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O conhecimento científico na área de Ciência da Informação: análise das dissertações do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCI/UFPE) entre 2014 e 2017

The scientific knowledge developed at Information Science area: dissertations analysis from Post-Graduate Programme in Information Science at Universidade Federal de Pernambuco (PPGCI/UFPE) during 2014-2017

RESUMO

Como ocorre a trajetória da Ciência, assim como de que modo o conhecimento científico evolui são questionamentos presentes tanto nos ambientes acadêmicos como na sociedade em geral. Diversas são as investigações sobre os diferentes ramos da ciência para esmiuçar sua gênese, percurso histórico e, principalmente, a sua evolução. Desse modo, o presente artigo buscou analisar a evolução da Ciência da Informação (CI), tomando como referência as 64 dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCI/UFPE), no período entre 2014 e 2017, tentando oferecer uma análise detalhada sobre a maneira como se caracterizam as dissertações do PPGCI/UFPE, considerando a sua área de interesse, a sua natureza ontológica, epistemológica e metodológica. Entre outros resultados encontrados nas dissertações analisadas, notou-se o predomínio de pesquisas de natureza básica, baseadas predominantemente nos paradigmas positivista e físico, com o interesse técnico se sobressaindo significativamente perante os demais interesses.

Palavras-chave:
Pós-graduação em Ciência da Informação; Ciência da Informação; Dissertações de mestrado do PPGCI/UFPE

ABSTRACT

How science´s trajectory happens and how scientific knowledge evolves are some questions present at academic environment as well as in society. There are many researches concerning different science branches that intend to describe fully its genesis, historic footpath and, mainly, its evolution. Therefore, this study has tried to analyse Information Science´s evolution, through 64 developed dissertations from Pos-graduate Information Science Programme at Universidade Federal de Pernambuco (PPGCI/UFPE) during 2014 and 2017 and trying to offer a detailed scrutiny of how PPGCI/UFPE´s dissertations are like, taking into account its interest area, its ontological, epistemological and methodological nature. Among other findings within analysed dissertations, it was possible to notice a predominantly basic research nature, mainly based on positivistic and physical paradigms, with outstanding technical interest presence superior to all others.

Keywords:
Post-graduate program in Information Science; Information Science; Dissertations from PPGCI/UFPE

1 Introdução

Durante o desenvolvimento dos estudos que englobam a ciência, uma característica que se observa é a tentativa, por meio da comunidade científica, de estabelecer definições para os termos ciência e conhecimento, independentemente de estarem relacionados às atividades de cunho popular, social ou empresarial. Para Ferrari (1982FERRARI, T. A. Metodologia da pesquisa cientifica. São Paulo: McGraw, Hill do Brasil, 1982., p. 2) “a ciência é todo um conjunto de atitudes e de atividades racionais, dirigido ao sistemático conhecimento, com o objetivo limitado e capaz de ser submetido à verificação.” Corroborando este pensamento, Ramalho e Marques (2009RAMALHO, A. M. C.; MARQUES, F. L. M. A trajetória da ciências e seus paradigmas. Rio Grande do Norte: EDUFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2009., p. 2) defendem a ideia de que: a ciência pode ser entendida como a busca constante de explicações e soluções, de revisão e de verdades sobre os fenômenos naturais e sociais - daí a permanente necessidade de conhecimento.

Assim, destaca-se a relação intrínseca entre a ciência e o conhecimento que, por meio dos contextos históricos e a fim de atenderem às demandas de cada tipo de sociedade, viabilizam a criação do conhecimento científico. Neste cenário do saber científico, Valentin (2003, p. 2) destaca que:

a construção de conhecimento exige do indivíduo algumas competências, como: saber pensar; saber observar; saber estabelecer relações; saber questionar; saber aproveitar o conhecimento acumulado através das experiências vivenciadas ao longo da vida; ter capacidade de apreender; ter consciência da própria ignorância.

No que concerne à construção do conhecimento científico, historicamente, durante o período da Idade Média, conhecida como sendo a Idade das Trevas e considerado o período entre “o fim do Império Romano e o nascimento da civilização da Grécia e Roma, algo entre os anos 900 e 1300, a informação era privilégio dos eruditos e estava presa em mosteiros, acautelada e vigiada pelos monges” (BARRETO, 2005BARRETO, A. A. As tecnoutopias do saber: redes interligando o conhecimento. Revista de Ciência da Informação, IBICT. 2005. Disponível em: http://ridi.ibict.br/handle/123456789/167. Acesso em: 15 set. 2018.
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, p. 3). Conforme explicam Primon et. al. (2002PRIMON, A. L. M.; JÚNIOR, L. G. S.; ADAM, S. M.; BONFIM, T. E. História da Ciência: da idade média à atualidade. Psicólogo InFormação, v. 4, n. 4, jun./dez. 2002.), na chamada Idade das Trevas percebe-se as influências e ressalvas da Igreja Católica, que trazia seus ensinamentos na condição de conhecimento científico, ao mesmo tempo em que os classificava como sendo verdades absolutas.

Ainda neste cenário, onde o conhecimento produzido em livros e textos era controlado e questionado pela Igreja Católica, como explica Dantas (2008DANTAS, A. M. A ciência. Rio de Janeiro: Revista de Oftamologia, v.67, n.4, p.163-164, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbof/a/dxcQpjkm6rb4QRhVtqH3GKd/?lang=pt. Acesso em 8 jul. 2018.
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), poucos eram os estudos que poderiam ser considerados científicos e datados desta época, em vista do fato que o conhecimento era tratado como uma riqueza inacessível, destinada apenas aos escolhidos do alto clero cristão, porém, ainda assim originando, o que mais tarde seriam as primeiras universidades.

Pela concepção de Lemos Filho (2000, p. 4) sobre a origem dos primeiros estudiosos no campo dos fenômenos da natureza, o autor explica que:

com relação à interpretação ou explicação dos fenômenos da natureza, a ciência substitui inteiramente a filosofia, pois torna-se sinônimo de "ciências naturais". Estas desprendem-se do tronco comum que era a filosofia, conseguindo delimitar seu campo de estudo com objetos específicos: a Física, no século XVII, com Galileu, a Química, no século XVIII, com Lavoisier e a Biologia, no século XIX, com Claude Bernard, Haeckel e outros.

Para Heer (1968HEER, F. História das Civilizações. Lisboa: Arcádia, v.3,1968.), mesmo sendo possível identificar avanços nos estudos das Ciências Naturais, ainda havia pouco aprofundamento da comunidade científica no estudo dos conceitos e informações acerca do universo. Em paralelo a isto, Lemos Filho (2000, p. 4) diz que “as mesmas condições que propiciaram a especificação das Ciências Naturais favoreceram as chamadas Ciências Sociais”.

A partir disso, Lakatos e Marcondes (2003LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. N. D. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas. 2003.) explicam que a ciência é reconhecida por três critérios: a confiabilidade do seu corpo de conhecimentos, sua organização e seu método. Assim, percebe-se que a ciência se consolidou a partir do momento em que fundamentou “suas técnicas, seus métodos e modelos, de acordo com a autoridade que lhes era evocada” (CHIBENI, 2001CHIBENI, S. S. O que é ciência. Departamento de Filosofia, UNICAMP, São Paulo. 2001., p. 1). Em vista disso, é perceptível que a ciência se consolida a partir do momento em que reconhece o seu objeto de estudo, pautando-se em seus métodos e técnicas de análise. Quando isso acontece tem-se, por conseguinte, o surgimento das diversas ciências relacionadas aos diferentes tipos de objeto de estudo, como salientam Ramalho e Marques (2009RAMALHO, A. M. C.; MARQUES, F. L. M. A trajetória da ciências e seus paradigmas. Rio Grande do Norte: EDUFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2009., p. 3).

Gil (2008GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008., p.1) afirma que a natureza da ciência advém “da observação do ser humano, a partir daí adquire grandes quantidades de conhecimento”, e continua sua analogia dizendo que dentre as diversas formas de conhecimento se destacam, além da observação, as crenças religiosas, que são consideradas importantes fontes de saber, os romances como os de Dostoievski, os poemas como os de Fernando Pessoa, que devem ser considerados importantes informações acerca do agir humano. Há também o conhecimento por autoridade, expresso nos pais e professores que ensinam suas crianças acerca da vida em comunidade, sem esquecer dos filósofos que trazem os estudos essenciais sobre a análise de conhecimento do mundo.

Pode-se presumir que a ciência assume um caráter explicativo, quando busca entender, compreender para estudar os fatos, na tentativa de chegar ao conhecimento de fato. Ou seja, pelas palavras de Bynum (2012BYNUM, W. Uma breve história da ciência. Porto Alegre: L&PM, 2012., p. 5) “a ciência é especial. É a melhor forma que temos de descobrir coisas sobre o mundo e tudo o que faz parte dele - e isso nos inclui”.

Presentemente, a atenção está voltada para a ciência que tem como objeto de estudo a informação, que pelas palavras de Gil (2008GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008.) faz parte do grupo das ciências empíricas, das Ciências Sociais Aplicadas, isto é, a Ciência da Informação (CI).

Em outros termos, a presente pesquisa é voltada para os estudos relacionados à área de interesse, à ontologia, à epistemologia e à metodologia da CI, enquanto produtora de conhecimento científico. Mais especificamente, buscou-se conhecer a produção acadêmica das dissertações defendidas pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCI/UFPE), a partir do seguinte problema de pesquisa: de que maneira se caracterizam as dissertações do PPGCI/UFPE, no período de 2014 a 2017, considerando a sua área de interesse, bem como a sua natureza ontológica, epistemológica e metodológica?

Assim, o objetivo geral dessa pesquisa é analisar as bases epistemológicas, metodológicas e ontológicas das dissertações defendidas no PPGCI/UFPE, no período de 2014 a 2017. Quanto aos objetivos específicos, buscou-se:

  • Mapear a natureza das pesquisas (ontologia, epistemologia e metodologia) nas dissertações defendidas no PPGCI/UFPE.

  • Categorizar as dissertações defendidas no PPGCI/UFPE, a partir dos tipos de paradigmas gerais da ciência propostos por Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.); com base nos paradigmas da Ciência da Informação propostos por Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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    ) e por meio da análise de interesse proposto por Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.).

Para o alcance dos objetivos propostos, é importante ressaltar que o objeto de estudo dessa pesquisa é formado por 64 dissertações que foram mapeadas, interpretadas, categorizadas e analisadas, de modo a permitirem a identificação e compreensão da ontologia, da epistemologia, da metodologia e das áreas de interesse das dissertações defendidas pelo PPGCI/UFPE no período de 2014 a 2017. A base teórica que serviu de suporte na busca por responder o problema de pesquisa é formada pela classificação dos paradigmas elaborados por Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.), pelos paradigmas da Ciência da Informação propostos por Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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) e a Teoria do Conhecimento de Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.).

Uma das justificativas para a realização deste estudo leva em consideração a necessidade de valorizar um cenário em que se possa produtivamente direcionar recursos humanos voltados ao ensino e à pesquisa na área de CI, assim como a busca pela implantação de cursos reconhecidos que permitam a expansão da área, considerando-se os importantes avanços nos campos de pesquisa a partir do seu direcionamento para a CI; potencializado pelo caráter multidisciplinar e interdisciplinar dessa área com as outras áreas, conforme Pinheiro (1999PINHEIRO, L. V. R. Infra-estrutura da pesquisa em Ciência da Informação no Brasil. Revista de Biblioteconomia de Brasília, v. 23/24, n.3, p.367-90, 1999. Número especial. Disponível em: http://repositorio.febab.org.br/files/original/47/5227/. Acesso em: 19 jun. 2018.
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).

2 Análise do corpus de investigação: estudo de caso sobre as dissertações do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Pernambuco

As 64 dissertações, objeto de estudo desta pesquisa, foram acessadas, por meio da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) da UFPE, que disponibiliza na íntegra, em seu Repositório Institucional (RI), as teses e dissertações produzidas pelos diversos Programas de Pós-Graduação da UFPE. Há que se ressaltar que a escolha das dissertações do PPGCI/UFPE ocorreu por critério de acessibilidade, além de constituir um programa relativamente recente, no qual a primeira turma de mestrado teve início em 2009 e mais recentemente, em 2017, teve início o curso de Doutorado em Ciência da Informação.

Há que se ressaltar que atualmente o PPGCI/UFPE tem como área de concentração, a temática: Informação, Memória e Tecnologia, a qual se desdobra em duas linhas de pesquisa: Linha de Pesquisa 1 (L1) que aborda temas relacionados à memória da informação científica e tecnológica e a Linha de Pesquisa 2 (L2) que, por sua vez, estuda temas relacionados à comunicação e visualização da memória. Das 64 dissertações analisadas no período em tela, 28 dissertações (43,75%) estavam vinculadas à L1, enquanto 36 dissertações (56,25%) estavam vinculadas à L2. A figura 1 a seguir apresenta o quantitativo da produção acadêmica do PPGCI/UFPE nas suas duas linhas de pesquisa no período de 2014 a 2017.

Figura 1
Quantitativo da produção acadêmica do PPGCI/UFPE entre 2014 e 2017

Ademais, foi iniciado o levantamento, a seleção e a identificação das dissertações, o que possibilitou a extração dos termos identificadores das dissertações para futura categorização, com base nas etapas da análise de conteúdo de Bardin (1977BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.). Após isto, deu-se início à atividade de análise do corpus documental, com a realização da leitura flutuante nas dissertações, onde os pesquisadores buscaram o máximo de contato com os textos das produções. Ainda nessa etapa da coleta de dados, utilizando-se da leitura flutuante, deu-se início à reunião dos termos identificadores das dissertações, sendo estes: título, ano, palavras-chave, autor, código atribuído para o autor e linha de pesquisa.

3 Fundamentação teórica da pesquisa

Conforme dito anteriormente, a base teórica da presente pesquisa é formada pela classificação dos paradigmas elaborados por Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.), pelos paradigmas da Ciência da Informação propostos por Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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) e a Teoria do Conhecimento de Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.).

De acordo com o pensamento de Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.), o posicionamento epistemológico do pesquisador pode estar delimitado nos seguintes paradigmas: positivismo, pós-positivismo, teoria crítica e construtivismo, detalhados a seguir no quadro 1.

Quadro 1
Crenças básicas em paradigmas de pesquisa alternativos

No tocante à ontologia, o positivismo é orientado pelo realismo (usualmente chamado de realismo ingênuo), porque é assumido que existe uma realidade passível de ser compreendida (aprehendable), governada por leis e mecanismos naturais imutáveis. O conhecimento sobre como são as coisas é convencionalmente resumido em generalizações, independentemente de espaço e tempo, tomando por vezes a forma de leis de causa-efeito. Assim, a postura básica desse paradigma é tida como reducionista e determinista.

Em termos epistemológicos, no positivismo é assumida a independência entre o objeto investigado e o sujeito investigador e que um pesquisador é capaz de estudar o objeto sem influenciá-lo ou ser influenciado por ele. Se alguma influência for reconhecida ou mesmo suspeita (ameaças à validade), várias estratégias são seguidas para reduzi-las ou eliminá-las. Se os procedimentos forem rigorosamente obedecidos, estará garantida a neutralidade e a verdade dos achados que venham a se replicar.

Metodologicamente, o positivismo se mostra experimental e manipulativo. Questões e hipóteses são enunciadas e sujeitas aos testes empíricos para sua verificação. Além disso, condições que potencialmente possam vir a causar confusão devem ser cuidadosamente controladas (manipuladas) para impedir influências indevidas nos resultados.

No pós-positivismo, em termos ontológicos, o realismo adotado é crítico (Guba; Lincoln, 1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.) visto que, embora seja assumido que a realidade existe, o pressuposto nesse paradigma é de que ela é apreendida de forma imperfeita, em decorrência dos mecanismos humanos falhos e da natureza pouco tratável dos fenômenos.

Epistemologicamente, no pós-positivismo o dualismo sujeito-objeto de pesquisa é abandonado, mas permanece a objetividade como um ideal regulador, sendo dada ênfase aos guardiões externos de objetividade, tais como as tradições (se os achados combinam com o conhecimento pré-existente) e a comunidade (editores, autoridades no assunto, outros pesquisadores). Os achados são provavelmente verdadeiros, mas estarão sempre sujeitos à falsificação.

Já no que concerne à metodologia, o pós-positivismo enfatiza o multiplismo crítico (versão renovada da triangulação) como uma forma de falsear hipóteses. As investigações são feitas sobre situações mais naturais, coletando-se mais informações situacionais e se reintroduzindo as descobertas como elementos na pesquisa. No campo social, em particular, faz-se uso do ponto de vista êmico, ou seja, das pessoas que fazem parte do fenômeno estudado, para determinação dos significados e intenções pertinentes às suas ações. Esses propósitos inovadores são alcançados por meio do uso crescente de técnicas qualitativas.

Ontologicamente, a teoria crítica também se posiciona como realista. No entanto, a premissa a diferenciá-la do positivismo é a de que essa realidade vem sendo moldada, no passar do tempo, pela contingência de fatores sociais, políticos, culturais, econômicos, étnicos e de gênero, tornando-se, então, reificada em uma série de estruturas indevidamente aceitas como reais, ou seja, como naturais e imutáveis.

No aspecto epistemológico, a teoria crítica é transacional e subjetivista. Isso quer dizer que o investigador e o objeto investigado estão interativamente interconectados, e que os valores do investigador influenciam inevitavelmente a investigação. Portanto, os achados são mediados por valores, o que desafia a tradicional distinção entre ontologia e epistemologia. O que pode ser conhecido está inexoravelmente entranhado na interação entre um investigador particular e um objeto ou grupo particular. A linha pontilhada entre as células da ontologia e da epistemologia para esse paradigma, no quadro 1 apresentado anteriormente, busca refletir essa fusão.

Em termos metodológicos, a teoria crítica é dialógica e dialética. É dialógica porque a natureza transacional da investigação, nesse paradigma, exige que haja um diálogo entre o investigador e os sujeitos pesquisados. Além disso, esse diálogo deve ser dialético por natureza, de modo a transformar ignorância e alienação ao se aceitar estruturas mediadas pela história como imutáveis, em conscientização mais informada, ao se perceber como as estruturas podem ser mudadas, assim como ao se entender as ações requeridas para as mudanças.

O construtivismo é relativista. Nesse paradigma, a ontologia adotada preconiza que as realidades são compreensíveis na forma de múltiplas e intangíveis construções mentais, baseadas na experiência e na vida social, de natureza local ou específica e ainda, dependente, na forma e no conteúdo, dos indivíduos e grupos que as possuem. Assim, construções não são mais ou menos verdadeiras, mas simplesmente são mais ou menos informadas ou sofisticadas. Construções são alteráveis, assim como o são suas realidades associadas.

No campo da epistemologia, o construtivismo se apresenta, de forma similar à teoria crítica, como transacional e subjetivista. O investigador e o objeto investigado estão interativamente interconectados, de tal maneira que os achados são literalmente criados à medida que a investigação prossegue. Também se usa uma linha pontilhada no quadro 1 para demonstrar a fusão entre a epistemologia e a ontologia inerente a esse paradigma.

Metodologicamente, são empregadas a hermenêutica e a dialética. A natureza variável e pessoal das construções sociais sugere que as construções individuais podem ser legitimadas e refinadas apenas através da interação entre o investigador e os respondentes. Essas construções variantes são interpretadas usando técnicas hermenêuticas convencionais e são comparadas e contrastadas por meio de um intercâmbio dialético. O propósito final é destilar uma construção consensual que seja mais informada e sofisticada que qualquer uma daquelas precedentes, incluindo, logicamente, a do próprio investigador.

Em seus estudos, Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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) identificaram três paradigmas para a Ciência da Informação (CI):

  • * O paradigma físico. Aqui, “o primeiro paradigma que regeu a CI foi o físico, estando associado à tecnologia, aos sistemas de informação e à transmissão de mensagens. A mensagem recebida deve ser a mesma que a enviada” (MAIMONE; SILVEIRA, 2007MAIMONE, S. D.; SILVEIRA, N. C. Cognição humana e os Paradigmas da Ciência da Informação. Revista Eletrônica Informação e Cognição, v.6, n.1, p.55-67, 2007. Disponível em: <http://74.125.155.132/scholar?q=cache:wbSAYzfzQ4j:scholar.google.com/+explos%C3%A3o+documental&hl=pt-BR&as_sdt=2000>. Acesso em: 7 fev. 2018.
    http://74.125.155.132/scholar?q=cache:wb...
    , p. 6). Além disso, o paradigma físico não leva em consideração as necessidades informacionais do usuário, destinando-se, sobretudo, às técnicas, com o uso de ferramentas e instrumentos para a recuperação da informação (ALMEIDA; BASTOS; BITTENCOURT, 2007ALMEIDA, C. C.; BASTOS, F. M.; BITTENCOURT, F. Uma leitura dos fundamentos histórico-sociais da ciência da informação. Revista Eletrônica Informação e Cognição, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 68-89, 2007. Disponível em: http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/reic/article/view/749. Acesso em: 10 ago. 2018.
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    ).

  • * O paradigma cognitivo. Esse paradigma vai em outra direção quando comparado com o paradigma físico, pois inclui a cognição como fator fundamental do processo. Esclarece Le Coadic (1996, p. 10): “No paradigma cognitivo, o sujeito não é passivo, ele busca a informação por se encontrar em um estado anômalo (imperfeito) de conhecimento, ou seja, o sujeito é ativo tendo a necessidade de procurar informações que sanem o estado de anomalia”.

  • * O paradigma social. É o que mais se inter-relaciona com a sociedade de forma direta e concreta, em vista da relação do homem com a sociedade, por meio de sua interação com os objetos, outros indivíduos e instrumentos que o cercam. Rüdiger (2004RÜDIGER, F. As teorias da comunicação. Porto Alegre: Penso, 2004. 152p., p. 39) argumenta: “os homens produzem artefatos como maquinismos, canetas, casa e armas, que lhes têm serventia, mas só se tornam meios regulares e legítimos de realização de determinadas finalidades através do emprego repetido por um grupo social, que, para tanto, precisa da comunicação. Esses objetos todos tornam-se artefatos úteis apenas quando seu uso é esclarecido, quando sucessivas interações perpetuam- artefatos úteis - o que seria de outra forma uma série de coisas inertes”.

Por último, com a intenção de verificar se o conhecimento científico é de fato construído livre de qualquer vínculo normativo, Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.) inicia a formulação de suas teorias sobre os interesses que orientam a constituição do conhecimento. (FELL; RODRIGUES FILHO; OLIVEIRA, 2008FELL, A. F. A; RODRIGUES FILHO, J.; OLIVEIRA, R. R. Um Estudo da Produção Acadêmica Nacional sobre Gestão do Conhecimento através da Teoria do Conhecimento de Habermas. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação, v. 5, n. 2, pp. 251-258, 2008. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=203219579005. Acesso em 3 abr. 2018.
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).

Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.) parte do pressuposto de que todo o conhecimento é induzido e dirigido por interesses. Assim, na sua perspectiva, o interesse do homem por todas as atividades de que participa ao longo da vida relaciona-se com a reflexão pessoal acerca do trabalho que está sendo desenvolvido em sociedade.

Quadro 2
Categorias de interesse humano de acordo com Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.)

Conforme o quadro 2 acima, Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.) define o conhecimento enquadrando-o nas categorias de interesse humano, podendo ser estas: técnico, cognitivo e emancipatório e estabelece uma conexão com os processos de inquirição que são classificados em três categorias, sendo a primeira as ciências empírico-analíticas que se desenvolvem, a partir de um interesse técnico visando ter um controle, previsão e manipulação das forças naturais e sociais com intenção de apreender a realidade objetivada.

Em seguida, tem-se as ciências histórico-hermenêuticas onde pode ser percebido um interesse prático que, incluindo as Ciências Humanas, procura estabelecer uma compreensão interpretativa das configurações, por meio da intersubjetividade do entendimento mútuo. Por fim indica as ciências sociais críticas que inclui a teoria social crítica e a filosofia, o que lhe dá um tom de disciplina reflexiva e crítica, o que a faz se relacionar naturalmente com um interesse emancipatório que se mescla com responsabilidade e autonomia por meio da autorreflexão. Este último interesse se caracteriza principalmente pela proposta de tentar revelar formas de dominação e exploração. (FELL; RODRIGUES FILHO; OLIVEIRA, 2008FELL, A. F. A; RODRIGUES FILHO, J.; OLIVEIRA, R. R. Um Estudo da Produção Acadêmica Nacional sobre Gestão do Conhecimento através da Teoria do Conhecimento de Habermas. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação, v. 5, n. 2, pp. 251-258, 2008. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=203219579005. Acesso em 3 abr. 2018.
https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=2...
).

A busca por um conhecimento dito exato, possivelmente racional desenha-se sob os moldes rígidos de uma lógica formal e matemática, excluindo o sujeito cognoscente do processo de busca do conhecimento (HABERMAS, 1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.).

4 Procedimentos metodológicos

A presente pesquisa caracteriza-se como sendo exploratória por ter a finalidade de proporcionar mais informações sobre o assunto que busca investigar, possibilitando a sua definição e o seu delineamento (ALMEIDA, 2011ALMEIDA, M. S. Elaboração de projeto, dissertação e tese: abordagem simples, prática e objetiva. São Paulo: Atlas, 2011.). Em outros termos, a pesquisa exploratória abre caminho para a pesquisa, pois ela é uma pesquisa preliminar, que busca informações gerais sobre um determinado assunto (RODRIGUES FILHO; GOMES, 2006RODRIGUES FILHO, J.; GOMES, F. P. Da Gestão da Informação à Gestão do Conhecimento: a retórica do recurso mais importante. CONTECSI, 3. São Paulo, 2006. Anais [...] São Paulo: 3º CONTECSI, 2006. 1 CD Rom.). Além disso, é uma pesquisa documental e bibliográfica, que para Almeida (2011ALMEIDA, M. S. Elaboração de projeto, dissertação e tese: abordagem simples, prática e objetiva. São Paulo: Atlas, 2011., p. 1): “baseia-se em materiais que ainda não receberam um tratamento analítico” e bibliográfico, pois coloca o pesquisador em contato direto com um conjunto de publicações verídicas e que servem de fontes de dados (ALMEIDA, 2011).

No que se refere à abordagem, esta pesquisa caracterizou-se como quali-quantitativa, pois trabalhou tanto com a natureza interpretativa da abordagem qualitativa, como com a tabulação e a mensuração quantitativa. Assim, o levantamento bibliográfico, o tratamento dos dados obtidos e a representação destes dados gerados graficamente pela ferramenta do Power BI, aqui configuraram a pesquisa na condição de abordagem quali-quantitativa. Ressalta-se que a ferramenta do Power BI constitui uma coleção de serviços de software, aplicativos e conectores que trabalham juntos para transformar as fontes de dados, nesta pesquisa, alocadas na base de dados criada em Microsoft Excel, inicialmente não relacionadas, em informações coerentes e visualmente interativas.

A seguir é apresentada a discussão dos resultados, a partir das lentes teóricas dos paradigmas elaborados por Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.), pelos paradigmas da Ciência da Informação propostos por Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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) e a Teoria do Conhecimento de Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.).

5 Discussão dos resultados

5.1 A natureza das pesquisas presentes nas dissertações defendidas a partir de Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.)

Tendo por base as duas linhas de pesquisa do PPGCI/UFPE, foi possível observar que das 28 dissertações da Linha 1(L1), há um quantitativo de 24 dissertações positivistas, 2 construtivistas, 1 pós-positivista e 1 teoria crítica. Em outras palavras, 85,71% das dissertações pertenciam ao paradigma positivista, 7,14% das dissertações defendidas ao paradigma construtivista, 3,57% dissertações da L1 eram integrantes do paradigma pós-positivista, assim como 3,57% delas pertenciam ao paradigma da teoria crítica (figura 2).

Figura 2
Dissertações da L1 do PPGCI/UFPE (2014 a 2017) nos Paradigmas Gerais da Ciência de Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.)

A análise que se faz, a partir da figura 2, é que o paradigma significativamente predominante à L1 - Memória da Informação Científica e Tecnológica é o paradigma positivista. Isso possivelmente é justificado pelo entendimento de que as dissertações da L1 não buscaram questionar os motivos e razões da existência de seus objetivos de pesquisa, mas sim compreenderam a maneira com a qual foram desenvolvidos, ou seja, pelo predominante meio da observação dos fenômenos e não pelo questionamento de sua existência.

É importante observar que com relação aos outros paradigmas (construtivismo, pós-positivismo e teoria crítica), segundo Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.), a sua presença nas dissertações da L1 é quase imperceptível ou irrisória (menos de 15% do total). No ano de 2017 foi possível identificar duas dissertações defendidas com aspectos construtivistas, uma dissertação defendida em 2014 com aspectos pós-positivistas e uma outra dissertação defendida também em 2014 com aspectos da teoria crítica. Tais constatações não permitem afirmar a presença de alguma evidência por parte das dissertações defendidas pelo PPGCI/UFPE, até o presente momento, de se sair da zona de conforto com conteúdos positivistas nos temas desenvolvidos pelas dissertações, isto é, algum esforço de abandonar o desenvolvimento de pesquisas que tendem a priorizar o objeto de estudo, em lugar da sociedade.

No que diz respeito às 36 dissertações pertencentes à Linha 2 (L2), houve um quantitativo de 32 dissertações positivistas, 2 dissertações construtivistas e 2 dissertações pós-positivistas. Em termos percentuais, 88,89% das dissertações defendidas eram integrantes do paradigma positivista, 5,56% dissertações pertencentes ao paradigma construtivista e 5,56% das dissertações defendidas pertenciam ao paradigma pós-positivista (figura 3).

Figura 3
Dissertações da L2 do PPGCI/UFPE (2014 a 2017) nos Paradigmas Gerais da Ciência de Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.)

A partir da figura 3, notou-se que o paradigma que caracteriza a L2 - Comunicação e Visualização da Memória também é o paradigma positivista, reforçando a ideia de que as dissertações não buscaram questionar os fenômenos da sociedade, levando em consideração o seu contexto, mas sim entender a sua ocorrência. Assim como nas dissertações positivistas da L1, as positivistas da L2 abordavam temas voltados para a pesquisa que não discutiam a relação do objeto com a criação da realidade, mas sim, predominantemente, o esforço em explicar o objeto em si.

Com relação aos outros paradigmas (construtivismo, pós-positivismo e teoria crítica), na L2 foi possível identificar duas dissertações defendidas com aspectos construtivistas (anos 2014 e 2015) e mais duas dissertações defendidas com aspectos pós-positivistas (anos 2015 e 2017). Aqui, como na L1, a presença de paradigmas que não sejam o positivista é inexpressiva (menos de 12% do total). Desse modo, pode-se afirmar que o paradigma positivista é concretamente o representante da produção acadêmica do PPGCI-UFPE entre os anos de 2014 a 2017, concentrado tanto na L1 como na L2 e, possivelmente, indicando uma posição ainda de busca por padrões eminentemente positivistas como estabilidade, previsibilidade e regularidade nos fenômenos sociais e informacionais, conforme já havia sido identificado em pesquisas anteriores relacionadas à área de Ciência da Informação e à produção acadêmica do PPGI/UFPE em anos anteriores (FELL et. al., 2014FELL, A.F.A.; VITAL, L.P.; SILVEIRA, M.A.A.; PINHO, F.A.; CORREIA, A.E.G.C. A produção acadêmica no Brasil sobre Ciência da Informação: um estudo a partir da Teoria do Conhecimento de Habermas. Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, v. 20, n.1, pp. 127-150, 2014. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/view/40811. Acesso em 4 jan. 2018.
https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/...
; LOPES, 2014LOPES, H. M. S. A Natureza da Produção Acadêmica em Ciência da Informação: Um estudo dos aspectos ontológicos, epistemológicos e metodológicos das dissertações de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (2011 a 2013). Recife: UFPE, 2014. [Dissertação de mestrado]. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/26450. Acesso em 11 jan. 2018.
https://repositorio.ufpe.br/handle/12345...
; SALGUEIRO; FELL, 2016SALGUEIRO, H.M.; FELL, A.F.A. Paradigmas e interesses do conhecimento na Ciência da Informação: um estudo sobre as dissertações de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (2011 a 2013). Perspectivas em Ciência da Informação, v.21, n.3, p.3-21, jul./set. 2016. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/2416. Acesso em: 14 jan. 2018.
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).

5.2 A natureza das pesquisas presentes nas dissertações defendidas de acordo com Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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)

Em termos gerais, percebeu-se que nas 64 dissertações analisadas, o paradigma físico é o que mais detém destaque na produção acadêmica do PPGCI/UFPE, entre os anos de 2014 a 2017 como pode ser visto, a partir da figura 4.

Figura 4
Paradigmas de Ciência da Informação segundo Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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) nas dissertações do PPGCI/UFPE (2014 a 2017)

Em termos mais específicos, da figura 4 é possível constatar que de um total de 64 dissertações, 47 (73,43%) foram consideradas integrantes do paradigma físico, 10 (15,62%) do paradigma social, 6 (9,37%) do paradigma cognitivo e apenas uma (1,56%) foi considerada, pela análise dos pesquisadores, como integrante, tanto do paradigma cognitivo, quanto do paradigma social, proposto por Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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).

Analisando por linha de pesquisa, das 24 dissertações existentes na L1 o paradigma físico foi identificado em 22 dissertações defendidas (91,66%), o paradigma cognitivo em 3 dissertações defendidas (12,5%), o paradigma social em 2 dissertações defendidas (8,33%). Já na L2, houve o predomínio do paradigma físico em 25 dissertações defendidas (69,44%), a presença do paradigma social em 8 dissertações defendidas (22,22%) e apenas 3 dissertações defendidas (8,34%) integrantes do paradigma cognitivo, conforme é possível visualizar na figura 5. O que é possível afirmar acerca desses dados? A presença do paradigma físico em 73,43% de todas as dissertações defendidas pelo PPGCI/UFPE, no período estudado, sinaliza uma significativa concentração e forte ênfase em aspectos técnicos do fenômeno informacional na Ciência da Informação do PPGCI/UFPE, ainda não abordando de modo relevante aspectos como o papel do usuário como sujeito ativo na busca informacional ou a sua interação com a sociedade em que está inserido.

Figura 5
Dissertações da L1 e L2 do PPGCI/UFPE (2014 a 2017) nos Paradigmas de Ciência da Informação segundo Capurro e Hjørland (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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)

5.3 Os tipos de interesse humano nas dissertações defendidas a partir da teoria do conhecimento de Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.)

Paralelamente às categorias de paradigmas, também coube a esta pesquisa fazer uma análise do interesse dos pesquisadores do PPGCI/UFPE ao desenvolverem seus estudos na Ciência da Informação, entre os anos de 2014 e 2017, com a finalidade não somente de identificar meramente este interesse, mas, principalmente, de enquadrá-lo nas categorias de interesse humano, propostas por Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.), assim visualizadas na figura 6, a seguir.

Figura 6
Tipos de interesse humano segundo Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.) nas dissertações do PPGCI/UFPE (2014 a 2017)

Pode-se afirmar que, em números gerais, o interesse técnico foi o que mais deteve destaque na produção acadêmica do PPGCI/UFPE, entre os anos de 2014 a 2017. Em vista que, das 64 dissertações analisadas, 56 dissertações defendidas eram pertencentes ao interesse técnico, enquanto que 6 dissertações foram enquadradas no interesse prático e 2 dissertações no interesse emancipatório. Quantitativamente falando, o interesse técnico detém 87,5% das dissertações, enquanto o interesse prático possui 9,38%, e o interesse emancipatório 3,13% do total geral da produção acadêmica do PPGCI/UFPE.

Ademais, foi possível perceber como esta categorização ocorreu, levando em consideração cada um dos três interesses propostos por Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.), na Linha 1 - Memória da Informação Científica e Tecnológica, assim conforme a figura 7, a seguir.

Figura 7
Tipos de interesse humano segundo Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.) nas dissertações L1 do PPGCI/UFPE (2014 a 2017)

Neste sentido, no que se refere à L1, pode-se afirmar que das 28 dissertações analisadas, 24 dissertações eram pertencentes ao grupo do interesse técnico, o que representa 85,71% da produção acadêmica da L1, enquanto que 3 dissertações foram designadas ao interesse prático, com 10,71% e uma no interesse emancipatório, o que representa uma porcentagem de apenas 3,57% da produção acadêmica da L1. Portanto, constatou-se na L1 uma predominante ênfase por controle e predição na maior parte das investigações atribuídas a essa linha de pesquisa.

No que diz respeito à L2 - Comunicação e visualização da Memória, foi perceptível que das 36 dissertações analisadas, 32 dissertações faziam parte do grupo de interesse técnico, o que corresponde a 88,89% das dissertações da L2. No que concerne ao interesse emancipatório, registrou-se um quantitativo de apenas uma dissertação, representando assim um percentual de 2,78% das dissertações L2. Quanto ao interesse prático, obteve-se um quantitativo de 3 dissertações, correspondendo a 8,33% da produção acadêmica do PPGCI /UFPE, entre os anos de 2014 a 2017, conforme a figura 8 a seguir.

Figura 8
Tipos de interesse humano segundo Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.) nas dissertações L2 do PPGCI/UFPE (2014 a 2017)

Analisando os dados encontrados nas L1 e L2, notou-se que o interesse técnico se sobressai, com dissertações voltadas para o instrumental tecnicista, tendo objetos de estudo voltados para a organização e o tratamento da informação, fazendo assim, com que a produção acadêmica do PPGCI/UFPE demonstre, neste período, interesse em objetos de estudo voltados para o caráter da informação como coisa, isto é, o pesquisador deixa de levar em consideração sua subjetividade, complexidade, contexto e reflexões acerca do mundo que o rodeia, dando enfoque à técnica e ao método (FELL; XIMENES; FILHO, 2004FELL, A. F. A.; XIMENES, A. F.; FILHO, J. R. Pesquisa qualitativa em Sistemas de Informação (S.I.) no Brasil: uma análise da produção acadêmica. São Paulo: IX SIMPEP, 2004. Bauru. Anais [...] Bauru: SIMPEP, 2004. 1 CD Rom.).

Na presente pesquisa, também buscou-se conhecer os meios de pesquisa mais utilizados na produção acadêmica do PPGCI/UFPE, de 2014 a 2017. Neste sentido, as metodologias das dissertações, foram agrupadas em quatro eixos, sendo estes: natureza da pesquisa, objetivos da pesquisa, abordagens da pesquisa e procedimentos da pesquisa.

Neste sentido, quanto à natureza das pesquisas da produção acadêmica do PPGCI/UFPE, no período em tela, identificou-se que das 64 dissertações que compõem o corpus de análise, 37 dissertações (57,81%) foram consideradas de natureza básica, enquanto 27 dissertações (42,19%) eram de natureza aplicada, o que possivelmente indica uma ausência de dissertações voltadas para a inovação e modificação da realidade. Presentemente, considera-se uma pesquisa básica, aquela que “objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista, envolvendo verdades e interesses universais” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009., p.34), enquanto uma pesquisa aplicada “normalmente faz o uso de conhecimentos que já foram sistematizados, com o intuito de solucionar problemas organizacionais ou do ser humano” (ALMEIDA, 2011ALMEIDA, M. S. Elaboração de projeto, dissertação e tese: abordagem simples, prática e objetiva. São Paulo: Atlas, 2011., p. 31). Assim, notou-se uma maior atenção nas dissertações para o desenvolvimento de estudos com o viés de revisão de literatura em Ciência da Informação.

Em termos de objetivo da pesquisa, pode-se afirmar que das 64 dissertações analisadas, 44 dissertações eram de cunho exploratório (tem como finalidade proporcionar mais informações sobre algum assunto que busca investigar, possibilitando a sua definição e o seu delineamento, segundo Almeida (2011ALMEIDA, M. S. Elaboração de projeto, dissertação e tese: abordagem simples, prática e objetiva. São Paulo: Atlas, 2011.)), representando um percentual de 68,75% do universo analisado, enquanto 20 dissertações defendidas (31,25%) eram descritivas, isto é, quando o pesquisador apenas procurou realizar o registro e descrever os fatos observados, sem qualquer tipo de interferência (ALMEIDA, 2011ALMEIDA, M. S. Elaboração de projeto, dissertação e tese: abordagem simples, prática e objetiva. São Paulo: Atlas, 2011.). Neste sentido, percebeu-se que houve uma maior atenção por parte dos pesquisadores em estudos teóricos que tratavam objetos de pesquisas analisadas, conforme as interpretações dos autores de cada publicação da produção acadêmica do PPGCI/UFPE, no período estudado.

Quanto à abordagem de pesquisa, observou-se que na qualitativa há 38 dissertações (59,38%) do corpus de análise, 3 quantitativas (4,69%) e 23 quali-quantitativas (35,94%). Constatou-se assim, que a presença da abordagem qualitativa é predominante na produção acadêmica do PPGCI/UFPE, o que indica que no período estudado houve uma maior atenção ao desenvolvimento de pesquisas que abordavam objetos de pesquisa interpretativos, levando em consideração as características de contexto da sociedade, as qualidades do indivíduo, em vez da descrição da realidade em virtude da mensuração quantitativa dos dados obtidos na escrita das dissertações (figura 9).

Figura 9
Abordagens de pesquisa identificadas nas dissertações do PPGCI/UFPE (2014 a 2017)

Em termos de procedimentos de pesquisa, foi possível destacar os seguintes: pesquisa documental (15 dissertações); estudo de campo (12 dissertações); estudo de caso (12 dissertações); pesquisa bibliográfica (12 dissertações); pesquisa experimental (5 dissertações), questionário (4 dissertações), pesquisa documental e entrevista estruturada (1 dissertação), pesquisa-ação (1 dissertação), questionário e pesquisa documental (1 dissertação). Em outros termos, foi possível perceber que, a partir do universo de 64 dissertações, a pesquisa documental detinha 23,44% do quantitativo total, enquanto que tanto o estudo de campo, como o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica detinham 18,75% das dissertações analisadas, já a pesquisa experimental possuía 7,81%, o questionário 6,25%, enquanto que a pesquisa documental e entrevista estruturada tinham 1,56%, assim como a pesquisa ação e o questionário e a pesquisa documental.

Compreende-se com isso que a pesquisa documental foi o procedimento de pesquisa mais utilizado pelos autores das dissertações, no intervalo de tempo estudado nesta pesquisa (2014 a 2017); uma possível justificativa para isso encontra-se no fato da Ciência da Informação preocupar-se com a informação registrada, independente de suporte, logo 23,44% de sua produção acadêmica no PPGCI/UFPE destina-se a estudos que trazem o documento como objeto de estudo. Assim, é possível visualizar na figura 10, o enquadramento das dissertações, conforme os procedimentos de pesquisa.

Figura 10
Procedimentos de pesquisa identificados nas dissertações do PPGCI/UFPE (2014 a 2017)

6 Considerações finais

Com os principais resultados da análise de 64 dissertações pesquisadas, identificou-se a predominância de 36 dissertações da Linha 2 ( 56,25%), contra 28 dissertações da Linha 1 (43,75%), sendo possível afirmar assim, que na produção acadêmica do PPGCI/UFPE, de 2014 a 2017, existiu uma tendência, direcionada a estudos técnicos com enfoque prático, tais como temáticas voltadas a tecnologia da informação, usabilidade, recuperação da informação, acessibilidade, entre outros, que são temas pertencentes a Linha 2 (L2) - Comunicação e Visualização da Memória.

Vale ressaltar, que na ocorrência dos paradigmas gerais da ciência propostos por Guba e Lincoln (1994GUBA, E. G.; LINCOLN, Y. S. Competing paradigms in qualitative research. In: DENZIN, N. K., LINCOLN, Y.S. (eds.).Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994.), os resultados apontaram para uma forte predominância do paradigma positivista, identificado em 85,71% das 64 dissertações analisadas. Pode-se afirmar, assim, que parece haver uma certa postura conservadora, por parte dos pesquisadores do PPGCI/UFPE, no período estudado, que evitaram assumir projetos mais desafiadores em termos paradigmáticos.

Ademais, na análise dos paradigmas da própria Ciência da Informação, conforme descrito por Hjørland e Capurro (2007CAPURRO, R.; HJØRLAND , B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan/abr, 2007. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 9 set. 2018.
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), novamente foi constatada uma concentração em um determinado paradigma, o paradigma físico, que foi identificado em 87,05% das dissertações. O que possibilita dizer que no período estudado nesta pesquisa, a produção acadêmica em Ciência da Informação, no PPGCI/UFPE, é pertencente ao paradigma físico, em sua maioria, em vista que os pesquisadores direcionaram seus estudos para objetos de pesquisa que levavam a técnica em consideração.

Paralelamente a isso, foi investigado o interesse humano dos pesquisadores, no desenvolvimento de suas dissertações, conforme proposição apresentada por Habermas (1971HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Boston: Beacon Press, 1971.). Notou-se que das 64 dissertações analisadas, 54 detém interesse técnico, o que corresponde a 87,05% do universo pesquisado, ou seja, a produção acadêmica do PPGCI da UFPE, de 2014 a 2017, foi de predominância tecnicista.

Neste sentido, é possível afirmar que, o PPGCI/UFPE demonstra ter um perfil positivista e técnico, no que concerne a sua produção acadêmica, entre os já mencionados anos estudados por esta pesquisa; talvez compreensível pelo relativo pouco tempo de existência do curso de mestrado (dez anos), assim como pelo fato de que formará os primeiros doutores em Ciência da Informação apenas em 2021 e um predominante quadro permanente de docentes pesquisadores com menos de quinze anos (em 2018) de sua última titulação e dedicação exclusiva à pesquisa.

Por último, a análise metodológica das dissertações permitiu evidenciar que a natureza da produção do PPGCI/UFPE, entre os anos de 2014 e 2017 é básica, quanto aos objetivos é exploratória, quanto à abordagem é qualitativa e no que se refere aos procedimentos é de pesquisa documental; também indicativo de um certo conservadorismo quanto aos procedimentos metodológicos de investigação em Ciência da Informação.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2021

Histórico

  • Recebido
    26 Jul 2019
  • Aceito
    29 Jul 2021
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