Editorial
Esta edição de número 45 traz estudos e ensaios sobre temas que têm grande centralidade na agenda da educação superior. Acadêmicos e pesquisadores brasileiros e estrangeiros tratam da grande problemática que constitui o campo de disputa entre o significado da educação superior como bem público ou como mercadoria. A questão não é nada simples, nem tampouco pode ser explicada de modo simplista. Francisco López Segrera reconhece a complexidade do tema e as céleres alterações de cenários que se abrem para um futuro de muitas indefinições e possibilidades. Os cenários futuros guardam relações com o desenvolvimento de temas de amplos contextos, como a globalização, a sociedade do conhecimento, redes, educação permanente, novas tecnologias, educação transnacional e, de modo especial, os desdobramentos da forte tendência mundial da mercantilização da educação superior, em forte conflito com o significado de bem público. De uma ou de outra forma, trabalhando aspectos mais amplos ou mais definidos, do campo universal ou da realidade brasileira, os autores que colaboram nesta edição têm como foco de preocupação a questão dos significados da educação superior nessa disputa entre bem público e interesse privado. Essas preocupações estão presentes em textos como o de Judith Naidorf, que trata dos modelos conflitantes de democratização e de mercantilização na Argentina, e de João dos Reis Silva Jr, que aborda o tema dos limites políticos da democracia e o papel de intelectuais na determinação de políticas de educação superior do Brasil. Outros autores analisam aspectos importantes das políticas de educação superior brasileira, especialmente aqueles relacionados ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Márcia Regina Ferreira de Brito faz uma detalhada análise do perfil dos estudantes dos cursos de Licenciatura, a partir dos dados do ENADE. O estudo contribui para o conhecimento dos vários aspectos e problemas das Licenciaturas e para subsidiar a agenda de políticas públicas relacionadas com a formação e a profissão de professores. Um grupo de pesquisadoras do Brasil, Argentina e Uruguai, apresenta um trabalho de pesquisa coletiva, coordenado por Deni se Leite, tratando de um tema bastante original. Relacionando a avaliação participativa com as TICs (tecnologias da informação e da comunicação), as pesquisadoras mostram como foram captadas, registradas e analisadas as formas de avaliação praticadas em cenários universitários, educação presencial e não presencial, educação a distância (EAD) e em cenários de ações sociais e educação não formal, praticadas em periferias urbanas (ONG). Delsi Fries Davok examina os conceitos de qualidade em educação com o objetivo de contribuir para a compreensão do tema e apresentar critérios para a avaliação da qualidade em educação. Tabajara Lucas de Almeida, Suzi Samá Pinto e Humberto Camargo Piccoli propõem a utilização da Análise de Componentes Principais como metodologia quantitativa para auxiliar o processo de auto-avaliação das instituições de ensino superior. Essa metodologia foi aplicada na auto-avaliação da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Ana Maria Freire P. M. de Almeida apresenta uma resenha do livro de Denise Leite: Reformas universitárias: avaliação institucional participativa. Boa leitura!
José Dias Sobrinho
(editor)
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
02 Jan 2008 -
Data do Fascículo
Set 2007
