerenciais. A gestão da informação e do conhecimento tem como premissa básica de que a informação é um fator que deve ser devidamente gerenciado para subsidiar às organizações - na figura de seus decisores - a tomar decisão de forma acertada para garantir a vantagem competitiva. Entretanto, verifica-se que os decisores, que devem ser subsidiados pela informação, não são plenamente estudados em suas características, tarefas, comportamentos e necessidades de informação.

Diante dessas questões, Borges (2002BORGES, M. E. N. A informação e o conhecimento na biologia do conhecer: uma abordagem cognitiva para os estudos sobre inteligência empresarial. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002.) analisou os conceitos de informação e conhecimento na perspectiva da abordagem cognitiva da Biologia do Conhecer de Maturana e Varela (1964MATURANA, H.; VARELA, F. El arbol del conocimiento. Santiago: Editorial Universitaria, 1964. ) abordagem essa que inaugura o movimento das ciências cognitivas contemporâneas, amplamente denominada de cognição situada e incorporada. Para isso, investigou a visão que os decisores e proprietários de pequenas e médias empresas (PME) possuíam a respeito da ação dos fatores do ambiente externo de negócios sobre as suas respectivas organizações.

Uma das principais conclusões foi constatar que, no âmbito da gestão da informação, deve-se considerar o estilo de cada decisor de gerenciar as suas organizações, a forma como eles o fazem, as relações e as interações que estabelecem bem como as suas pré-disposições intrínsecas - emoções e sentimentos presentes nas suas decisões. Essa análise a respeito do decisor torna mais viável e eficaz o trabalho com informação para subsidiar decisões organizacionais.

Além dos resultados da pesquisa e da produção que se estabeleceu em seguida, também foi criado, em 2002, o Grupo de Estudos Cognitivos em Ciência da Informação (GECCI), com produção de textos, teses e dissertações defendidas, bem como o desenvolvimento de novas pesquisas que envolvem docentes e discentes do PPGCI.

Em 2007, Venâncio desenvolveu uma dissertação de mestrado em que investigou o comportamento de busca de informação por decisores, sob a perspectiva da cognição situada. Na pesquisa, são analisadas situações de decisões “ambíguas, equívocas, incertas, frequentes no cotidiano organizacional, especialmente em fases de mudanças, e que repercutem intensamente no desempenho da organização [...]” (VENÂNCIO; NASSIF, 2008VENÂNCIO, L. S., NASSIF, M. E. O comportamento de busca de informação sob o enfoqueda cognição situada: um estudo empírico qualitativo. Ciência da Informação, Brasília, v. 37, n. 1, p. 95-106, jan./abr. 2008., p. 96). A pesquisa teve como foco da investigar como as emoções, histórias pessoais e histórias dos sujeitos, suas histórias pessoais e com o meio determinam o que eles consideram como “informação”, bem como a conduta que assumem para terem acesso a essa informação em situações de decisão (VENÂNCIO; NASSIF, 2008). Os resultados da pesquisa mostram que, a abordagem cognitiva adotada permite conhecer o contexto no qual o indivíduo faz a busca da informação e como se comporta, além de identificar as relações que estabelecem e o que os motiva a estabelecê-las.A abordagem da cognição situada possibilitou investigar, identificar e compreender as emoções presentes nas situações de busca de informação analisadas.

A pesquisa desenvolvida por Leitão (2010LEITÃO, P. C. C. Informação, concorrência e processo decisório em instituições de ensino superior: um estudo sob o enfoque do sensemaking organizacional. 2010. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Belo Horizonte, 2010.) teve como suporte teórico-metodológico a abordagem de sensemaking organizacional e investigou como o uso da informação a respeito da concorrência se transforma em decisão e ação no âmbito das organizações. A abordagem de sensemaking organizacional preconiza que a criação de significado do ambiente é um processo que considera o contexto e o indivíduo com suas experiências e crenças, para se construir novas experiências possíveis e que façam sentido para todo o ambiente organizacional. Os resultados da pesquisa mostram que os eventos relacionados à concorrência determina que as pessoas da organização procurem compreender o que está acontecendo e,que esse processo traz à tona emoções de incerteza, angústia e temor, estabelecendo-se a necessidade de se fazer algo. Os resultados evidenciam que todo esse movimento no qual a organização se vê envolvida em virtude da incerteza causada pelo evento externo, é determinado pela identidade da organização, formada a partir de crenças e valores dos seus membros. Esses resultados prenunciam a necessidade de se aprofundar no estudo das emoções, como também das crenças organizacionais e pessoais nos estudos sobre os decisores, usuários da informação, no âmbito da gestão da informação e do conhecimento.

Mais recentemente, em 2016, Ventura analisou as relações existentes entre o modelo de gestão de pessoas e a disponibilidade para o compartilhamento da informação. Os resultados da pesquisa evidenciam existir uma relação significativa entre o modelo de Gestão de Pessoas praticado e a disponibilidade para o Compartilhamento da Informação. Mais ainda, constatou-se que um Modelo de Gestão de Pessoas apoiado em estratégias de controle tende a dificultar o compartilhamento criando, muitas vezes nas organizações, comportamentos políticos e a utilização de estratégias individuais de uso da informação para o desenvolvimento da carreira e para o alcance de seus objetivos individuais. Nesse sentido, para os entrevistados, identifica-se a crença de que ao se possuir informação, obtém-se mais poder. Os resultados também evidenciaram que o compartilhamento de informação é efetivo entre pessoas que confiam entre si e que possuem relações de amizade (VENTURA; NASSIF, 2016VENTURA, R. C. M. O.; NASSIF, M. E. Gestão de pessoas e suas relações com ocompartilhamento da informação no contexto organizacional. Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v. 26, n. 3, p. 221-234, set./dez. 2016.).

O panorama mostra-nos a necessidade de buscarmos métodos e técnicas das ciências cognitivas, da psicologia - sobretudo da psicologia cognitiva - e das abordagens atuais sobre os estudos de usuários - para que tenhamos condições efetivas de conhecermos os gestores em seus contextos organizacionais e compreendermos a natureza de suas tarefas. Ao mesmo tempo, é imperativo observarmos esses decisores como sujeitos que possuem histórias de vida, crenças e valores - particulares e coletivos, que precisam, também, ser compreendidos. Damásio (2004DAMÁSIO, A. Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.) explica que as crenças definem comportamentos que estão impregnados de emoções e afetos, estabelecidos na infância. Essas crenças tornam-se verdades para o adulto e podem ser tanto positivas, quanto absolutamente limitantes, definindo as experiências e escolhas do sujeito. O que determina uma decisão, de acordo com Simon (1965SIMON, H. A. Administrative behavior: a study of decision-making processes in administrative organizations. New York: Simon & Schuster, 1965.), tem mais relação com as crenças do decisor do que a informação em si, considerando-se o ambiente subjetivo pelo qual perpassa a decisão. A atenção a esse aspecto mostra-se necessário para as pesquisas na área.

3 Os sujeitos, seus comportamentos e suas práticas sob a tônica dos afetos: a abordagem clínica da informação e a valorização do imaginário

Outro momento significativo na trajetória das pesquisas sobre a temática da gestão da Informação e do Conhecimento no PPGCI pode ser inserido na torrente das discussões epistemológicas sobre a Ciência da Informação e, dentro de uma perspectiva evolutiva relacionada ao conceito de interdisciplinaridade, sobre como as pesquisas a respeito das complexidades inerentes do fenômeno da produção de sentido foram se transformando ao longo do tempo.

Esse momento pode ser considerado resultado natural da alteração do conjunto de disciplinas com as quais a CI dialogou ao longo do seu processo de constituição como uma evidência de condição interdisciplinar que a faz passar, de uma ciência preocupada com a recuperação da informação voltada para o subsídio do desenvolvimento de sistemas mais eficientes e intimamente ligada ao contexto do pós-segunda guerra mundial, para uma ciência que tem sua preocupação original ligada à organização e representação ampliada pela inserção no campo social e a preocupação com o impacto das necessidades, comportamentos e práticas informacionais individuais e sociais, estudo da informação (ARAÚJO; PAULA; SILVA, 2017ARAÚJO, E. P. O.; PAULA, C. P. A.; SILVA, A. M. Informação e imaginário: perspectivas interdisciplinares em estudos de usuários. In: ENCONTRO IBÉRICO EDICIC, 8., 2017, Coimbra. Atas... A ciência aberta: o contributo da ciência da informação. Coimbra, 2017. p. 891-899.).

Araújo, Paula e Silva (2017ARAÚJO, E. P. O.; PAULA, C. P. A.; SILVA, A. M. Informação e imaginário: perspectivas interdisciplinares em estudos de usuários. In: ENCONTRO IBÉRICO EDICIC, 8., 2017, Coimbra. Atas... A ciência aberta: o contributo da ciência da informação. Coimbra, 2017. p. 891-899.) compreendem que, juntamente às chamadas disciplinas fundadoras da área (relacionadas à Biblioteconomia e à Documentação), os campos que foram sendo incorporados ao objeto de pesquisa da CI - como a Matemática, a Lógica, a Linguística, a Psicologia, a Tecnologia da Computação, a Pesquisa Operacional, as Artes Gráficas, a Comunicação (BORKO, 1968BORKO, H. Information science. What is it? American Documentation, v. 19, n. 1, p. 3-5, 1968.) e tantos outros - acabaram colocando, diante dos olhos do cientista da informação a complexidade daquilo que, dentro do PPGCI, vem sendo chamado fenômeno infocomunicacional sob uma perspectiva bem mais ampla. Essa amplitude, que conduziu, naturalmente, a uma ampliação das abordagens técnico-científicas e dos procedimentos metodológicos envolvidos nas pesquisas no campo da CI, e fez premente a ampliação da perspectiva das investigações na área e a sua expansão para campos não usuais para a área, como, por exemplo, a antropologia do imaginário e a psicologia do inconsciente, para estabelecer uma tentativa de compreensão da Sociedade da Informação em seus aspectos constitutivos, subjacentes e intrínsecos. Começavam a serem dados os primeiros passos na busca por um inventário de práticas de investigação das dimensões simbólico-afetivas da informação.

A partir das primeiras contribuições de Paula (2012PAULA, C. P. A. de. Proposta de metodologia para a investigação do comportamento de busca informacional e do processo de tomada de decisão dos líderes nas organizações: introduzindo uma abordagem clínica na informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 13., Rio de Janeiro, 2012. Anais... Rio de Janeiro: ANCIB, 2012. p.1-20.; 2013) ao PPGCI - que retomavam os achados de um estudo anterior sobre o uso e compartilhamento de informações nas interações entre os professores do departamento de psicologia de uma instituição de ensino superior pública brasileira - uma nova frente de estudos foi iniciada. Esse estudo original (PAULA, 2005PAULA, C. P. A. O símbolo como mediador da comunicação nas organizações: uma abordagem junguiana das relações entre a dimensão afetiva e a produção de sentido nas comunicações entre professores do departamento de Psicologia de uma instituição de ensino superior brasileira. 2005. Tese (Doutorado em Psicologia Social) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.) identificou alinhamentos entre disposições simbólico-afetivas individuais e coletivas capazes de direcionar as interpretações e o uso dado às informações e que tinha, como resultado, a “produção” de um processo inconsciente de gestão das informações com resultados desagregadores para o processo de gestão do conhecimento na organização e, como um todo, para a gestão da organização. Como base nesses primeiros passos, seguiram-se novos estudos, que serão apresentados, sinteticamente, a seguir.

Araújo (2013ARAÚJO, E. P. O.; PAULA, C. P. A. Abordagem Clínica da Informação e AT-9: investigando o universo da tomada de decisão pela via simbólico-afetiva. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 3, p. 197-217, 2013.), estimulada pelas sugestões de Paula (2012PAULA, C. P. A. de. Proposta de metodologia para a investigação do comportamento de busca informacional e do processo de tomada de decisão dos líderes nas organizações: introduzindo uma abordagem clínica na informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 13., Rio de Janeiro, 2012. Anais... Rio de Janeiro: ANCIB, 2012. p.1-20.; 2013), investigou o processo de busca e uso da informação por bibliotecários catalogadores que estavam envolvidos em atividades decisórias no processo de indexação. Entre os achados do estudo, a autora verificou que as estratégias criadas para cada sujeito ao enfrentar a angústia envolvida no processo de tomada de decisão se originam de uma percepção subjetiva sobre que tipo de desafio esse ato decisório representa. A partir daí, foi possível inferir que a estrutura tomada pelo processo decisório e os critérios adotados em relação às fontes de informação a serem utilizadas no processo seguem um traçado é orientado pelo perfil identificado no delineamento do imaginário dos sujeitos pesquisados.

O estudo de Queiroz (2014QUEIROZ, T. P. O bom filho a casa sempre torna: análise do relacionamento entre a Universidade Federal de Minas Gerais e seus egressos por meio da informação. 2014. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.), buscou identificar os mecanismos do relacionamento entre uma instituição de Educação Superior e seus egressos tomando a informação como fator de aproximação. O estudo concluiu que essa relação se funda em uma base afetiva concebida durante o período de realização do curso e que ela é sustentada pela ocorrência de experiências positivas ao longo dessa interação. Desse modo, o estudo propôs a facilitação de situações para a ocorrência dessas experiências positivas, pré-requisitos para a formação desses laços, através da proposição de um sistema competente de informações que pudesse a vir a ser a materialização desses esforços e que, ao centralizar informações com o propósito de satisfazer, simultaneamente, os egressos e o corpo gerencial da instituição, pudesse facilitar a continuidade dessa relação.

Já o estudo de Sá (2015SÁ, R. M. C. Compartilhamento do conhecimento e o processo de orientação de discentes de pós-graduação stricto sensu. 2015. Dissertação (Mestrado Ciência da Informação) - Escola de Ciência da informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.), buscou alternativas para compreender como acontece o compartilhamento do conhecimento durante as orientações acadêmicas em um programa de pós-graduação stricto sensu de uma universidade federal. O estudo identificou uma série de aspectos subjetivos que norteiam, para além dos esforços racionais dos envolvidos, o processo de orientação de pós-graduandos. Percebeu-se que a necessidade de informação na pesquisa em pós-graduação é movida e sustentada por uma torrente de expectativas, fantasias, afetos e desejos despejados nas relações entre orientador e orientando por esses partícipes e às quais os envolvidos dessas relações buscam atribuir significações a partir do imaginário construído a partir de suas interações.

Antunes (2015ANTUNES, M. L. A. Comportamento informacional em tempos de Google. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.), por sua vez, analisou as percepções que os alunos do ensino médio de uma escola particular experimentavam quando interagiam com a biblioteca dessa instituição e com a ferramenta de busca Google. Os resultados obtidos evidenciaram, entre outras conclusões, que existe um fértil e colorido imaginário sobre a biblioteca, que não se reproduz quando da interação o Google (tratado, muitas vezes, como uma utilíssima expansão de memória, mas sem uma identidade, por assim dizer, orgânica). Essas conclusões sugeriram que seja possível explorar essa rica simbologia para transformar as visitas e a frequência a esse espaço em experiências significativas.

Pedrosa (2017PEDROSA, C. G. A dimensão subjetiva da gestão de bibliotecas universitárias. 2017. Dissertação (Mestrado em Ciencia da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.), por sua vez, investigou processo de tomada de decisão no cotidiano da gestão de bibliotecas de uma universidade federal. O estudo verificou que, embora os desafios relatados pelos gestores das bibliotecas sejam muito semelhantes, a forma como cada um deles lida com essas contingências difere e é moldada pelas experiências amealhadas por cada entrevistado durante sua vida (até chegar ao cargo de gestor). Segundo o estudo, essas decisões seriam tomadas de forma mais intuitiva do que racional. Concluiu ainda que, esse fenómeno ocorreu não somente em situações de urgência, mas em todas as situações nas quais inexistem regras pré-definidas ou de exigências para seu cumprimento.

Rocha (2018ROCHA, J. P. A produção do conhecimento como cognição distribuída: práticas informacionais no fazer científico. 2018. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.) explorou a inter-relação entre práticas informacionais de pesquisadores e a gestão do conhecimento em um grupo de pesquisa de biologia celular e molecular inserido em uma instituição de ciência e tecnologia em saúde de alto poder de inovação e produtividade e, entre outros achados, identificou a importância fundamental da figura do pesquisador-líder no processo de construção da identidade e, posteriormente, da troca de informações e da construção de conhecimentos no grupo de pesquisa estudado.

Essas pesquisas se inserem num cenário que vem, discretamente, se insinuando no cenário mundial da Ciência da Informação, e que Albright (2011ALBRIGHT, K. S. Psychodynamic perspectives in information behaviour. Information Research, v. 16, n. 1, paper 457, 2011. Disponível em: <Disponível em: http://InformationR.net/ir/16-1/paper457.html >. Acesso em: 6 fev. 19.
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) contextualiza como uma necessidade de proposição de novas perspectivas de estudo. A autora destaca que, embora exista uma série de teorias sobre o comportamento informacional, a maioria delas é desenvolvida segundo uma perspectiva cognitiva convencional, enfocando apenas o papel do pensamento e do sentimento conscientes. Esses estudos desconsideram, ainda segundo a autora, as motivações e as emoções subjacentes localizadas, em suas palavras, fora do domínio da consciência. Nesse sentido, Albright (2011) conjectura que, se aproximadamente 90% do pensamento ocorre no inconsciente, então o campo das teorias psicodinâmicas (i.e. das psicologias do inconsciente) torna-se um terreno teórico fértil para investigar o comportamento informacional, sendo os testes projetivos um método que pode ser usado para tal finalidade.

Em face desse cenário é que, em 2017, foi oficializado o Gabinete de Estudos da Informação e do Imaginário (GEDII), que funcionava informalmente desde 2012 e que além das pesquisas acima citadas, produziu diversos artigos, produziu trabalhos em eventos e capítulos de livro. Pode-se descrever, sinteticamente, a atuação do grupo a partir da investigação do campo do comportamento e das práticas informacionais. Em suas ações o grupo tem se dedicado à construção de tratar os fenômenos infocomunicacionais em uma nova abordagem e sob um viés integralizador (contemplando as dimensões social, histórica, cultural e psíquica - sendo que esta última dimensão engloba os aspectos cognitivos, afetivos e perceptivos tanto conscientes quanto inconscientes). Essa vertente de trabalho, denominada pelo grupo Abordagem Clínica da Informação (ACI), pressupõe que esse fenômeno seja analisado em sua dimensão simbólica utilizando o imaginário como o objeto sobre o qual se aplica uma hermenêutica como um veículo para acessar a afetividade que subjaz as decisões e, dessa forma, subjetividade por trás das escolhas - tanto individuais quanto coletivas (PAULA, 2012PAULA, C. P. A. de. Proposta de metodologia para a investigação do comportamento de busca informacional e do processo de tomada de decisão dos líderes nas organizações: introduzindo uma abordagem clínica na informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 13., Rio de Janeiro, 2012. Anais... Rio de Janeiro: ANCIB, 2012. p.1-20.; 2013; ARAÚJO; PAULA, 2013ARAÚJO, E. P. O.; PAULA, C. P. A. Abordagem Clínica da Informação e AT-9: investigando o universo da tomada de decisão pela via simbólico-afetiva. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 3, p. 197-217, 2013.).

4 Gestão das unidades de informação e relações de trabalho nas áreas da cultura e da informação

A temática de pesquisa aqui denominada “Gestão de Unidades de Informação e Relações de Trabalho nas áreas da Cultura e da Informação” reúne um conjunto de estudos desenvolvidos no período de 1998 a 2018, portanto, durante 20 anos. Se a produção quantitativa não é alta, pode-se dizer que, do ponto de vista qualitativo, despertam a atenção alguns dos prêmios recebidos. São estudos que procuram trazer alguma luz, ou solução, para problemas sociais do nosso tempo.1 1 Prêmio CAPES de Tese em Ciências Sociais Aplicadas 1; Prêmio ENANCIB de Tese e Menção Honrosa do Prêmio UFMG de Tese em Ciências Humanas, todos em 2008, recebidos pelo moçambicano Manuel Valente Mangue (2007). Em 2017, a dissertação de mestrado de Thiara S. Alves (2016) recebeu a Menção Honrosa na premiação do V REPARQ- Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia, 2017. Outros prêmios foram também alcançados em algumas edições do ENANCIB, no âmbito do GT6 - Informação, Educação e Trabalho, onde a temática de pesquisa ora abordada tem boa expressão e, igualmente, seus pesquisadores, estando Helena Crivellari entre seus fundadores. Foram melhores trabalhos no GT6: Pena, Crivellari e Neves (2008) referente ao ENANCIB de 2005; Valente e Crivellari (2006); Rosa e Crivellari (2007) e Pena et al. (2014).

No PPGCI, a área temática “Gestão das Unidades de Informação e Relações de Trabalho nas áreas da Cultura e da Informação” nasce, a partir do ano de 1998, tendo como trabalho fundante Crivellari (1998CRIVELLARI, H. M. T. A trama e o drama do engenheiro: mudança de paradigma produtivo e relações educativas em Minas Gerais. 1998. Tese (Doutorado em Ciências Sociais Aplicadas à Educação) - DECISAE/FE/UNICAMP, Campinas, 1998.), estudo sobre a histórica qualificação de engenheiros para a indústria metalúrgica de Minas Gerais e seu desdobramento, o artigo de Crivellari (2003), que aplica, à Ciência da Informação brasileira, o mesmo conceito-chave: relação educativa. Esses estudos geraram importante parceria com Miriam Vieira da Cunha, a saber: Cunha e Crivellari (2008CUNHA, M. V. da, CRIVELLARI, H. M. T. Paradojas de las profesiones de la información en la sociedad del conocimiento. Scire, Zaragoza, v. 12, n. 2, p. 13-26, 2008.) e Crivellari e Cunha (2009), entre outros.

Na perspectiva das dissertações ou teses desenvolvidas no corpo do PPGCI, faz-se aqui uma tentativa de agrupa-las nos seguintes sub-temas, essenciais ao contexto contemporâneo:

4.1 Gestão das unidades de informação

A noção de Unidade de Informação, aqui adotada, baseia-se em Guinchat e Menou (1994GUINCHAT, C.; MENOU, M. Introdução geral às técnicas da informação e documentação. Brasília: IBICT, 1994., p. 333). São “[...] organismos especializados nas atividades de informação que privilegiam [...] a descrição de conteúdo dos documentos, a extração e o tratamento de dados e a difusão da informação.” Tais como: arquivos, bibliotecas, museus, centros de documentação, centros de informação, e assemelhados.

Alguns estudos foram agrupados neste grupo temático. Sobre bibliotecas universitárias: Mangue (2007MANGUE, M. V. Consolidação do processo de informatização em sistemas de bibliotecas universitárias da África do Sul, Brasil e Moçambique. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.), Pena (2015PENA, A. S. Reflexões críticas sobre aspectos produtivos e do trabalho na biblioteca universitária em tempos de crise: comparação entre Brasil, Espanha e Moçambique. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.), Sima (2015SIMA, A. M. A contribuição da biblioteca do IFMG - Campus Bambuí - para o desenvolvimento local e regional. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.); museus: Santos (2011SANTOS, V. C. R. Gestão, informação e comunicação museológica: um estudo comparativo entre pequenos e médios museus brasileiros e franceses. 2011. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011 . Disponível em: ,Disponível em: ,http://hdl.handle.net/1843/ECIC-8SNHWV >. Acesso em: 6 fev. 2019.
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); arquivos e museus: Alves (2016); centros de cultura: Amaral (2008AMARAL, R. P. Políticas públicas de inclusão digital: estudos de caso em centros de cultura da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências da Informação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. ); centro de informação: Amorim (2003AMORIM, E. G. F. Informação e e-Governo na saúde: estudo de caso sobre o portal do Ministério da Saúde. 2003. Dissertação (Mestrado em Ciências da Informação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003.); arquivo jurídico: Rosa (2007ROSA, R. C.; CRIVELLARI, H. M. T. Caracterização do trabalho bibliotecário no campo jurídico em Belo Horizonte. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 8., 28 a 31 de outubro de 2007, Salvador. Anais... Salvador: ANCIB, 2007. p. 1-14. Disponível em: <Disponível em: http://www.enancib.ppgci.ufba.br/artigos/GT6--241.pdf >. Acesso em: 6 fev. 2019.
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).

Do ponto de vista metodológico, usou-se em várias pesquisas as comparações internacionais. O método comparativo é importante para refletir e diferenciar a situação de trabalho em cada país. O que é universal? O que diz respeito à especificidade local? Existem soluções que podem ser compartilhadas? O método comparativo (SARTORI; MOLINO, 1994SARTORI, G.; MOLINO, L. La comparación en las ciencias sociales. Madrid: Alianza, 1994. ) foi, também muito aplicado na comparação entre as profissões abarcadas no grande título: “profissionais da informação”, a saber: bibliotecários, documentalistas, analistas da informação, arquivistas, museólogos, que nem sempre se reconhecem sob esta chancela.

Usaram-se, também, os métodos qualitativos. Em verdade, um elemento-chave é que o problema do emprego vai além da determinação quantitativa. Os métodos qualitativos são fundamentais para identificar outras fontes de problemas, por exemplo: questões simbólicas, como o prestígio da profissão ou da escola (BOURDIEU, 1989BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.); qualidade das relações de trabalho (BOYER, 1990BOYER, R. Teoria da regulação: um balanço crítico. São Paulo: Nobel, 1990.; CASTEL, 1998CASTEL, R. Metamorfoses do trabalho. In: FIORI, J. L. et al. Globalização: o fato e o mito. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1998.); qualidade do emprego: saúde física e mental (DEJOURS, 1992DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez, 1992.); políticas institucionais (WEBER, 1999WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: UNB, 1999.).

4.2 Relações de trabalho

Na perspectiva dos estudos aqui enfocados, a gestão de unidades de informação e/ou de organizações de produção cultural ou de bens e serviços, em geral, precisa ser pensada no contexto social, histórico, político, econômico, ambiental, ou seja, na dimensão macroestrutural em que se encontra a unidade produtiva em questão. As relações de trabalho precisam ser pensadas a partir das categorias abaixo mencionadas:

a) Ocupação dos postos de trabalho, também chamada “mercado de trabalho”: sobre esse tema, o primeiro trabalho foi Pena (2007PENA, A. S. A evolução do mercado de trabalho formal do profissional da informação no Brasil: um estudo a partir da RAIS/MTE, 1985 a 2005. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.) que, usando as bases de dados Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho (MTE), estudou 20 anos (1985-2005) de evolução do mercado de trabalho bibliotecário. O estudo identifica que a maioria dos postos de trabalho estão nas bibliotecas universitárias, e que o emprego bibliotecário brasileiro é, em geral, público. Outro trabalho fundamental é Oliveira (2012OLIVEIRA, J. L. R. Estudo comparado entre bibliotecários, contadores e analistas de tecnologia da informação: processo de profissionalização e seu efeito na formação, atuação e reconhecimento profissional. 2012. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2012.), um estudo comparado entre o mercado de trabalho brasileiro para bibliotecários, contadores e analistas de tecnologia da informação. Em Alves (2016) teremos uma comparação entre arquivistas e museólogos, baseado na RAIS/MTE e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)/Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo de Rosa (2007ROSA, R. C.; CRIVELLARI, H. M. T. Caracterização do trabalho bibliotecário no campo jurídico em Belo Horizonte. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 8., 28 a 31 de outubro de 2007, Salvador. Anais... Salvador: ANCIB, 2007. p. 1-14. Disponível em: <Disponível em: http://www.enancib.ppgci.ufba.br/artigos/GT6--241.pdf >. Acesso em: 6 fev. 2019.
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) aprofunda uma área específica do emprego bibliotecário, o setor jurídico. Pena, Crivellari, Moreiro-González e Valente (2014) fizeram uma comparação internacional entre Brasil, Espanha e Moçambique, também referente ao emprego bibliotecário.

Os estudos mencionados salientam o crescimento de tarefas de terceirização (outsourcing), que são cada vez mais precárias e menos protegidas. Identificam desestabilização do trabalho estável; crescimento do trabalho temporário e um número significativo de pessoas que poderiam ser chamados de "excedentes". Isso ocorre já há alguns anos na Espanha. Por outro lado, até quando se escreveu o presente artigo (2018), o emprego bibliotecário brasileiro continua crescente e com acentuada força no setor público. Já o estudo de Alves (2016) mostra estabilidade para arquivistas e sinais de insegurança nos procedimentos para a contratação do trabalho dos curadores de museus brasileiros.

b) Sistema de formação profissional: as respostas dos sistemas educativos para satisfazer as exigências do “mercado de trabalho” local constituem o objeto de estudo em Crivellari (1998CRIVELLARI, H. M. T. A trama e o drama do engenheiro: mudança de paradigma produtivo e relações educativas em Minas Gerais. 1998. Tese (Doutorado em Ciências Sociais Aplicadas à Educação) - DECISAE/FE/UNICAMP, Campinas, 1998.) sobre os engenheiros na região mínero-metalúrgica de Minas Gerais, que se baseou na noção de “relação educativa”, de Boyer e Caroli (1993BOYER, R.; CAROLI, E. Changement de paradigme productif et rapport éducatif. (ronéotipé). Paris: CEPREMAP, oct. 1993.). Oliveira (2012OLIVEIRA, J. L. R. Estudo comparado entre bibliotecários, contadores e analistas de tecnologia da informação: processo de profissionalização e seu efeito na formação, atuação e reconhecimento profissional. 2012. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2012.) reafirma os pressupostos do estudo anterior, por meio de estudo comparado sobre a profissionalização e seus efeitos na formação brasileira para bibliotecários, contadores e analistas de tecnologia da informação, observando os respectivos processos de ação, atuação e reconhecimento profissional. O estudo de Oliveira (2012), centrado em Weber (1999WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: UNB, 1999.), analisa o sistema de formação que relaciona o posto de trabalho à função exercida no corpo das organizações burocráticas, sendo esta a origem da profissionalização que exige uma formação específica. No estudo de Oliveira, essa situação se aplicaria aos bibliotecários e contadores brasileiros e não aos analistas de informação, o que implicaria para os últimos em maior precariedade das relações de emprego e trabalho.

Crivellari e Moreiro-González (2017CRIVELLARI, H. M. T.; MOREIRO-GONZÁLEZ, J. A. Formação e exercício profissional no campo da biblioteconomia e documentação na Espanha: a visão de professores e pesquisadores. In: ENCONTRO IBÉRICO EDICIC, 8., 20 a 22 de novembro de 2017, Coimbra. Atas... A ciência aberta: o contributo da ciência da informação. Coimbra, 2017. P. 606-614. Disponível em: <Disponível em: http://sci.uc.pt/eventos/atas/comunicacoes/edicic2017/edicic2017_606_614.pdf >. Acesso em: 6 fev. 19.
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) mostram que, diferentemente do que ocorre no Brasil, a história da formação e atuação dos bibliotecários espanhóis aponta para a desregulamentação da profissão. O próximo item complementa essa discussão.

c) Relações sociais que permeiam a ocupação dos postos de trabalho e questões sobre a regulamentação: Cunha e Crivellari (2004CUNHA; M. V.; CRIVELLARI, H. M. T. O mundo do trabalho na sociedade do conhecimento e os paradoxos das profissões da informação. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). Atuação profissional na área de informação. São Paulo: Polis, 2004. p.39-54.) analisam as interligações e as disputas jurisdicionais que ocorrem entre os campos profissionais ou ocupacionais, que atuam na chamada “sociedade da informação”. O artigo baseia-se na discussão de Abbott (1988ABBOTT, A. The system of professions. Chicago: The University of Chicago Press, 1988.), para quem o conjunto das profissões forma um sistema, onde dividem espaços mais ou menos legitimados de acordo com o poder que exerce cada uma delas. O artigo baseia-se também em Bourdieu (1989BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.), que faz a análise sobre a “gestão dos nomes”, uma gestão da raridade material de um grupo profissional e, portanto, um objeto de lutas, já que a entrada em uma profissão dotada de um título é quase sempre subordinada à posse de um título escolar, conforme vimos em Oliveira (2012OLIVEIRA, J. L. R. Estudo comparado entre bibliotecários, contadores e analistas de tecnologia da informação: processo de profissionalização e seu efeito na formação, atuação e reconhecimento profissional. 2012. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2012.), citando M. Weber. No caso brasileiro, o problema foi agudizado no processo de construção da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), versão 2002. Como parte dos estudos deste campo temático do PPGCI, temos a premiada dissertação de Alves (2016), abordando as idiossincrasias resultantes de agruparem-se Arquivistas e Museólogos sob a mesma “família ocupacional” da CBO. Como resultado, tem-se a inviabilidade de produzir estudos quantitativos sobre as duas profissões, já que as estatísticas públicas são assentadas sob o mesmo sistema classificatório de ocupações.

Um aspecto importante e sutil das relações sociais do campo, foi analisado na dissertação de Rosa (2007ROSA, R. C.; CRIVELLARI, H. M. T. Caracterização do trabalho bibliotecário no campo jurídico em Belo Horizonte. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 8., 28 a 31 de outubro de 2007, Salvador. Anais... Salvador: ANCIB, 2007. p. 1-14. Disponível em: <Disponível em: http://www.enancib.ppgci.ufba.br/artigos/GT6--241.pdf >. Acesso em: 6 fev. 2019.
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) que, também baseada em Bourdieu, mostra a luta de poder simbólico entre Bibliotecários e Juristas em bibliotecas ou serviços de informação jurídicos.

O problema da (des)regumentação do trabalho parte dos estudos de Robert Castel (1998CASTEL, R. Metamorfoses do trabalho. In: FIORI, J. L. et al. Globalização: o fato e o mito. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1998.) sobre a “Sociedade Salarial” e as metamorfoses do trabalho, prevalecentes nos trinta anos após a segunda grande guerra e o processo de paulatina decomposição dos direitos trabalhistas adquiridos por meio de lutas e pela presença ativa de sindicatos e associações de trabalhadores. Uma das principais características do fenômeno da reestruturação produtiva, ainda em curso, é a forte presença do capitalismo financeiro internacional globalizado confrontando a proteção ao trabalho, anteriormente constituída (CRIVELLARI; CUNHA, 2004CUNHA; M. V.; CRIVELLARI, H. M. T. O mundo do trabalho na sociedade do conhecimento e os paradoxos das profissões da informação. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). Atuação profissional na área de informação. São Paulo: Polis, 2004. p.39-54.). Os problemas da desregulamentação das profissões da informação foram discutidos nas teses de doutorado de Oliveira (2012OLIVEIRA, J. L. R. Estudo comparado entre bibliotecários, contadores e analistas de tecnologia da informação: processo de profissionalização e seu efeito na formação, atuação e reconhecimento profissional. 2012. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2012.) e na tese de Vianna (2012VIANNA, J. A. O trabalho mediado por TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação - e seus efeitos sobre o trabalhador. 2012. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2012.), aplicados a diferentes atores sociais.

d) Contexto histórico, político e econômico que permeiam essas relações: os exemplos mais evidentes dessa dimensão de análise, que ocorre não apenas no enfoque sobre as infraestruturas de produção, mas no esforço de correlaciona-las ao plano superestrutural, encontram-se nos estudos de Mangue (2007MANGUE, M. V. Consolidação do processo de informatização em sistemas de bibliotecas universitárias da África do Sul, Brasil e Moçambique. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.), Pena (2015PENA, A. S. Reflexões críticas sobre aspectos produtivos e do trabalho na biblioteca universitária em tempos de crise: comparação entre Brasil, Espanha e Moçambique. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.) e Crivellari; Moreiro-González (2017CRIVELLARI, H. M. T.; MOREIRO-GONZÁLEZ, J. A. Formação e exercício profissional no campo da biblioteconomia e documentação na Espanha: a visão de professores e pesquisadores. In: ENCONTRO IBÉRICO EDICIC, 8., 20 a 22 de novembro de 2017, Coimbra. Atas... A ciência aberta: o contributo da ciência da informação. Coimbra, 2017. P. 606-614. Disponível em: <Disponível em: http://sci.uc.pt/eventos/atas/comunicacoes/edicic2017/edicic2017_606_614.pdf >. Acesso em: 6 fev. 19.
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).

A premiada tese de Manuel Mangue (2007MANGUE, M. V. Consolidação do processo de informatização em sistemas de bibliotecas universitárias da África do Sul, Brasil e Moçambique. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.) trata-se de em estudo comparativo entre bibliotecas universitárias de alguns países em desenvolvimento (Brasil, África do Sul e Moçambique). O estudo discute o processo de informatização destas bibliotecas, como informa o autor no resumo do trabalho, a partir de um enfoque integrado, “que inclui, além dos aspectos tecnológicos, os relacionados à gestão do processo, à organização do trabalho e à qualificação dos trabalhadores, tratando-os como igualmente relevantes.” (MANGUE, 2007MANGUE, M. V. Consolidação do processo de informatização em sistemas de bibliotecas universitárias da África do Sul, Brasil e Moçambique. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.)

De forma crítica a tese conclui, entre outros aspectos, que o modo como se desenvolve o processo de informatização, nesses países, pode acabar por erodir as relações de produção de serviços pré-existentes e, ao mesmo tempo, impedir que essas sociedades desenvolvam competências, tanto teóricas quanto práticas, para equacionar seu próprio desenvolvimento, uma vez que a sua capacidade criativa fica voltada para as necessidades exógenas e não para a valorização das especificidades locais. Isso tende a submergir tais especificidades e potencialidades. (MANGUE, 2007MANGUE, M. V. Consolidação do processo de informatização em sistemas de bibliotecas universitárias da África do Sul, Brasil e Moçambique. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007., p. 274).

Já o estudo de Pena (2015PENA, A. S. Reflexões críticas sobre aspectos produtivos e do trabalho na biblioteca universitária em tempos de crise: comparação entre Brasil, Espanha e Moçambique. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.), pode ser entendido no artigo de Pena et al. (2016), escrito, a oito mãos, com os orientadores. O estudo analisa o impacto que os diferentes aspectos da crise global tiveram sobre as universidades e, por conseguinte, suas bibliotecas. Os efeitos da crise são próprios de cada país e comparados entre Brasil, Espanha e Moçambique. Para enfrentar estas situações, o estudo sugere a formação de um bibliotecário crítico em sua prática laboral, capaz de contribuir na superação das crises, seja no aspecto econômico, social, político ou cultural.

O último estudo a ser mencionado nesta seção é o de Crivellari e Moreiro-González (2017CRIVELLARI, H. M. T.; MOREIRO-GONZÁLEZ, J. A. Formação e exercício profissional no campo da biblioteconomia e documentação na Espanha: a visão de professores e pesquisadores. In: ENCONTRO IBÉRICO EDICIC, 8., 20 a 22 de novembro de 2017, Coimbra. Atas... A ciência aberta: o contributo da ciência da informação. Coimbra, 2017. P. 606-614. Disponível em: <Disponível em: http://sci.uc.pt/eventos/atas/comunicacoes/edicic2017/edicic2017_606_614.pdf >. Acesso em: 6 fev. 19.
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), que procura comparar Espanha e Brasil nos aspectos da formação e do trabalho em biblioteconomia e documentação. Conclui-se o artigo com a ponderação de que a atual tendência internacional de homogeneização das regras de formação universitária, nos diferentes campos profissionais da informação, pode entrar em conflito com as respectivas histórias das trajetórias nacionais de formação, ou mesmo com as demandas reais da sociedade. Recomenda-se que os projetos de adequação de modelos nacionais de formação universitária a outros modelos similares internacionais devam ser pensados e efetuados com cautela. Afinal, a formação universitária e o exercício profissional são construções sociais. A desconstrução de um modelo vigente não significa a instalação de outro melhor. A história recente nos mostra isso, em diferentes campos sociais, econômicos e políticos.

Enfim, a ideia central desta temática é pensar que o hoje chamado “sujeito informacional” está inserido num contexto histórico, político, econômico e outros, que se desenvolvem em uma dimensão local e mundial. Este é o sentimento e o norte que orientam as pesquisas em “GESTÃO DAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO E RELAÇÕES DE TRABALHO NAS ÁREAS DA CULTURA E DA INFORMAÇÃO”, no PPGCI da UFMG.

5 Considerações finais

Parte dos estudos da área no PPGCI se insurgiu contra o que Paula (2012PAULA, C. P. A. de. Proposta de metodologia para a investigação do comportamento de busca informacional e do processo de tomada de decisão dos líderes nas organizações: introduzindo uma abordagem clínica na informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ENANCIB), 13., Rio de Janeiro, 2012. Anais... Rio de Janeiro: ANCIB, 2012. p.1-20.) chamou de uma tentação de repetir as abordagens convencionais num viés nomotético de lida com o estabelecimento de modelos ou do estudo de eventos recorrentes em GIC. Tendo em vista que estas abordagens - apesar do importante caráter prescritivo/moral - resultam, continua o autor, numa compreensão fragmentada das competências necessárias para o intercâmbio de informações de sujeitos envolvidos em processos infocomunicacionais em ambientes de fundamentos cada vez mais instáveis, uma série de esforços foram envidados para encontrar alternativas para ultrapassar essas limitações. Buscando alternativas para explicar adequadamente como os aspectos simbólico e afetivo, centrais na relação dos indivíduos com a informação, se equilibram entre as vivências individuais e coletivas e interferem no processo de tomada de decisões, esses estudos construíram o pequeno repertório de experimentos bem sucedidos nesse sentido apontados neste artigo.

As conclusões desses experimentos alertam para o fato que, a despeito do avanço nas análises produzidas pelos estudos na comunidade que se dedica ao estudo da Gestão de Informação e do Conhecimento até o presente momento - por exemplo, na construção de modelos e no registro de boas práticas de GIC - ainda existe uma lacuna significativa nos estudos desenvolvidos e que aponta para um núcleo dificultador à implementação das prescrições construídas ao longo de sua trajetória histórica: a dimensão humana subjetiva do processo de gestão. Concluiu-se, portanto, ser de suma importância que os indivíduos e seus grupos, em seus aspectos subjetivos (cognitivos, emocionais e relacionais), se desloquem para o centro das análises da GIC. Esse deslocamento propõe um foco nas pessoas e nas comunidades com as quais elas interagem e, mais especificamente, nos aspectos comportamentais, cognitivos, simbólicos e afetivos na interação dessas com os processos organizacionais, políticos e de trabalho. Uma das alternativas de acesso mais promissoras para atingir esse fim é a investigação do imaginário que permeia o processo de interação dos sujeitos com as informações. Essa tornou-se, portanto, a principal proposta de abordagem para as investigações sobre Gestão da Informação e do Conhecimento que o GEDII, no contexto do PPGCI, esboça para os próximos anos.

Nesta perspectiva, as pesquisas que tem como foco os decisores e seus comportamentos frente a situações de decisão apresentam forte perspectiva em se aprofundar em questões relacionadas às crenças - pessoais e organizacionais. Os estudos sobre a cognição humana, na perspectiva contemporânea e não cognitivista - ainda predominante na Ciência da Informação - realçam sobremaneira a determinação do comportamento humano por fatores emocionais, afetivos e pelas crenças. Esses fatores moldam a observação sobre o mundo e determinam as experiências do sujeito e suas formas de interação. Todos esses fatores nos levam a focar as pesquisas a respeito aspectos afetivos e emocionais dos decisores demonstrados através da identificação de suas crenças relacionadas às suas organizações e tarefas e a influência desses fatores no que se refere à busca e uso de informação em situações de decisão. Essa ação se estabelece através de um projeto de pesquisa, já em andamento, que apresenta tem como aporte teórico autores da cognição situada e incorporada e da psicologia cognitiva.

As pesquisas que estudam as relações sociais que perpassam os trabalhadores do campo da informação e da cultura, no contexto do PPGCI, tendem a mesclar e aprofundar a interligação entre as três temáticas abordadas por este artigo. Ou seja, as questões da gestão, tanto das unidades de informação quanto da informação e do conhecimento; a atenção sobre os aspectos subjetivos neste contexto e, no plano macroestrutural, a realidade social, política e econômica em que se inserem essas mediações. Novos projetos de pesquisa começam a ser esboçados nesta direção.

Os autores do presente artigo consideram, também, de extrema importância, registrar a contribuição importante de cada docente e discente que integrou o programa de pós-graduação nesta área. Cada um, a seu modo, foi peça importante do grande quebra cabeça da ciência e se torna, também, embrião para novas pesquisas e para ampliar os horizontes para as futuras gerações.

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    Prêmio CAPES de Tese em Ciências Sociais Aplicadas 1; Prêmio ENANCIB de Tese e Menção Honrosa do Prêmio UFMG de Tese em Ciências Humanas, todos em 2008, recebidos pelo moçambicano Manuel Valente Mangue (2007). Em 2017, a dissertação de mestrado de Thiara S. Alves (2016) recebeu a Menção Honrosa na premiação do V REPARQ- Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia, 2017. Outros prêmios foram também alcançados em algumas edições do ENANCIB, no âmbito do GT6 - Informação, Educação e Trabalho, onde a temática de pesquisa ora abordada tem boa expressão e, igualmente, seus pesquisadores, estando Helena Crivellari entre seus fundadores. Foram melhores trabalhos no GT6: Pena, Crivellari e Neves (2008) referente ao ENANCIB de 2005; Valente e Crivellari (2006); Rosa e Crivellari (2007) e Pena et al. (2014).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Set 2019
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2019

Histórico

  • Recebido
    12 Mar 2019
  • Aceito
    12 Mar 2019
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