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Curta e compartilhe: conteúdos sobre alimentação saudável e dietas em páginas do Facebook* * Manuscrito proveniente de tese de doutorado financiada por meio de bolsa concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Like and share it: contents about healthy eating and diets on Facebook pages

Coloque me gusta y comparta: contenidos sobre alimentación saludable y dietas en páginas de Facebook

Resumos

Este trabalho objetivou descrever e analisar conteúdos sobre alimentação saudável e dietas em páginas do Facebook (FB). Foram selecionadas vinte páginas em português. Os quarenta posts mais curtidos foram alvo de análise de conteúdo, modalidade temática. Enunciados dos posts revelaram uma “dialética do sabor”, que seria solucionada por receitas culinárias divulgadas à moda food porn. O emagrecimento é pautado como urgência que demanda controle e vigilância, no qual quizzes e desafios configuram estratégias motivacionais. Observaram-se esforços para validação das informações por meio de “slogans de cientificidade” e referências a profissionais da saúde. Conclui-se que a rede social mostra-se pertinente para interações comunicativas sobre alimentação e nutrição, entretanto, muitos conteúdos voltaram-se para promoção e venda de serviços e produtos dietéticos, suscitando indagações sobre suas potencialidades para promoção da saúde.

Mídias sociais; Alimentação saudável; Informação de saúde ao consumidor; Disseminação de informações


This study aimed to describe and analyze contents on healthy eating and diets on Facebook pages. Twenty pages in Portuguese were selected. The forty posts with the highest number of ‘likes’ were examined through content analysis, thematic modality. The posts’ wording revealed a “dialectic of taste”, which would be solved by food recipes disseminated in the “Food Porn” fashion. Losing weight is viewed as an urgency that demands control and vigilance, where quizzes and challenges configure motivational strategies. Efforts to validate the information by means of “scientificity slogans” were observed, as well as references to health professionals. The conclusion is that the social media is pertinent to communicative interactions about eating and nutrition; however, many contents aim to promote and sell services and dietetic products, which raised questions about its potential for health promotion.

Social media; Healthy eating; Health information to the consumer; Dissemination of information


El objetivo de este trabajo fue describir y analizar contenidos sobre alimentación saludable y dietas en páginas de Facebook. Los cuarenta posts con más “me gusta” fueron objeto de análisis de contenido, modalidad temática. Los enunciados de los posts revelaron una “dialéctica del sabor”, que se solucionaría con recetas culinarias divulgadas a la moda “Food Porn”. El adelgazamiento se pauta como urgencia que demanda control y vigilancia, en donde quizzes y desafíos configuran estrategias motivacionales. Se observaron esfuerzos para validación de las informaciones por medio de “slogans de cientificidad” y referencias profesionales de la salud. Se concluyó que la red social se muestra pertinente para interacciones comunicativas sobre alimentación y nutrición; no obstante, muchos contenidos se enfocaron en la promoción y venta de servicios y productos dietéticos, suscitando indagaciones sobre sus potencialidades para la promoción de la salud.

Redes sociales; Alimentación saludable; Información de salud al consumidor; Diseminación de informaciones


Introdução

Discursos relativos à alimentação saudável assumem características distintas em diferentes épocas, lugares e grupos sociais11. Bisogni CA, Jastran M, Seligson M, Thompson A. How people interpret healthy eating: contributions of qualitative research. J Nutr Educ Behav. 2012; 44(4):282-301.. O modo como são construídos conteúdos e interpretações pode influenciar as escolhas alimentares dos sujeitos, por isso, demandam investigações, inclusive, para que as diferentes percepções possam ser consideradas nas propostas de promoção da saúde. Apesar das distinções, há fatores que contribuem para uma noção geral sobre o comer saudável, contexto no qual a mídia opera enquanto um dispositivo que participa da construção e disseminação de discursos que influenciam percepções e consumo alimentares.

Na atualidade, as temáticas da alimentação e dieta estão presentes na mídia digital, representando um espaço relevante de produção de sentidos. A circulação de informações no sistema midiático ganha impulso expressivo pelo uso dos sites de redes sociais (SRS) – serviços disponíveis na web que permitem aos indivíduos criar perfis e manter e compartilhar conexões com outros usuários do sistema22. Boyd DM, Ellison NB. Social network sites: definition, history, and scholarship. J Comput Mediat Commun. 2007; 13(1):210-30..

No Brasil, o Facebook (FB) é um SRS amplamente utilizado, com 127 milhões de contas ativas em 201833. Valente J. Facebook chega a 127 milhões de usuários no Brasil [Internet]. Brasília: Agência Brasil; 2018 [citado 14 Nov 2018]. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-07/facebook-chega-127-milhoes-de-usuarios-no-brasil
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. Entre as atividades realizadas na internet em 2017, cerca de 90% dos internautas usaram redes sociais como FB, WhatsApp e Twitter para se comunicar44. Comitê Gestor de Internet no Brasil. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros - TIC domicílios 2017 [Internet]. São Paulo: Comitê Gestor de Internet no Brasil; 2018 [citado 14 Nov 2018]. Disponível em: https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/tic_dom_2017_livro_eletronico.pdf
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. Além dos perfis pessoais, a plataforma também é usada para a criação de páginas ‒ espaços virtuais criados na rede que servem para indivíduos, empresas, marcas e organizações compartilharem suas histórias e conectarem-se com pessoas que tenham interesse em seu conteúdo55. Facebook. Como faço para criar uma página? [Internet]. 2018 [citado 27 Dez 2018]. Disponível em: https://www.facebook.com/help/104002523024878?helpref=about_content
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A internet também desponta como importante espaço de divulgação científica, destacando-se pela possibilidade de interação entre autores e internautas66. Rocha M, Massarani L. Divulgação científica na internet: um estudo de caso de comentários feitos por leitores em textos da Ciência Hoje das Crianças Online. Alex Rev Educ Cienc Tecnol. 2016; 9(1):207-33.. A fonte de informação que mais cresce no tocante à saúde e à nutrição para os adultos mais jovens são os SRS como YouTube, FB e Twitter77. Pollard CM, Pulker CE, Meng X, Kerr DA, Scott JA. Who uses the internet as a source of nutrition and dietary information? An Australian population perspective. J Med Internet Res. 2015; 17(8):e209.. Organizações governamentais e sem fins lucrativos usam cada vez mais a internet para intervenções de saúde com o intuito de atingir toda a população88. Cadaxa AG, Sousa MF. Conteúdos promotores de saúde em campanhas de Aids no Facebook dos ministérios da saúde do Brasil e do Peru. Rev Panam Salud Publica. 2015; 6(38):457-63.. O uso do FB, inclusive, é encorajado por agências de prevenção de doenças99. Center of Desease Control and Prevention. CDC’s guide to writing for social media [Internet]. Atlanta: CDC; 2012 [citado 27 Dez 2018]. Disponível em: https://www.cdc.gov/socialmedia/tools/guidelines/pdf/GuidetoWritingforSocialMedia.pdf
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, considerando que intervenções de nutrição eficazes requerem o uso de canais de distribuição adequados e oportunos para disseminação.

Uma compreensão dos conteúdos manifestados atualmente na mídia digital poderia auxiliar na seleção de abordagens e canais apropriados de comunicação para o marketing social, por exemplo, e entendimento de fenômenos atuais sobre discursos em torno da alimentação. Em meio às mudanças conceituais e às polissemias em torno do marketing social no âmbito da saúde coletiva, aqui, tal termo refere-se à ideia de conjunto de estratégias elaboradas para influenciar comportamentos voltados para a melhoria da saúde e para o desenvolvimento comunitário1010. Kotler P, Lee NR. Marketing social: influenciando comportamentos para o bem. 3a ed. Porto Alegre: Bookman; 2011..

Mesmo diante do aumento no uso das redes e da proliferação de informações sobre o tema em páginas no FB, não foram identificadas pesquisas dedicadas à análise de conteúdos proliferados nas redes sociais no cenário brasileiro. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo descrever e analisar conteúdos sobre alimentação saudável e dietas em páginas do FB na expectativa de produzir conhecimentos e trazer novos elementos que possam subsidiar reflexões e a atuação de profissionais e gestores de saúde.

Metodologia

Realizou-se uma abordagem exploratória para identificação e seleção das páginas que comporiam o universo empírico da pesquisa a partir do SRS Facebook. A escolha dessa plataforma foi baseada na sua expressiva utilização pela população brasileira. Para extração de dados das páginas e das postagens, utilizou-se o aplicativo Netvizz V1.42 – acessado a partir de uma conta criada exclusivamente para realização do estudo.

O Netvizz v1.42 é uma ferramenta que extrai informações de diferentes sessões da plataforma do Facebook, especialmente de grupos públicos e páginas1111. Rieder B. Studying Facebook via data extraction: the Netvizz application. Paris, New York: ACM Web Science 2013 (WebSci’13), Association for Computing Machinery; 2013. p. 346-55.. As páginas foram selecionadas no mês de outubro de 2017, aplicando-se os termos de busca “alimentação saudável” e “dieta”. Atualmente, “alimentação saudável” é considerado um conceito polissêmico e complexo por envolver dimensões políticas, econômicas, sociais e culturais relacionadas ao comer1212. Azevedo E. Riscos e controvérsias na construção social do conceito de alimento saudável: o caso da soja. Rev Saude Publica. 2011; 45(4):781-8.. O termo “dieta”, por sua vez, apesar de etimologicamente estar relacionado a uma dimensão do estilo de vida, na atualidade, é, de forma reducionista, popularmente relacionado a restrições alimentares para a perda de peso1313. Folcato J, Graça P. A evolução etimológica e cultural do termo “dieta”. Rev Nutricias. 2015; (24):12-5.. Mesmo reconhecendo a diversidade conceitual, Diez Garcia1414. Diez Garcia RW. Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações sobre as mudanças na alimentação urbana. Rev Nutr. 2003; 16(4):483-92. esclarece que a noção de “dieta” é a que melhor traduz o enfoque contemporâneo de “alimentação saudável” baseado na racionalidade nutricional. Nesse sentido, o termo “dieta” foi empregado na expectativa de se aproximar do imaginário social referente à alimentação saudável. As possíveis interfaces e/ou os distanciamentos entre os conceitos no universo empírico foram considerados na análise e interpretação dos achados.

Foram selecionadas pelos pesquisadores as dez páginas mais curtidas para cada descritor utilizado, que tinham seu conteúdo disponível para acesso público e que estavam em português, totalizando vinte páginas. Na intenção de contextualizar cronologicamente as análises, considerou-se o recorte de um ano – período de 1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2017 –, sendo a coleta realizada entre os meses de fevereiro e abril de 2018. Os resultados das buscas foram exportados e sistematizados em planilhas no software Microsoft Office Excel®. Foram selecionados os dois posts mais curtidos de cada página, compreendendo que quarenta posts seria um quantitativo que possibilitaria a análise qualitativa dos conteúdos. As postagens foram caracterizadas quanto ao tipo, autor, mensagem do post e reações (“Curti”, “Amei”, “Triste”, “Grr” e compartilhamentos) recebidas. Tais códigos eletrônicos foram tomados como “modalidades técnicas de interatividade e de enunciação”1515. Emediato W. Discurso e web: as múltiplas faces do Facebook. Rev Abralin [Internet]. 2015 [citado 5 Jan 2019]; 14(2):171-92. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/abralin/article/view/42561
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permitidos pela plataforma do Facebook, configurando-os como equivalentes a atos de linguagem.

Os enunciados dos posts selecionados foram alvo de análise qualitativa baseada na orientação teórico-metodológica da análise de conteúdo1616. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011., especificamente a modalidade temática1616. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011.. Mesmo reconhecendo a multiplicidade de enunciações nas páginas, buscou-se sistematizar suas regularidades para fins de análise. Nesse sentido, quatro categorias temáticas principais foram identificadas a partir da análise dos posts: “Dialética do sabor e receitas”; “Emagrecimento como urgência”; “Controle alimentar demanda vigilância” e “Ratificação do estatuto de verdade: a voz dos profissionais de saúde e os usos da ciência”.

As páginas foram acompanhadas durante quatro meses, com aplicação da técnica de observação direta com o objetivo de contextualizar a análise dos dados coletados. Uma sistematização do percurso metodológico é apresentada na figura 1.

Figura 1
Modelo esquemático do percurso metodológico

O projeto da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética sob parecer n. 2.176.145.

Resultados e discussão

Caracterização das páginas selecionadas

De acordo com informações disponibilizadas na plataforma do FB, as páginas sobre alimentação saudável estavam vinculadas a empresas de refeições prontas, profissionais de saúde, organização governamental, entre outras (tabela 1). As páginas sobre dieta estiveram mais ligadas à intencionalidade comercial, estando vinculadas, por exemplo, empresas de infoprodutos, de produtos emagrecedores e de comunicação e mídia (tabela 1).

Tabela 1
Caracterização de páginas do FB sobre alimentação saudável e dieta, 2017

A temática da dieta parece atrair mais internautas. Foi detectada uma diferença expressiva no número total de seguidores nas páginas referentes à “alimentação saudável” e “dieta” (tabela 1), sendo o quantitativo de seguidores para essas últimas, aproximadamente, 21 vezes maior do que naquelas ligadas ao termo de busca “alimentação saudável”.

O engajamento dos internautas pode estar relacionado aos potenciais comunicativos e às possibilidades sociotécnicas ‒ justaposição do social ao técnico1717. Rifiotis T. Desafios contemporâneos para a antropologia no ciberespaço: o lugar da técnica. Civitas [Internet]. 2013 [citado 26 Jan 2019]; 12(3):566-78. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/13016
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‒ da rede social e mais evidenciados nas páginas sobre dietas, que garantem mecanismos diversos de interação. Para Street et al.1818. Street RL, Gold WR, Manning T, organizadores. Health promotion and interactive technology: theoretical applications and future directions. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates; 1997., estratégias de interatividade impulsionam o engajamento do usuário e o processamento ativo de informações, tornando ações educativas mais eficazes e satisfatórias. Entre as estratégias de engajamento nas páginas, foram observadas diversas chamadas para ação como enquetes, desafios, abas de diálogo, quizzes, convites para “marcação de amigos” e para compartilhamentos, “curtidas” ou comentários como condição para envio de dietas. Essas modalidades técnicas de interatividade e estruturas comunicativas potencializam a circulação de informações por meio de diferentes tipos de linguagem, muitas vezes, hibridizados, oferecendo ao internauta informações em formato multimídia – imprimindo mais complexidade e dinamismo na intermediação de mensagens e signos.

Conteúdos sobre alimentação saudável e dieta

A “dialética do sabor” e as receitas

“Essa pelo menos podemos comer sem culpa!”. Muitas postagens incentivam escolhas alimentares que repercutam em saúde, mas isso é consistentemente retratado como algo desagradável e difícil de realizar. Enunciados revelam uma tensão dialética entre desejos hedônicos e o seguimento de normas dietéticas, nas palavras de Murrieta1919. Murrieta RSS. Dialética do sabor: alimentação, ecologia e vida cotidiana em comunidades ribeirinhas da Ilha de Ituqui, Baixo Amazonas, Pará. Rev Antropol. 2001; 44(2):39-88., uma “dialética do sabor”. Esse conflito também foi observado em outros registros na literatura nacional1919. Murrieta RSS. Dialética do sabor: alimentação, ecologia e vida cotidiana em comunidades ribeirinhas da Ilha de Ituqui, Baixo Amazonas, Pará. Rev Antropol. 2001; 44(2):39-88. e internacional2020. Blackburn KG, Yilmaz G, Boyd RL. Food for thought: exploring how people think and talk about food online. Appetite. 2018; 123:390-401.. Os achados de Murrieta1919. Murrieta RSS. Dialética do sabor: alimentação, ecologia e vida cotidiana em comunidades ribeirinhas da Ilha de Ituqui, Baixo Amazonas, Pará. Rev Antropol. 2001; 44(2):39-88. estão contextualizados em comunidades ribeirinhas paraenses, nas quais a dimensão dialética está envolta em desafios impostos por questões socioeconômicas e de acesso a alimentos que imprimem maior status social. No cenário americano, o conflito foi observado em conversas on-line sobre comida2020. Blackburn KG, Yilmaz G, Boyd RL. Food for thought: exploring how people think and talk about food online. Appetite. 2018; 123:390-401. e aproxima-se das evidências dos resultados desse estudo.

As receitas culinárias são extensivamente citadas como solução à “dialética do sabor”, prometendo traduzir conhecimentos científicos nutricionais e gastronômicos em preparações “saudáveis, saborosas, emagrecedoras, práticas e funcionais”, colocando “tudo em um mesmo prato”, conforme exemplificado na figura 2.

Figura 2
Captura de tela: post em página do FB sobre dieta, 2018.

Textos e imagens de “receitas deliciosas e saudáveis” inundam muitas páginas e algumas evidenciam aproximações com o food porn2121. Rousseau S. Food “Porn” in Media. In: Thompson PB, Kaplan DM, organizadores. Encyclopedia of food and agricultural ethics [Internet]. Dordrecht: Springer Netherlands; 2014 [citado 10 Mar 2019]. p. 748-54. Disponível em: http://link.springer.com/10.1007/978-94-007-0929-4_395
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, derivado da cultura do consumo e que pode ser considerado como um dos fenômenos da mídia2222. Synowiec-Piłat M, Jędrzejek M, Pałęga A. Zjawisko food pornu w kontekście promocji zdrowia. Misc Anthropol Sociol. 2018; 19(2):102-19. contemporânea. O food porn consiste em representações visuais muito sugestivas de pratos prontos, produtos alimentícios, ato de comer ou preparar refeições usadas positivamente para remeter a alimentos desejáveis ou representados de forma a suscitar desejos. A conotação do termo geralmente remete ao “prazer culposo”, mas também pode conotar negativamente a comida que é tida como “ruim” e que deve ser evitada2121. Rousseau S. Food “Porn” in Media. In: Thompson PB, Kaplan DM, organizadores. Encyclopedia of food and agricultural ethics [Internet]. Dordrecht: Springer Netherlands; 2014 [citado 10 Mar 2019]. p. 748-54. Disponível em: http://link.springer.com/10.1007/978-94-007-0929-4_395
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. Nesse cenário, a linguagem imagética predominante nas páginas do Facebook subsidia e reforça os conteúdos publicados, nos quais o potencial comunicativo da culinária é largamente explorado.

Receitas “fit”, “funcionais”, “detox”, “low carb”, “que não vão te tirar da dieta”, “que não te permitirão ‘jacar’ no final de semana”, entre outras expressões, destacaram-se no universo estudado. Vale salientar que “jacar” é uma expressão informal que, referindo-se à alimentação, remete a “enfiar o pé na jaca”, expressão popularmente usada no Brasil para fazer referência a exageros alimentares e “fugas” da dieta. Os adjetivos que caracterizam as receitas sugerem interfaces entre linguagem e aspectos culturais contemporâneos, como a evocação da racionalidade nutricional nas preparações, suas repercussões no corpo e o exercício do controle.

Associado a isso, novas sociabilidades são construídas em torno do compartilhamento imagético e informativo no qual a “troca de receitas” ganha reconfigurações. A mediação da linguagem oral ou a tradição dos livros de receitas familiares para comunicação das técnicas culinárias outrora predominantes2323. Jacob H. Gastronomídia: os ambientes midiáticos e as linguagens da comida e da cozinha. Comunicare. 2012; 12(2):113-26. passam a incluir elementos provenientes da era digital, ampliando o universo de possibilidades técnicas, combinações e sabores. A “troca de receitas” também se apresenta como forma de socialização expressiva nesse ambiente virtual ao despertar engajamento – reações positivas (“gostei” e “amei”) (tabelas 2 e 3) e “marcações de amigos”. Blackburn et al.2020. Blackburn KG, Yilmaz G, Boyd RL. Food for thought: exploring how people think and talk about food online. Appetite. 2018; 123:390-401., durante análise de conversas sobre comida on-line, identificaram que um importante tópico de comunicação pertinente à comida é o compartilhamento de receitas, em meio às quais a temática da saúde também surgiu.

O cenário nacional denota fortes imbricações entre mundo virtual e alimentação. Entre os termos mais pesquisados no motor de buscas do Google no ano de 2018, na categoria “como fazer”, muitas pessoas interessaram-se em descobrir como fazer crepioca, pipoca doce, bacalhau, kefir e guacamole2424. Rosa N. Google revela os assuntos mais buscados no Brasil em 2018 [Internet]. 2018 [citado 6 Jan 2019]. Disponível em: https://canaltech.com.br/internet/google-revela-os-assuntos-mais-buscados-no-brasil-em-2018-128917/
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, de modo que preparações culinárias estiveram em cinco entre os dez temas divulgados pelo Google, mostrando que esse realmente é um tema de interesse dos brasileiros.

Cabe salientar que os enunciados não foram uníssonos no trato da “dialética do sabor” e das receitas. A utilização da linguagem cômica também mostrou-se um recurso relevante em postagens que retratam essas divergências entre o que se deseja e o que se deve fazer. Algumas, inclusive, ironizavam o conflito, de modo que podem ser interpretadas como enunciados dissonantes. Outra forma de interpretar parte do entendimento do humor enquanto uma linguagem que promove a interação e descontração e pode contribuir para a camuflagem de possíveis violências simbólicas implícitas nas mensagens impositivas sobre o que se deve comer e como se deve ser, facilitando a naturalização da coerção social.

Emagrecimento como urgência

“Plano de emergência: 3Kg a menos super rápido!”. Essa é uma das frases que ilustram o apelo à rápida perda de peso. Para Bauman e Dentzien2525. Bauman Z, Dentzien P. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 2001., a urgência é uma característica da “modernidade líquida”, fluida, desapegada de valores ideológicos e compromissos sociais e sedimentada em uma nova ordem definida primordialmente em termos econômicos, forjando uma liberdade consumidora que desemboca no consumismo. Nesse sentido, a busca contínua e urgente pelo emagrecimento atua como força motriz para o consumo, representando valores da sociedade contemporânea.

Todas as páginas relacionadas à dieta e 50% das ligadas à alimentação saudável remetem diretamente para o incentivo enfático ao emagrecimento como imperativo de saúde e beleza. Muitas vezes, as mensagens lançam propostas que colocam em dúvida suas possibilidades reais, a exemplo do “suco de berinjela com limão” (tabela 3, post 5b), que promete a perda de 21 quilogramas em sessenta dias. Esse post teve 28.234 curtidas e 61.650 compartilhamentos. O enunciado faz referência a algo a ser revelado (segredos), novo e que poderia configurar uma alternativa ainda não testada pelo consumidor diante das possíveis tentativas frustradas, e que serviria para “pessoas comuns”, buscando a identificação com internautas.

Tabela 3
Caracterização dos posts extraídos de páginas sobre dieta, 2017

O peso elevado tem sido uma preocupação da população, e muitas dietas populares usadas para perda de peso rápida e enfrentamento da obesidade têm despertado interesse das pessoas2626. Passos JA, Vasconcellos-Silva PR, Santos LAS. Ciclos de atenção a dietas da moda e tendências de busca na internet pelo google trends. Cienc Saude Colet. 2020; 25(7):2615-31.. Entretanto, muito mais que preocupações com a chamada “epidemia da obesidade” enquanto problema de saúde pública de etiologia complexa e multifatorial, conteúdos das páginas refletem um cenário sob influência do fenômeno da lipofobia2727. Arnaiz MG. De la lipofobia al lipofobismo: imágenes y experiencias en torno de la obesidad. Salud(i)ciencia (Impresa). 2014; 20(4):382-8. (repulsa à gordura, medo de engordar) e de estigmatização da obesidade e naturalização da busca incessante pelo emagrecimento rápido a qualquer custo. A ausência de relativizações também pode remeter para compreensões equivocadas entre a magreza e estado de saúde.

O controle alimentar demanda vigilância

“Ele perdeu 103 kg!! Como ele conseguiu?” Muitas mensagens provenientes, principalmente, das páginas direcionadas a estratégias emagrecimento remetem a um nexo causal entre a escolha da dieta, perda de peso, promoção de saúde e beleza que fornece a justificativa para seguir/consumir as recomendações dietéticas publicadas e/ou comercializadas. Para tanto, a necessidade de contínua vigilância para manutenção do controle alimentar é colocada como premissa para um “sucesso” que só depende do indivíduo. A dimensão do controle é representada em várias imagens do perfil e/ou fotografia de capa das páginas que apresentam instrumentos como fita métrica e balança. Estratégias de motivação para “manter o foco” são frequentemente publicadas, a exemplo de desafios propostos exemplificados na figura 3.

Figura 3
Captura de tela: post em página do FB sobre dieta, 2017.

Esse post foi publicado em 24 de novembro de 2017, indicando que a perda de peso (10 kg) deveria ocorrer em um mês. O post teve 6.318 curtidas, 4.633 compartilhamentos e apenas 16 reações claramente negativas (“triste” e “Grr”) (tabela 3, post 7a), refletindo o engajamento de internautas. A imagem comunica que a realização das ações indicadas garantiria o resultado almejado ‒ “despir-se” da gordura corporal e dar lugar a um “novo eu”. De modo geral, imagens reforçam a ideia de que ser gordo é vergonhoso e que pessoas gordas são descontroladas e malsucedidas. A obesidade e a gordura são descritas como uma “desordem” que praticamente não tem espaço para existência.

A primazia pelo controle constrói celebrações como feriados, Páscoa e Natal e ocasiões sociais que envolvem comida como problemáticas porque podem favorecer desvios dietéticos em meio a situações de comensalidade. Nesse contexto, ações de vigilância são pautadas na rede: “E aí, como foi a Páscoa de vocês? Relate seus exageros aqui...” (tabela 2, post 5b). Ao criar reuniões sociais como problemáticas, a alimentação saudável é retratada como uma atividade individualizante e excluída da diversidade de momentos da vida.

Tabela 2
Caracterização dos posts extraídos de páginas sobre alimentação saudável, 2017

Ratificação do estatuto de verdade: a voz dos profissionais de saúde e os usos da ciência

A visão do alimento como fonte de nutrientes e propriedades funcionais é reverberada em postagens, geralmente, no formato de “dicas”, trazendo à tona o discurso científico como referência. Scrinis2828. Scrinis G. Nutritionism: the science and politics of dietary advice. New York: Columbia University Press; 2013. nomeou como “nutricionismo” a ideologia que considera o alimento como um somatório de nutrientes. Para o autor, essa ideologia empodera a indústria alimentícia, que passa a ter mais possibilidades de mercantilizar o que se entenderia como compostos promotores de saúde. As páginas parecem fomentar essa perspectiva e podem estar contribuindo para a divulgação de controvérsias sobre riscos alimentares, bem como para a promoção de dietas idealizadas e desprovidas de valores culturais e funções sociais, cujas “dicas” representariam saberes fragmentados.

Na cultura ocidental hegemônica, a ciência tem conotações de objetividade e legitimidade. Nesse sentido, quando as postagens fazem referência a pesquisas e comprovações científicas, isso pode dar maior credibilidade às orientações fornecidas, a exemplo do “Método cientificamente comprovado [...]” (Tabela 3, post 5a) que foi alvo de 31.112 curtidas e 63.936 compartilhamentos e apenas 22 reações claramente negativas – o que pode ser interpretado como adesão ao discurso. Cabe salientar que esse exemplo destoa da ideia de “divulgação científica”77. Pollard CM, Pulker CE, Meng X, Kerr DA, Scott JA. Who uses the internet as a source of nutrition and dietary information? An Australian population perspective. J Med Internet Res. 2015; 17(8):e209., uma vez que as informações do post não são embasadas em estudos científicos.

A legitimação das informações também é protagonizada por profissionais de saúde, com a citação de principalmente nutricionistas e médicos em algumas postagens (tabela 3, post 8b). O discurso de profissionais de saúde denota relevância reconhecida no contexto analisado. Algumas páginas, inclusive, postam vídeos e/ou transmissões ao vivo de profissionais de saúde posicionando-os como “especialistas” no assunto, à maneira de Giddens et al.2929. Giddens A, Beck U, Lash S. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. 2a ed. São Paulo: Editora UNESP; 2012..

Os discursos científicos e de profissionais geralmente são usados de modo a ratificar o escopo das páginas: a exemplo da abordagem voltada para esclarecimentos sobre formas de utilização de suplementos alimentares que são promovidos em uma das páginas e outra de uma organização governamental (tabela 2, post 9b) que convida os internautas para esclarecimentos de dúvidas gerais da população sobre alimentação por nutricionistas do serviço público.

Considerações finais

As páginas do FB são expressivamente usadas como meio de comunicação e para compartilhar informações sobre alimentação saudável e, principalmente, dietas. A análise identificou uma variedade de maneiras pelas quais os discursos-conteúdos são potencialmente comunicados a leitores, configurando um conjunto de enunciados que são repetidos e atualizados em um processo de saturação.

No recorte analisado, a resolução das problemáticas de implementação das práticas de alimentação saudável e dieta deu-se em torno do estímulo ao consumo, seja de informações ou de produtos alimentícios ou de refeições prontas. Identificou-se a predominância de conteúdos proferidos por empresas e suas intencionalidades comerciais enquanto olhares sobre a necessidade de cuidado na relação com a comida e a complexidade inerente à alimentação saudável são posicionadas como temas dissonantes.

Detectou-se a hegemonia da perspectiva biomédica de reducionismo alimentar a uma relação alimento-corpo à moda cartesiana reproduzida no espaço social analisado. Discursos relacionados a uma perspectiva holística da alimentação também estavam presentes, mas parecem despertar menor engajamento de internautas, remetendo para uma contribuição menos significativa na produção de sentidos sobre o comer. A expressiva maioria das postagens analisadas não abordava, por exemplo, aspectos socioculturais que podem afetar a saúde e a capacidade dos sujeitos para fazer escolhas consideradas saudáveis. Escolhas cotidianas estavam pautadas como responsabilidade individual e poucas colocações foram feitas sobre como o contexto socioeconômico e ambiental pode afetar as decisões alimentares e a saúde.

Contudo, a rede social se mostrou pertinente para interações comunicativas sobre alimentação, nutrição e saúde. Entretanto, a grande quantidade de páginas voltadas para a promoção e venda de produtos dietéticos suscita indagações sobre suas potencialidades para promoção da saúde pública. Cabe salientar a necessidade de continuidade de estudos sobre os processos de apropriação desses espaços de comunicação na perspectiva de se pensar possíveis necessidades de inclusão das questões na agenda pública.

Referências

  • 1
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    Manuscrito proveniente de tese de doutorado financiada por meio de bolsa concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    28 Fev 2020
  • Aceito
    20 Ago 2020
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